“Correio Braziliense com Z”. Fundado em 1808, na cidade de Londres por Hippólyto José da Costa, nascido em Colônia del Sacramento, então Província Cisplatina, a mais meridional das províncias do Império do Brasil. Temendo os confrontos entre Brasil e Argentina, os ingleses “inventaram” o Uruguai (cujo território era a tal Cisplatina), razão pela qual Nacional e Peñarol disputaram todas as edições da Libertadores da América de 1960 até hoje. Hipólito, depois de muitas aventuras em Pelotas (para onde a família se mudou), Porto Alegre e Rio de Janeiro, resolveu fixar residência em Londres, onde fundou o aludido jornal publicado em português, eis que um dos primeiros atos da rainha Maria I “A Louca” foi mandar destruir todas as prensas e fechar os jornais que haviam na colônia do Brasil. A “Louca” ainda encaminhou o Marquês de Pombal para o exílio e ordenou o enforcamento de Tiradentes. O primeiro número, assim como os demais, foi impresso na capital do Reino Unido e era encaminhado de navio ao Brasil. Quando o leu pela vez primeira, Dom João VI (filho da “Louca”) ficou apavorado e mandou, com o nosso dinheiro, comprar, pela bagatela de 1.000 libras mensais, 500 assinaturas. Nunca mais foi criticado. Deixou de sair após a Independência. Em 21 de abril de 1960, data da inauguração de Brasília, voltou a circular na nova capital com a mesma grafia. Era uma criação de Assis Chateaubriand, que se apossou do título na “mão grande”, o que de resto fez a vida inteira. Por óbvias razões, é o primeiro jornal a chegar em todas as repartições públicas da Capital Federal. Mas hoje ninguém o lê. Os mais de 25.000 civis e 5.000 militares nomeados para o exercício em cargos de comissão pelo Bozo, não leem jornal, somente redes sociais.
“O Lobo”. Fundado no Rio de Janeiro em 1925 pelo jornalista Irineu Marinho, que faleceu dias depois. Seu filho Roberto, que já nasceu doutor, eis que não frequentou nenhuma faculdade na vida, assumiu a direção, quando a então capital do Rio de Janeiro tinha mais de 30 jornais diários, fora os semanários, quinzenários, mensários, bimensários e trimensários. Roberto Lobo Mau Rinho comeu a Chapeuzinho Vermelho e todos os concorrentes, só restando o tal “O Dia” que ninguém dá bola. Roberto encheu a redação de comunistas, que passaram a ser conhecidos como os “comunistas do doutor Roberto Marinho”. Criou, anos depois, a “Rede Lobo” e passou a ser acusado de ser capacho da ditadura. Nunca respondeu as acusações, mas poderia ter dito “apoiei sim, mas qual dono de jornal não o fez?”. De 30 em 30 anos “O Lobo” publica um editorial pedindo desculpas aos leitores pelas cagadas que fez nos últimos 30 anos. O mais importante colunista de “O Lobo” é Merval Pereira, atual presidente da Academia Brasileira de Letras. Para chegar lá, Merval escreveu o maior e mais importante livro da língua portuguesa de todos os tempos (Eça de Queiroz, Machado de Assis e Fernando Pessoa nunca o ultrapassaram em qualidade) denominado “O lulismo no poder”. Até hoje a “Rede Lobo” se encontra repleta de comunistas, sendo o mais famoso, e perigoso, um tal Bonemer Júnior, que usa o nome de guerra de William Bonner.
“O mal Estado de São Paulo”. Fundado em São Paulo em 1875 por Júlio Mesquita, sendo o tradicional jornal das famílias paulistanas. Até a morte de Getúlio Vargas, nunca publicou na capa uma matéria sobre o Brasil, já que os Mesquitas consideravam, e consideram, que o Brasil não valia a capa do jornal deles. O jornal enriqueceu a família Mesquita com os classificados. No governo Jânio Quadros, o mesmo apareceu na televisão com um exemplar de domingo nas mãos que pesava 2,5 Kg. Jânio disse que era um enorme desperdício de papel, que levava embora os parcos dólares que o país possuía. Passou a ser elogiado pelo jornalão e se esqueceu do peso do jornal. Em 1964, outro Júlio Mesquita, filho, neto ou bisneto do fundador (vá lá saber), apoiou entusiasticamente a Redentora. Vencida a Gloriosa, procurou Castello Branco com uma lista de nomes para o ministério. Castello mandou o Mesquita da vez tomar na tarraqueta. Outros Mesquitas (alguns com o nome de Júlio e outros com o nome de Ruy) passaram pela direção do jornal. Hoje é controlado por um comitê de bancos credores que resolveu acabar com o cargo de diretor de redação. No expediente, revezam-se jornalistas de segunda divisão com o título de “diretor de conteúdo” (sabe-se lá que porra é essa). Seu principal colunista é Ignácio de Loyola Brandão, um dos poucos integrantes da Academia Brasileira de Letras que sabe escrever no idioma de Camões.
“Falha de São Paulo”. Fundada em 1921, apresentava três versões: “Falha da Manhã”, “Falha da Tarde” e “Falha da Noite”. Nos anos 60, foi adquirida por Otávio Frias, que era concessionário da rodoviária da cidade de São Paulo e o maior criador de frangos do Estado. Otávio pai unificou as edições com o título de“Falha de São Paulo”. Quando Otavinho, filho de Otávio, completou a idade certa, foi nomeado diretor de redação e, para tanto, demitiram Claudio Abramo (um dos mais importantes jornalistas da história do Brasil). Abramo foi trabalhar com Mino Carta na Isto É (que ainda não era a Quanto É?). Voltaria mais tarde, como colunista, correspondente em Paris, em Londres e novamente colunista. Foi o único jornal a bancar o “Diretas Já”, saindo todos os dias com uma faixa amarela debaixo do título. Otavinho, já falecido, ficou famoso quando mandou publicar, em plena democracia, um editorial dizendo que a ditadura no Brasil não tinha sido tão violenta assim. Tinha sido uma “ditabranda”. Anos depois, sua irmã, que havia assumido a direção do jornal após a morte de Otavinho, mandou publicar um editorial pedindo desculpas pela “ditabranda”. Recentemente, o outro irmão, Luiz, demitiu a irmã, por gastar demais. Apesar de contar com dois dos melhores jornalistas do Brasil, Elio Gaspari e Janio de Freitas, o mais famoso colunista do jornal é o “Erramos”. Dia sim, dia também, o “Erramos”, logo abaixo da coluna do leitor, publica um texto consertando no dia seguinte as merdas do jornal do dia anterior. Em 1983, o “Falha de São Paulo” fundou a empresa de pesquisas “Datafalha”. A “Datafalha” não falha nunca. Nas penúltimas eleições, cravou como senadores eleitos pelo Paraná o Roberto Requião e o Beto Richa, tudo dentro da margem de erro.