Como ensinou Buda, “o conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”
Início da década de 1990, um jingle tomava conta da praça:
– O tempo passa, o tempo voa; e a poupança Bamerindus continua numa boa…
Pois é, velhos tempos, bem mais agradáveis (saudáveis) do que hoje. Curtindo mais um dia de quarentena, alguém voltou no tempo, até a mensagem publicitária musicada com estribilho simples e de curta duração, algo próprio para sair cantarolado com facilidade.
Mas, logo depois, leu o noticiário do dia sobre a Covid-19 e o desmatamento da Amazônia.
– É… o tempo passa, o tempo voa, e deixamos de ser a poupança Bamerindus…
Não foi por falta de alerta
Realizado em 2014, o documentário A Lei da Água, dirigido por André D’Elia, não perdeu a atualidade. Encomendado e bancado pela WWF, SOS Mata Atlântica, ISA, IDS e Bem Te Vi Sustentabilidade, mostrava a importância das florestas para a conservação das águas, apontando os problemas que seriam causados com o Código Florestal aprovado pela bancada ruralista no Congresso.
O Código definia o que deve ser preservado e pode ser desmatado nas propriedades rurais e cidades brasileiras. O documentário mostra que “a lei reduz a capacidade das florestas para proteger mananciais de água, já que diminui a área que deve ser protegida nas nascentes”. Mais: “desmatamentos ilegais feitos por mais de 29 milhões de proprietários rurais desde 1965, quando o antigo Código Florestal foi promulgado, acabaram sendo legalizados pelo novo código sob o título de área rural consolidada”.
Lamentavelmente, o alerta continua valendo e o documentário, ao denunciar a anistia “a quem destruiu 29 milhões de hectares de florestas ilegalmente no país”, convocava a sociedade para iniciativas e ações “que evitem que o meio ambiente e os recursos hídricos continuem a ser tratados com descaso”.
Naquela época, um deputado, tentando justificar sua posição com o argumento mais esfarrapado do mundo, sentenciou:
– Produzir alimentos é tão ou mais importante que preservar o meio ambiente.
Aí, recordou a fábula do porco assado. Para assar a carne, tocava-se fogo na floresta… Logo depois, colocando a máscara, saiu de casa por motivo imperioso, o trabalho para garantir o pão de cada dia. Já nos primeiros passos, cruzou com pessoas que não portavam máscaras.
Pensou com seus botões: já que viver é perigoso, não é preciso contribuir para isso.