“Você é um babaca, Jaguar”, eu disse pro espelho logo depois que li no jornal a notícia da morte de Leminski. “Um tremendo babaca.” Leminski foi um dos quatro porraloucas de gênio que conheci; os outros foram Hélio Oiticica, Armando Costa e Glauber.
Quando Leminski mandou pro Pasquim aquele seu romance-tijolo, Catatau, me irritou. Achei pernóstico, pretensioso, provinciano, metido à besta. Os artigos que nos mandou também, botei na gaveta. E ficou por isso mesmo. Isso foi há quase 20 anos. Há uns 2 anos estive em Curitiba, nos encontramos por acaso num bar. Porre de steinhager com cerveja. Me mostrou poemas magníficos. Ficou de mandar colaborações pro jornal. Escreveu um telefone de São Paulo num guardanapo de papel, é claro que perdi. Antes que conseguisse localizá-lo, a cirrose o apanhou.
Depois recebi Nicolau, uma revista paranaense com textos e poemas dele da maior qualidade. Mas no Pasquim, que é bom, não teve Leminski. Culpa minha. Perdão, leitores.
Jaguar|O Pasquim
Sobre Solda
Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido
não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em
O Pasquim 1989 e marcada com a tag
1989,
Leminski n'O Pasquim,
paulo leminski. Adicione o
link permanente aos seus favoritos.