Vynessa Lucero. © Zishy

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O coração selvagem de Bueno – 2012

Conheci Wilson Bueno em um tempo que havia um mar de ideias, de pensamentos, catarse coletiva de neurônios. Parecia que tudo fazia sentido. O time era de craques. Observar o que acontecia já era uma experiência e tanto. Bueno tinha uma postura transgressora em uma cidade completamente retrógrada e provinciana. Quantos espantos ele causava. Quantas possibilidades inventava por ser do jeito que era. Bueno não apenas discutia, mas escancarava. Tudo nele era excesso, fase em que a boemia tomou conta. Até no jeito de se vestir, quando aos tropeços conseguia parecer um dândi. Quem mais poderia ser assim?

Foi neste ambiente que observei as frestas do que poderia ser plausível, neste mundo que pulsava. O oposto do que acontecia no plano das ideias carregadas de mofo. Neste respiro descobri algo que nunca mais deixei: meu gosto pelo que é transgressor, pelo subversivo, pelo que ninguém mostra. Foi este universo que construí aos poucos, aos trancos, ao dissabor de dores e medos, mas que era possível. Caminho mais difícil, porém revelador.

Aprendi nesse processo algo que acredito que esteja ligado com uma íntima aliança com o que construímos pela estrada, e outro poeta, Ferreira Gullar, fala muito bem, que é não ser dogmático. Permitir-se mudar de ideia, de partido, de religião. Afiar o senso crítico. O que faz repensar, reinventar, não acomodar. Mais, essa abertura permite não carregar ideologias engessadas, mas opiniões. Que podem mudar a qualquer momento. Como bem escreveu Jorge Luis Borges: “Não te rendas. A masmorra é escura, a firme trama é de incessante ferro, porém em algum canto de teu encerro pode haver um descuido, a rachadura”.

É esse descuido que absolve, ilumina. Seguimos intuitivamente essa fresta, assim como lobos enxergam no escuro. Assim também, sem perceber, trilhamos um caminho, às vezes mais longo, com percalços, outras vezes mais lineares e silenciosos. Porém, seguimos adiante. No plano cerebral, desviamos das tempestades, nos protegemos embaixo das marquises até passar a chuva e abrir de novo o céu. Na margem oposta está o medo, e nada acontece se não atravessarmos a ponte. Atenção ao vento veloz que sopra segundos antes.

Por razões desconhecidas e misteriosas, o porto seguro está muito mais ligado à emoção e ao que realmente somos e fazemos. O medo é o outro lado do rio. Superá-lo ou renegá-lo é de certa maneira não reconhecê-lo, não atravessar a ponte. Os medos são a soma de tudo que somos nós. E Bueno carregava seus medos como quem faz disso seu íntimo, seu estado mais profundo. Medo em estado bruto. Talvez por isso tenha feito uma opção de escrita mais selvagem, transgressora e intensa.

Prefiro assim, a intensidade dos instantes em cada pausa, em cada silêncio, em cada palavra, como poema. O coração selvagem entrega assim sua fúria, com toda a delicadeza da cicatriz. A arte, diz Gullar, é necessária porque a vida não é o suficiente. Bueno sabia disso como ninguém.

Revista Ideias|116

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César Marchesini

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Mural da História – 2010

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Após Dia do Patriota, vereadores propõem Dia do Trabalho Escravo

A Câmara Municipal de Porto Alegre revogou a decisão de tornar o dia 8 de janeiro o Dia do Patriota. A escolha da data seria para homenagear a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, no início do ano.

A lei foi suspensa pelo ministro do STF Luiz Fux, que afirmou que a data não merece comemorações, por motivos evidentes.

Porém, alguns vereadores de Porto Alegre não desistiram da comemoração e planejam fazer um grande evento no dia 8 de janeiro, com desfiles e festejos.

A ideia é realizar uma parada com diversas alas, como acontece no Sambódromo no Carnaval carioca. A festa vai começar com a entrada do Patriota do Caminhão, seguido pela ala dos destruidores de patrimônio, com patriotas depredando esculturas, relógios e obras de Di Cavalcanti.

A rainha da bateria será a grande heroína da data, Dona Fátima de Tubarão, que vai entoar a canção “Eu quero guerra! Vamos pegar o Xandão!” enrolada na bandeira nacional.

A ala dos negacionistas contará com integrantes contestando as urnas, vacinas e teorias de Darwin. Os passistas usarão chapéus de papel alumínio, para se proteger do controle mental do reptiliano esquerdista Bill Gates.

