Paris – 13 de novembro, sexta-feira, 2015

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Banksy – Torre Eiffel

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Deus, esse sacana

Se você olhar um mapa dos atentados do último fim de semana em Paris, verá que eles ocorreram ao longo do boulevard Voltaire.

Não sei isso foi intencional, mas a associação do iluminista Voltaire a desatinos do fanatismo religioso confere a esses ataques terroristas uma simbologia adicional.

Voltaire foi um dos principais defensores das liberdades individuais, e muito do que entendemos sobre a necessidade de independência do Estado em relação às religiões vem de suas ideias.

Em 1736, escreveu uma peça intitulada “O Fanatismo ou Maomé, o Profeta”, na qual criticava a manipulação e o fundamentalismo religiosos.

O texto se utilizava de episódios da biografia de Maomé para criticar o despotismo do clero e da Igreja Católica. Não sei se os terroristas de Paris sabiam disso.

Hoje, as democracias modernas estimulam a diversidade e o multiculturalismo. A Inglaterra, por exemplo, chega a abrigar líderes religiosos radicais que pregam guerra santa contra o Ocidente. A mesma coisa acontece em outros países europeus.

No entanto, é democrático permitir a existência de grupos cuja intenção declarada é impor a toda a sociedade sua visão dogmática de mundo? O fundamentalismo islâmico do EI, por exemplo, fala na eliminação de todos os não muçulmanos.

A ideia do fundamentalismo religioso é patológica: alguém acha que adquiriu o monopólio da verdade divina. Acaba conseguindo convencer outras pessoas de que fala em nome de Deus. A partir daí, quem não concorda com o emissário divino está ferrado. Não há mais argumento possível.

A intolerância religiosa é desonesta: o que ela quer é poder. A espiritualidade e a ignorância são exploradas para manipulação política e econômica.

Não é por nada que o EI quer controlar um território. Não é por acaso que líderes religiosos, em geral, vivem de forma mais opulenta que seus fieis.

Na democracia, dogmas religiosos não podem ser impostos. Todo mundo –padre, pastor, imã, rabino etc.– tem de concordar com isso. Se alguém quiser impor comportamento ou moral religiosa compulsórios, saímos do Estado democrático para a teocracia.

O fanatismo e o fundamentalismo religiosos são fenômenos globais. Sob outra forma e denominação, eles também avançam sobre o Brasil.

Um personagem de Voltaire, o Cândido, depois de ter passado por vicissitudes e intempéries em vários lugares do mundo, chega à conclusão de que o caminho para o otimismo e a paz entre os homens é “cultivar nosso próprio jardim”.

Os terroristas matam infiéis em Paris, e, no Brasil, uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprova uma Proposta de Emenda Constitucional (99/2011) que autoriza igrejas a questionarem regras e leis diretamente junto ao STF, como se as igrejas já não contassem com privilégios em excesso.

Só em benefícios fiscais, recebem cerca de R$ 4 bilhões anualmente.

O Senado já sinalizou que não vai aprovar a ensandecida proposta.

No entanto, é preocupante que tenhamos na Câmara essa espécie de “Mullahs brasiliensis”, que não fazem abluções nem gritam Allahu Akbar antes de desferir o golpe, mas que, como o EI, querem assumir o poder do Estado e excluir os que não rezam como eles.

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Alexandre Vidal  Porto

Escritor e diplomata, mestre em direito (Harvard). Serviu na missão na ONU e no Chile, EUA, México e Japão. É autor de “Sergio Y. vai à América” (Cia das Letras). Escreve às terças na Folha de São Paulo

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Com que roupa eu vou?

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Foto de Roberto José da Silva

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Lava Jato

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Foto Agência Brasil

Luiz Argôlo é o terceiro político condenado na Lava Jato. Após André Vargas e Pedro Corrêa, o ex-deputado federal também foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro.

A Justiça Federal no Paraná condenou o ex-deputado federal Luiz Argôlo por corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato. Argôlo, que foi eleito pelo PP, mas estava no Solidariedade quando foi envolvido no escândalo de desvios na Petrobras, é o terceiro político condenado pela Justiça Federal no Paraná, onde estão sendo julgadas as ações em primeira instância contra réus sem foro privilegiado. Assim como ele, André Vargas e Pedro Corrêa não exerciam mais mandato eletivo e, por isso, foram julgados no Paraná.

