O paradoxo do sexo

Por que é importante falar sobre amor, sexo e tesão na maturidade

“Mirian, sou sua leitora há muitos anos, adoro quando você escreve sobre bela velhice e seus amigos nonagenários. Fiquei muito emocionada e até chorei com a sua coluna ‘A amante do meu pai’. Mas, sinceramente, não gosto quando você escreve sobre sexo. Tem tanta coisa mais interessante para escrever sobre as mulheres maduras, por que você escreve tanto sobre sexo? Já me aposentei há muito tempo do amor e do sexo. Não sinto a menor falta. Por que você não escreve sobre menopausa?”

Na hora, pensei em responder:

“Eu não escrevo só sobre sexo, escrevo sobre a arte de gozar a maturidade em um sentido muito mais amplo. Acredito que gozar a maturidade é muito mais do que o prazer sexual. Acabei de publicar o livro ‘A Arte de Gozar’, no qual mostro que existem diferentes maneiras de gozar a maturidade e que sexo não é tão importante para inúmeras mulheres. Em um dos capítulos do livro, mostro que Rita Lee e Jane Fonda se aposentaram do sexo, mas encontraram outras maneiras de ter tesão na vida e gozar a maturidade”.

Mas, antes de responder à minha leitora, decidi verificar quais foram os temas das minhas colunas desde “O marido como capital”, minha primeira coluna na Folha, em 1°/6/2010. Escrevi inúmeras colunas sobre envelhecimento e felicidade, sobre meus amigos nonagenários, velhofobia, bela velhice, muitas sobre a importância da leitura e da escrita na minha vida e outras tantas sobre amizade, amor, humor, projeto de vida, vampiros emocionais, casamento, infidelidade, felicidade, liberdade e muito mais.

Não tenho os dados numéricos das colunas no jornal impresso, mas tenho o número de visualizações no site da Folha desde 2017. As minhas colunas mais lidas no site foram:

  1. O sexo das mulheres mais velhas (584 mil visualizações, 28/5/2019)
  2. Por que tanto interesse no sexo das mulheres mais velhas? (243 mil visualizações, 21/1/2020)
  3. Mulheres dão dez dicas do que as faz sentir tesão (189 mil visualizações, 11/7/2017)
  4. A arte de gozar (158 mil visualizações, 17/8/2022)
  5. Por que algumas mulheres preferem ser amantes de homens casados? (139 mil visualizações, 2/5/2017)
  6. O sexo dos homens mais velhos (79 mil visualizações, 25/6/2019)
  7. Eu não tenho com quem conversar (79 mil visualizações, 12/11/2019)
  8. Quer ser feliz em 2018? A inveja pode atrapalhar… (61 mil visualizações, 26/12/2017)
  9. Para muitas mulheres, sexo se tornou só ação que rouba minutos do sono (61 mil visualizações, 18/4/2017)
  10. Pessoas entre 40 e 50 anos são as menos felizes (61 mil visualizações, 3/3/2020)

Depois de constatar que sete das dez colunas de maior sucesso foram sobre sexo, tesão e gozar a maturidade, respondi à leitora:

“Querida leitora, você tem razão: sexo é um tema recorrente nas minhas pesquisas desde 1990, quando escrevi ‘A Outra: um estudo antropológico sobre a identidade da amante do homem casado’, um best seller na época. Mas mesmo ‘A Outra’ é muito mais sobre a dor da traição e o desejo de ser única do que sobre sexo. Também na minha tese de doutorado ‘Toda mulher é meio Leila Diniz’ o sexo aparece, pois a atriz foi o símbolo de uma revolução sexual e comportamental dos anos 1960. Mas sexo não é o tema central nem da minha tese nem dos meus livros, como ‘A Invenção de uma Bela Velhice’, ‘Liberdade, Felicidade e F@da-se!’, ‘Velho é Lindo!’, ‘Coroas’ etc.

Se puder, veja meu TEDx ‘A invenção de uma bela velhice’, no YouTube. Ele tem quase 1 milhão e 300 mil visualizações e é uma síntese das minhas pesquisas nos últimos 30 anos. Procure contar quantas vezes aparece a palavra sexo nele”.

Como ela disse que adora minhas colunas sobre velhice e sobre a minha amizade com os nonagenários, lembrei-me de que tenho um leitor que sempre reclama:

“Para de escrever sobre velho, bela velhice e velhofobia, que coisa chata! Tem tantos temas mais interessantes. Gosto muito mais quando você escreve sobre amor, sexo e tesão na maturidade”.

Bem que eu adoraria acertar 100% das vezes e agradar todos os meus leitores e leitoras da Folha, mas acho que é impossível, não é verdade?

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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