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Ainda a inteligência artificial

O avanço da chamada IA, aqui tratado semanas atrás, começa a preocupar gente graduada. Em longa entrevista para a Folha de S.Paulo, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Ricardo Villas Bôas Cueva afirma que a inteligência artificial já causa danos às pessoas e oferece riscos muito grandes. E, em assim sendo, necessita de urgente regulamentação. Ele é mestre pela Universidade Harvard (EUA) e doutor pela Universidade Johann Wolfgang (Alemanha) e preside uma comissão responsável por sugerir um projeto de lei para tratar do tema.

Segundo Cueva, a IA já está presente em nossas vidas: “nas contratações de serviços, na obtenção de benefícios, na busca de emprego, ao obter um seguro ou um empréstimo, no reconhecimento facial”. E exemplifica: “tem o viéis discriminatório que os algoritmos desenvolvem dependendo da base de dados que é usada. No reconhecimento facial, isso é comum. As bases de dados não são suficientemente amplas para contemplar todas as etnias e tipos físicos. Isso gera erros graves que levam a prisões injustas ou até mortes”.

Cita também o caso das contratações. “Grandes empresas analisam currículos por meio da inteligência artificial. Mas, pelo fato de as mulheres, no passado, não terem tido tantas oportunidades, elas acabam sendo consideradas num padrão inferior”. E aduz que “por sermos um país muito desigual, com um racismo estrutural muito arraigado, o medo é que a inteligência artificial cristalize ainda mais essas estruturas antigas”.

Já para Battista Biggio, professor associado da Universidade de Cagliari (Itália) e uma das principais referências no assunto, o grande perigo são os ataques de manipulação da IA nas categorias de evasão, envenenamento, roubo de modelo e interferência da privacidade, quando tenta confundir o sistema, manipular dados, fazer a chamada “engenharia reversa” da tecnologia, criando uma espécie de clone, ou vazando informações sensíveis que eventualmente o robô tenha absorvido. Ele acha que ainda não existem ferramentas para os hackers atacarem as IAs. Mas também acha que eles logo as encontrarão, sobretudo ao perceber os benefícios financeiros trazidos.

Pessoalmente, embora não seja especialista na questão, estou com o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva. É preciso ficar de olho nas máquinas “pensantes” e regulamentar com urgência, seriedade e eficiência o seu funcionamento. Hajam através de hackers, por erro ou por iniciativa própria, elas representam um risco de enormes consequências. O importante, como preleciona o ministro do STJ, é que “haja transparência, explicabilidade, inteligibilidade e auditabilidade do algoritmo”. E, sobretudo, “a pessoa tem o direito de saber que está sendo tratada por um algoritmo, tem direito a uma explicação sobre como funciona esse algoritmo, tem direito de auditabilidade”, além do direito de exigir requisitos mínimos de segurança.

Ainda que isso possa causar profunda decepção, como aconteceu com o nosso Mário Montanha Teixeira Filho, aqui confessada, quando descobriu que a sua (nossa) saudosa Elís Regina, no comercial da Volks, não passava de uma recriação artificial da IA.

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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Pequeno canalha

O pior canalha é o pequeno canalha. O anão moral. Medíocre, dissimulado, frustrado, morre de inveja dos que têm atributos que lhe faltam, o que é muito comum. Perdedor em tudo e inconformado com a sua sina de perdedor faz-se canalha para purgar os pequenos demônios da inveja que corroem suas entranhas.

É capaz de cometer todas as pequenas perversidades que conhece para sublimar o sofrimento que o destino biológico lhe impõe. A falta de neurônios acompanhada da indigência cultural do meio são condições ideais para o surgimento do pequeno canalha.

Um homem sem atributos, fisicamente mal dotado, de inteligência mediana, desagradável no aspecto e na voz metálica, compreende a sua limitação e se rebela contra todos que lhe pareçam mais aquinhoados pela sorte.

Imaginem um professor de literatura que almeja a glória do grande escritor. Ele tenta realizar seu sonho, escreve contos e os transforma em livro. Espera aplausos e o máximo que colhe é a indiferença. Agastado com as críticas que lhe revelam a absoluta falta de talento, devolve na mesma moeda. Transforma-se em crítico e produz laxativas apreciações sobre a literatura alheia.

Tenta mais uma vez. Produz um romance. Vira motivo de chacota. Seus personagens são pífios, tão vazios e desinteressantes quanto ele. Vai à loucura e chega a pensar no suicídio. Mas o pequeno canalha não tem coragem nem dignidade para tanto. Logo atribui ao mundo as suas mazelas. Ou seria a síndrome de Adison a responsável pela sua falta de inspiração? Não. A síndrome de Adison só explica a impotência sexual e manchas na pele que parecem vitiligo.

Fracassado, aposta tudo em relatos sobre a vida doméstica e as agruras de sua mãe no segundo casamento. Quer provocar lágrimas, só consegue o riso dos poucos leitores que imaginam a pobre senhora em esforços para cumprir os deveres sexuais exigidos por um marido de hábitos toscos da vida rural. Há nobreza no sofrimento dessa mulher que se submete de todas as formas para garantir proteção ao filho.

