A vida das mulheres

Salvo países em que o conservadorismo religioso implicou retrocessos, parece evidente que a condição feminina mudou para melhor no século 20 e neste. Devagar demais, muitas dirão. No Brasil, as mulheres ainda trabalham 7,5 horas a mais, por semana, que os homens, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Em 2001, essa diferença era maior, 8,8 horas. Os dados saíram da série histórica de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.

A discrepância decorre, como é sabido, do trabalho não remunerado. Mesmo com a paulatina incorporação das mulheres ao mercado de trabalho, do qual participam 55% delas, a ocupação pouco afeta a dedicação a afazeres domésticos: 9 entre 10 trabalhadoras cumprem a segunda jornada em casa, ante metade dos homens.

O que melhorou para elas foi o tempo assim despendido, que caiu de 31 horas semanais para 24. O contingente masculino dedicava 10 horas ao lar e assim continua.

Apesar de a escolaridade feminina ser melhor —50% das mulheres têm nove anos ou mais de estudo, contra 46% dos homens—, persiste a diferença no rendimento do trabalho masculino e feminino.

Ainda assim, as mulheres respondem, na média, por quase metade da renda familiar. O paradoxo é apenas aparente: 40% dos domicílios têm mulheres como “pessoas de referência”, ou seja, provedores principais, se não únicos; 20 anos antes, eram 23%.

Caiu pouco em duas décadas, de 17% para 14%, a porção das mulheres ocupadas como empregadas domésticas. Diminuiu, porém, de 52% para 16% a parcela de jovens até 29 anos nessa ocupação.

Não bastasse trabalharem mais e ganharem menos em empregos piores, as mulheres também sofrem com a violência. Segundo pesquisa Datafolha realizada para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 29% das entrevistadas com 16 anos ou mais relataram ter sofrido alguma agressão física ou verbal nos 12 meses antecedentes.

Levando em conta a margem de erro do levantamento, projeta-se que algo entre 16 milhões e 20 milhões de brasileiras foram vítimas de violência em variados graus.

Mais da metade delas, porém, não tomou medida contra os agressores, em outra evidência da lentidão do progresso na sociedade.

Editorial Folha de São Paulo

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Faça propaganda e não reclame

© Myskiciewicz

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O doce purgatório do caixa dois

Elio Gaspari – Folha de São Paulo

Durante dois anos, o PT ralou na sua descida pelos nove círculos do inferno. Tudo bem, porque tinha direito a essa excursão. Agora, às vésperas de uma nova lista do Janot, na qual brilharão estrelas do PMDB e do tucanato, aparece uma visão do purgatório e ele se chamará caixa dois.

A melhor descrição do fenômeno do caixa dois veio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, numa nota em que defendeu sua prole tucana: “Há uma diferença entre quem recebeu recursos de caixa dois para financiamento de atividades político-eleitorais, erro que precisa ser reconhecido, reparado ou punido, daquele que obteve recursos para enriquecimento pessoal, crime puro e simples de corrupção”.

São “dois atos, cuja natureza penal há de ser distinguida pelos tribunais”. Admita-se que os tribunais descobrirão uma maneira de distinguir a natureza penal do destino dado ao dinheiro. Em tese, o magano comprovaria com notas fiscais como gastou em sua campanha o milhão que a empreiteira lhe deu pelo caixa dois. Fora essa hipótese, só com mais uma verdade alternativa de Donald Trump.

A construção do purgatório mora na primeira ponta do argumento exposto por FHC. É preciso punir o uso do caixa dois, mas se deve distinguir o que foi grana para a campanha ou para o próprio bolso. A ideia tem a beleza de um arco-íris, com sua mágica. Nele estão todas as cores, mas nunca se pode dizer quando uma acaba e a outra começa.

O caso extremo de Sérgio Cabral é fácil. Usando dinheiro de propinas e achaques fez-se um nababo e azeitou a máquina de corrupção que ainda hoje domina a política do Estado do Rio.

