Os livros que você nunca leu

Conhece o romance “O Mundo Coberto de Penas”, de 1938? Trata da seca no Nordeste. Seus personagens são uma família de retirantes famintos seguindo por uma estrada com sua cachorra Baleia, que eles acabam comendo. O autor é Graciliano Ramos. E, antes que você diga que esse livro é plágio de “Vidas Secas”, vou logo dizendo que ele é o próprio “Vidas Secas”, com o infeliz título original que lhe foi dado por Graciliano e que a Editora José Olympio fez muito bem em corrigir.

Quantos outros romances não estarão nesse caso? “A Maçã no Escuro” (1961), de Clarice Lispector, nasceu como “A Veia no Pulso”. Mas Fernando Sabino, ao lê-lo ainda no manuscrito, argumentou que poderiam entender “Aveia no Pulso”, o que não era bem a ideia. Não que o livro tenha a ver com maçãs no escuro —é só uma imagem para designar algo difícil de pegar, de apreender.

Muitos escritores já quase se estreparam no título. “A Ilha do Tesouro” (1883), de Robert Louis Stevenson, ia se chamar “O Cozinheiro do Navio”; “O Grande Gatsby” (1925), de Scott Fitzgerald, “Incidente em West Egg”; e “1984” (1949), de George Orwell, “O Último Homem na Europa”.

E há os casos de livros que tiveram seus títulos simplificados pelos leitores. “Robinson Crusoé” (1719), de Daniel Defoe, chama-se, na verdade, “A Vida e as Estranhas e Surpreendentes Aventuras de Robinson Crusoé”; “Frankenstein” (1818), de Mary Shelley, “Frankenstein, o Moderno Prometeu”; e “Alice Através do Espelho” (1871), de Lewis Carroll, “Através do Espelho… e o que Alice Encontrou Lá”.

A peça “Bonitinha, mas Ordinária” (1962), de Nelson Rodrigues, é “Otto Lara Resende, ou Bonitinha, mas Ordinária”. Ao ver aquilo, Otto implorou para que Nelson o mudasse: “Vão achar que a bonitinha mas ordinária sou eu!”. Mas Nelson não mudou e, segundo ele, Otto estava só fingindo protestar —gostou tanto que até se ofereceu para pagar o neon na fachada do teatro.

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Mural da História – 2010

nelson-justus

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Carlos Castelo

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Mural da História – 2003

12º Festival Espetacular de Teatro de Bonecos|julho|2003

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Lana Rhoades. © Zishy

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Paulo Leminski

Sobre foto de Macaxeira.

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Elas

meu-tipo-inesquecível-danutaDanuta Szaflarska (1915|2017), atriz de teatro e cinema polonês. Em 2008 ela foi premiada com o Złota Kaczka para a melhor atriz polonesa do século. Szaflarska participou da Revolta de Varsóvia. Foi condecorada com a Ordem da Polônia Restituta, Cruz do comandante e do Comandante Cruz com Estrela, uma das maiores ordens da Polônia e Medalha de Ouro de Gloria Artis.

Hora de Morrer|Pora Umierać |2007|Dorota Kedzierzawska|Polônia

O filme retrata a história de Aniela, uma anciã solitária, rabugenta e enérgica que vive, com sua impetuosa cadela Philadelphia, em uma grande e velha casa cercada por árvores e um balanço, tendo como vizinhos uma escola de música para crianças e um novo rico , grosseiro e arrogante, que a todo custo lhe exerce pressão para que lhe venda sua casa.

Hora de Morrer é antes de qualquer coisa uma reflexão de que a velhice não pode ser encarada como uma sentença à inutilidade e à invisibilidade. Trata-se de uma história otimista e comovente, delicada e fortemente conduzida pela atriz Danuta Szaflarska, com seus 90 e poucos anos.

Danuta conduz o filme com maestria, praticamente sozinha o tempo todo e quase que em cenário único. É impossivel não se apaixonar por sua personagem, de humor suave e inteligente, de expressão cheia de vida e de monólogos de sábia inspiração. Além de Danuta, destaque para os detalhes de direção de arte que formam o ambiente da casa, a película em preto e branco granulado e uma série de tomadas de câmera através de vidros, que imprimem uma percepção interessante do filme.

Uma boa sugestão para uma experiência visual, mas sobretudo para reflexão sobre solidão, velhice e continuidade no fim da vida.

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Homofascista

O ex-deputado Jean Wyllys passa com a Rural que o batizou sobre o governador Eduardo Leite, do RS. Com a autoridade do sociólogo e militante gay, parceiro de Marielle Franco, acusa o governador de homofascista, um gay de direita.

