Mural da História – 2011

um-dia2 de setembro|Blog do Fábio Campana

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© Jan Saudek

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Bom de padrinhos

Embora até parlamentares petistas tratem Flávio Dino (PSB-MA) como o favorito para a vaga da ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal, defensores de Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União, tentam uma última cartada em seu favor.

Durante a posse do ministro Luís Roberto Barroso como presidente do STF, na quinta-feira (29), aliados de Dantas fizeram circular a informação de que ele ainda estava no páreo – e com força.

A versão é que Lula não teria fechado as portas para nenhum candidato – além de Dino e Dantas, há também o advogado-geral da União, Jorge Messias, o preferido de alas do PT.

Dantas tem o apoio de Gilmar Mendes, Rodrigo Pacheco, Renan Calheiros, Arthur Lira e José Sarney. Todos tiveram conversas informais com Lula sobre o tema e reforçaram o pedido.

O favoritismo de Dino, como mostrou o Bastidor, fez com que petistas que trabalharam pela indicação de Messias começassem a considerar o apoio a Dantas.

Entre aliados de Lula, comenta-se que a escolha sai em duas semanas, no máximo.

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Voltando à vaca fria

Neste libelo do teólogo Erasmo de Rotterdam (1469-1536), quem fala é a Loucura. Sempre vista apenas como uma doença ou como uma característica negativa e indesejada, aqui ela é personificada na forma mais encantadora. E, já que ninguém mais lhe da crédito por tudo o que faz pela humanidade, ela tece elogios a si mesma. 0 que seria da raça dos homens se a insanidade não os impulsionasse na direção do casamento? Seria suportável a vida, com suas desilusões e desventuras, se a Loucura não suprisse as pessoas de urn ímpeto vital irracional e incoerente?

Não é mérito da Loucura haver no mundo laços de amizade que nos liguem a seres perfeitamente imperfeitos e defeituosos? Nas entrelinhas de Elogio da Loucura, o humanista Erasmo critica todos os racionalistas e escolásticos ortodoxos que punham o homem ao serviço da razão (e nao o contrário) e estende um véu de compaixão por sobre a natureza humana.

Pois a Loucura esta por toda parte, e todos se identificarão com algum dos tipos de loucos contemplados pelo autor. Afinal, como ele proprio diz, “Está descrito no primeiro capítulo do Eclesiastes: 0 número dos loucos é infinito. Ora, esse número infinito com-preende todos os homens, com exceção de uns poucos, e duvido que alguma vez se tenha visto esses poucos”.

Portanto, amigo, se você está rasgando merda ou comendo dinheiro (ou vice-versa), fique tranquilo. Nem tudo está perdido. Coleção L&PM Pocket, Volume 278, 2007, tradução de Paulo Neves. Quem procurar, acha. 

PS: Ouvindo o CD “Acorda”, de Rogéria Holtz, o vozeirão de Itararé, encontrei O Saudoso Maluco, de Marcelo Sandmann e Benito Rodrigues.

Já me mandei pra fora de mim
Mas não achei a saída
Será que alguém se importa em me mostrar
A porta de volta pra vida
Eu já cansei de me atormentar
Não me acostumo comigo
Faz tempo eu penso em desaparecer
No avesso do meu próprio umbigo

De tudo quanto é terapia estranha eu já tentei
Gastei mais de um milhão
Mas não, eu fracassei
Macumba, mapa astral, diazepan, boate gay
Até tratamento de choque eu aguentei

Haxixe, missa negra, botequim, seicho-no-iê
Anúncio de jornal, namoro na TV
Urtiga, sanguessuga, chá de pira com ginseng
Fervi flora e fauna no tacho e não me curei

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A vida vicária

Funciona assim: o casal famoso termina o casamento de 20 anos e anuncia pela internet, com a praxe da declaração de que continuam amigos que se amam pelo bem dos filhos. Depois, com a propagação em milhões de sites, o casal participa de programa de televisão de grande audiência para contar as circunstâncias da separação, do porquê de não continuarem juntos, não obstante tenham compromissos agendados para shows no Exterior, que cumprirão – em quartos separados, I presume. Da entrevista na televisão sobram fotos, a mulher desenxabida não consegue esconder a tristeza e o constrangimento; o marido faz cara de esperto, de bem com a vida, gozando os últimos momentos da fama que veio com o casamento.