Daí em diante, começam as nuances. Há até mesmo uma distinção essencial na classificação da fonte pagadora. O dinheiro pode vir da atividade legítima de uma empresa que usou mecanismos contábeis ilegais para esconder o dinheiro que deu ao candidato.

Noutra vertente, o dinheiro pode derivar de uma propina. Entre esses dois extremos estão as cores do universo.

Todos os políticos apanhados nas listas das empreiteiras dirão que o dinheiro foi para o caixa dois de suas campanhas. Salvo nos casos mais grotescos, como o de Cabral, será difícil provar o contrário. Como o crime é amplo, geral e irrestrito, algum tipo de anistia votada pelo Congresso resolverá a questão e assim safamo-nos todos.

FHC diz que o caixa dois é um “erro que precisa ser reconhecido, reparado ou punido”. O primeiro passo para isso seria o reconhecimento, pelos próprios beneficiados, de que receberam pelo caixa dois o dinheiro já exposto pelos empresários. Feita a confissão, cada doutor pagaria uma multa proporcional à estimativa do que embolsou. Finalmente, o cidadão informaria que não incorporou ao seu patrimônio um só tostão, comprometendo-se a pagar pela mentira. Caso a Polícia Federal e o Ministério Público venham a provar a falsidade, ele vai para Curitiba.

Esse caminho preenche as condições postas por FHC de que o erro que precisa “reconhecido, reparado ou punido”. Segundo um cidadão que entende de leis e põe gente na cadeia, não há como fazer isso sem tornar inelegível o candidato que confessou. A ver.

Terrível época para se criar o purgatório do caixa dois. Não se deram conta de que a turma que vive no caixa um está preenchendo suas declarações de imposto de renda.

 

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Clique!

nina-becker

Nina Becker. Vale a pena ouvir “Vermelho” e “Azul”, seus dois Cds. © Kiko Ferrite

Publicado em Clique! | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mesmas Coisas

Venham encontrar conosco e com o Karam no projeto Mesmas Coisas. Baseado em livro inédito do Karam. Mas não há pretensão de reprodução fiel ou de adaptação do texto literário para o palco. A proposta é atritar o conteúdo e a forma e talvez, com sorte, provocar uma chama. Chamem os bombeiros!

O projeto propõe encontros com o público num formato de fronteiras borradas, onde cabe uma peça, uma serenata, uma performance, uma exposição, um filme, tudo isso numa espécie de quebra cabeças, um puzzle, uma farra! diria o Karam, um jogo sem fim entre os textos do Karam e as nossas obsessões ordinárias.

Informações e reservas : mesmascoisaskaram@gmail.com
Visite o nosso site: mesmascoisas.art.br

Publicado em Geral | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Dia Internacional da Mulher

careta-vera

Vera Solda, minha companheira inseparável, mãe de Sandra Solda e Caetano Solda. © Maringas Maciel

Publicado em Geral | Com a tag , , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Jovens, envelheçam! (Nelson Rodrigues)

Albert Piauhy, no tempo do guaraná com rolha. © Myskiciewicz

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O joio e o trigo

Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo

BRASÍLIA – O governador Geraldo Alckmin está preocupado com as delações da Odebrecht. Nesta segunda (6), ele usou uma parábola bíblica ao comentar o que vem por aí: “É preciso separar o joio do trigo. Ter cuidado para não misturar pessoas que fizeram corrupção, se enriqueceram, patrimonialismo, com outros casos”.

O tucano não explicou o que seriam “outros casos”. Nem precisava. Ele se referia ao caixa dois, o velho financiamento ilegal de campanhas.

Na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi mais explícito. “Há uma diferença entre quem recebeu recursos de caixa dois para financiamento de atividades político-eleitorais, erro que precisa ser reconhecido, reparado ou punido, daquele que obteve recursos para enriquecimento pessoal, crime puro e simples de corrupção”, disse.

