Padrelladas

Fui testemunha, há algumas décadas, de um espetáculo surpreendente e trágico ocorrido no município de Serro Azul. O céu escureceu no meio da tarde, encoberto pela nuvem de gafanhotos que caiam sobre as plantações.

Devoravam tudo numa velocidade espantosa, tanto que em pouco tempo já não se via nenhuma folha verde, apenas tocos do que fora até um momento atrás arbustos frondosos. A população, hipnotizada, olhava aquela devastação sabendo que nada havia a ser feito para salvar suas colheitas. Muitos choravam em silêncio.

Assim como chegaram, aqueles insetos desapareceram. Diz o povo que se haviam enterrado para procriar e dali alguns anos voltariam a atacar, mas nunca mais soubemos deles.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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