Nesse tempo de encerramento doméstico, quando não se poder sair à rua nem para as necessidades básicas, como seja dar um trato nessa cabeleira que se espalha como mato ruim pensei e tornei a pensar e decidi passar na farmácia para comprar um desses produtos modernos que domesticam o cabelo. Entrei. O fantasma talvez do amor materno tomou-se as mãos, o pranto jorrou-me em ondas, mas não era amor materno, era um cara da farmácia que já foi dando esporro porque eu estava sem máscara, “Máscara do Zorro não serve” – disse ele “tem que ser do Durango Kid”.
Então, eu disse a que vinha. No caso, a que ia. Queria comprar um pacotinho de pó para fazer Gumex em casa, que sai mais em conta do que comprar o Gumex pronto. O menino tinha nascido no século XXI e não sabia o que era Gumex. Então, me traga Glostora mesmo, não gosto do perfume de flor de cemitério, mas se presta para a ocasião. Não tinha Glostora e nem sabia sabia o que era isso. ‘E Fixbril?”
Balançou a cabeça com preguiça de dizer não. Já percebi que era a fim de me empurrar aquele produto que pouca gente curte, que cria pó nas prateleiras, por isso fui logo dizendo: “Quina Petróleo não quero”. Me olhou como se eu tivesse dito que sei os segredos de Fátima, e são quatro, não os três que as pastorinhas disseram”. Vim-me embora. Me recusei a comprar esses produtos mais modernos que custam os ovos da cara.