Porquinho ataca leitão

A JORNALISTA Miriam Leitão é ofendida por Eduardo Bolsonaro, que faz pouco caso da tortura que ela sofreu na ditadura. Tem ofensas que funcionam como elogios, porque vindas de imbecis. Neste caso a imbecilidade tem causa. Crítica histórica dos governos petistas, inclusive na famosa saia justa que aplicou em entrevista com Dilma, em uma frase Miriam acabara de estabelecer a diferença entre a primeira e a segunda vias: Bolsonaro é ditadura, Lula é liberdade.

A frase é apodítica, não admite contestação, evidentes por si mesmas. Lúcida como sempre, Miriam não invoca a corrupção como elemento a considerar na atual equação política. Ela não diz por que, mas ao comparar liberdade com ditadura no Brasil, deixa claro que a corrupção não está em jogo, porque sempre existiu e sempre existirá. Antes, durante e depois de Lula e antes e enquanto Bolsonaro. O que está em jogo é algo maior, a liberdade. Ou seja, Lula nunca atentou contra a liberdade; Bolsonaro, sim.

A ditadura acenada por Bolsonaro está sendo esquecida pelo brasileiro, como na recente pesquisa que atenua sua responsabilidade na pandemia. O único mérito, se assim podemos dizer, de Bolsonaro, é que ele não esconde a intenção de sufocar a liberdade. Sendo mérito, é igual ao de Hitler, que ainda preso na Alemanha escreveu o Mein Kampf, livro no qual detalhava seu projeto de poder – que executou até a virtual destruição da Europa. E o brasileiro? Nenhum mérito, porque aceita tudo e repete os erros.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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