A frase é longa, mas o argumento é simples. Na visão de FHC, quem recebeu dinheiro sujo para comprar um iate praticou um “crime”, e quem recebeu dinheiro sujo para se eleger cometeu um “erro”. Por essa lógica, o ex-governador Sérgio Cabral é um criminoso, mas um tucano que recebeu R$ 23 milhões na Suíça para bancar sua campanha apenas “errou”.

É preciso dizer que Alckmin e FHC não reinventaram a roda. No escândalo do mensalão, petistas usaram o mesmo discurso para tentar driblar a Justiça. O advogado de Delúbio Soares chegou a afirmar, diante dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal: “Ele fez caixa dois de campanha, isso ele não nega. Agora, ele não corrompeu ninguém”.

A divulgação das delações da Odebrecht vai revelar um segredo de polichinelo: as empreiteiras financiaram todos os grandes partidos brasileiros pela via ilegal do caixa dois. O dinheiro não deixou de ser declarado por timidez, e sim porque estava ligado a fraudes em obras públicas.

Há uma torcida suprapartidária para que o Supremo abrace a teoria do joio e do trigo. No julgamento do mensalão, não funcionou. Foram todos condenados por corrupção.

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Clique!

vi-michelle

Michelle Pucci  © Marco Novack

Publicado em Clique! | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Fraga

Publicado em fraga | Com a tag , , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História

este-ex-tadomeu-advogado

Publicado em mural da história | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Temer substituiu o ‘não sabia’ pelo ‘nada a ver’

Blog do Josias de Souza -UOL

Michel Temer não tem nada a ver com os R$ 10 milhões que a Odebrecht deu ao PMDB por baixo da mesa em 2014, como não teve nada a ver com o rateio do dinheiro. Marcelo Odebrecht, o provedor dos recursos, foi recebido em jantar no Jaburu. Seu funcionário Cláudio Melo Filho acertou a distribuição do dinheiro com o atual chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, amigo do presidente há três décadas. Mas Michel Temer não tem nada a ver com isso.

Diz-se que parte do dinheiro (R$ 6 milhões) foi para a campanha de Paulo Skaf, que era o candidato de Temer ao governo de São Paulo em 2014. Informa-se que coube a Padilha fazer a divisão do que sobrou (R$ 4 milhões). Mas Michel Temer não tem nada a ver com isso.

O delator Cláudio Melo diz que um dos endereços onde mandou entregar dinheiro vivo foi o escritório paulistano do advogado José Yunes. Amigo de Temer há 50 anos, Yunes demitiu-se da assessoria especial do Planalto quando a revelação ganhou as manchetes. Mas isso não tem nada a ver com o presidente.

Com um atraso de quase três meses, José Yunes levou os lábios ao trombone para admitir que, a pedido de Eliseu Padilha, recebera em seu escritório um ”pacote” das mãos do notório doleiro Lúcio Funaro. Entregou a encomenda para alguém cujo nome não se lembra. O barulho de Yunes e o mutismo de Padilha se parecem muito com uma operação para blindar o amigo-presidente. Michel Temer, obviamente, não tem nada a ver com isso também.

As contas da campanha presidencial de 2014 estão apodrecidas. O departamento de propinas da Odebrecht enfiou dinheiro roubado da Petrobras e adjacências dentro da caixa registradora do comitê eleitoral. Michel Temer não tem nada a ver com isso. Nada a ver também com os pagamentos ilegais que a Odebrecht fez ao marqueteiro João Santana no estrangeiro. O vice virou presidente graças aos mesmos 54 milhões de votos dados pelo eleitorado à antecessora deposta. Mas por que diabos Michel Temer teria alguma coisa a ver com isso?

O ‘nada a ver’ é uma adaptação de Michel Temer ao ‘não sabia’ de Lula e Dilma. Permite que ele governe sem que nenhuma revelação abale o seu otimismo. Muita gente acredita em Temer porque sua desculpa tem lógica. O presidente deveria mandar tatuar na testa a frase: “Eu não tenho nada a ver com isso.” Pouparia o papel e a tinta das notas oficiais.

