logo-marcos© Pablito Pereira

se o corpo abandonar minha alma
não tenha de mim uma ideia falsa
não chore, mantenha a calma
estou morto por minha causa
cuidado: assim como sua mala
o meu caixão não terá alça

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© Mark Del Mar

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Autorretrato

Albert Piauhy e seu papagaio de cartunista no ombro. 

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Carta a Krenak: tua imortalidade faz parte da construção da democracia

Querido Krenak,

A notícia de tua eleição para a Academia Brasileira de Letras me encheu de “infinita esperança”, como diria Martin Luther King. A esperança de que possamos entrar definitivamente numa etapa da nossa sociedade onde todos possam fazer parte de forma plena. Nunca mais um Brasil sem indígenas, sem negros, sem mulheres e sem sua diversidade que é nossa maior força.

Tua escolha não é apenas uma reparação histórica. É a esperança de que o futuro seja reinventado, desta vez com a capacidade de permitir que todos possam transformar seus sonhos mais íntimos em realidade. E não apenas em esperança.

Ao ser escolhido para a Academia, não é você quem ganha a imortalidade. Isso você já havia obtido ao espalhar tua visão de mundo e tua sabedoria. São eles, Krenak, que ganham legitimidade, ao finalmente aceitar o pensamento indígena como parte de um Brasil plural.

Te escrevo apenas para te felicitar e dizer que a decisão faz parte da construção da democracia. Não aquela do Três Poderes, ainda que também seja fundamental. Falo aqui da “Democracia do Conhecimento”, um conceito que vai muito além da democracia liberal ou da democracia eleitoral.

O reconhecimento, como diz a definição do termo, da existência de múltiplas epistemologias e formas de conhecimento, sem hierarquias. Uma democracia que permite que o conhecimento seja criado e representado de múltiplas formas, seja pela arte, ciência ou meditação.

O conhecimento como uma “ferramenta poderosa para agir no sentido de aprofundar a democracia e lutar por um mundo mais justo e saudável”.

Essa luta por um mundo mais justo e saudável foi o que você escreveu na introdução de meu último livro, ao lado de Juliana Monteiro, “Ao Brasil com amor”. Ali, você fala sobre o “corpo território” e as “cosmologias que totalizam uma visão sistêmica de vida com seres humanos e não humanos”.

Querido, Platão nos explica como a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz. Mas você já reparou como a escuridão não suporta a mais mínima brecha de luz?

Obrigado por ser essa fresta. Saudações democráticas,

Jamil Chade

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Que país foi este?

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Faça propaganda e não reclame

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A fome de Davi Alcolumbre

O senador Davi Alcolumbre procurou Jair Bolsonaro para pedir apoio à sua campanha para a presidência do Senado e lidera um movimento para incomodar o Supremo Tribunal Federal por vários motivos – um deles é, claro, cargos. Alcolumbre mandou avisar ao presidente Lula que quer especificamente a vice-presidência de Governo da Caixa Econômica Federal e a vice-presidência de Ativos, do Banco do Brasil.

O governo havia percebido o movimento do senador no final de setembro, como informou o BastidorEle demonstrou mal-humor durante viagem a Nova York, na comitiva de Lula à ONU, e se recusou a dar um prazo para a análise da reforma tributária na CCJ.

Também andou reclamando que não teria pressa para aprovar o futuro procurador-geral da República, quando indicado, nem para os tribunais superiores já indicados por Lula. Logo a articulação do governo entendeu que ele queria ser agradado.

O agrado, para o senador, tem nome de cargo e endereço.

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Tallulah Willis. © TaxiDriver

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A mariposa e o código

Caro leitor, conceda-me a generosidade da atenção. Trata-se de uma situação do cotidiano, fato corriqueiro que no geral passa despercebido, mas a alguns deixa indignados.

Você está num grupo, em conversa com determinada pessoa, a quem dá atenção no modo educado, de olhar nos olhos e concordar ou pontuar com observações ou gestos de assentimento. A certa altura, quando toca a você dizer alguma coisa, o interlocutor foca seu olhar à volta, olhos a revirar e ouvidos atentos a outras pessoas e suas conversas.

