Nós contra eles, sim

Adversário é quem joga o mesmo jogo do lado contrário. Inimigo, quem está contra o jogo. Os da pior espécie fingem que jogam para acabar com a brincadeira de dentro.

Diante de um inimigo, é preciso fazer prevalecer o espírito de adversário. E aí os contrários devem se unir pela derrota de quem ameaça o jogo.

A briga não é fácil. Antes de mais nada, preservar um jogo é preciso agir estritamente dentro de suas regras – aquelas que o inimigo corrói em cada lance sujo.

Adversários, por sua vez, não esquecem suas diferenças da noite para o dia: são elas que os ajudam a se definir para si mesmos e em relação ao mundo.

William Hazlitt, o grande ensaísta inglês, lembra o “princípio da hostilidade” que rege as relações. Não é estranho ao humano reagir às “antipatias” do mundo, escreve ele em “Sobre o prazer de odiar”. “A vida se tornaria uma poça estagnada”, observa Hazlitt, “não fosse estremecida pelos interesses gritantes e paixões desregradas dos homens”.

Há mais de 20 anos, desaconselhei Armando Freitas Filho a responder, por escrito, a um eterno adversário numa dessas infinitas rinhas de poetas. Ainda não havia redes sociais (menines, eu vi) e o ataque daria um trabalhão. Mas Armando me ensinou a vantagem de se manter sempre atento ao adversário: “Emagrece”.

Paulo Roberto Pires

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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