Refiro-me a Sandy, a cantora e seu marido, que expuseram a intimidade que alimenta a mídia. Ainda que midiática e mercenária, a crônica da separação foi contida, diferente das de prostituição explícita e do exibicionismo sexual das celebridades no ocaso, dos dotes viris ostentados pelos cantores sertanejos e das trivialidades tolas e amenas de artistas de segunda extração. É a vida vicária, por substituição, quando o famoso sopita a frustração, nutre o sonho e aplaca a curiosidade doentia do público. P. T. Barnum, o grande empresário circense dos EUA, dizia que “nunca perdeu dinheiro quem apostou na burrice do povo dos EUA”. No Brasil também gostamos de circo – mas somos mais inteligentes.

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Daria Werbowy. Foto enviada por Ricardo Silva, o Zé do Fole, direto de Palmeira dos Índios.

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Mania de perseguição

Só de recordar essa história hoje já está me dando um negócio

Karen, estudante de psicologia, me escreve contando que é minha leitora há um tempo e que, ao analisar meus textos e postagens mais triviais, tem certeza de que sofro de algum grau de mania de perseguição.

Ela não está errada. Padeço sim de um esporádico issue relacionado a persecutoriedade, mas quando alucino (que alguém está querendo me ferrar tremendamente), sou eu que passo a perseguir o sujeito. Já cismei com poucas e inesquecíveis figuras absolutamente aleatórias e me perdi, por curtos períodos, em insistências obsessivas.

Uma vez, faz pelo menos uns 15 anos, estive em uma reunião no Facebook com jovens que prometeram “cuidar melhor da minha conta”. Uma garota de Rio das Ostras, interior do interior do Rio de Janeiro, havia feito uma fanpage com o meu nome e angariado cerca de um milhão e meio de seguidores.

Ela usava o espaço para vender produtos bem vagabundos e, muito pior, passava o dia postando umas desgraças de textos que não eram meus, mas que poluíram para todo o sempre o Google. Até hoje, se alguém procurar por meu nome na internet, antes de chegar a qualquer trabalho realizado por mim, receberá uma enxovalhada de palavras que, quando postas lado a lado, traduzem o pior da literatura nacional. Não estou afirmando que sou essa maravilha toda, mas, acreditem: as opções que o Google traz, com meu nome, são infinitamente piores.

Foram meses estranhíssimos em que tive de provar para o Facebook e alguns advogados, usando meu RG, CPF, certidão de nascimento, documentos dos meus pais, corpo presente e digitais, que eu era eu e a menina de Rio das Ostras não era eu. A menina insistia comigo que ela, sim, era eu, e que eu deveria ser presa por falsidade ideológica. E seu namorado disse que viria pessoalmente a São Paulo me dar um susto porque “ser eu” era o único emprego que a menina de Rio das Ostras tinha —emprego que a ajudava a manter toda uma família, e eu havia tirado isso dela e agora ela não sabia quem era. Complexo.

Bem, então o Facebook me chamou para uma conversa e prometeu cuidar melhor de mim. Inclusive me ensinando a tirar o melhor proveito profissional da minha página. A mulher disse: se essa garota ganha dinheiro com “sua brand”, “sua label” está na hora de você fazer o mesmo antes que outros façam novamente.

Eu estava péssima de dinheiro na época, já tinha gastado uma pequena fortuna com advogados para provar minha inocência no caso “eu dizendo que sou eu mesma” e fiquei animada. Foi a primeira vez que alguém me chamou de marca.

Entrei numa crise, claro, eu sonhava em ser misteriosa, deprimida e premiada em Berlim, mas pensei: por que eu estou aqui devendo 20 mil no banco, meus amigos, se sou “uma label”, “uma brand”? E passei a sonhar com jatinhos, viagens e homens nus dançando para mim (mentira, porque não gosto de muita gente num mesmo lugar, além do que, já tive essa experiência, e quando há muita gente pelada num lugar o ambiente fica com cheiro de cu, e quase sempre prefiro não sair de casa).

