Henri Bergson

Humor – Predisposição do espírito para o cômico. Diz-se de todas as situações que, num texto literário, provocam o riso. Para o pensamento antigo, de acordo com a célebre “teoria dos humores”, atribuída a Hipócrates (séc.V a.C.), existiam no corpo humano quatro líquidos ou humores (sangue, bílis negra, bílis amarela e fleuma) relacionados não só com quatro órgãos secretórios (coração, baço, fígado e cérebro) mas também com quatro elementos cósmicos (ar, terra, fogo e água). Seria o predomínio de um desses humores que determinaria o temperamento de cada ser humano, distinguindo-se os seguintes: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático. No séc. XVII, o termo ainda se encontrava associado à teoria formulada por Hipócrates, na qual o dramaturgo Inglês Ben Jonson se baseou para escrever a comédia Every Man in His Humour (1598).

No século seguinte, a palavra humor começou a ser utilizada em Inglaterra no sentido que, de uma forma geral, lhe é atribuído actualmente. Opondo-se a wit, que é deliberado, cerebral e não envolve emoções, o humor implica uma atitude do Homem perante a vida e si próprio enquanto ser humano, pressupondo a consciência do seu carácter ridículo mas também sublime. O que distingue o humor é, no fundo, a atitude de simpatia humana que faz parte da sua natureza. O humor adquiriu densidade literária na Inglaterra no decurso do século XVIII através de autores como Jonathan Swift, Henry Fielding, Laurence Sterne e James Boswell. No panorama literário do séc. XIX, ocupou lugar de destaque aquela que é considerada por vários críticos como a obra-prima do humorismo britânico: The Pickwick Papers, de Charles Dickens. Destacou-se ainda William Makepeace Thackeray, romancista que defendia que o humor se deveria revestir de um carácter educativo, didáctico. Thackeray foi um dos primeiros redactores da revista Punch. Tendo surgido na Inglaterra em 1841, na época da “moral vitoriana”, esta publicação caracterizou-se, desde o seu início, pelo seu carácter satírico associado à vertente humorística. Nos últimos anos da era vitoriana, a ironia e o paradoxo aliaram-se ao humor. No contexto literário irlandês, adquiriram relevo Oscar Wilde, George Bernard Shaw e Gilbert K. Chesterton. Já no séc. XX, as personagens de Pelham G. Wodehouse podem ser consideradas arquétipos do humorismo britânico.

Como a própria referência à produção literária deixa evidenciar, qualquer tentativa de definição de humor se depara com a dificuldade de delimitar o seu domínio, uma vez que este se articula não raras vezes na literatura com a paródia, a sátira, a ironia, a caricatura, o paradoxo, etc. São vários os estudos consagrados ao humor em articulação com o Cômico, destacando-se o de Theodor Lipps e Richard M. Werner, intitulado Komik und Humor (Comicidade e Humor), que serviu de ponto de partida para a obra Der Witz und seine Beziehung zum Unbewussten (Os chistes e a sua relação com o inconsciente), da autoria de Sigmund Freud. Também essencial para a compreensão dos mecanismos do humor é Le Rire (O Riso), de Henri Bergson. Todas estas obras nos dão conta da complexidade do humor. Segundo Freud, este é uma das mais altas manifestações psíquicas e consiste num meio de obter prazer apesar dos afectos dolorosos que interagem com ele, já que se coloca no lugar desses mesmos afectos. Quem é vítima de ofensa, dor, etc, pode sentir um prazer humorístico; quem não é envolvido por esses afectos penosos ri, obtendo um prazer cómico. Conclui, assim, que o prazer no humor advém de uma “economia na despesa com o sentimento”. (op.cit., p. 265). Por outro lado, Bergson considera que o humor é o inverso da ironia, mas, tal como esta, uma forma da sátira: “Acentua-se o humor […] descendo cada vez mais ao interior do mal real, para notar as suas particularidades com uma mais fria indiferença.” Refere ainda que “o humor se dá bem com os termos concretos, com os pormenores técnicos, com os factos precisos.” , fazendo residir nessa espécie de postulado a essência daquele.