À noite, insone, atormentado, pergunta-se porque é assim piegas e medíocre. Põe em dúvida sua convicção religiosa. Deus não pode ter sido tão cruel ao lhe dar menos em tudo, do tamanho do pênis aos neurônios da região frontal.

O pequeno canalha sofre. Gostaria de se diferenciar na multidão. Ser reconhecido por algo que só ele tenha produzido. Nada. Aos poucos só é notado pelas pequenas canalhices que cometeu. Resta-lhe a fuga. Covarde para encerrar sua grotesca participação de forma definitiva, procura um lugar onde possa parecer mais culto para satisfazer o pequeno ego com as glórias da província. E se distrai em exercícios para conceber um epitáfio que lhe louve na morte o que gostaria de ter realizado em vida.

Revista Ideias 2011

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Mural da História – 1982

Correio-de-Notícias-1982

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A mãozinha do diabo no corpo

Somos levados a supor que todos os eventos levam ao homem e são destinados a subservir as nossas necessidades. Esquecemos que o antropocentrismo é um antro de perdição, um saco de gatos escaldados. A razão nos faz obliterar o conjunto da obra: a natureza. Só na nossa imaginação as coisas são belas ou horrorosas, ordenadas ou confusas. A natureza é impassível. Ela flui. Autorizamos deformidades numa rocha ou numa árvore só porque elas não se prestam aos fins que desejamos. Instituímos o belo como sendo saudável. O feio como enfermidade. Você cata na praia só as conchinhas que acredita serem perfeitas. Perfeitas para quê? Para enfeite imperfeito.

O vinho corre em minhas veias. Estou em paz totalmente preparado para a guerra. Música no ar.

Pulo para o capítulo voltairiano. Sabe-se que a moral da época, século XVIII, permitia que uma dama acrescentasse um amante à sua ménage, se fosse feito adequadamente, respeitando a hipocrisia da Humanidade. A marquesa du Chatelet, com 28 anos, mulher de um insípido marquês, escolheu um gênio da época: Voltaire, de 40. Mas passavam o tempo, juntos, só em estudos e pesquisas. Óó, cupido, pra longe de mim! Bendito Castelo de Cirey!

Dulce est disipere in loco. Doce é perder o juízo de vez em quando.

Minha profissão é dizer o que penso, disse Voltaire, com o diabo no corpo. Il avait le diable au corps! A minha é desdizer o que os outros pensam. Ou o que penso que os outros pensam. O significado da palavra entusiasmo, que vem do grego, é emoção das entranhas, agitação interior. Voltaire pergunta: quantos graus existem nas nossas afeições? E responde: Acordo, sensibilidade, emoção, perturbação, surpresa, paixão, arrebatamento, demência, furor, raiva. Mas os meus amigos, diante de qualquer fato, diante do belo, do bom, do perturbador, não se perturbam e soltam um único, sonoro e definitivo: ducaralho! Em suma, o mundo assim se resume — sem sumo! Enlouqueço um pouco. Doce é. Docemente o vinho desce.

O Sol tenta ir dormir e pisca. Estrelas sentem agitação nas entranhas. E caem.

*Rui Werneck de Capistrano tem o diabo no copo

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Engolindo muitos sapos

A ala da bancada do PT mais crítica ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “tem engolido muito sapo”, na definição de uma importante liderança do partido na Câmara.

“Há quanto tempo você não vê a Gleisi criticá-lo?”, questiona o petista. Antes das bem-sucedidas votações de pautas econômicas no Congresso – arcabouço fiscal, PL do Carf e reforma tributária –, Haddad era alvo de críticas de colegas de partido de manhã, à tarde e à noite. Batiam por ver nele um possível candidato à sucessão de Lula em 2026.

O prestígio de Haddad, que já era grande com Lula, aumentou junto ao Centrão, em especial com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com o mercado. Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (12) mostra que o ministro conta com o apoio de 65% dos agentes financeiros.

Antes do sucesso, as pancadas no ministro vinham especialmente da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR), e dos deputados como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Jilmar Tatto (PT-SP). Antes das aprovações das matérias, os parlamentares criticaram duramente a proposta do novo arcabouço.

O texto dividiu a bancada petista e só com a entrada do governo federal no jogo os deputados votaram unanimemente a favor. O Bastidor noticiou que o governo chegou a pedir explicitamente que deputados marcassem reuniões com o ministro para demonstrar apoio.

Mas, desde as sucessivas vitórias no Congresso, as críticas públicas ao ministro cessaram. A bancada petista abandonou os ataques a Haddad para bater exclusivamente no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

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Tempo

Paulo César Pereio e Mariza Dias Costa, no Bar do Jeremias, em algum lugar do passado. Foto de Orlando Pedroso

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Letras

1990|Bico-de-pena sobre papel 66 x 44 cms.

