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Solda & Leminski

Poema meu terminado  pelo Bandido Que Sabia Latim, cuja caligrafia vocês conhecem de cor e salteado (1987).

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Um jeitinho de Lula para receber Putin

O presidente Lula  está realmente empenhado para receber o ditador Vladimir Putin no Brasil em novembro de 2024, quando acontecerá a reunião de cúpula do G20, embora o líder russo seja alvo de um mandado internacional de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra. 

Segundo a Folha de S.Paulo, o governo brasileiro produziu um parecer com argumentação jurídica para embasar a vinda de Putin ao país sem que ele seja preso. O documento foi submetido à Comissão de Direito Internacional da ONU, que trabalha na elaboração de uma normativa sobre imunidade de jurisdição a chefes de Estado. Apesar de não citar Putin no texto, o governo brasileiro fez referência a um cenário que se encaixa na situação do ditador russo.

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O pano para Putin – O principal argumento brasileiro, revelou o jornal, é que acordos que criam tribunais internacionais, como o Estatuto de Roma, deveriam ter efeito apenas entre seus signatários. Assim, o chefe de Estado de um país não signatário não poderia ter sua imunidade ignorada ao visitar um país que reconhece o acordo.

“É norma básica da lei internacional geral, codificada no artigo 34 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, que ‘um tratado não cria obrigações ou direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento’”, diz o texto.

“Dessa forma, enquanto os artigos [sobre imunidade] não afetam obrigações de tratados referentes a tribunais internacionais, esses acordos internacionais não afetam a imunidade de agentes de Estados não partes”, acrescenta

No parecer, o Brasil defende que a imunidade de jurisdição é essencial “para promover entendimentos pacíficos de disputas internacionais e relações amigáveis entre os Estados, inclusive na medida em que permite que funcionários de Estados participem em conferências internacionais e missões em países estrangeiros”, ecoando a tese de que o TPI está sendo usado politicamente.

“[A imunidade de jurisdição] contribui para a estabilidade das relações internacionais, por prevenir o exercício abusivo, arbitrário e politicamente motivado da jurisdição criminal que pode ser usado contra agentes dos Estados.”

A Rússia e o Estatto de Roma – A Rússia retirou sua assinatura do Estatuto de Roma em 2016 por considerar que que a instância não é “verdadeiramente independente”. Na época, o Kremlin ficou irritado com a decisão do TPI de investigar crimes de guerra cometidos em 2008, na invasão à Geórgia.

As garantias de Lula – Em setembro de 2023, Lula afirmou, em entrevista a uma emissora de televisão indiana, que Putin não seria preso caso aceitasse o convite e viesse ao Brasil.

“Se eu for presidente do Brasil e ele for para o Brasil, não há por que ele ser preso. Ele não vai ser preso”, afirmou. Lula garantiu que Putin poderá vir “tranquilamente” ao Brasil e que ele encontrará um “ambiente pacífico”. Dias depois, Lula recuou dizendo que caberá à Justiça decidir sobre a prisão do presidente russo, Vladimir Putin, caso ele venha ao Brasil participar da próxima cúpula do G20.

“Isso quem decide é a Justiça. Não é o governo nem o parlamento. É a Justiça que vai decidir”, afirmou.

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1964, o passado já passou?

Acordei bem cedo para ir à Cinelândia, no Centro do Rio. Queria o silêncio e a luz da manhã para gravar sobre 1964. Confesso que, ao ligar a câmera, me veio à cabeça um poema de Mário Quintana: “Quando se vê, já são 6 horas! Quando se vê, já é sexta-feira!”. Quando se vê, passaram 60 anos.

Meus suspiros eram secundários diante do fato histórico e do próprio lugar. Escolhi a Cinelândia, porque estava lá no dia do golpe, mas também porque ouvi tiros vindos do Clube Naval, sabia que a rádio Mayrink Veiga resistia ali perto, e desse lugar partiram também os amigos que foram buscar as armas prometidas, e jamais entregues, pelo Almirante Aragão.

Mais tarde, da Cinelândia, se podia ver a multidão com rosários, marchando com Deus, pela família e propriedade. A sorte estava lançada.

Na Cinelândia aconteceram grandes manifestações da resistência, inclusive a Passeata dos Cem Mil, que levou às ruas artistas como Clarice Lispector, a admirável escritora intimista que não se enquadrava no gênero engajado, tão em moda na época.

As coisas sempre começavam na Candelária e terminavam na Cinelândia, mesmo depois do fim da ditadura. Para abrigar tanta gente, o Comício das Diretas foi na Candelária. Na verdade, esse trecho da Avenida Rio Branco, da Candelária à Cinelândia, foi o palco mais completo de grande parte de nossa História.

