Cruelritiba: Leda com vitiligo

© Lina Faria

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Esforços colossais no debate da Amazônia

Diálogo amazônico tem grande significado político no fortalecimento dos laços entre os países

Durante os dias 8 e 9 de agosto, em Belém, acontecerá a Cúpula da Amazônia, um encontro dos nove países amazônicos, realizado pelo Brasil com o objetivo de produzir consenso a respeito da maior floresta tropical do mundo, que será colocada nos debates climáticos globais.

O documento resultado da reunião será entregue pelas autoridades brasileiras aos 193 Estados-membros na Assembleia Geral das Nações Unidas, que acontecerá em setembro.

Além disso, o encontro tem o objetivo de se preparar para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30). O diálogo amazônico tem grande significado político no fortalecimento dos laços e cooperação entre os países.

“Em agosto, o mundo, ou quase todo mundo, estará de olho no evento que ocorrerá em Belém, intitulado Cúpula da Amazônia. Mas o que dizem os povos da Amazônia? Suas vozes se farão ouvir ou terão que novamente presenciar várias vozes que vêm de fora dizer o que é melhor para eles?”. Esses são os questionamentos feitos por Neidinha Bandeira, defensora dos direitos humanos.

Durante os dias 28 e 30 de junho, os povos e organizações indígenas e aliados reuniram-se em Brasília com o objetivo de avaliar e promover um diagnóstico do processo de construção e deliberações acerca da realização da cúpula, que resultou na Carta dos Povos Amazônicos sobre a Cúpula da Amazônia.

A carta expressa que os povos originários da região, verdadeiros protetores e conhecedores da floresta, ainda não têm garantido efetivamente a sua participação, indispensável e necessária, para a construção de um processo justo, verdadeiro e transformador.

Neste sentido, a Coiab, a Fepipa, a Umiab e a Apib realizarão durante os dias 5 a 9 de agosto a Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia com o objetivo de impactar o evento dos presidentes.

“A importância da nossa participação é que precisamos estar nesses espaços para que nossas propostas possam chegar às mãos dos líderes da Bacia Amazônica porque, de toda forma, se não participarmos dessa pré-cúpula que o governo está chamando de Diálogos Amazônicos, nossas propostas não chegarão até eles. Então, estamos garantindo que terá um representante em cada plenária entregando esse documento. No dia 8 de agosto terá esse momento de entrega para esses líderes e esses três dias que antecedem a chegada dos presidentes serão para construção de diálogos”, é o que diz Alana Manchineri, comunicadora da Coiab e participante do GT de Organizações para a Assembleia dos Povos, criado no encontro em Brasília.

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As Duas. © Gal Oppido

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O terno branco

Ele já não tinha nome.

Era conhecido pelos apelidos, que eram muitos, dependendo de onde estivesse, dos amigos a sua volta, se era madrugada e estava numa boate, se anoitecia e estava num boteco. Só não tinha um apelido para as manhãs, quando passava dormindo, roncando demasiado alto para seu corpo pequeno, produzindo um estardalhaço sonoro que parecia capaz de quebrar vidraças.

Acordava pontualmente às duas da tarde, a boca queimando, os olhos vermelhos, que dizia infestados por espinhos, não tem mesmo um espinho neste olho?, perguntava, abrindo as pálpebras com dois dedos em alicate. Saía da cama gemendo, ia ao banheiro, enfiava a cabeça debaixo da torneira e, num mesmo gesto, esticava a mão para apanhar a garrafa de conhaque que deixava no armário ao lado. Bebia no gargalo e estalava os beiços.

Sempre vestido de preto.

Uma calça e duas camisas pretas e puídas, que fediam a mil noites e muitas mulheres da vida. Só permitia que fossem lavadas às segundas-feiras, quando não acordava às duas horas da tarde e seguia roncando pelo resto do dia. Saía da cama quando já era noite. Pedia um café embora soubesse que ninguém o atenderia e, cruzando o corredor rumo à cozinha, declarava:

– Segunda-feira é mesmo um dia que não presta pra nada!