Logo atrás, entrarão patriotas com celulares na cabeça, pedindo aos extraterrestres para que salvem o país.

Um dos momentos mais aguardados é a entrada da Ala do Patriota Defecador, na qual pessoas enroladas na bandeira nacional defecarão em móveis em um enorme cocozaço.

As festas serão financiadas por pensões de filhas de militares, que durante o desfile farão o que melhor sabem fazer, nada.

Além do Dia do Patriota, vereadores planejam criar novas datas comemorativas, como o Dia do Padre do Balão, para homenagear o pároco que saiu voando em bexigas sem GPS.

O Dia do Bilionário vai celebrar a não taxação de grandes fortunas e será comemorado por liberais de classe média em uma carreata de Corsas 2007 remendados com silvertape.

O Dia do Pintou Um Clima vai homenagear ex-presidentes que invadem casas de crianças com segundas intenções.

E o Dia do Trabalho Escravo vai homenagear produtores de uva que mantêm funcionários em situação análoga à escravidão no Rio Grande do Sul, justamente no estado de origem do Dia do Patriota.

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Num país pertinho de você…

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curitibano

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Para não correr riscos

Na iminência de se tornar ministro do governo Lula, o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) exonerou do seu gabinete uma funcionária que atuou em favor do município de Cortês (PE) junto ao Ministério da Saúde. O caso foi revelado pelo Bastidor.

Além de ser secretária parlamentar do deputado desde 2019 – com salário de R$ 4.691 mensais, segundo registros da Câmara -, Kaline Rosa Barros Dib recebeu entre janeiro e junho deste ano R$ 6 mil do Fundo Municipal de Saúde de Cortês, município de pouco mais de 10 mil habitantes, segundo o IBGE.

Os deputados podem contratar de 5 a 25 secretários parlamentares “para prestar serviços de secretaria, assistência e assessoramento direto e exclusivo nos gabinetes dos deputados, em Brasília ou nos estados”.

Seis dias após o Bastidor divulgar a dupla atuação de Kaline, Costa Filho desligou a funcionária na quinta-feira passada.

Antes de ser exonerada, segundo informações do Sistema Integrado de Orçamento e Contabilidade Pública, Kaline recebeu mais R$ 1 mil do Fundo Municipal de Saúde de Cortês por serviços prestados em julho.

Dados do Portal da Transparência de Cortês mostram que Silvio Costa Filho destinou R$ 399.658 à cidade em 2023 por meio de emenda individual ao orçamento. A prefeitura enviou ao Fundo Municipal de Saúde, órgão para qual Kaline trabalhou, mais de R$ 2,4 milhões somente neste ano.

O gabinete do deputado foi novamente procurado, mas não retornou até a publicação deste texto. A ouvidoria da prefeitura de Cortês encaminhou os nossos questionamentos para a secretaria de Saúde do município. O espaço segue aberto para manifestações.

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Corpo ético

Anne Moreira. © Rodolfo Pajuaba

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As bruxas da política

Timidamente, mas com o destaque suficiente para chamar a atenção, os jornais contam da descoberta de fazendas não declaradas no patrimônio de Artur Lyra, presidente da Câmara e sócio de Lula no condomínio da República.

O deputado tem mostrado excepcional resiliência a denúncias de improbidade desde que foi presidente do legislativo alagoano. Recentemente enfrentou as da mulher sobre o imóvel que recebeu sem documento de transferência de Fernando Collor e os desvios do orçamento secreto em kits de informática por assessores seus. A resiliência tem limites e tem o momento que se esgarça e rompe. A resiliência permanece forte graças às condições pessoais de Lyra, com poder sobre o orçamento, cargos públicos e capacidade de pressionar um presidente fraco.

Sempre há o momento do fim das situações que se considera definitivas. Assim aconteceu com Eduardo Cunha na mesma posição de Lyra. Cunha acabou como todos sabemos, embora seja de reconhecer que entre ele e Lyra há diferenças na inteligência, nos métodos e até no momento político. E Lyra não distende a corda com a sem cerimônia e ousadia irrefletida de Cunha. No entanto, embora ninguém faça fé nas bruxas da política, elas existem. Resta saber se Lula aposta nesse desenlace, previsível a partir de seu aprendizado sobre a política brasileira. O que não parece.

Publicado em O Insulto Diário - Rogério Distéfano | Deixar um comentário
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© Orlando Pedroso

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©Amorim

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