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MON realiza visita mediada na obra de Serguei Eisenstein

© Paula Morais

O Museu Oscar Niemeyer (MON) oferece ao público uma visita mediada à exposição “Serguei Eisenstein e o Mundo”, com o curador Luiz Gustavo Carvalho, no dia 19/7, às 15h. A mostra está em cartaz na Sala 11. A atividade será gratuita, aberta ao público. Para participar, basta comparecer ao local no horário previsto.

“Serguei Eisenstein e o Mundo” comemora os 125 anos de nascimento do cineasta russo. Por meio de um conjunto de desenhos, esboços, fotografias, caricaturas, projeções e objetos, a exposição apresenta parte do processo criativo de um dos diretores mais inovadores e pioneiros da história do cinema. Serguei Eisenstein influenciou grandes cineastas e revolucionou o mundo das imagens com suas múltiplas linguagens.

A exposição retrata o universo de um dos nomes mais revolucionários da arte no século XX a partir da sua obra gráfica. Composta por cerca de 200 obras, tece, através de esboços, fotografias, caricaturas, projeções e objetos, diálogos com acontecimentos e culturas que influenciaram o artista no seu processo criativo: do teatro Kabuki às culturas pré-colombianas, da Revolução Russa à Haitiana.

Entre elas, estão obras de arte asiática, gravuras e máscaras, que pertencem à coleção permanente do Museu Oscar Niemeyer. Também fazem parte da mostra obras de arte africanas doadas pela Coleção Ivani e Jorge Yunes (CIJY) ao MON em 2021, confirmando a transversalidade do acervo do MON às exposições temporárias que a instituição realiza.

SOBRE O MON

O Museu Oscar Niemeyer (MON) é patrimônio estatal vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além de grandiosas coleções asiática e africana. No total, o acervo conta com aproximadamente 14 mil obras de arte, abrigadas em um espaço superior a 35 mil metros quadrados de área construída, o que torna o MON o maior museu de arte da América Latina.

Serviço: Visita mediada à exposição “Serguei Eisenstein e o Mundo”, com o curador Luiz Gustavo Carvalho|Dia 19/7, às 15h|Atividade gratuita. Para participar, basta comparecer ao local no horário previsto.

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Mural da História – 1980

7º Salão Internacional de Humor

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Fernanda Young – 1970|2019

Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.

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Jan Saudek

Documentário sobre a vida do fotografo mais famoso da República Tcheca: Jan Saudek, é o tema dessa biografia caleidoscópia e muitas vezes chocante feita por seu amigo e colega Adolf Zika. Com um piscar de olhos, Zika narra um drama cheio de vida e labuta de um artista controverso que, embora pouco conhecido no Brasil, desfruta de um fama internacional ao longo de seus 50 anos de carreira. Saudek pinta a mão fotografias de tons sépia, deixando-as com uma aparência de Séc. XIX, mas definitivamente usa de uma sensibilidade pós-moderna.

Fotografando seus modelos tanto vestidos como despidos, onde ora ele captura momentos de um encanto radiante, e ora de bizarrices excêntricas – os críticos dizem ser libertinagem e amor ao mesmo tempo: Uma mulher com um vestido branco de noiva, caminha com duas garotinhas nuas em uma paisagem industrial e sombria. A nobre auréola de um bebê sobressalta-se sobre o ombro de um homem musculoso e nu. Uma contorcionista nua com as pernas cruzadas atrás do pescoço aos pés de um homem vestido sentado em uma poltrona. Três mulheres vestidas como putas tocam instrumentos musicais em uma imagem, então elas aparecem nuas, com expressões levianas e os intrumentos em repouso, como se fossem seus acompanhantes.

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Tarcísio e Ratinho na cabeça

Os governadores de São Paulo e Paraná discordam de Lula e não só mantêm como aumentarão o número dos colégios cívico-militares. Pura jogada eleitoral. Querem herdar o espólio golpista de Jair Bolsonaro e seus votos na eleição presidencial, eventualmente numa dobradinha café-com-café, improvável e votada ao fracasso – pelo menos no caso do Paraná. Aquela coisa dos políticos, que rejeitam a história, o progresso e a evolução em nome do interesse pessoal e eleitoral. Eles mais os fascistas que os elegem, gente que esquece de Tiradentes e ergue monumento para Joaquim Silvério. Agora os dois Estados, e outros no mesmo diapasão, irão formar os guerreiros para nossas guerras do Paraguai.

O argumento, inconsistente e falso – pelo menos do melhor falante dos dois, o de São Paulo – é da qualidade do ensino dos colégios militares. Tarcísio estudou num deles, chegou a capitão-engenheiro do Exército. Onde Ratinho Júnior estudou não faz diferença, já que seu discurso é evidência suficiente de seu pensamento – ou da aparência dele. Tarcísio envereda pela falácia da mentira, enaltecendo os colégios militares pela qualidade do ensino. Já que é governador, tem tudo para melhorar a qualidade do ensino dos colégios apenas cívicos, esses que educam o povo não militar. Mas quem percebe a diferença, a nuance do raciocínio – capenga, escancarado na fala premissa – de que o ensino militar é melhor que o ensino civil?

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© Edward Weston

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