Não se meta nisso, Lula!

Escuta aqui, companheiro presidente. Os não-petistas e não-lulistas, mas que o ajudaram a eleger-se para desalojar no poder aquele desequilibrado criminoso de triste memória, querem saber que negócio é esse de sigilo dos votos do Supremo Tribunal Federal! Soube que o amigo anda defendendo, nas redes sociais, que os votos dos ministros do STF sejam sigilosos, para não afetar a segurança dos ditos cujus.

Os magistrados não pediram, por certo, a sua ajuda, porque eles adoram um microfone e uma câmara. No STF, então, a notoriedade faz parte da Corte, e os preclaros ministros jamais agiriam no anonimato. Era só o que faltava! Seria contra a natureza dos excelsos homens de toga.

Na opinião de Luiz Inácio, “a sociedade não tem que saber como vota um ministro da Suprema Corte”. Ele acha que o cara não precisa saber: “Votou a maioria, não precisa ninguém saber. Porque aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz”. Por supuesto, excelência. É assim que a coisa acontece e funciona nos lugares ditos democráticos do mundo, inclusive na Suprema Corte dos Estados Unidos, ao contrário do que disse o ministro Flávio Dino, da Justiça e candidato à vaga da ministra Rosa Weber. Lá é como aqui: o tribunal delibera a partir dos votos individuais e a decisão é do colegiado, mas é possível, também como aqui, saber como votou cada ministro.

O dito presidencial foi um desastre, que ficaria melhor na boca do seu antecessor. E foi muitíssimo mal recebido por políticos e juristas. Até porque o segredo não faz parte do DNA de Lula. De repente, o segredo vira censura e chega à imprensa e à liberdade de opinião. Vade retro, satanás!

É que o companheiro presidente não segura a língua. Pensou, põe para fora. E aí vai dando munição para os inimigos.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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