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Mural da História – 1977

 Jornal de Humor, editado por Miran, suplemento do jornal Diário do Paraná, década de 1970.

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Fez voto de silêncio no intuito de proteger suas conquistas dos invejosos

Mas o esforço constante para calar a boca a consumi-a como uma vela de despacho

Esta é a história de uma mulher que falava demais. A famosa boca de sacola, que ostentava intimidades para porteiros e motoristas de aplicativo e transmitia em tempo real cada passo errático de sua vida nas redes sociais. Até o dia em que ela se viu diante da expressão “calada vence”, repetida à exaustão por coaches e lacradores na internet.

Ao tentar aplicar o conceito na prática, não sabia o tamanho do desafio que estava prestes a encarar. Fez um voto de silêncio no intuito de proteger suas metas e conquistas da inveja alheia. Já queimou a largada, dividindo com seus seguidores uma postagem enigmática com a hashtag #caladavence.

Só depois se deu conta de que bradar “calada vence” aos quatro ventos era expor os seus planos de não expor os seus planos, um ato contraditório que poderia botar tudo a perder. Apagou o post certa de que falando menos e fazendo mais sua energia se voltaria para o que realmente interessa. Mas o esforço constante para calar a boca passou a consumi-la como uma vela de despacho.

Convencida de que o silêncio era seu amuleto da sorte, privou-se de comemorar pequenas vitórias e reclamar de grandes frustrações até com seu núcleo mais íntimo. Colecionando segredos sob sua língua de lápide, tornou-se uma companhia apática, sem vontades e novidades.

Diante de uma oportunidade de trabalho, foi questionada pela recrutadora sobre onde queria estar cinco anos à frente. Permaneceu calada, orgulhosa por ter passado no teste. Só não passou na entrevista de emprego, mas tudo bem. Algo maior estava guardado para ela. Guardado, pelo visto, a sete chaves, com tranca, corrente, cadeado e código de segurança criptografado.

Mesmo criticando a superficialidade da cultura da imagem, seguia profundamente afetada por ela. Em um mundo que confunde visibilidade com sucesso, cada vez que engolia em seco sentia o gosto amargo da derrota.

Observou todos à sua volta vencendo verborragicamente. Já não confiava em ninguém, nem no próprio processo. Sem poder culpar a inveja alheia pelos próprios fracassos, decidiu quebrar o silêncio com uma verdade difícil de engolir: caladas também perdem.

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Jade Sheena Jezebel Jagger, designer de jóias , socialite e ex-modelo, nasceu em Paris (21 de outubro de 1971), França. Ela é a única filha de Bianca (Pérez-Moreno de Macías), uma nicaraguense modelo, atriz e, Mick Jagger, o Rolling Stone. 

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Patience Dolder. © Zishy

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Mural da Hitória – 2013

SAM_141230º Salão Internacional de Humor do Piauí. On the road. Voltando pra Parnaíba, com Chico Correia.  © Vera Solda

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Mais sério que delegado em porta de baile

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O “grande problema” das joias sauditas, segundo Mauro Cid

A menção ao “grande problema” foi feita em uma troca de mensagens do ex-ajudante de ordens com o ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten

O tenente-coronel Mauro Cid (foto), ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou, em conversa com o advogado e ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, que o transporte das joias sauditas em uma mochila “foi o grande problema”.

Enviada no dia 4 de março de 2023, a mensagem foi obtida e divulgada pelo portal Uol.

A menção ao “grande problema” foi feita junto a um tuíte de um perfil de humor que se referia ao caso e questionava o motivo de alguém trazer o conteúdo “escondido na mochila”. Segundo o site, Cid também admitiu que os itens eram “de interesse público, mesmo que sejam privados”, contradizendo o movimento da defesa do ex-presidente que afirmou que chegou a pedir a devolução das joias ao TCU.

No dia 5 de março, dois dias após o jornal O Estado de S. Paulo revelar a entrada ilegal do colar de diamantes, Cid escreveu a Wajngarten: “Parece que hoje deu uma acalmada”. Em resposta, o advogado encaminhou uma reportagem da Folha de S. Paulo com o recibo do segundo kit de joias, que entrou no Brasil sem ser declarado à Receita Federal, em outubro de 2021.

