Disfarda

O Exército permitiu que o coronel Mauro Cid comparecesse fardado às CPIs, com as condecorações. A farda faz parte da estratégia de defesa; que como operador de patifarias de Jair Bolsonaro, o coronel exercia função militar. Uma surpresa que no Brasil de hoje o Exército não tenha fechado o Legislativo pela prisão de um dos seus, oficial superior da ativa condecorado. Na história republicana, não sendo comunista, qualquer oficial tem não só presunção de inocência como de santidade. Como Bolsonaro foi o ‘ponto fora da curva’ que mais um pouco reduziria o Exército em milícia haitiana, a derrota nas eleições mostrou que a corporação não é mais monolítica e golpista.

Daí que o Exército passa por processo de revisão, lento, gradual e muito inseguro, conduzido de forma secreta mas não unitária. Se completo o processo de revisão, o Exército não permitiria a presença do coronel fardado nas investigações da anarquia criminosa de Bolsonaro; permitindo e tolerando a prisão, faz gesto tímido de reprovação, mas também legitima os desvios de Mauro Cid, com mancha à farda. Então, a presença do coronel fardado é evidência de que a revisão do papel do Exército está muito lenta, perigosamente gradual e visivelmente insegura – com ressalva dos advérbios, aqui indispensáveis, também porque de largo uso no meio militar.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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