Nesse momento fica visível que o outro “faz presença”, que você é mero figurante de um coletivo em que, para seu interlocutor, o único que importa é ele mesmo e sua parolice; e que, assim como lhe dispensou momentos de conversa, com a mesma rapidez pula para outro dos presentes, mariposa à procura do poste de luz. Como se chama isso?

Se tolerante e civil, você não percebe, ou, percebendo, não dá maior importância, parabéns, amigo, você é um homem do mundo. Pois para a minoria daqueles que, como este que o apoquenta com estas palavras, trata-se da mais elementar falta de educação, um crime contra o código da conversação civilizada.

*****

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Mural da História

Autores Domingos Pellegrini e Toninho Vaz são execrados pela família de Paulo Leminski. Família contesta questiona a fidelidade dele “à memória daquele que considerava amigo”.

Utilizando-se às vezes de artifícios da obra mais experimental do poeta Paulo Leminski, Catatau (1975), e estabelecendo um paralelo entre a própria história de vida e a de Leminski (além de recorrer a uma espécie de recurso “mediúnico”), o escritor Domingos Pellegrini gestou um livro que, embora não deixe de ser uma biografia, vai além do gênero. É como se fosse uma transbiografia.

Minhas Lembranças de Leminski chega às livrarias 25 anos após a morte de Leminski, num momento em que a obra do artista atinge impressionante celebridade – 200 mil visitantes viram a mostra Múltiplo Leminski, em Curitiba; a exposição Ocupações Paulo Leminski do Itaú Cultural (2009), com curadoria de Ademir Assunção, foi um dos destaques culturais daquele ano; e o volume Toda Poesia (Companhia das Letras) chegou a bater best-sellers importados, como 50 Tons de Cinza.

Nos anos 1980, havia um grafite famoso no muro da Universidade Federal do Paraná: “Pau no Leminski!”. A inscrição é bastante atual hoje: o livro de Pellegrini chega num cenário em que um cruel paradoxo se desenha: apesar de toda a badalação, para se escrever sobre Leminski, um libertário, os autores encontram um paredão de censura prévia, exercida pela família.

Pellegrini (de Londrina, cidade cujos cidadãos natos costumavam ser chamados de Pés Vermelhos) desfrutou da amizade de Leminski (de Curitiba, de origem polonesa, ou polaco), a partir do início dos anos 1970. Morou com ele em São Paulo, durante investida de Leminski para conquistar o mundo pop, tempo em que tomavam quatro garrafas de vodca dupla e depois o poeta mascava bala de hortelã, “por via das dúvidas”.

Além do senso de humor, a iconoclastia militante, a profunda erudição sem vaidade e as aparentes contradições bem resolvidas, o próprio processo de produção poético de Leminski é analisado pelo amigo, que confessa não partilhar de certos gostos do autor – como, por exemplo, a admiração pelo concretismo.

Pellegrini divide Leminski em dois: um pop, com uma estratégia de divulgação pessoal calcada na poesia acessível e numa mitologia pessoal, e o intelectual, contido especialmente em sua obra em prosa, como os Ensaios Crípticos e o Catatau.

A saga alcoólica de Leminski, o Polaco, aparece com grande impacto no livro de Pellegrini, o Pé Vermelho. “E, finalmente, o último golpe líquido que me liquidou foi a hemorragia esofágica. É tanto sangue que sai da boca em jorro. (…) Vi, sim, o jorro vermelho ir bater lá na parede, tanto sangue que deixava claro não ter importância saber se era venal ou arterial, claro era tanto que tanto que faria falta fatal.”

O autor tentou submeter seu trabalho à família de Leminski, mas houve objeções para que tivesse o trabalho publicado. Ele não aceitou e publicou assim mesmo – inicialmente, dispôs o livro na internet. Pellegrini diz que não teme submeter o caso à Justiça, pois crê que “todo juiz verá que é um livro fraterno, digno e criativamente coerente com Leminski”.

Pellegrini vai ao confronto aberto: publica no final do livro a correspondência trocada com a poeta Alice Ruiz, viúva de Leminski. Ela questiona a fidelidade dele à memória daquele que considerava amigo.