Tomava café frio, olhava com desinteresse para a televisão, diante da qual a mulher e a filha estavam plantadas como duas samambaias. Ia ao banheiro com algum estrondo, empestando os ares da casa, batia portas, deixava cair os sapatos quando tentava calçá-los, atrapalhava-se com a camisa do pijama, que enroscava nos braços. Depois desta encenação que repetia com uma precisão de relógio, dizia puta que o pariu que ninguém fala comigo nesta casa! e, parado no meio da sala, decretava, com ênfase:

– Segunda-feira é mesmo um dia que não presta pra nada!

E voltava para a cama, onde se punha a fazer cálculos na tentativa de descobrir há quantos anos ninguém o ouvia, há quantos séculos não tinha notícias da filha, que estava lá plantada no sofá, como era mesmo o nome da desinfeliz?, há quanto tempo não conversava com o filho, que cuspia para o lado quando cruzava com ele? E a mulher, quem era ela?

Depois, dormia aos solavancos até mergulhar num sonho onde havia uma mulher que lhe dizia: vem. Ele ia, sentava-se à mesa, contava casos, anedotas, pregava apelidos em quem estivesse por perto e fazia com que todos rissem muito e batessem nas suas costas dizendo que era mesmo um sujeito admirável, uma figura. Acordava na terça-feira, às duas horas da tarde, pontualmente. E recomeçava.

No mais, terminava certas noites emborcado numa calçada, acordava com dois policiais cutucando suas costelas com o coturno. Noutras, abria os olhos numa casa desconhecida, no meio da madrugada, diante de uma cortina de plástico que era um escandaloso campo coberto com flores vermelhas e amarelas. Ou era erguido por dois braços fortes e jogado na rua, onde quebrava um dente contra o meio-fio. Ia até a farmácia, passava mercúrio cromo na boca, nos braços, na testa, pregava alguns esparadrapos pelo corpo e entrava no primeiro boteco.

Foi assim até o dia em que chegou em casa num domingo à tarde, provocando alvoroço na vizinhança, o que ele fazia em casa àquela hora?, o que estava acontecendo? Atravessou a curiosidade daquela gente cretina sem se deixar abalar e entrou em casa com um pacote muito jeitoso debaixo do braço. Cumprimentou a todos, não recebeu resposta alguma, a filha na frente da televisão, a mulher fabricando os biscoitos com os quais sustentava a casa, o filho cuspindo para os lados como se fosse um preto velho de macumba.

Entrou no quarto e, como sempre, deixou a porta aberta. Todos viram quando abriu o pacote com cuidado e dele retirou um terno branco, claríssimo, e uma camisa também branca. Viram quando estendeu o terno sobre a cama e dependurou a camisa num prego ao lado do armário. Despiu-se, jogando no chão o terno preto e a camisa preta, e estava nu, pois não usava cuecas, uma de suas implicâncias. Viram sua exibição inocente de carnes flácidas, a bunda murcha, o sexo desatento entre as pernas.

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Na moldura

Rodrigo Cerqueira, São, Paulo, 2008. © Giselle Hishida

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Já foi pra Academia hoje?

thadeumaringasAntonio Thadeu Wojciechowski. © Maringas Maciel

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Talento para loucura

Por esses dias, li o artigo de um psiquiatra dizendo que todo sujeito metido a hilário é meio maníaco-depressivo. Para sustentar a hipótese citou um estudo científico com 523 comediantes. A maioria apresentava sintomas próximos do transtorno bipolar e da esquizofrenia.

Sempre ouvi de parentes e amigos, quando eu contava um caso, ou quando liam meus textos: “esse Carlos Antônio é doido”. Mas confesso que nunca imaginei que pudesse ser mesmo.

Por outro lado, quem vai discutir com a Ciência? Um palhaço? Um bobo da corte? Sem chance.

