tenho medo
da guerra atômica iminente
(e de pastel de camarão)
do bandido da luz vermelha
(e de febre amarela)
de câncer e unha encravada
(e do serviço de proteção ao crédito)
de ser surpreendido pela morte
(e das almas do outro mundo)
de ser treinador da seleção
(e de acordar transformado em barata)
do imposto predial e territorial
(e dos políticos corruptos)
das virgens que nos seduzem
(e de todos os males do coração)
de ser atacado pelas costas
(e de enfrentar a vida cara-a-cara)
das medidas de emergência
(e de contatos imediatos)
das vírgulas e reticências
(e do verso de pé-quebrado)
dos filmes de terror
(e de transfusão de sangue)
das mulheres que abandonam seus maridos
(e dos maridos abandonados)
da fúria dos oposicionistas
(e dos motoristas que dirigem na contramão)
dos desmentidos do porta-voz
(e de anestesia geral)
de ser aniquilado por um mal súbito
(e de ser assaltado por uma dúvida)
das prestações da casa própria
(e da fúria da torcida organizada)
do controle de natalidade
(e da explosão demográfica)
de me perder na multidão
(e de ser confundido com o ladrão)
de ficar sozinho com o defunto
(e de fazer o papel de vilão)
de José Dirceu
(e de Genoíno, Jefferson e Delúbio)
medo do medo da Regina Duarte
(e de Luiz Inácio Lula da Silva)
de todos os ministros
(e de duplicata vencida)
de uísque falsificado
(e dos falsos profetas)
de bandido que defende bandido
(e dos bandidos inofensivos)
de revólver engatilhado
(e das negociações para o cessar-fogo)
do silêncio no grande canyon
(e do barulho no andar de cima)
de dormir com o cigarro aceso
(e do turco que tentou matar o papa)
de Osama Bin Laden
(e de George W. Bush)
de quarta-feira de cinzas
(e de bife mal-passado)
do castigo que vem a cavalo
(e da sorte que está lançada)
das vítimas das enchentes
(e da solidariedade da população)

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Vade Retro!

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Adevogado da areonáutica

A jornalista Cecília Flesch, de um dos jornais da Globo, postou crítica ao presidente Lula pela pronúncia da palavra adevogado. Recebeu saraivada de críticas pelo preconceito linguístico e despostou a besteira. Adevogado é erro comum, mesmo entre os advogados. Eu poderia citar dezenas de valorosos profissionais que falam assim. No caso da jornalista o preconceito – social, cultural e político – somou-se à ignorância. No começo da ditadura militar o deputado Bilac Pinto sempre tentava mudar o nome do ministério da aeronáutica para ministério da aviação. Os brigadeiros nunca deixaram. Bilac só revelou o porquê anos mais tarde: o presidente Castello Branco, seu grande amigo, tinha dificuldade com a palavra, que pronunciava areonáutica. Quem quiser puxar o saco do Mito tem que saber das coisas. Caso contrário paga mico.

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Mural da História – 2007

Solda: a sua decoração carnavalesca, contratada pela Fundação Cultural, se deu depois do fim da Banda Polaca, que havia se transformado em caminhão de putas, levando na carroceria todas as alegres hóspedes das nossas mais tradicionais casas de prazeres, e do Bando do Porco.

Nenhum dos blocos resistiu aos anos 80. Foi então que, em 1983, participei de um seminário no Solar do Barão, compondo a mesa com o Luiz Geraldo Mazza e o Glauco Souza Lobo. Aquele baixando o sarrafo, este defendendo. As baianas de ala não tinham o menor humor: me deram um sem número de umbigadas, chamaram-me de cínico, quiseram me justiçar.

Tudo porque defendi a extinção do, desculpem, carnaval local. Em 1987, foi publicada a crônica O Carnaval Curitibano, no livro Cidades e Chuteiras – projeto gráfico do Miran, apresentação do Fraga. O texto voltou à cena em 2003, incluído no livro Onde Me Doem Os Ossos – projeto gráfico seu, Dr. Solda, apresentação do Miguel Sanches Neto. Nunca mais me deixaram em paz, os – rá, rá, rá – nossos foliões.

