O atril fascista

Nos cultos, missas e sermões padres e pastores falam do alto do púlpito. As entrevistas de políticos também usam a estante, móvel ou não, com o plano inclinado para repousar os papeis usados na fala. A palavra me fugiu hoje durante o apagão. Mais tarde, ao procurar, não encontrei; pior, nem lembrei a palavra. Fiz a viagem habitual, de conferir no inglês como é em português. Funcionou. Em inglês é lectern, que se traduz no português para atril ou facisto. O atril até passa, só tem vida no dicionário. Já o facisto faz sentido quando assistimos políticos enraivecidos como Jair Bolsonaro e pastores desvairados como Silas Malafaia. Ah, sim, o facisto dessa gente leva um ‘s’ entre o ‘a’ e o ‘c’.

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Flagrantes da vida real

Como diz Maringas Maciel: “Cada qual com o seu na mão”.

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© Vintage Cuties

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Mural da História – 2009

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Nas mãos de Pereira

Vice-presidente da Câmara, o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) foi autorização pelo titular do posto, Arthur Lira (PP-AL), a tocar a votação do projeto que taxa as offshores e os fundos dos super-ricos na semana que vem.

Pereira, dizem seus interlocutores, ficou contente. Acha que poderá mandar um sinal para o governo sobre sua capacidade de liderança e, assim, se firmar como o candidato ideal à sucessão de Lira, com a simpatia da base governista.

Ao autorizar a votação, porém, o presidente da Câmara fez uma jogada de ganha-ganha. Se efetivamente Pereira conseguir votar – e, sobretudo, aprovar o projeto de lei -, Lira também fica bem com o governo por não segurar a votação até seu retorno, no dia 23. Se Pereira não aprovar, a culpa será sua e, politicamente, poderá ser usada contra ele.

Lira prefere como sucessor o aliado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), embora não tenha explicitado isso, nem dado autorização para o começo de uma campanha por sua sucessão.

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Dieta da TV

© Orlando Pedroso

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Uma jornalista que, após o assassinato de seu filho distante, forma uma aliança improvável aliança com a namorada grávida dele, para procurar os responsáveis pela sua morte. Juntos, eles confrontam um mundo de drogas e corrupção.

Ficha Técnica: The Good Mother|2023|Drama|EUA|90minutos|Direção de Miles Joris-Peyrafitte| Elenco: Hilary Swank … Marissa|Olivia Cooke … Paige|Jack Reynor … Toby|Dilone Dilone … Gina

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25 coisas que se pode morrer sem saber

1- O nome completo de Barents era Willem Barents.
2- Em 1999, o Brasil não ganhou a Copa do Mundo de Futebol.
3- Um bode nunca se lembra onde escondeu, por brincadeira, o tênis do seu filho menor.
4- Centenas de esquilos nascem nos EUA e no Canadá depois que seus pais copulam.
5- Comer uma cumbuca de feijoada é mais do que suficiente para a maioria dos canários belgas. Alguns até baixam no Pronto-Socorro.
6- As corvinas não conseguem pronunciar nenhuma palavra que tenha S.
7- Dois litros de água matariam a sede de várias gerações de formiga — se elas bebessem.
8- O relógio é o único instrumento eletrônico que marca as horas.
9- O machado de ferro foi inventado muito depois da árvore e muito antes do microcomputador.
10- Uma pessoa sã é aquela que não tem nenhuma doença.
11- Se você percorrer uma milha terá ido mais longe do que se percorresse um quilômetro, independentemente do veículo utilizado.
12- Quem tem cinco dedos em cada mão tem, obrigatoriamente, dois braços.
13- Uma mulher inteligente sabe muito mais do que um homem burro. E vice-versa.
14- Um cavaleiro chamado Dick King salvou da derrota a seleção inglesa de críquete em 1842.
15- Um astrônomo chinês inventou, no ano 132 d. C., um sismógrafo que tinha 2,4 metros de altura, com oito dragões de ferro agarrados nele. Com o sismo, a oscilação de um pêndulo provocava a abertura da boca de um dragão e derrubava uma bola na boca de um sapo colocado no chão.
16- A mais espantosa invenção do homem ainda não foi inventada.
17- Um cachorro pode aprender a latir em qualquer país para onde for levado ainda pequeno.
18- Os gigantes de 10 metros de altura da ilha de Páscoa foram esculpidos por um menino de 12 anos durante as férias escolares. Ele fez nada menos do que 300 completas e deixou 400 incompletas porque a mãe disse para ele parar com a brincadeira. 
19- Não existem provas de que margarina é prejudicial à saúde dos chimpanzés. 
20- Um pico de 20.230 m de altura seria muito maior do que o Everest.
21- O Cavalo de Tróia nunca participou de nenhuma corrida em hipódromos oficiais.
22- O que provoca as tempestades no mar são harpas eólicas escondidas em cavernas muito profundas e sem iluminação.
23- Dependendo do ano e de solos de guitarras mal feitos, um presidente é assassinado nos EUA.
24- Aproximadamente 70 % das pessoas que leem este texto lambem a tampa do iogurte depois de retirá-la. Os outros 30% preferem lamber sabão.
25- Uma bola de futebol pode viajar a novecentos quilômetros por hora, se ela for de avião.

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Cruelritiba

cruelritibacruelritiba© Lina Faria 

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Nora Drenalina recomenda

chucrute-doisUm jeito curitibano de cantar. Pesquisa e organização de Marinho Gallera e Elizabeth Amorim de Castro. Projeto gráfico: Elizabeth Parapinski da Silva. Fotos de José Ambrósio Neto, Marinho Gallera, Elizabeth Amorim de Castro, Dico Kremer, Nego Miranda, João Urban, Mário Müller, Márcio Santos, Alberto Melo Viana e Glória Flüggel. Assistente de produção: Sthepanie Stringari Marques. Dois CDs: Cidade Sem Portas e Cidade da Gente, mais Velhos Amigos.