Por isso, não estou aqui refutando a Medicina. Somente surpreso com a constatação de que sou um indivíduo à beira da cretinice irreversível.

Curiosamente, sempre me julguei um sujeito dentro de uma dita normalidade. Estudei em boas escolas, viajei, casei, tive filhos. Só o meu gosto pelo humor destoava um pouco das carreiras tradicionais. No fundo, julgava até que ser publicitário era mais grave em termos psicológicos. Há até uma máxima no meio que diz: não existe nenhum criativo normal com mais de dez anos de agência. Imagine eu, com 30 primaveras nas costas de comerciais, anúncios e agora posts e ativações…

Só que não. A Ciência, respaldada em pesquisadores sérios, desde Hipócrates, afirma mesmo que, só quem mexe com comédia, come cocô e rasga dinheiro.

Ok, então vamos ter um pouco de empatia aqui. Não por que é a palavra da modinha, mas por que é mais democrático. Se os esculápios dizem tais coisas de nós, os comediantes, o que poderíamos dizer deles?

É claro, não tenho nenhum estudo com 523 médicos para poder afirmar que muitos deles são lelés da cuca, mas alguns com quem me consultei eram bem estranhos.

Não sei se são exatamente maníacos-depressivos ou esquizofrênicos. Mas vários são bem sádicos. Teve um, certa feita, que me pediu uns 17 exames. Fiz todos, já meio encanado. Ao voltar ao consultório do cidadão, ele passou cerca de 25 minutos lendo as análises clínicas em pesado silêncio. De vez em quando voltava algumas folhas, lia de novo, marcava com uma caneta. Eu ia suando, engolindo em seco. Passado um longuíssimo tempo, colocou calmamente os registros no envelope e declarou:

– Sua saúde está excelente. Parabéns.

Meses depois, uma oftalmologista me examinou e foi taxativa:

– Suas chances de ficar cego não são pequenas.

Sai arrasado da consulta e, como sou um otimista, depois de meia hora já estava me consolando com o fato de que Homero e Joyce também eram cegos – o que certamente seria sinal do meu talento literário.

Fiz tantas exames na vista que tive que pagar a prazo. Voltei à oftalmo e ela concluiu, vendo os calhamaços de tomografias e gráficos de campo de visão:

– O nervo ocular é um pouco maior que a média, mas é genético. Cego o senhor não morre.

Enfim, só um desabafo com os que me acompanham aqui. De humorista e louco, todo mundo pode ter um pouco. Contudo, não são só os pobres palhaços que merecem ir pro Pinéu.

P.S.: depois que li o tal artigo entrei em depressão. Só que fiquem bem tranquilos. Tenho autoestima tão baixa que não consigo matar nem uma formiga, quanto mais uma minhoca como eu.

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Osso para Wilson

Penso em Wilson Bueno
como um osso ao relento,
nu e núbil como um osso
a esmo.

Osso que se bastasse
de sua classe alvura,
nu e núbil de sua própria
lua.

Osso que se recusasse
à sina que o paparica
e se adornasse de sua
própria adrenalina.

Osso à deriva, a dedilhar
seus venenos como uma
visita.

Osso Wilson Bueno.
Ouço sua cítara.

O Jardim, A Tempestade.

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Maria, Maria

Em breve, quando me chamar, quem sabe, a morte, o último cheiro vou levar desta vida será o da açucena. Uma moça estará tomando banho. Olharei por um buraco de fechadura e voltarei no tempo para ser menino de novo.

O calendário está parado numa data imprecisa do começo dos anos 60. Maria, a mulata, nossa diarista, é a moça no chuveiro. O banheiro fica ao lado do quarto dela, nos fundos da casa onde morávamos, na Rua Engenheiros Rebouças, esquina com Westphalen. São dois quilômetros do centro de Curitiba – muitíssimo para a época, uma viagem. O estádio do Ferroviário está à direita. O do Atlético, à esquerda. Nos dias de clássico, dá até pra ouvir a galera.