Lembro-me daquele período como um tempo marcado pela Guerra Fria. No entanto, com tantas assembleias, debates, manifestações, era um tempo de presença. Sentíamos o cheiro e o calor do outro, daí a grande dor pelos que morreram ao longo dessas décadas.

Hoje, somos imagens luminosas numa tela. Nossa carne e sangue transfiguram-se em bytes; daqui a pouco seremos substituídos por uma réplica que falará como nós. Aquela multidão com rosários disposta a dar ouro pelo bem do Brasil se transformou, foi para a porta dos quartéis, invadiu os prédios dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Mas as Forças Armadas se recusaram a aderir a uma aventura golpista.

A internet lançou milhões de novos atores na cena política. A agressividade aumentou, brigam as correntes umas contra as outras, brigam contra quem não quer brigar, brigam contra quem briga mais levemente.

Análises políticas mais elaboradas são uma atividade de risco. Apanha-se de todo lado. Mas, felizmente, a descoberta do Brasil, com seus recursos naturais, é uma conquista relativamente nova, dos tempos de crise ecológica.

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Flagrantes da vida real

Nautilio Portela, com a camiseta “Claudete Pereira Jorge”. © Maringas Maciel

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Para não dizer que não falei de Curitiba (Crônica Homenagem)

Maldita Saudade Literária Marginal de Jamil Snege

O mundo é um palco
O elenco é mal distribuído

Oscar Wilde

Faz um tempinho que Jamil Snege morreu, cara, mas, pô, o sujeito faz uma falta do diabo! Onde já se viu isso? Nem faz muito tempo e trocávamos figurinhas carimbadas de acontecências por atacado, e ele, generoso me mandava seus livros; seu enlivramento impresso em ironias e contentezas, em alegranças, prazeirices e disparates de sofrências, mas já com suas releituras em primeira mão de si mesmo, de um átomo numa transcuritiba do arco-da-velha. Já pensou?

Escrevia bem com sua lucidez-coivara, com seu pincel atônito de contar o que viu-viveu, aqui e ali com o irônico tom dos tocadores de tubas, sacando lances egnimáticos que traduzia em ‘literapura’ o bucólico, o pitoresco, o soro urbano, talvez até com um lado barrabrava de sinais de pânico em núcleos de abandonos. Jamil Snege faz falta e lá vamos tirar tintas de seus livros que  nos conduzem a meditações sobre ausências e finitudes. Os que vão sobreviver são saúvas-mandorovás entre grandes leitoas brancas? Só por Deus.

A mulher grávida tomando cerveja num bar, barriga de melancia estaria esperando o Jamil Snege? Tomo pela mão sua limpeza de ideias, entro em um bairro de Curitiba e passeio pensagens sobre ele, que se foi tão cedo, não quis esperar a madurança da gabiroba do tempo futuro que, bem falando, é mesmo um sem futuro num desmundo neoliberal que pinta e orna, sem nenhum humanismo comunitário. Ele iria descer a ripa. Faço isso em memória dele.

Lembro que um dia veio uma carta, comentários com garapas, um livro cheio de si, depois, mais pra frente, trocamos figurinhas carimbadas de ideias e surtos-circuitos afins, outros livros, causos, croniquetas, poemas e conversas fiadas, mais destrinches de ensaios, bravatas, panurgismos. Depois, telefonemas, afinal, aqui e ali, finalmente um clandestino e-mail raspando porque ele era irônico sem perder a ternura. Fui na fiúza. Hoje seus livros são ele ali, atrás de um quartzo-róseo pedindo oxigenação de seixos. Saravá, Snege.

Na Livraria da Vila aqui em Sampa, eu que sou um pidoncho oriundo da Estância Boêmia de Itararé como o Maestro Gaya e o pan-humorista Solda, ia caçar de saber se os seus livros estavam cuidadinhos lá, luzes de ribalta, nessa desvairada marginália emputecida de antros de escorpiões, entre a lucidez-loucura de Arrigo Barnabé, o som sizal Preto Brasil do Itamar Assunção e outros migrantes pés-vermelhos sem lenço e sem documentos. Caetanear, por quê não?

Jamil Snege tinha a finura e a sensibilidade no campo de lavanda das ideias. Tirava a carne esponjosa das palavras, e, nas ficções destilava o vinho-verbo. Faz falta o cara. Onde já se viu isso? Fina flor da espécie, fazia a gente rir de suas montagens criativas, feito um mandorová-camaleão sondando atrás da porta do corpo de baile das acontecências, entre a banda dos contentes e os quintais tecidos ao luar por suas doces memórias revisitadas para pôr assento de si no muito além de si, os pingos os is e dáblios.

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Rock’n’reggae!