E a mulher que me iludiu, a jovem senhora do Facebook que me prometeu tudo isso, saiu de licença maternidade uma semana depois. Ela não deixou a senhorita que entrou em seu lugar avisada dessa promessa. Então, a menina de Rio das Ostras fez outra página e seguiu dizendo que era eu, falando com um milhão e meio de pessoas, postando textos terríveis com meu nome e vendendo cremes de cabelo medonhos.

A nova executiva de não sei o quê, que estava cobrindo as férias da jovem senhora, agora mãe, não respondia meus emails ou telefonemas, e toda a equipe que trabalhava com ela não respondia meus emails ou telefonemas.

Uma única vez, desavisadamente, a executiva de não sei o quê me atendeu, soltou um gemido de tédio e desdém, falou que retornaria, deu uma risadinha, desligou a seco e JAMAIS nos falamos. Eu contei toda essa história para chegar até aqui porque a partir dessa risadinha dessa garota eu fiquei alucinada, maluca, crazy mother fucker, e pensava nisso no banho, dormindo, sonhando, acordando e não tinha outro assunto na terapia.

Não me importava mais a menina de Rio das Ostras, o Facebook, eu sendo eu mesma, eu sendo a menina de Rio das Ostras, eu sendo uma marca, eu sem dinheiro, cremes vagabundos sendo vendidos com meu nome, textos medonhos sendo expostos ao mundo a partir de uma página com a minha cara sorrindo feito trouxa. Só me importava a nova executiva de sei lá o que que me atendeu, bufou, fez aquela voz anasalada fresca, riu da minha cara e me esnobou. Aquilo, meus amigos, despertou em mim 67 gatilhos mal resolvidos e eu passei a pensar naquela mulher 24 horas por dia.

Descobri o telefone das pessoas da sua equipe, eu ligava e mandava mensagens. Descobri telefones e emails de diretores, presidentes, donos, sócios, investidores, bancos. Fui pela via nojenta das carteiradas. Fiz crônicas naquele estilo arrasando a vida de pessoas, posts expondo situações. Eu fiquei completamente maluca. E isso aconteceria outras vezes na vida. Poucas, bem poucas (acho que duas ou três vezes), mas muito marcantes.

Tenho vergonha, tristeza, medo, pavor, de pensar que algo em mim escala até chegar nesse lugar sombrio. Quando passa (dura de duas semanas a um mês?), eu penso que foi um período de apagão em que estive muito doente.

Essa mulher nunca, jamais, me retornou. Não lembro o nome dela. Isso faz certamente mais de 15 anos. Mas, cacete! Só de recordar essa história hoje, já está me dando um negócio.

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Osni Bermudes, na Lua, um dia antes de Neil Armstrong

Diz a história oficial que o comandante da Apollo 11 pisou na superfície da Lua no dia 16 de julho de 1969. Chegou tarde. Eu já estava lá e apresso-me em dizer que, contra qualquer dúvida, tenho fatos invencíveis. 

No dia anterior, Osni Bermudes, talvez o mais brilhante diretor de TV do seu tempo, abriu câmera no estúdio do Canal 4 até encontrar o melhor enquadramento para uma chapa de madeira que havia mandado fazer. A chapa tinha cerca de 4 metros quadrados de área e estava apoiada sobre dois cavaletes a mais ou menos um metro do chão. Sobre ela, uma camada de areia fina. Eu era assistente do Osni e aquilo era o cenário para as chamadas que deveriam ser exibidas nos intervalos comerciais, anunciando a transmissão ao vivo, “diretamente do solo lunar”, da chegada do homem à Lua, com trilha sonora épica e locução de cabine.

Embarquei na aventura munido de uma das poucas tecnologias que então eu dominava: a curiosidade. E foi com ela que vi Osni Bermudes inventar colinas, planícies e vales por meio de luzes e sombras projetadas naquela paisagem desértica. E a cereja do bolo: um horizonte curvo a contrastar com a profundidade do espaço, ali sugerida por um painel de feltro preto colocado ao fundo. Quem olhasse para o monitor, estaria diante de uma imagem inequivocamente lunar. 

Naquele tempo, eu não sabia quase nada de televisão. Quase nada de coisa nenhuma. Nem imaginava estar prestes a viver o que hoje poderia ser chamado de um momento Forrest Gump da vida. Mas foi exatamente o que aconteceu. 