Hoje, Michel Temer está licenciado da presidência do PMDB. Mas comandou a legenda por 15 anos. Se durante todo esse período não teve nada a ver com descalabros como a sociedade que seu partido firmou com o PT para assaltar a Petrobras e converter obras como Belo Monte em usinas de propinas, por que Michel Temer teria algo a ver com qualquer coisa agora? Melhor indultá-lo preventivamente com uma amnésia coletiva fingida. Do contrário, seria necessário concluir que o Brasil está sendo presidido por um tolo.

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Pensando bem…

© Myskiciewicz

A CÂMARA dos Deputados decidirá se a vaquejada pode continuar. A festa popular em que bovinos são maltratados por cavaleiros e peões está sendo discutida na comissão especial da vaquejada, onde 20 dos 25 integrantes não veem crueldade contra os animais. A coisa vai andar pelo Senado e depois Michel Temer decidirá se sanciona ou veta a lei, para ele sempre uma dúvida, mais cruel que a vaquejada. Enquanto isso, a câmara funciona a pleno vapor com o plenário da gatarada, que não sofrem maus tratos e são resistentes: têm imunidade, 14 vidas, as 7 de gatos e outras 7 de políticos.

O SENADOR JOSÉ SERRA deixou o ministério Temer para se tratar. “Problema de saúde”, segundo os jornais – os mesmos jornais que há anos escrevem “risco de morte”, abolindo o consagrado “risco de vida”. Não tem Enem para jornal.

“SE a reforma da Previdência não sair, tchau Bolsa-Família” – a campanha-ultimato do PMDB. Então que saia; assim teremos o “tchau PMDB”. O Brasil ganha mais livrando-se do PMDB que mantendo os programas sociais. Porque sem as mordidas do PMDB sobra dinheiro para os programas.

ENTÃO o Italiano das propinas da Odebrecht era ex-ministro Antonio Palocci! E a gente jurando que era Lula – afinal, ele tem passaporte italiano desde que Marisa Letícia fez a dupla cidadania.

TEM ESSA pesquisa da Gazeta que o ZB replica no blog, a da satisfação com o prefeito Rafael Greca. As classes pesquisadas estão a caminho da metade do alfabeto. Sessenta dias de mandato e o prefeito só agrada a uma pessoa, diria uma família, a dos Gulin, do patriarca Donato, seu comensal no Country Club (que os sócios tradicionais chamam “clube”, ou “Graciosa” e os que querem entrar ou só entram quando convidados chamam “cáuntri).

Os de cima são aquela gente sempre reclamona, os que chiam porque Greca tem gato e porque não tem gato. Tem sim, Greca chama MinhaMargarita de “gata”. Gostaram que ele lavou a rua XV e não gostaram porque não tirou a erva daninha das calçadas. A periferia não gostou do aumento da passagem de ônibus. Bem feito aos da classe D, que preferiram Greca a Ney Leprevost: este os transportaria de Über.

Os pesquisadores não apareceram aqui em casa. Aparecessem, Greca levaria dois pontos de aprovação, um na minha pessoa física, outro na jurídica. Aprovo Greca por um motivo muito pessoal, não levado em conta na pesquisa: ao contrário da expectativa geral, ele não está falando muito – gostaria de dizer que está falando pouco. Sonho com o dia em que será como Gustavo Fruet, quieto como uma carmelita descalça. Atenção. Carmelita.

Rogério Distéfano

Publicado em Pensando bem... | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Bate-papo com o jornalista Ruy Castro, exposição com ilustrações do jornal Cândido e show de música instrumental marcam o aniversário da BPP

Ruy Castro – Divulgação

A Biblioteca Pública do Paraná (BPP) completa hoje 160 anos  e promove uma programação especial durante todo o dia. As atividades começam às 10h30, com a abertura da exposição Retrato de um Artista, que reúne ilustrações publicadas no Cândido, o jornal mensal da BPP. A partir das 16h, o grupo Hélio Brandão Trio toca clássicos do jazz e da MPB no hall térreo. E às 19h30, o jornalista e biógrafo Ruy Castro abre a temporada 2017 do projeto Um Escritor na Biblioteca. Todos os eventos são gratuitos.