Roger Pereira – Terra

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O filho de Dona Elza…

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Dieffenbachia seguine. Eduardo Cunha, também conhecido como “Comigo-ninguém-pode”. Foto de Myskiciewicz

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Sebastião Salgado e a tragédia ambiental de Minas Gerais

Logo que ocorreu o rompimento das barragens da Samarco, em Minas Gerais, apareceu nessa história uma figura que me deixou intrigado pela rapidez de seu surgimento e pela forma que se colocou no assunto. Esta figura que surgiu de pronto é o conhecido fotógrafo Sebastião Salgado, de quem tivemos notícia neste caso em uma visita sua ao Palácio do Planalto, onde foi recebido pela presidente Dilma Rousseff. Foi uma estranha aparição para um homem que fez fama como alguém presente a acontecimentos onde captou a dor humana, em imagens que o tornaram conhecido no mundo inteiro. Com o histórico que tem, sua presença faria mais sentido às margens do Rio Doce, talvez até documentando o assustador estrago produzido pela Samarco, quem tem como maior acionista a mineradora Vale, antiga “Vale do Rio Doce”, que acabou dando uma razão prática ao marketing que eliminou o nome do rio de sua marca publicitária.

Sebastião Salgado poderia colocar os pés nas margens do Rio Doce e dali talvez dar uma ressonância aos gritos desesperados dos que vivem em torno daquelas águas envenenadas. Seria interessante inclusive ver o que ele com seu retumbante estilo poderia extrair plasticamente daquela situação terrível, neste desastre ambiental que parece ser o maior já ocorrido no país. Mas não foi isso que ele fez. De imediato, o fotógrafo foi ao encontro de Dilma e no gabinete dela apresentou um plano de recuperacão do Rio Doce. O desastre não tinha ainda uma semana. Ele já disse que Dilma “achou a ideia fantástica”, mas o que pensei de imediato é sobre a opinião das pessoas que vivem às margens do Rio Doce. E como já falei, nem que fosse apenas pela cortesia a primeira visita tinha que ser feita naqueles cantos e não no centro do poder federal, no gabinete de quem jamais cumpriu com responsabilidades que evitariam com certeza o desastre ambiental. Mas nenhuma crítica veio até agora do fotógrafo. Salgado transborda otimismo. Depois do encontro com Dilma ele afirmou que espera que se constitua um “megafundo” que junte a Samarco, a BHP e a Vale no plano para recuperar todas as nascentes do Vale do Rio Doce.

Sei que Salgado é proprietário de uma grande extensão de terras na região, onde ele tem feito um trabalho de reflorestamento e recuperação ambiental. É provável que ele já estivesse desenvolvendo um projeto, apesar de que até agora nada disso havia sido contado para ninguém. No entanto, acho que não pode haver dúvida de que as condições do ambiente mudaram bastante depois da região ser tomada por lama tóxica, não é mesmo? Não se sabe ainda com exatidão nem da extensão do estrago causado pela Samarco, BHP e Vale. E como homem de esquerda, creio que Salgado teria de concordar que mudou bastante também a situação política.

O fotógrafo que me desculpe, mas parece coisa preparada. Num momento que exige uma rigorosa discussão crítica ele aparece com a solução pronta e de uma forma que ameniza o debate público necessário não só para a recuperação do rio como também a mudança das condições políticas que vêm impondo durante décadas o domínio de uma grande empresa sobre o destino das vidas humanas e o ambiente de uma extensa região. Não é de hoje que a Vale causa danos ao Rio Doce e tudo que o cerca. Num país em que a economia não leva em conta a vida das pessoas, a Vale e outras grandes corporações sempre reinaram. Desde que entrou nesta história, junto a Dilma no Palácio do Planalto, o aclamado fotógrafo vem colocando panos quentes na discussão. Nem tocou em políticas públicas, tão ausentes nesta área em que até a sobrevivências de populações indígenas está em risco. Não teve uma palavra de crítica aos responsáveis pelo desastre, o que pode até parecer estranho demais em razão da fama de combatividade que embala seu respeito como profissional. Vou ser franco: até aqui seu comportamento não difere do que faria um relações públicas da Samarco, da BHP e da Vale. Nunca gostei da figura política de Salgado, com suas relações estreitas com o ex-presidente Lula e a falta total de crítica ao descalabro moral e político que vem acabando com o nosso país, de graves consequências inclusive no respeito ao meio ambiente. Lula é um político e governante que fez até questão de mostrar em falas públicas seu desprezo pela defesa do meio ambiente. Dilma segue o mesmo padrão. Neste ciclo de governos que tem ele como líder máximo houve um desmonte imenso de leis e regras ambientais, que mesmo já sendo anteriormente ineficazes ele e seu partido conseguiram piorar. Continue lendo