Quando o cenário ficou pronto, Osni permaneceu na câmera e na luz. E, provavelmente na falta de um contrarregra, entregou-me uma miniatura do módulo lunar da Apollo 11. Ele mesmo havia construído aquela pequena maravilha que, mesmo sabendo tratar-se de uma engenhoca moldada em lata, emassada e pintada, eu segurava como se fosse feita de cristal tcheco. Tinha nas mãos nada menos do que a réplica miniaturizada do famoso módulo, com não mais que 30 centímetros de altura.

Meu papel consistia em colocar o módulo em cena. … “Um pouco mais para a frente, mais, mais, aí, agora um palmo para a esquerda, isso mesmo, perfeito!”… Pousei cerimoniosamente, com a concentração digna de um piloto treinado pela NASA. Bastava olhar o monitor para ter certeza: tínhamos chegado à Lua. 

No dia seguinte, dei plantão na mesa de corte e, com grande emoção, coloquei no ar a imagem do nosso pouso na Lua muitas vezes, bem antes que a televisão americana começasse a fazer sua transmissão. Chegado o momento, veio aviso pelo interfone, apertei um botão na mesa de corte e – como se estivesse vivendo um déjà vu quase sem graça – vi a portinhola do módulo se abrir e o comandante Neil Armstrong descer a escada, pisar a superfície arenosa da Lua e deixar gravada, ali e na retina de bilhões de telespectadores ao redor do mundo, a marca que amanheceria na primeira página de todos os jornais: o desenho da sola de sua bota impresso na areia cinzenta, uma das imagens mais reproduzidas da História. Na minha opinião, sinceramente, nada que pudesse sequer ser comparado à nossa façanha do dia anterior.  

Palavraria

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Gente fina de Ponta Grossa

roque-by-fernandesRoque, de Ponta Grossa, por Fernandes, de Avaré

Meu pai me registrou como Roque Sponholz. Portanto este é meu nome. Sou uma porção de já fui e outras tantas de pretendo ser e continuar sendo. Já fui piá de andar descalço, estilingue no pescoço, na minha pequena grande Imbituva. Já mijei em vidro, que meu Vô Eduardo mandou para o laboratório de análises, como se fosse o mijo dele (claro que os médicos não o proibiram de continuar bebendo e comendo tudo o que lhe aprazia).

Gosto de estudar. Ainda não consegui me livrar de universidades. Numa delas, a Federal do Paraná, em arquitetura e urbanismo me formei. E desde então, em outra, a Estadual de Ponta Grossa, ministro aulas de planejamento urbano para o curso de engenharia civil, e de desenho técnico para o curso de engenharia de alimentos. Já ganhei concursos de logomarcas, símbolos, cartazes, pinturas, cartuns, arquitetura e até de frases. Milito na Política, (com “P” maiúsculo), com mandato ou sem mandato, desde a infância. Atuei em diretórios acadêmicos, fui vereador, presidente de autarquias de habitação popular e urbanismo, e de pesquisa e planejamento urbano.

 Tive a satisfação de ser eleito por duas vezes presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de P. Grossa, a qual vi nascer, forte crescer e para a qual, criei sua logomarca, fiz seu projeto e construí sua sede.

Em dezembro de 2010, completei 35 anos de exercício profissional, e nestes trinta e cinco, já projetei quase de tudo em arquitetura e urbanismo com obras espalhadas por alguns estados. Exalto o traço do Loredano, o cérebro do Millôr, o trabalho e o caráter do mestre Niemeyer. Acho o automóvel a praga deste e do passado século. O transporte individual é o cancro de nossas cidades. Abomino áulicos e covardes. Sou criativo: Crio brigas, confusões e não fujo delas. … Enfim, não tenho nada. Só tenho o que me falta.

E o que me falta, é o que me basta. Sem lenço e sem documento, nada nos bolsos e só grafite nas mãos, eu quero seguir vivendo pelos campos, cidades, em pequenas ou grandes construções, caminhando, desenhando, projetando e seguindo a canção.