Em meio a troca de mensagens entre Cid e Wajngarten, o tenente-coronel encaminhou imagens da Lei 8.394, de 30 de dezembro de 1991, destacando que o trecho que diz que “em caso de venda, a União terá direito de preferência”.

Contudo, Cid não mencionou que o relógio foi levado por Bolsonaro aos Estados Unidos em dezembro de 2022, nem que o kit havia sido colocado à venda em Nova York.

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MON abrirá normalmente nos feriados de setembro

Exposição “África Diálogos com o Contemporâneo”. © Carlos França

O Museu Oscar Niemeyer (MON) terá funcionamento normal nos feriados de 7 e 8 de setembro (quinta e sexta-feira). Nessas datas são comemorados, respectivamente, a Independência do Brasil e o Dia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira de Curitiba.

O horário de visitação ao MON é das 10h às 18h, com acesso permitido até as 17h30. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria física ou de maneira remota, aqui.

As exposições atualmente em cartaz são: “Buraco no Céu”, de Túlio Pinto; “Sou Patrono”, “Perpétuo Movimento”, de Norma Grinberg; “África: Diálogos com o Contemporâneo”, “Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses – Colonialismo”, “Sonoridades de Bispo do Rosário”, “Tela”, de Leila Pugnaloni, “O Mundo Mágico dos Ningyos”, “Serguei Eisenstein e o Mundo” e “Poty, Entre Dois Mundos”, além do “Pátio das Esculturas”, “Espaço Niemeyer” e “MON Sem Paredes”.

SOBRE O MON

O Museu Oscar Niemeyer (MON) é patrimônio estatal vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além de grandiosas coleções asiática e africana. No total, o acervo conta com aproximadamente 14 mil obras de arte, abrigadas em um espaço superior a 35 mil metros quadrados de área construída, o que torna o MON o maior museu de arte da América Latina.

Serviço; Mais informações nas redes sociais: @museuoscarniemeyer  e no site: www.museuoscarniemeyer.org.br

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Greca e Pimentel podem ter mais R$ 10 milhões para publicidade

Jogando por novas regras, gestão de Greca turbina gastos com publicidade para beneficiar pré-campanha de vice em 2024

A prefeitura de Curitiba bateu recorde de média de gastos em publicidade dos últimos dez anos. O aumento nas verbas ocorre em clima de aquecimento para as eleições do ano que vem e, beneficiado pelas novas regras de despesa, também abre caminho para turbinar o investimento de Rafael Greca em propaganda institucional no primeiro semestre de 2024. Assim, os ventos sopram fortes a favor do vice-prefeito Eduardo Pimentel, herdeiro da gestão na disputa.

Números do Portal da Transparência mostram que, somente até agosto deste ano, a média mensal de gastos da administração curitibana em publicidade e propaganda chegou a R$ 2,84 milhões, mais que o dobro da de todo o ano de 2021, de R$ 1,29 milhão. Em 2022, a média já havia dado um salto para R$ 2,26 milhões. A prefeitura contesta.

Greca e Pimentel

Os cálculos feitos pelo Plural consideram os valores empenhados – aqueles reservados, mas ainda não liquidados – e não anulados, usados como base para a nova fórmula de gastos dos governos com propaganda em ano eleitoral. Pela regra agora válida, o limite de despesas com publicidade institucional em ano eleitoral fica sujeito à média mensal dos valores empenhados e não cancelados dos três anos anteriores à disputa multiplicada por seis e corrigida pela inflação oficial. Na redação anterior, os gastos eram segurados pela média das despesas dos primeiros semestres dos três anos que antecediam a eleição e não havia fator de multiplicação, além de desconsiderar o fato de as maiores somas empenhadas pelo poder público estarem geralmente concentradas nos meses finais de cada ano.

Sob pressão do próprio governo Federal, as mudanças foram aprovadas por deputados e senados no ano passado, mas por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) só passarão a valer a partir do pleito de 2024, o que beneficiará atuais governos municipais em busca de continuidade nas eleições do próximo ano.