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Faça propaganda e não reclame

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Mural da História

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Achados e perdidos

Passei a vida perdendo. Perdi o celular umas sete vezes. Achei umas quatro. Perdi a carteira umas vinte. Achei umas três vezes, uma delas cheia, nas outras duas vazias. Óculos, perdi uns trinta, achei zero. Perdi os anéis, achei os dedos. Guarda-chuvas e canetas Bic já não faço ideia, mas são feitos pra isso: pra se perderem pra sempre. Perdi moedas. Achei cinquenta reais na rua. Perdi meus documentos. Achei o documento dos outros. Perdi a hora. Mais de mil vezes. Essas nunca achei de volta. Perdi uma hora no verão, achei ela de volta no inverno. Perdi o voo. Muitos. Achei outros voos, sempre mais caros. Perdi a diferença de tarifa, perdi dinheiro. Achei maneiras de me divertir no aeroporto, achei amigos no saguão, achei o portão de embarque depois de muito custo. Perdi cabelo, achei melhor tomar finasterida. Perdi quilos no futebol, mas logo os encontrei na cerveja pós-futebol. Perdi horas no cartório e no Detran, perdi dias no Facebook e no Instagram, perdi meses parado no engarrafamento. Achei amigos na fila do Detran, no Facebook, no Instagram; no engarrafamento não achei ninguém. Na UFF, perdi um período inteiro na ponte. Achei chato. Nas aulas, perdi o foco, não achei nada. Perdi o sono. Achei umas ideias. Perdi a manhã porque perdi a noite porque perdi o sono. Perdi a noite porque perdi a manhã. Achei um bar aberto. Bebendo, perdi a linha. Achei a ressaca. No teatro, perdi a vergonha, perdi o senso do ridículo, perdi finais de semana. Achei uma maneira de ganhar dinheiro e de fazer novos amigos. Mesmo que por uma noite só, achei graça. Falando, perdi o fio da meada. Achei as drogas. Perdi neurônios. Achei graça em coisas que não tinham tanta graça. Perdi coisas por medo: medo de perder a memória, medo de perder a vida, medo de perder tempo com medo de perder tempo. Acho que tenho medo de achar coisas demais. Perdi um gol feito, na cara do gol. Achei que fosse morrer. Perdi muitos jogos com o Fluminense. Perdi uma semifinal pro Santos, de virada, e de virada também uma final pro Boca Juniors. Perdi a chance de pegar a Série B. Achei que não gostasse mais de futebol. Escrevendo, perdi a chance de ficar calado. Achei um monte de coisas que já não acho mais. Já me perdi uma dúzia de vezes. E já me achei, até demais –me achei o máximo, me achei uma merda, e já achei que perdi tempo demais me achando. Perguntaram pro jogador João Pinto: “O que você achou do jogo?”, e ele: “Eu não achei nada. O Aloísio achou um pente”. Nunca achei um pente.

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Gregorio Duvier – Folha de São Paulo

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O filho de Dona Elza…

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Dieffenbachia seguine. Eduardo Cunha, também conhecido como “Comigo-ninguém-pode”. Foto de Myskiciewicz

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Calúnia Social

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Veja o que a foto diz. Quaxquáx! Foto de Maringas Maciel, testemunha ocular e auricular da História

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Quem é Quem

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Jorge Galvão. Foto de Vera Solda17

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Assim?