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Mural da História – 1999

No dia 9 de dezembro de 1999, poetas, músicos, publicitários, jornalistas, artistas plásticos, cartunistas, fotógrafos e professores se reuniram no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem, em plena quinta-feira, para fazer uma grande festa. Foi o Bazar do Solda – Brechó Cultural, sob a batuta de Antonio Thadeu Wojciechowski e o pessoal da Oss Propaganda.

Todos os que lá compareceram Me deram as flores em vida/ o sorriso, a mão amiga/ para amenizar meus ais, como na música do Nelson Cavaquinho. Selaví, diria o Boczon. Eu não estava lá, mas confesso que vivi.

Solda, eternamente agradecido

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Barbeta

Barbeta pode dizer que vive para Curitiba. Desde adolescente, morando na Vila Hauer, ele vem todos os dias “pra cidade”, pintar as praças e situações que nela lhe sensibilizam. Aos domingos, expõe suas telas na Feira do Largo da Ordem. O que acha que mudou em Curitiba? O número de pedintes. Sensibilza-se mas nada pode fazer, já que vive de sua arte que lhe garante um sustento imediato.

No dia em que passou na Praça Tiradentes a pintar essa paisagem urbana, parecia estar naquele programa Praça da Alegria. Muitos transeuntes paravam para admirar e dar palpites. Uma senhora, de origem alemã, quase lhe tira o pincel para uma intervenção que lhe parecia mais adequada. Terno, pero sem perder a dureza, o artista a impediu, convidando-a a trazer seu cavalete e fazer ali sua própria obra, à sua imagem e semelhança. Isso é cidade! Lina Faria, que também fez a foto.

Salvador Barbeta foi meu vizinho na Vila Hauer, por muitos anos, década de 1960. Juntos, traduzíamos as letras de “Os The Beatles”, como dizíamos, eu e Manoel Carlos Karam, primeiro para o espanhol, depois para o português. Éramos ouvintes da BBC de Londres, Ritmos del Pop Británico, ondas curtas, em espanhol. Fizemos, inclusive, na época muitas traduções de Roberto Carlos para espanhol. Éramos os ídolos da gurizada, na época. Diferentes. La madre de Barbeta me fez gostar muito de “garbanzo” — grão-de-bico — Luiziño, le gusta garbanzo? Grande Barbeta! Concorda, Reinaldo Godinho?

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Elas

Yelena Vsevolodovna Safonova –  Елена Всеволодовна Сафонова – atriz de Taxi Blues

Uma noite estrelada no sul da Rússia. No banco, está sentado, curvado, um homem idoso, magro e careca, quase sem os dentes da frente, de jaqueta cinza e sapatos simples, parecido, ao mesmo tempo, com Steve Jobs e o rei russo Ivan, o Terrível. “O mundo é um organismo único, se uma célula dói, todo o corpo dói, se me dói um dente, eu estou todo doente”, diz Piotr Mamonov, figura icônica do rock underground russo da década de 1980.

Taxi Blues é um filme russo inovador, um dos primeiros a examinar as divergências entre a antiga União Soviética e da sociedade russa pós-comunista. O filme diz respeito a amizade de um alcoólatra, músico de jazz judeu independente, Liocha (Piotr Mamonov Nikolajevitch) e Schlikov (Pyotr Zaitchenko), taxista conservador. Liocha não paga Schlikov por uma corrida à noite, o motorista de táxi acompanha o músico e leva seu saxofone como pagamento. Apesar do tratamento inicial de Liocha, Schlikov torna-se fascinado pelo músico e oferece-lhe uma cama em seu apartamento. Os dois encontram-se novamente e ficam amigos. Liocha consegue um emprego no depósito de táxi, a fim de pagar sua dívida. No entanto, a amizade entre eles torna-se estranha quando a namorada de Schlikov fica encantada com o músico e Liocha  parte para uma para uma turnê pelos Estados Unidos.

Quando Liocha retorna, rico e bem sucedido, ele luta com o seu velho amigo, o que leva a uma conclusão triste. Taxi Blues e recebeu grande aclamação da crítica e vários prêmios, incluindo o diretor Pavel Lungin ganhar o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes em 1990. 