Com obras de 20 ilustradores brasileiros, a mostra Retratos de um Artista resgata trabalhos produzidos originalmente para a seção homônima do jornal Cândido. São 30 desenhos de escritores consagrados da literatura nacional e mundial (de Miguel de Cervantes a Ernest Hemingway, passando por Mário de Andrade, Hilda Hilst, Dalton Trevisan), assinados por nomes como Allan Sieber, Bennet, André Ducci e Pedro Franz, entre outros. O evento também marca o lançamento de um livro com as ilustrações, editado pelo selo Biblioteca Paraná, da Secretaria de Estado da Cultura.

Música e literatura

Músico experiente da cena curitibana, o saxofonista Hélio Brandão se apresenta acompanhado do guitarrista Mário Conde e do contrabaixista Thiago Duarte. No repertório, uma seleção de standards do jazz e temas conhecidos da música popular brasileira. O trio toca em clima informal, no hall térreo, até o início da noite.

Encerrando a programação de aniversário, Ruy Castro conversa com o público na abertura de mais uma temporada da série Um Escritor na Biblioteca. Com mais de 20 livros lançados — entre eles as biografias de Nelson Rodrigues, Garrincha, Carmen Miranda —, ele fala sobre sua trajetória como leitor, autor e jornalista. O encontro acontece no auditório, que reabre após um período de reformas. As comemorações dos 160 anos continuam durante todo o mês, com oficinas, atividades para o público infantil e um bate-papo, no dia 25, com o escritor argentino Alberto Manguel, diretor da Biblioteca Nacional da Argentina.

Modernização

Criada em 1857, a Biblioteca Pública trocou de sede 12 vezes até ser transferida para o prédio de número 133 da Rua Cândido Lopes, no centro de Curitiba — onde está instalada desde 1954. A partir de 2011, a instituição iniciou um intenso processo de reformulação, com os objetivos de melhorar as instalações, aperfeiçoar o atendimento e ampliar os serviços oferecidos. As mudanças transformaram a BPP em um verdadeiro espaço de artes e convivência, por onde passam, diariamente, cerca de 2,5 mil pessoas.

Consolidada como centro cultural, a Biblioteca começou, no final de 2016, uma ampla reforma, concebida pelo arquiteto Manoel Coelho e viabilizada com recursos da Renault. O projeto incluiu do auditório aos banheiros, passando pelo guarda-volumes, o hall do segundo andar (que ganhou novo mobiliário) e a seção de empréstimos (remanejada para dar lugar a um café), entre outros espaços. A inauguração oficial da obra está prevista para o dia 16 de março.

“Com as obras de modernização, teremos uma biblioteca ainda mais preparada para receber a população paranaense e continuar seu trabalho de excelência no atendimento ao público”, afirma o secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani.

Para o diretor da BPP, Rogério Pereira, a instituição está cumprindo o papel das bibliotecas modernas, que é atuar além do empréstimo de livros e apostar na multiplicidade. “Hoje também abrimos espaço para música, cinema, teatro, dança, contação de histórias, oficinas. O processo de reforma, além de proporcionar um espaço ainda mais agradável, vai possibilitar a criação de vários novos projetos culturais”, diz.

Serviço
Programação 160 anos da Biblioteca Pública do Paraná
10h30 (Hall Térreo) | Abertura da exposição e lançamento do livro Retrato de um Artista
16h (Hall Térreo) | Música na Biblioteca, com Hélio Brandão Trio
19h30 (Auditório) | Um Escritor na Biblioteca, com Ruy Castro
Biblioteca Pública do Paraná (Rua Cândido Lopes, 133, Centro)
Informações: 3221-4917 – Gratuito

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Uma das causas da caretice 3.0 é a criação da noção de jovem crítico

Luiz Felipe Pondé – Folha de São Paulo

Tem coisa mais brega do que colocar números depois de palavras ou conceitos, como marketing 3.0? Vamos embarcar nessa breguice geral e propor a caretice 3.0. Aquela presente na geração chamada milênio ou Y (e, ao que tudo indica, na Z, mais careta ainda).

