Os remédios e os consumidores

O consumidor paciente recebe uma receita médica que totaliza, por exemplo, quatorze comprimidos, mas nas farmácias a embalagem tem 10 ou 20 unidades. Resultado: o paciente comprará seis comprimidos a mais do necessário, e que provavelmente serão descartados de forma irregular, poluindo o meio ambiente e os lençóis freáticos. Recentes pesquisas nas águas demonstram essa contaminação.

Na verdade, os remédios deveriam ser vendidos na medida exata do receituário médico, e essa questão pode ser resolvida pela indústria química, a classe médica e a Anvisa.  Outro aspecto é o descarte: as farmácias devem possuir caixas de descarte bem visíveis e promoverem campanhas de devolução, isso praticamente não acontece.

O hábito da automedicação advém também da guarda de medicamentos, que muitas vezes podem estar vencidos e não resolvem o problema do paciente, embora tenham servido no passado, em outras situações.

 Os preços sem controle e a ausência de fiscalização são outro gargalo. O Procon de São Paulo em pesquisa de preços de medicamentos encontrou a maior diferença em 43,49% no medicamento Citalor (atorvastatina cálcica), de R$129,99 para R$90,59, uma variação sem uma explicação comercial convincente.

Por outro lado, os preços máximos são disponibilizados pela ANVISA para consulta aos consumidores, mas nada justifica a variação de preços entre as grandes fornecedoras de medicamentos no Brasil. A inflação dos remédios em julho deste ano, dos últimos doze meses, foi de 13,81%, sempre acima da inflação e, com isso, os consumidores deixaram de comprar remédios contínuos essenciais.

Nos dermatológicos o aumento foi de 17,21%, nos antigripais e atitussígenos (17,06%), analgésicos e antitérmicos (16,06%), antibióticos (14,82%), medicamentos para o estômago (14,78%) e antialérgicos e broncodilatadores (14,45%) mais caros.

O mercado brasileiro é assim; as embalagens contêm produtos além ou aquém do necessário das receitas médicas, o que obriga os pacientes a pagarem por aquilo que não irão consumidor; e o império do descontrole de preços que cria uma ciranda inflacionária nos estoques das redes farmacêuticas.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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