Direção de Pavel Lungin|1990|110m|União Soviética|

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História em revisão apaga a memória dos Crimes da Ditadura

Uma operação articulada que constitui verdadeira afronta às instituições, à legislação vigente, à democracia e à memória dos filhos, netos e demais familiares dos mortos e desaparecidos na ditadura. Um atentado que reproduz na sociedade o impacto semelhante ao de um golpe de Estado, porque muda o transcurso da História, apresentada em versão adulterada pelos negacionistas

O mesmo país desmemoriado que anistiou seus torturadores, deixando-os livres de responder na Justiça por seus crimes, garantindo-lhes um futuro risonho e tranquilo junto a seus familiares, inicia um espantoso processo de revisão histórica, que consiste em censurar e alterar trechos de documentos oficiais da CNV arquivados. Nomes de pessoas são ocultados e parágrafos inteiros suprimidos, numa operação que se assenta sobre a negação da prática da tortura e a mistificação da história recente.

Numa decisão sem precedentes, a Justiça Federal determinou ao Arquivo Nacional, órgão do Estado, que partes do relatório final da Comissão Nacional da Verdade fossem cobertas com tarjas pretas, ocultando os nomes dos “santos” dos choques elétricos e do pau de arara denunciados. O processo correu sigiloso. Encarregada de defender a integridade do relatório, a AGU omitiu-se, e o Arquivo Nacional cumpriu rapidamente a decisão, que já transitou em julgado.

Uma operação articulada que constitui verdadeira afronta às instituições, à legislação vigente, à democracia e à memória dos filhos, netos e demais familiares dos mortos e desaparecidos na ditadura. Um atentado que reproduz na sociedade o impacto semelhante ao de um golpe de Estado, porque muda o transcurso da História, apresentada em versão adulterada pelos negacionistas.

Processos de revisionismo histórico ocorreram em outros países e em outros tempos, geralmente em países que passaram por guerras ou ditaduras. E não apenas na Europa e no Leste Europeu sob Stalin, mas aqui mesmo em nossa América de tantas ditaduras patrocinadas por intervenções americanas no Cone Sul.

São dois casos de revisão histórica denunciados pela imprensa, em reportagens bem documentadas das jornalistas Fernanda Mena, da Folha, e Juliana dal Piva, colunista do UOL. No primeiro, o juiz Hélio Campos, da 6ª Vara Federal de Pernambuco, determinou que as menções ao ex-coronel da Polícia Militar Olinto de Sousa Ferraz fossem retiradas do relatório. Rigoroso, o magistrado orientou para a “cobertura do nome e de qualquer menção à tortura com sua participação direta ou indireta, por ação ou omissão, para preservar a imagem honrada do militar e de sua família”.

Honra esta que o juiz não reivindica para si. A ação foi movida por três filhos do militar, que dirigiu a Casa de Detenção do Recife quando o preso Amaro Luiz de Carvalho, militante do PCR, foi morto no cárcere, em agosto de 1971. A polícia divulgou que o preso havia sido envenenado por seus próprios companheiros de cela. Versão contestada por perícia posterior. O atestado de óbito do militante assassinado registra que sua morte se deu “por hemorragia pulmonar decorrente de traumatismo de tórax por instrumento cortante.” Continue lendo

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“O Brasil não merece”, diz Marinho sobre Dino no STF

Líder da oposição no Senado criticou a “forma debochada e militante” do ministro da Justiça, cotado para assumir a vaga de Rosa Weber

O senador Rogério Marinho (foto), líder da oposição no Senado, usou as redes sociais neste domingo (1º) para criticar a militância do ministro da Justiça, Flávio Dino.

“A forma debochada e militante que o ministro da Justiça tem demostrado no exercício do cargo é prenúncio de sua atuação caso seja indicado ao STF. O Brasil não merece”, escreveu.

Em entrevista ao jornal O Globo, Dino afirmou que “jamais” voltaria à política caso a nomeação ao Supremo Tribunal Federal se concretize. No fim de sua resposta, ele ainda ironizou:

“Se um dia, talvez, eu fosse para o Supremo e pensasse em retornar à política, haveria uma premissa de que eu usaria a toga para ganhar popularidade. Isso eu não farei, ou faria. Jamais. Seria uma decisão definitiva. Ou será, sei lá.”

Dino é apontado como favorito para assumir a cadeira de Rosa Weber.

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