Barroso diz que Bolsonaro elegeu STF como “principal inimigo”

Presidente da Corte atribui crise com Legislativo a parlamentares bolsonaristas: “Natural que queiram corresponder às expectativas de eleitores”.

O ministro Luís Roberto Barroso (foto), presidente do Supremo Tribunal Federal, atribui os embates da Corte com o Poder Legislativo aos parlamentares bolsonaristas.

Em entrevista à Folha, afirmou que Jair Bolsonaro elegeu o STF “como o seu principal inimigo” e que o ex-presidente ofendia os ministros “com um nível de incivilidade muito grande”.

“É natural que estes parlamentares queiram corresponder às expectativas dos seus eleitores que acham que o Supremo é parte do problema”, disse.

“O ex-presidente atacava o tribunal e ofendia seus integrantes com um nível de incivilidade muito grande. Em qualquer parte do mundo, isso seria apavorante”, afirmou, acrescentando que o comportamento do ex-presidente “foi relativamente tolerado por um grande contingente de eleitores que se identificaram com aquela linguagem e atitude”.

Barroso disse ainda discordar do termo “pautas anti-STF”. Em novembro, o Senado aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita as decisões monocráticas de ministros da Corte. Alguns magistrados deixaram bem claro que não gostaram da proposta e reagiram com discursos duros.

A proposta, que foi aprovada rapidamente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, ganhou celeridade diante da insatisfação de parlamentares da oposição com a Corte. O texto ainda vai precisar passar pela Câmara dos Deputados.

Barroso disse que, apesar dessas propostas, tem uma relação muito boa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco:

“Ele, presidente de uma Casa, procura, em alguma medida, expressar o sentimento dominante naquela Casa. O que eu verbalizei mais uma vez é que mexer no Supremo, no ano em que foi invadido por golpistas antidemocráticos, é uma simbologia ruim.”

De acordo com Pacheco, a PEC visa a “discutir e aprimorar o sistema constitucional” e tem como foco a “redução do protagonismo de decisões monocráticas”, aquelas decisões tomadas exclusivamente por um único ministro. Apresentada em 2019, a proposta vinha sendo encampada pela bancada bolsonarista.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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