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Foto de Myskiciewicz

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O velho do ovo esquerdo de fora

“Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz.” Tempos desses que parecem ontem estava conversando com o amigo e escritor Paulo Lins sobre a frase/verso de Vladimir Maiakovsky. O mesmo poeta russo do “gente é para brilhar” etc.

Donde acabei por achar o personagem: Feliz é o velho do ovo de fora. Nem aí para a humanidade. O ovo esquerdo, a parte mais delicada de um homem, flertando com o mundo em uma esquina de Copacabana.

Nem sei se presta atenção nestes detalhes particulares. Simplesmente veste a ceroula branca, clássica, e vai tomar sua cerveja.

Deve ter várias ceroulas brancas, umas 365 pelo menos. A única vez que o vi diferente estava com um calção de malha, igualmente relax, de um patriótico pijama verde-e-amarelo –era Copa do Mundo de 2014.

Só os meninos da banda punk “TeXtículos de Mary” me entenderiam a essa altura.

Quando o velho chega cedo ao Papillon, seu bar predileto na esquina da Miguel Lemos com a Barata Ribeiro, senta na calçada e o ovo toma um bronze sob o sol dos trópicos. Até aí, como diz o livro do Eclesiastes, nada de novo.

Alguns garçons, nos últimos verões, já o alertaram para o descuido. Ele nem ouve. Não há papo sobre o assunto, embora seja cada vez mais conhecido como o velho do ovo esquerdo de fora.

A bela licença poética de ser velho em Copacabana, dizem uns filósofos de botequim da área.

O bardo Fausto Fawcett, amigo de bairro e dos concertos do projeto “Trovadores do Miocárdio”, está de acordo, embora ache que o personagem seja bem mais rico.

Velho safado, nojento, sopram alguns passantes. Foi um grande artista de teatro, tv e cinema, outros narram a trajetória, sem precisão biográfica. Sequer alguém arrisca dizer o nome da tal figura.

Alheio a isso tudo está lá o ovão esquerdo. Faça calor ou clima ameno. Outro dia a Border collie de uma amiga resfolegava, em um momento de descanso, com a língua quase tocando naquele esquecido testículo. O velho e a cadela nem aí para a cena.

O ovo do velho é quase um personagem à parte em Copacabana, o bairro mais conhecido do mundo, onde reinam milhares de atípicas criaturas.

Por sacanagem, garçons do bar fizeram vaquinha para comprar calças compridas para encobrir as vergonhas do velho. Como se dinheiro para comprar roupas fosse problema do tio. Não mesmo. Goza de uma modesta, porém suficiente, aposentadoria de funcionário público da ex-capital da República.

Uma maluca viciada em crack faz bilu-tetéia com o ovo esquerdo do velho. Com delicadeza, 00óbvio. Ele sequer tira o olho do jogo do seu Vasco da Gama na tevê pela Segundona do Campeonato Brasileiro, meu caro Aldir Blanc.

O velho homem do ovo de fora é que é feliz e nem carece dessa ditadurazinha da felicidade óbvia.

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Xico Sá – Folha de São Paulo|24/07/14 

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O reizinho da cela

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O rei da cela e os súditos na carceragem da Lava Jato

Após o terceiro pedido de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro, o comportamento do empreiteiro Marcelo Odebrecht mudou no complexo médico-penal de Pinhais (PR), com a suspeita de que não sairá tão cedo do lugar.

O empresário dono do maior grupo do País vive turrão, desobedece regras da carceragem e faz ar de deboche para agentes, segundo relatos de policiais. Em alguns casos, cruza os braços em vez de posicioná-los à frente do corpo, quando os detentos andam em fila.

As retaliações para o comportamento solitário são banho frio e atraso na entrega das refeições para todos os presos.

Apesar dos castigos impostos pelos agentes, nenhum colega de cadeia de Odebrecht ousa reclamar com os carcereiros ou enquadrar o detento-rei.

O consenso entre os lobistas e executivos presos é que um dia todos serão soltos, e eles sabem do poder político e econômico de Odebrecht aqui fora. O tratam como reizinho da cela.

Leandro Mazzini, no blog Coluna Esplanada, do UOL

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