É que o governador alinha-se a Ratinho Júnior e Tarcísio de Freitas para repudiar a decisão de Lula contra as escolas cívico-militares. Ele só não diz que o governador é um gay fissurado em homens de uniforme porque o clichê já foi usado por Freud e deu filme clássico de Marlon Brando e Elizabeth Taylor (Reflections On A Golden Eye, 1967, dir. John Huston). Nessa briga, em que o governador Leite engalana-se em pose e contenção de estadista para rebater o deputado, a xingação de Wyllys soa digna e elevada diante do oportunismo de manter a herança espúria do bolsonarismo que os elegeu e que exploram nesse utilitarismo que cospe na histórica luta contra o atraso, a opressão e os crimes das ditaduras militares.

O tom de Wyllys é aceitável mesmo quando chama o governador gaúcho de bee, abelhinha, um derrogatório gay. Sim, porque o governador, embora gay assumido, revela-se direitista enrustido, ao contrário dos colegas do Paraná e São Paulo, estes direitistas assumidos, também filhotes de Jair Bolsonaro. Triste que as sociedade civil paranaense, gaúcha e paulista cala-se com isso aprova a insistência dos governadores em manter as escolas cívico-militares, uma contradição nos termos, pois se o militar não for cívico não serve e o cívico dos governadores, atrelado ao militar, é atroz na ignorância do significado de pátria (sempre deturpado pelos militares e agora penetrado na deformação política dos governadores).[

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© Chiara Bonelli

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Incluam o PL fora dessa

O dono PL, Valdemar Costa Neto, atuou discretamente para segurar a bancada do PL no Senado contra Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal. Para Valdemar, se partisse do partido, o pedido de impeachment do ministro prejudicaria a legenda nas ações a que responde no Tribunal Superior Eleitoral.

Durante um evento da UNE (União Nacional dos Estudantes), o ministro afirmou: “enfrentei a Ditadura e já enfrentei o bolsonarismo, não me preocupo”. A fala pegou mal. E foi criticada até pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um insuspeito aliado dos ministros do STF. O ministro se desculpou, dizendo se referir a extremistas.

Antes da divulgação da nota do senador Rogério Marinho (PL-RN) como líder da oposição, Valdemar conversou com ele e com o líder do PL, senador Marcos Pontes (SP), para combinar o posicionamento.

Na nota, Marinho acusa Barroso de cometer “uma clara contradição com o mandato constitucional, que proíbe expressamente a atividade político-partidária aos integrantes da magistratura (parágrafo único do art. 95)”, mas nada disse sobre impeachment.

Para Valdemar, qualquer tentativa de forçar a barra numa eventual crise contra o futuro presidente do STF, não deve partir do PL do Senado.

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© Daniel Castellano

Valêncio Xavier Niculitcheff foi um escritor, cineasta, roteirista e diretor de TV brasileiro. Paulistano de nascimento, Valêncio mudou-se para a cidade de Curitiba aos 21 anos de idade. Na capital paranaense trabalhou na TV Paranaense e na afiliada da Rede Tupi, a TV Paraná. Neste meio, escreveu dramas e chegou a dirigir episódios do Globo Repórter.

“Quando o Valêncio criou a Cinemateca, em 1975, eu e meu irmão éramos dois piazões. Íamos lá para ver filmes, mas também para namorar, fazer bagunça. Isso irritava extremamente o Valêncio, que considerava aquele lugar sagrado, um lugar de culto à imagem e de reflexão sobre a vida. Então esse foi nosso primeiro contato, com o Valêncio bravo comigo. Anos depois eu faria um documentário sobre a vida dele, As muitas vidas de Valêncio Xavier”.

*Beto Carminatti é cineasta. Dirigiu, com Pedro Megere, o longa Misteryos (2008), baseado em O mez da grippe e outros livros, de Valêncio Xavier.

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Encontro Nacional de Teatro para a Infância e Juventude. Teatro Guaíra, 23º  Festival Espetacular de Teatro de Bonecos. © Maringas Maciel.

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti) são casados e encenam a montagem da peça teatral “A Morte de um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller. Um dia, eles são surpreendidos com o alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local imediatamente. O problema é que, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar, provisoriamente, em um apartamento emprestado.

É lá que Rana é surpreendida com a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho. O susto faz com que ela se machuque seriamente e vá parar no hospital. Entretanto, é o trauma do ocorrido que afeta, cada vez mais, suas vidas.

Forushande, O apartamento. Direção de Asghar Farhadi, França, Irã, 2017,  2h 03min.

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