Nem swing, nem mingle

A TRADICIONAL casa de swing de Curitiba pediu na prefeitura a redução de impostos. Quer rever a base de cálculo, coisa fácil de entender: o estabelecimento tem 200 metros quadrados com capacidade para 200 pessoas, ou seja, 10 casais. O swing é a brasileiríssima suruba, o sexo coletivo entre casais, sejam hétero, homo, trans, permanentes ou montados para a eventualidade. Dizem que o participante fica eroticamente surpreso quando no carrossel ele cai na vez do cônjuge.

O primeiro mandamento do swing reza que os casais devem se misturar com outros casais, formando grupos de quatro, oito, dezesseis ou quantos parceiros couberem no(s) espaço(s). O pleito da requerente decorre de a quarentena impor isolamento social, e o tormento para quem swinga, a exclusividade sexual. O doutor César Kubiak define o swing como “caleidoscópio da suruba”: você olha e vê um enrosco, continua a olhar, o enrosco vira maçaroca sem fios expostos.

Só casal curitibano vai ao swing para transar entre si, tipo motel com pornô ao vivo. Curitibano faz swing com quem conhece desde o maternal, que frequenta o mesmo clube. E em casa; as crianças na casa dos avós. Esse curitibano é o que ignora convidados estranhos em jantares; odeia o mingle, o swing de vestido soirê, terno e gravata. Uma delícia que não exige desmancha o penteado, não amarrota nem tira o vinco. Na quarentena, até dessa suruba estamos privados.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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