Incentivo: Curitiba, Cidade da Gente, Fundação Cultural de Curitiba, Lei de Incentivo à Cultura, OpusMúltipla e Siemens.

Quem procurar, acha.

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José Pires

Jota é jornalista, jornalista, cartunista e artista gráfico. Como cartunista, foi premiado nos Salão de Piracicaba e no Salão de Humor do Piauí, tendo participado também de vários salões internacionais. Em 1980 foi premiado no Salão de Humor do Canadá. Jota já publicou na Folha de S. Paulo, onde fez parte do Folhetim e da Folha Ilustrada, suplementos modernizadores do jornalismo cultural brasileiro.

Publicou também em O Estado de S. Paulo, onde durante cerca de dois anos publicou uma coluna de humor no suplemento diário Caderno 2. Já publicou também na antiga Última Hora, de São Paulo, Correio Popular, de Campinas, Folha de Londrina, Gazeta de Pinheiros, no semanário Primeira Mão, nas revistas Visão, Repórter Três e Tênis Esporte. Entre as décadas de 70 e 80, participou ativamente da imprensa alternativa brasileira, de oposição à ditadura militar. Foi da equipe do jornal Movimento, um dos mais importantes órgãos de imprensa durante o regime, de seu primeiro número, em 1975, até seu fechamento em 1981. Publicou também em O Pasquim.

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Mural da História – 2013

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Publicado em 30º Salão Internacional de Humor do Piauí|Setembro|2013 | Com a tag | Deixar um comentário
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Contra o romance

Prefiro quem está comigo no pronto-socorro a quem está comigo em Paris

Talvez você me entenda, porque sou uma figura dúbia e bem representativa de nossos tempos: eu sou um bicho ególatra, antissocial e nojento que gostaria de viver em uma caverna sem jamais ouvir novamente a voz humana. Mas eu também sou uma fofura comunicativa cheia de seguidores, almofadas e boas intenções. Não é mentira quando minha cara de besta sorri numa rede social idiota. Também não é mentira quando eu a observo e tenho vontade de vomitar.

Funciono razoavelmente bem por uns 20 dias. Chego a pensar que estou curada de minhas sombras, dores, maldades e tristezas. “Nossa, impressionante como estou cheia de pique, serotonina e benevolência, caminhando cedo no parque, olhando amorosa e paciente para um ponto fixo no horizonte enquanto tem sempre uns dois ou três desgraçados me irritando, rendendo horrores no trabalho, suando generosidade pelos poros e indo a todos os eventos para exibir meus dentes imensos”. Até que vem o famigerado buraco e me suga para seu fundo com a língua quente de um demônio familiar.

Sou como aquele coelhinho do comercial da Duracell. Minha bateria nunca acaba. Nunca acaba. Mais um evento, mais um curso, mais um podcast, mais um livro, mais uma palestra, mais uma crônica, mais uma entrevista, mais uma causa, mais um email de estudante, mais um ente querido me enlouquecendo, mais um encontro com gente que se posiciona impecavelmente sobre todos os assuntos (enquanto esconde a imensa escova para os longos cabelos do ego). Até que, na impossibilidade de parar, viro um coelhinho macabro.

Ontem estava conversando com minha amiga Renally, e ela me perguntou o que eu estava planejando para o feriado. Respondi que gostaria de passá-lo protegida de qualquer expectativa de romance. Somente isso. Poder ser um humano bruto, sem malabarismos, sem brilhos, insuportavelmente ensimesmada tentando dar conta de minhas sombras, dores, maldades e tristezas —e ser amada apesar disso.

O namorado mais “romântico” que tive foi disparado um dos piores caras com quem me relacionei. Era comum que ele tocasse Ben Harper no violão, seus olhos brilhavam, ele adocicava a vozinha malandra nos versos, mas ai de mim se eu resolvesse cantar junto “e estragar tudo”. Ele gostava de uma pousada no interior de São Paulo, cujo chalé ficava no alto de uma montanha e, pela manhã, uma charrete cor-de-rosa vinha nos buscar para o café da manhã. Na noite anterior, quase sempre ele havia gritado comigo ou me empurrado.

Uma vez, esse grande romântico, que me traía muito e me tratava baseado em alguma lógica de castas, teve a ideia de um jantar especial. Comprou mexilhões, que eu odeio. E vinhos, que eu não tomo. Tive uma crise de enxaqueca e comecei a passar mal, enjoada. Ele ficou indignado e pediu que eu fosse embora. Eu era sempre a pessoa viva e real que estragava suas cenas imaginadas e perfeitas.

Não tem coisa que me broche mais do que cenas românticas forçadas. A pessoa que quase implode uma casa metendo 178 velas por todos os cantos. A bossa nova baixinha. A dancinha lenta. Nada disso importa se não vier acompanhado de parceria para que eu possa reclamar das pessoas com quem eu trabalho. Vai me ajudar com meus pais e com minha filha? Vai escutar que estou com mais uma amigdalite ou enxaqueca sem revirar os olhos?

Prefiro quem está comigo no pronto-socorro a quem está comigo em Paris.

E que ninguém me cobre o doce sorriso da moça de fácil convívio ou o leve olhar da alma apaixonada. Quero emburacar. E o único romance, para mim, é poder emburacar ao lado de alguém que, convicto e em paz com seus buracos, não tente me salvar ou educar.

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Elas

Lary from Romania. © IShotMyself

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Cláudio Paiva

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