Asneira

Outro dia quase fiz uma asneira. Pensei em alguns muares e nas subcondições em que vivem. Aí imaginei fazer uma asneira das grandes, em que coubessem vários asnos. Pensei em tudo: listei o material necessário para a asneira, elaborei um croquis em perspectiva e incluí até uma estimativa de custos.

Logo vi que a minha asneira seria das maiores. A começar que sua estrutura não ia caber na planta baixa do meu apartamento. E ia dar um trabalhão levar as toras de eucalipto até o andar alto onde moro. Mão-de-obra também não está fácil: apesar de tanta gente fazer asneira hoje em dia, eu queria uma bem feita, sob medida para a sala, onde os asnos se sentissem em casa. Outro dos problemas foi que o condomínio reagiu mal à minha asneira. Impediu que os três animais subissem no elevador (eles também empacaram na escadaria de entrada). Foi tanta complicação por causa de uma asneira que tive de desistir. Como sou teimoso, logo planejei outra coisa, uma besteira completa. Para meia dúzia de bestas.

Eu ficaria na saleta e elas seriam instaladas na sala, que teria a asneira adaptada ao formato de besteira, adequado ao porte dos bichos. De novo minha iniciativa foi mal compreendida pelo síndico, que vetou a entrada da manjedoura, sacos de capim e a vinda de um ferreiro vez em quando. Diacho. Será que daria para construir no quarto da empregada um minúsculo sistema hospitalar, para cuidar de mulas com tendões inflamados? Eu não sou dos que não se importam que a mula manque. Gritaria geral da vizinhança. Recuei, estrategicamente. Resolvi que devia diversificar. Em vez de muares, podia tratar bem de equinos, que são mais queridos. Numa área livre da cobertura do prédio, eu faria um telhado para tirar os cavalos da chuva.

Inventivo e entusiasmado, ainda imaginei uma calha para coletar os aguaceiros e assim ter uma cisterna sempre cheia para lavar a égua. Mas aí os condôminos todos se opuseram, decerto preocupados com infiltrações. Me deram um ultimato: ou eu parava com asneiras e besteiras ou me expulsavam dali. Com essa última rejeição de um projeto de carinho e cuidados com animais, parei pra refletir. Pensei na piscina pouco utilizada do playground. Bastava uma rampa de acesso e seria tão mais prático dar com os burros n’água. Será que dessa vez topariam? Afinal, não seria nenhuma asneira ou besteira. Apenas uma burrada.

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Retícula sobre foto de Pablito Pereira

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Love lollies mistressmeg. © IShotMyself

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Mural da História – 2021

Perdemos tempo demais com Bolsonaro.

Jair Bolsonaro disse que, em 7 de Setembro, interessa-lhe mostrar a fotografia da Avenida Paulista lotada. Ele aposta que a imagem da massa bolsonarista nas ruas poderá intimidar aqueles que pretendem chutá-lo do Palácio do Planalto e trancá-lo na cadeia.

Ele faz bem em captar imagens do alto. Seu bando de aloprados é muito mais assustador de longe do que de perto. Como disse Eduardo Paes, “não vai ter nada em 7 de Setembro”, porque o bolsonarismo é capaz de atrair apenas uns “doidinhos”, uma “parcela de gente inculta, absurda, com quem não vale a pena perder tempo”. Hamilton Mourão, duas semanas atrás, havia dito a mesma coisa: “Isso aí é fogo de palha”.

Com ou sem quebra-quebra, porém, o fato é que algo já ocorreu – e ocorreu antes de 7 de Setembro. Os discursos dementes de Jair Bolsonaro, que culminaram com seu “ultimato” aos ministros do Supremo Tribunal Federal, nesta sexta-feira, difundiram a certeza de que o sociopata tem de ser apeado do poder. O espetáculo circense de 7 de Setembro vai revelar o tamanho da tropa bolsonarista. Mas vai revelar também sua fraqueza: ninguém consegue dar um golpe contando somente com um exército de imbecis, comandado por um imbecil.

Já perdemos tempo demais com Jair Bolsonaro. O Brasil precisa livrar-se dele o quanto antes e seguir adiante.