Primeiro, vamos esclarecer para quem não sabe: milênio ou Y são jovens nascidos entre 1983 e 2000 (mais ou menos) e “bem de vida”. A partir daí viriam os chamados Z. Outra coisa: trabalho com jovens entre 18 e 20 há quase 20 anos e posso dizer com razoável certeza que eles chegam à universidade cada vez mais caretas.

O que confunde é que certos marcadores como liberdade sexual, fumar maconha, ausência de preconceitos, roupas descoladas e posturas políticas progressistas, classicamente considerados índices de comportamento não careta, aparecem nos jovens de hoje de forma bastante evidente. E isso parece indicar que não seriam caretas. Ledo engano. A caretice 3.0 é justamente esta: ela aparece ali onde se imaginava que jamais estaria por causa desses marcadores históricos. O que nos ensina isso?

Antes de tudo, que a caretice não é um traço que se refere ao conteúdo de uma opinião ou atitude, mas à forma com que essa opinião ou atitude se manifesta. E é justamente na forma que aparece a caretice 3.0 nos mais jovens.

Caretice se refere, antes de tudo, à rigidez associada à autoafirmação moral. Os jovens são cada vez mais rígidos e certos de sua pureza moral. E rigidez, como se sabe, é fruto de sofrimento psicológico. Nunca as famílias foram mais disfuncionais e solúveis em água. Pais tontos e melosos querendo ser mães, mães solitárias e estressadas pelas jornadas triplas. As redes sociais e seu debate histérico são muito mais tóxicas do que a televisão jamais foi.

Essa rigidez se revela no fato de que os jovens nunca se levaram tão a sério como os de hoje. Eles têm opiniões claras sobre tudo.

Aborto, sexo, política, Oriente Médio, cinema iraniano, teoria crítica adorniana, sistemas complexos de economia, relação cosmologia-cosmética trans, uso de medicação tarja preta, amor com outras espécies animais, química da lactose, como alimentar sete bilhões de pessoas com hortas caseiras, a eliminação absoluta do sofrimento na vida dos frangos, como alocar um milhão de sírios na Alemanha, sistemas políticos democráticos para o Iêmen, calotas glaciais, formas de vida sob opressão em Marte, como educar filhos que não existem, métodos democráticos de avaliação escolar, fóruns com crianças de cinco anos para votar as leis de mercado, enfim, toda um gama de temas abertos a opiniões rígidas, porque evidentemente simples e facilmente resolvidos numa aula de filosofia contemporânea a partir de Deleuze e Foucault.

Os jovens estão reduzidos a um manual produzido por professores pregadores e mídias sociais furiosas.

No que concerne à relação com os pais, ou esses aderem à caretice 3.0 (quando não são eles mesmos uma das causas dessa caretice 3.0 devido às suas próprias opiniões corretinhas), submetendo-se à pregação no café da manhã, ou abrem uma frente contínua de polêmicas que sempre chegam ao mesmo lugar: a definitiva desqualificação de qualquer forma de consistência argumentativa em favor da preguiça intelectual e afetiva.

Além da calça jeans, o mercado da caretice 3.0 é um dos efeitos evidentes da contracultura dos anos 1960.

Uma das causas mais interessantes desse fenômeno é a criação da noção de jovem crítico. Ser crítico é, talvez, uma das coisas mais fáceis na vida (facilidade essa pouco pensada por todos os pensadores que criaram esse fetiche da crítica): basta você falar mal de tudo o que não gosta de forma arrogante e estar seguro de que você representa o avanço social e político.

A ideia de que fazer a crítica de algo implica um largo repertório intelectual e afetivo de experiências revelou-se falsa. O caminho mais curto para a não-educação é tornar pessoas de 15 anos críticas. Nunca mais arrumarão o quarto delas justificando essa atitude, agora, na estupidez do Trump.

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter