Nau dos insensatos

RATINHO JÚNIOR telefonou a Sérgio Moro na véspera da demissão do ministro. Disse que o Paraná o receberia “de braços abertos”. Cansa essa mania de político achar que fala pelo povo. Uma vez no governo, fazendo jogadas para se manter vivo no poder, só o eleitor fanático – e por isso cego e tolo – concorda que o político fala em seu, dele eleitor, nome.

O Insulto se exclui do abraço do Paraná. Moro, se quiser ser levado minimamente a sério, que faça aquilo que todos exigem de Lula – e que não veio: a autocrítica. Quem receberá Moro de braços abertos é a mulher dele, com a mesa posta com excesso de talheres e a sopinha “do amor”; mais Álvaro Dias, que sonha um “Moro com ele” no Podemos.

O governador quer levar Moro para seu secretariado? Não dá. Moro é nacional; não figurante do enredo pobre e provinciano desta Quinta Comarca. A menos que Ratinho Júnior, pressentindo o perigo, queira abandonar a nau dos insensatos, agora que Sérgio Moro, um projeto de iceberg, abriu nela um buraco na quilha.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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