Diogo Mainardi

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Pistolão de Aluguel

Retícula sobre foto de Sabina Petrovsky

 ninguém conhece o teu calibre
teu amigo mais Fidel em cuba libre
a velha bazuca matou Somoza
Stroessner não ficou triste
Pinochet de dedo em riste
Videla entrou de sola
agora sou eu o dono da coca-cola
três porções de Tupamaro azedo
um Montonero ao óleo desde cedo
misture bem com o MR 8
em fogo lento até virar biscoito
bata sandinistas em ponto de neve
ponha tampa e abafe de leve
enfeite tudo com um filho
o cão com os dentes no gatilho
 
Roberto Prado e Thadeu Wojciechowski

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Não se meta nisso, Lula!

Escuta aqui, companheiro presidente. Os não-petistas e não-lulistas, mas que o ajudaram a eleger-se para desalojar no poder aquele desequilibrado criminoso de triste memória, querem saber que negócio é esse de sigilo dos votos do Supremo Tribunal Federal! Soube que o amigo anda defendendo, nas redes sociais, que os votos dos ministros do STF sejam sigilosos, para não afetar a segurança dos ditos cujus.

Os magistrados não pediram, por certo, a sua ajuda, porque eles adoram um microfone e uma câmara. No STF, então, a notoriedade faz parte da Corte, e os preclaros ministros jamais agiriam no anonimato. Era só o que faltava! Seria contra a natureza dos excelsos homens de toga.

Na opinião de Luiz Inácio, “a sociedade não tem que saber como vota um ministro da Suprema Corte”. Ele acha que o cara não precisa saber: “Votou a maioria, não precisa ninguém saber. Porque aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz”. Por supuesto, excelência. É assim que a coisa acontece e funciona nos lugares ditos democráticos do mundo, inclusive na Suprema Corte dos Estados Unidos, ao contrário do que disse o ministro Flávio Dino, da Justiça e candidato à vaga da ministra Rosa Weber. Lá é como aqui: o tribunal delibera a partir dos votos individuais e a decisão é do colegiado, mas é possível, também como aqui, saber como votou cada ministro.

O dito presidencial foi um desastre, que ficaria melhor na boca do seu antecessor. E foi muitíssimo mal recebido por políticos e juristas. Até porque o segredo não faz parte do DNA de Lula. De repente, o segredo vira censura e chega à imprensa e à liberdade de opinião. Vade retro, satanás!

É que o companheiro presidente não segura a língua. Pensou, põe para fora. E aí vai dando munição para os inimigos.

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Les Luthiers

https://cartunistasolda.com.br/wp-content/uploads/2019/06/10-les-luthiers-candonga-de-los-colectiveros.mp3?_=1

 

Les Luthiers – Candonga de los colectiveros

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© Chadwick Tyler

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Amigas do peito

Sofia Loren e Jayne Mansfield.  © Delmar Watson

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Grandes esportistas do Século 20

Deusdete Rocha –  Engolidora de sapos, Brasil, 1980  Eleita pela imprensa esportiva como “Engolidora do Ano” em 1997, Deusdete é dona de um público fiel, que coacha e aplaude todas as suas qualidades em campo. Filha do sapólogo Enéas Trojan, ela desde pequena mostrou talento, engolindo as pererecas que infestavam a casa de campo da família na pequena localidade de São Luiz do Purunã.

Dona de invejável pescoço e de uma insaciável disposição para engolir anfíbios anuros, em sua maioria peçonhentos, é capaz de suportar coisas desagradáveis sem revidar, por imposição ou por conveniência. Conquistou a medalha de prata para o Brasil em 1998, em Bruxelas, engolindo sapo-concho, sapo-cururu e sapo-da-areia, um após o outro, sem intervalos. Seu maior desejo é engolir um bufo marinus (da família dos bufonídeos) na próxima Olimpíada, se a vaca não for pro brejo

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O irritante guru do Méier – 1923|2012

© Agência O Globo

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© Jan Saudek

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Oliveira Lima

De carne mole e pele bambalhona,
ante a própria figura se extasia.
Como oliveira – ele não dá azeitona,
sendo lima – parece melancia.

Atravancando a porta que ambiciona,
não deixa entrar, nem entra. É uma mania!
Dão-lhe, por isso, a alcunha brincalhona
de pára-vento da diplomacia.

Não existe exemplar, na atualidade,
de corpo tal e de ambição tamanha,
nem para intriga igual habilidade.

Eis, em resumo, essa figura estranha:
tem mil léguas quadradas de vaidade
por milímetro cúbico de banha.

(Emílio de Meneses)

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