“A ênfase no álcool, sua leitura de uma ‘precariedade’ de bens em nossa casa (você nunca ouviu falar em contracultura?), as observações exageradas sobre ‘falta de banho’, que corresponde a um período dos maiores excessos, mas que foi superada, enfim, tudo isso serve para criar uma imagem bem negativa do Paulo em contraponto à sua, que aparece como o interlocutor por excelência e cheio das qualidades que supostamente ‘faltavam’ a ele”, escreve Alice.

Pellegrini responde que não se submeteria a fazer uma biografia “chapa-branca” (um conceito jornalístico aplicado a narrativas que bajulam o seu objeto de análise) do autor.

A saga de Pellegrini repete a do escritor Toninho Vaz, que publicou O Bandido Que Sabia Latim (Editora Record, 2001), que estava indo para a 4.ª edição quando foi interditado judicialmente pela família. “O livro está parado, aguardando a votação no Congresso para liberar-se da censura familiar. Continuo censurado, aguardando”, afirmou ontem Toninho Vaz, que entrou com uma ação questionando os motivos da família. A primeira audiência está marcada para este mês, no Fórum do Rio.

O problema foi que Toninho Vaz atualizou a sua biografia de Leminski. Ele incluiu o seguinte trecho, que foi considerado “sórdido” pela família e descrevia uma cena do cotidiano de Pedro Leminski, irmão do poeta. “(Carlos Augusto Oliveira, o Caco, era vizinho de quarto e um dos últimos amigos de Pedro. Ele afirma ter visto Pedro, dias antes, bastante descontrolado, consumindo uma mistura de álcool, água e limão; cigarro de todos os tipos e drogas injetáveis. Pedro frequentava as madrugadas da pracinha ao lado do cemitério municipal, onde agora existia uma pista adaptada para skatistas. É de Caco também a informação de que Pedro, nesses últimos dias, estava lendo o livro Elogio à Loucura, de Erasmo de Roterdã, numa tradução de Stephan Zweig).”

Minhas Lembranças de Leminski
Autor: Domingos Pellegrini

Editora: Geração Editorial (200 págs., R$ 34,90)

Maio, 2014 – O Estado de São Paulo

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Mural da História – 2010

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A lógica do cinema

Como Diadorim consegue se passar por homem junto aos jagunços se nunca é vista fazendo xixi em pé?

“Afinal, o que você veio fazer em Casablanca?”, pergunta o chefe de polícia Claude Rains a Humphrey Bogart em “Casablanca” (1942). “Vim por causa das águas”, ele responde. “Que águas? Estamos no meio do deserto!”, espanta-se Rains. E Bogart, com cara de pôquer: “Fui mal-informado.” É um dos grandes diálogos do filme e faz sentido.

Mas fará sentido a sequência final, no aeroporto, em que Bogart fuzila o vilão nazista Conrad Veidt e, ao som de “As Time Goes By”, embarca sua amada Ingrid Bergman no avião com o marido dela em meio a um tremendo fog? Existe fog no deserto? E como explicar os ventiladores de teto que rodam devagarinho durante todo o filme? Eles produzem vento àquela velocidade?

Claro que faz sentido. O cinema não é a vida real. A sequência final sem fog não teria o mesmo romantismo. Quanto aos ventiladores, tente filmar um rodando à velocidade normal —as pás desapareceriam ao girar. E a sequência em que o herói antifascista Paul Henreid rege os clientes do bar de Bogart, que cantam a “Marselhesa”? De quantos músicos se compõe a banda? De não mais que uns seis ou sete. Mas, à medida que o bar inteiro começa a cantar, o som em off na trilha sonora se torna o da baita orquestra da Warner, com 60 ou 70 figuras. E está certo. Só com essa massa sonora se tem ideia da grandeza daquele momento.

Na primeira e melhor versão de “King Kong” (1933), a mão do macaco que faz virar um trem do metrô elevado de Nova York e lhe permite escalar o Empire State é a mesma que encolhe e entra pela janela para capturar a pobre Fay Wray e despi-la véu por véu. E por que não? A lógica de “King Kong” é a de um pesadelo, e pesadelo não tem lógica.

Falando em lógica, como a valente Diadorim, nos vários filmes que se fizeram de “Grande Sertão: Veredas”, consegue se passar por homem junto aos jagunços se, durante anos, nunca é vista fazendo xixi em pé?

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Propaganda Eleitoral Gratuita

Ninguém pode salvar este país!

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