Há poucos anos, depois de um debate na TV Educativa, recebi uma ligação no celular. Alguém me disse que eu ainda pagaria caro por falar mal do carnaval curitibano. Resolvi, então, que jamais voltaria a falar dele. Não gosto de discutir obra de ficção, já que a cada um é dado o direito de gostar ou não. Em matéria de carnaval curitibano a única coisa que presta é a iluminação espetacular do nosso compadre Beto Bruel. Que a faz para as mariposas circularem em torno dos spots. Vide as fotos do carnaval de 2004 postadas por você para o meu e-mail. Só havia na Cândido de Abreu o guarda-noturno.

18 de fevereiro|2007

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Flagrantes da vida real

the-guitar-manThe Guitar Man.  © Maringas Maciel

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cesar-marchesine-dois© César Marchesini

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Mural da História – 2008

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Aborto em jogo

Debate violento e polarizado impede formação de consensos necessários para lidar com grave questão de saúde pública

A polêmica sobre o aborto remete ao postulado de Ludwig Wittgenstein segundo o qual todo problema filosófico é, antes de tudo, um problema de linguagem. A discussão é polarizada e violenta porque os interlocutores têm compreensões muito distintas sobre termos fundamentais ao debate.

Cada grupo utiliza as palavras como peças de tabuleiro em jogos de linguagem com regras específicas.

Favoráveis à criminalização da prática acusam dissidentes de apoiarem assassinatos; defensores da despenalização imputam ódio às mulheres aos seus opositores. No entanto, o cerne da cizânia está no significado da expressão “ser humano”.

Opositores ao aborto consideram que a junção do óvulo com o espermatozoide já constitui um indivíduo da espécie homo sapiens —ou ao menos um homem em potencial. A consequência lógica é tratar o procedimento como homicídio. Há um nobre imperativo ético, portanto, na defesa da criminalização.

Da mesma forma, não faz sentido dizer que apoiadores da descriminalização defendem assassinatos. Para nós, a junção de células reprodutivas ou um embrião não é um um ser humano, mas parte do corpo da mulher. A lei, de certo modo, também assim vê: a pena por aborto é consideravelmente menor do que a de homicídio e um feto sem vida não recebe certidão de óbito.

A ciência ainda não traçou exatamente a linha que separa o feto do ser humano, mas há evidências biológicas dessa cisão que podem ser usadas como critérios —como quando o embrião passa a responder a estímulos (final do primeiro trimestre de gestação), por exemplo.

Esse foi o utilizado pela ministra do STF Rosa Weber. Seu voto a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação reacendeu o debate polarizado e moralista que não chega a lugar algum. Acusações de assassinato e misoginia não geram convencimento. Enquanto não chegarmos a um consenso sobre o sentido das peças no tabuleiro, não conseguiremos jogar, e há vidas em jogo.

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

capitulosUm documentário sobre a vida e carreira do cineasta Roman Polanski. Através de uma conversa entre Polanski e seu amigo, o produtor Andrew Braunsberg, o filme revela detalhes sobre a sua extensa filmografia e relata acontecimentos de sua vida, como o assassinato de sua esposa, Sharon Tate.

2011, Reino Unido, Alemanha. Direção de Laurent Bouzereau, 1h34m.

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Ja foi na Academia hoje?

lápis-com-borrachaO cartunista que vos digita, que ainda desenha com lápis com borracha.  © Vera Solda

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Aurora Szvesda. © Zishy

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Australiana 076. © IShotMySelf

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Fé: Condenados pelo 8/1 já esperam a chegada do Messias

Condenados a penas de até 17 anos, bolsonaristas não veem a hora de o Messias chegar. E não veem mesmo, porque ele vendeu o relógio.

Quando começou a correr a notícia de que Aécio tinha sido preso, houve pânico no Congresso. Porque, se até Aécio foi condenado, qualquer um poderia ser.

Ministros que votaram por penas menores argumentaram que os manifestantes estavam apenas promovendo um quebra-quebra. Coisa que o Centrão faz todo dia nas contas do governo.

Bolsonaro lamentou os atos de vandalismo, principalmente a quebra do relógio.

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Revista Ideias – 2014

Travessa dos Editores #Ideias

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