Jamil Snege, que mais tarde será um grande escritor, mora na mesma rua, 500 metros adiante, mas ele tem uns dez anos a mais, circula em outra turma, a gente quase não se vê. No meu quarteirão, têm casas o palhaço Chic-Chic, do Circo Irmãos Queirolo, e a poetisa Vera Vargas, da Academia Paranaense de Letras. Toda área, por causa de tanta beleza por metro quadrado, é iluminada de fantasia. Chic-Chic pouco aparece, está sempre em turnê. Mas o famoso bandido Carlinhos, genro dele, sempre dá as caras entre uma cana e outra, até o dia em que será morto de tocaia, numa quebrada, na calada da noite, com uma barra de ferro, por dar um tapa na cara de alguém.

A gurizada se diverte assistindo “Os Flintstones” e “Bonanza” pela TV, jogando bolinha de gude e fazendo concurso para ver quem mija mais longe. Um mundo feliz, linear, sem surpresas. Não fazemos a menor idéia de que, lá fora, a ditadura recém-implantada pelos milicos está assassinando brasileiros.

Cem metros acima fica o legendário Bar do Pasquale, ponto de encontro de jornalistas e jogadores, que depois o João transferiu para o Passeio Público. Cem metros abaixo mora dona Valderez, irmã do Vinícius Coelho, o cronista esportivo, que anos depois, na década de 70, vai me arrumar o primeiro emprego, na Rádio Independência – ‘R.I. – a primeira estação daqui’.

Nenhuma dessas doces almas sabe que Maria, a mulata, vem sendo sistematicamente espiada por um garoto taradinho depois do seu expediente. Eu mesmo, o voyeurista. O frestador mirim, desde cedo olhando para os outros sem que eles percebam

Diz a fantasia que, após a terceira vez, Maria ouviu algum barulho do outro lado e, cheia de sestro, passou a se exibir. Não poderia ser por nada que se demorava tanto no chuveiro, nem que se espumava tão provocativamente em paragens tão secretas, cercadas de mistérios e cabelos negros.

Até que um dia, tão de repente quanto possível, Maria abriu a porta e deu o flagra. Foi minha primeira vez frente a frente com uma mulher nua, e minha estréia diante de uma mulher de cabelos molhados.

O que ocorreu então, 40 anos atrás, pode ser uma mentira ditada pelas trapaças da memória. Mas aquele incrível cheiro de açucena ficou até hoje. Era o sabonete Phebo.

Maria tomou-me pelas mãos e levou-me para o quarto, e então eu posso descrever cada suspiro, cada travo, a intensidade de cada batida do coração. A memória não me falhará justo na despedida, de forma que, por favor, foi exatamente daquele jeito, sem tirar nem pôr, detalhe em cima de detalhe, que na solidão daquelas quatro paredes eu visitei o paraíso pela primeira vez.

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Flagrantes da vida real

chuva maringasFalar sobre o tempo em Curitiba é chover no molhado. © Maringas Maciel

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Kelsey Berneray. © Zishy

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(1982) Língua de Trapo – O que é isso, companheiro?

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O PSB está de olho

O PSB está atento às especulações de que Márcio França pode deixar o Ministério de Portos e Aeroportos para dar lugar ao PP ou ao Republicanos. Dirigentes do partido culpam o PT, que se recusa a ceder espaço.

Um dirigente do PSB disse ao Bastidor que apenas um posto poderia compensar a eventual perda do ministério: a presidência da Caixa Econômica Federal.

No ano passado, Márcio França desistiu de disputar o governo de São Paulo em favor de Fernando Haddad, e concorreu ao Senado. Perdeu. O PSB acredita que, se ele tivesse permanecido na disputa, Tarcísio de Freitas não seria governador.

Com isso, a legenda acha que ocupar uma posição de prestígio no governo não é favor. Publicamente, porém, todos dirão que cabe apenas a Lula definir quem ocupará qual espaço em seu governo.

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Correndo o risco

Tiago Recchia, por ele mesmo.

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