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Mural da História – 2009

diretor-de-lula

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Estadista de araque

Lula calou a boca dos petistas que pretendiam criticar a ditadura militar neste 31, ou mesmo no primeiro de abril. Para ele os 60 anos do golpe e as cicatrizes da ditadura, ainda abertas, tratam-se de uma “bolha”. Como o presidente consegue ser claro e explicativo apenas com metáforas, quando ele fala de bolha trata-se pura e simplesmente de mais uma, literal em todos os sentidos: a tal “bolha” nada mais significa que algo como a que cresce pelo poder do ar soprado na mistura de agua com sabão. Em outras palavras, Lula quer evitar a todo custo que sua delicada gratidao e a paz aparente que conquistou quando os militares nao apostaram em Bolsonaro significa um estado definitivo e inabalavel na historia do Brasil. Ele quer dois anos de mandato remanescentes e mais quatro como reeleito vivendo no deslumbramento da lua de mel com Janja – mais as bitocas cafonas que nela pespega em reunioes do ministerio.

Depois, como um Luis XIV que tirou o melhor da vida, o Brasil e o mundo que naufragem no diluvio, que ele tirou a forra da Lava Jato e da prisao. Lula acha que ao silenciar sobre a ditadura, pinta-se como estadista, o homem-sintese de seu tempo e de seu povo. Acredite e compre quem quiser esse Lula, homem do pequeno varejo que finge que opera no atacado. Alguem disse com propriedade que entre estadista e politico existe a distincao fundamental: um trabalha para o futuro, a proxima geracao, o outro trabalha para si mesmo manipulando o eleitor que vai elege-lo depois de amanha. Lula ainda funciona como dono do PT, o “cara” que enfia o tarugo que tapa a boca do partido. A coisa esta mudando. O tarugo nao fechou a boca de Dilma, que acaba de dizer que lembrar o golpe e a ditadura militar sao atitudes civilizatorias. Pode-se dizer tudo de Dilma, nunca que foi enganadora ou mentirosa. E de Lula, quem aventura a dizer o mesmo? S’o as Gleise.

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Portfólio

Múltipla Propaganda, década de 1980

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Estamos no gibi – 2014

Lina Faria e o cartunista que vos digita, homenageado pela Gibicon 2, com o troféu Maria Erótica, personagem criada p0r Claudio Seto. © Dóris Teixeira

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© Alberto Melo Viana, Baiano.

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Robinho não saiu para a Páscoa

Recurso de Robinho caiu nas mãos de Luiz Fux, que tentou evitar a mudança de jurisprudência sobre prisão após condenação em 2ª instância, em 2019. Ex-jogador teria mais sorte com Gilmar Mendes?

Robinho está preso há 10 dias. Ele foi detido em 21 de março, em Santos, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) homologar sua condenação por estupro coletivo na Itália. Segundo seus carcereiros na Penitenciária de Tremembé, o ex-jogador acredita que será libertado em breve, informou a Folha de S.Paulo. A confiança era tanta que Robinho fez planos para comer ovos de Páscoa em casa. Não aconteceu, mas de onde saiu tanta esperança?

Antes da detenção, os advogados do ex-jogador tentaram uma última pedalada no Supremo Tribunal Federal (STF): argumentaram que ele não poderia ser preso imediatamente, como determinou o STJ, porque ainda havia recursos possíveis em seu caso. Eles aludiram à decisão do próprio STF que permitiu a Lula deixar a cadeia em 2019, e o caso Robinho é uma ótima oportunidade para relembrar aquele julgamento.

Loteria

STF, assim como disputa de pênaltis, é loteria. O pedido de habeas corpus de Robinho caiu nas mãos de Luiz Fux. A aposta de sua defesa deu errado, porque o ministro considerou que o julgamento do ex-jogador já se encerrou na Itália e que não há mais recursos, ainda que o próprio ministro tenha instruído que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso, e que a defesa do ex-jogador possa questionar no STF a constitucionalidade da homologação da sentença pelo STJ.

A questão se torna ainda mais intrigante quando se leva em conta que Fux tentou, quase cinco anos atrás, evitar que o STF mudasse a jurisprudência que permitia prisão após condenação em segunda instância — e que levou Lula à cadeia após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmar a condenação da 13ª Vara Criminal de Curitiba e ampliar sua pena.

Em 23 de outubro de 2019, quando o Supremo começava a julgar a questão apenas três anos depois de firmar entendimento sobre o assunto, Fux pediu a palavra no início do julgamento para dizer o seguinte:

“O Procurador anterior suscitou uma questão preliminar sobre, digamos assim, a impossibilidade jurídica de uma modificação de jurisprudência em umespaço de tempo diminuto. Agora, o Procurador, na sua última fala, antes de adentrar o mérito, suscita essa questão preliminar’”.

O STF passa pelo mesmo dilema agora, quando ameaça rever jurisprudência firmada há apenas seis anos sobre o alcance do foro privilegiado.

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