Em Curitiba, a atual gestão pode lucrar. Os elementos do novo cálculo garantirão ao atual mandato a possibilidade de gastar ao menos R$ 10 milhões a mais do que teria garantido pelo cálculo anterior, podendo chegar a R$ 12 milhões com esse tipo de gasto. A previsão que desconsidera a inflação e, mesmo assim, sugere fôlego bastante longo à pré-campanha do vice-prefeito Eduardo Pimentel.

Candidato a dar continuidade ao legado de Rafael Greca, Pimentel vem deixando os corredores incógnitos que percorreu nos últimos sete anos para assumir um protagonismo importante à candidatura e que pode ganhar ainda mais força com os impactos nas novas regras das despesas em ano eleitoral.

Isso porque os gastos agora flexibilizados são uma vitrine das ações do governo. Entram no pacote, por exemplo, comerciais e anúncios de serviços, programas, campanhas e obras públicas. Ou seja, significa que Greca e Pimentel terão a possibilidade investir mais dinheiro para comunicar as benfeitorias da gestão em rádio, tevê, impressos ou na internet, com um impacto bastante considerável no eleitorado.

Covid

A prefeitura contestou os cálculos. Em nota, disse que os dados usados no levantamento não estão corretos porque não consideram os empenhos com as campanhas da covid-19 em 2021. “Sendo assim, não é possível confirmar este crescimento apresentado entre os anos de 2021 e 2022”.

Acessado entre os dias 31 de agosto e 1 de setembro, o Portal da Transparência da prefeitura, contudo, não detalhava os gastos específicos com covid-19 para que fossem calculados à parte, embora as novas regras permitam que sejam excluídos desse cálculo os gastos de publicidade referente ao enfrentamento da pandemia.

A prefeitura ainda questionou os dados apresentados sobre o ano de 2023 porque são de empenhos que serão gastos. “Por isso, ainda não é possível estabelecer a média de gastos para o ano eleitoral, pois a nova lei considera a média anual e não a semestral”.

Aqui!

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Elas

© Jan Saudek

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O recado sobre a reforma

Mesmo com a resistência do governo e do PT, a sonhada reforma administrativa defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), encontra eco na base de sustentação de Lula.

Lideranças de partidos de centro, como MDB, PSD e União Brasil – que juntos somam 9 ministérios no governo – avaliam que as medidas econômicas aprovadas até o momento ainda não são suficientes.

A avaliação é que iniciar a discussão sobre a reforma administrativa, em uma tentativa de mostrar à sociedade a intenção do governo de cortar gastos, facilitaria o debate sobre a taxação dos super-ricos e dos fundos exclusivos, a nova meta do Palácio do Planalto.

Há resistência em partidos da base em analisar projetos que aumentem a carga tributária. Já há um movimento no Congresso para criar uma espécie de teto constitucional para o volume de impostos a ser pago.

A proposta faria com que o governo precisasse aprovar Propostas de Emenda à Constituição toda vez que quisesse aumentar gastos por meio de aumento de impostos.

Depois das sinalizações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, autorizou o início das conversas para tratar da reforma administrativa. Antes, Alexandre Padilha (Relações Institucionais) chegou a dizer que a reforma destrói o serviço público.

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Ilustres e omissos desconhecidos

Na berlinda a redução do número de deputados e vereadores. Por que não o número de senadores? Três é demais, se nos EUA que gostamos de copiar (mal) são apenas dois. Menos senadores significa maior visibilidade. Com três, mal sabemos o que fazem – e mesmo quem são. Por exemplo, Sérgio Moro é um dos senadores do Paraná. E o que faz? Essa é fácil: está escondido, em luta para não perder o mandato. No preciso momento em que escrevo não lembro quem são os outros dois senadores. E vale a pena descobrir quem são, pois isso é tarefa deles, mostrando serviço.

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Alzheimer

Neurologista desvenda mitos e verdades sobre o Alzheimer mas não lembra onde guardou anotações.

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