Para os bons entendedores dali e de alhures, aquelas duas palavras bastaram. Serviram à compreensão de que o sujeito oculto no cenário traçado com precisão e contundência por Gilmar e por demais ministros sobre o significado dos ataques chama-se Jair Bolsonaro.
O que se depreende desse início de julgamento é que a hora dele chegará. Ao acompanhar na maioria o voto do relator Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal estabeleceu as balizas para as análises das condutas de quem executou, patrocinou e, sobretudo, incentivou ações cujo ápice deu-se naquele domingo nomeado o “dia da infâmia” pela ministra Rosa Weber.
Como, quando, onde e quem começou tudo? O engendramento não surgiu das cabeças dos que compõem a leva dos réus executores nem de um sentimento espontâneo do núcleo dos patrocinadores financeiros.
Foram —todos vimos, pois o mentor não procurou esconder (ao contrário, exibia-se)— estimulados desde o início do mandato de Bolsonaro a pensar que uma ruptura da ordem institucional era possível.
Primeiro, o então presidente cercou-se de militares invocando os ecos da ditadura como a forma de melhores tempos para o país. Depois, passou a pregar a desobediência civil à Justiça enquanto mantinha o Congresso ocupado com a administração do Orçamento.
Ensinou a seus seguidores o caminho para desacreditar de antemão o processo eleitoral e, ao sobrevir a derrota, recolheu-se em silencioso autoexílio como quem aguarda um acontecimento de cuja responsabilidade a distância o absolveria. É o plano que o Supremo está em via de desvendar.