© Jan Saudek

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O velhinho da charada

Precisos como o Big Ben e pontuais como os trens, os dois tomavam sempre o mesmo comboio para Londres nos mesmos dias e horários, cada um no assento da ponta do corredor, lado a lado. O velhinho de vasta cabeleira branca, aura de dignidade professoral, o Times de Londres aberto na página das palavras cruzadas, consideradas as mais difíceis do mundo; ele as percorria com os olhos, sem preencher os espaços das letras. Como o trem e como o Big Ben, em exatos três minutos o velhinho deixava as cruzadas e voltava-se para as notícias do jornal.

O vizinho de banco, ansioso e intrigado com o que assistia há meses, não se conteve e abordou o velhinho: “Quer um lápis para resolver a charada?”. ‘Não obrigado, já resolvi’, respondeu o filósofo Bertrand Russell, o velhinho da charada, prêmio Nobel, autor dos quatro volumes dos Principia Mathematica, que escreveu com Alfred North Whitehead, seu professor de Oxford.

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Piauí

Amaral,  Dodó Macedo e Orlando Pedroso, Salão Internacional de Humor do Piauí, Teresina, em algum lugar do passado.  © Vera Solda

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É comovente a paixão do atual presidente da Câmara pelo Brasil

Como dizem os comentaristas políticos, as instituições estão funcionando a pleno vapor

Recebo com imensa expectativa as notícias de que o centrão fez por merecer mais ministérios no governo Lula.

Eu não deveria dizer, mas esse Arthur Lira, esse Rodrigo Pacheco botam a gente comovido como o diabo. Verdadeiros maestros capazes de reger as diferentes vozes que ressoam no plenário, visando afinação inequívoca com anseios sociais, projetos modernizantes e ideias de vanguarda. Tudo isso de maneira orgânica, alegre e espontânea —nada robótica.

Não podemos ser ingênuos e pensar que esse fenômeno acontece ao acaso. Tudo nasce da paixão que os partidos brasileiros nutrem pelo povo.

Toda organização partidária tem por escopo encontrar cidadãos e cidadãs que melhor vocalizam as demandas dos mais variados setores da sociedade brasileira. De maneira que os candidatos sempre se destacam quando conseguem conciliar duas qualidades: o trabalho de base que realizam em prol de suas comunidades e o poder de articulação de novas ideias que arejam e atualizam o jogo político.

São esses os candidatos que geralmente conseguem se destacar na meritocrática e transparente estrutura dos partidos políticos brasileiros. Angariam notoriedade por seus atos e projetos, logrando assim conquistar mais e mais eleitores.

Cada cidadão, bem informado, é capaz de fazer suas escolhas com independência. Todo brasileiro se lembra em quem votou para deputado estadual, federal e vereador, e cobra as promessas de campanha.

É um círculo virtuoso.

Foi esse modelo de organização partidária limpa e propositiva que fez com que brilhantes deputados emergissem. Ulysses Guimarães deve estar feliz ao ver lideranças públicas na Câmara dos Deputados com notável saber e conduta ilibada como Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e Arthur Lira. O trabalho incansável desses três Reis Magos conseguiu, enfim, balancear de maneira saudável as forças do Legislativo e do Executivo.

Não duvido que as negociações do governo com o centrão se desenrolam em processo seletivo ininterrupto que busca as mentes mais brilhantes e aptas a exercer cargos nos ministérios e na máquina pública com autonomia. Desde que todos comunguem da afinação inequívoca com anseios sociais, projetos modernizantes e ideias de vanguarda.

Afinal, como dizem os comentaristas políticos, as instituições estão funcionando.

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Flagrantes da vida real

Áldice Lopes e o Festival Espetacular de Teatro de Bonecos. © Maringas Maciel.

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Lídia

Minúscula ilha do mar Egeu, redonda como o Coliseu romano e mais ou menos de mesma extensão e circunferência, Lídia poderia ser a mais despercebida ilha de toda história, não procriassem nela os pégasos, estes cavalos de inenarráveis asas.

Vindos de todo Arquipélago, Lídia é o cenário de amor onde se acasalam, nos fulgurantes maios gregos, pégasos com pelagem das mais diversas cores, e asas da mais diversa envergadura. Mal raie o sol a indicar que é maio no azul do tempestuoso Oceano, os primeiros pégasos pousam nas estreitas praias. Afundam então na areia os cascos, manchados à luz do amanhecer pelas tintas de um ouro-velho de ferruginosa beleza. As asas, essas nem falem, agitam-se alvas mas tão alvas que chegam a refletir como num espelho o azul do Egeu profundo.

Bardos e nautas, górgonas e sereias em vão tentaram chegar a Lídia e foram invariavelmente afugentados, seja pelo violento mar que ali se escrespa e naufraga mesmo as galés mais portentosas, seja pelo pronto vôo com que os pégasos se arremessam, cascos e dentes, asas e crinas tensas, a escorraçar, à proximidade das praias, os eventuais invasores.

Nenhum estranho, nem mesmo os pássaros do velho Arquipélago ousaram se aproximar de Lídia. Ou ali deitar seus ovos. Permanentemente vigiada, desde o princípio do mundo, por gerações e gerações de pégasos, Lídia é e sempre foi a ilha dos cavalos alados. De mais ninguém. E é nela, pois, que crescem, amamentados por soberbas éguas-de-asas, nela, em Lídia, os potros selvagens que trotam, e nela ensaiam, empurrados com o focinho pelos pégasos mais velhos, os primeiros e oscilantes vôos. Obsedante exercício de quedas e imprevistas ascenções.

Então é que acontece: às centenas os pégasos novos descrevem um círculo sobre Lídia, branca e verde em meio ao incalculável azul, e relincham, e voam, enfim voam!, a variegada pelagem, num estrepitar de asas que chega a silenciar o rumor do mar furioso.

Mas são tantos, por vezes, os pégasos no céu de Lídia, os que chegam e os que vão, os que amam e os que se assustam em escuro assombro, que o sol chega a faltar quando demora a tarde extravagante de Lídia e de suas praias brancas.

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Nuova lingoagem

Retícula sobre foto de Lucília Guimarães

depoiz de muytos anos eu vouto
à nuova lingoagem do mesthre reynaldo
jiardenas qui meh encinol a sabedorya
dos morubixabhas ece portuguêz apavorahdo
y adestradu nahas palabras qui fojem de
sy y penetrão no sótaum devorandu todus
os alfa rábius

(ao morubixaba reynaldo jardim)

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O irritante guru do Méier

Não me perguntem como consegui, mas esta é a carta-renúncia de Sir Ney: ”Os recalques e o desrespeito dos humoristas se desencadeiam contra mim. Não me acusam, me gozam. Não me combatem, me ridicularizam. E não me dão cinco anos de governo. Tenho dormido dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante para realizar alguma coisa. Nada mais vos posso dar depois da moratória e da conversa ao pé do rádio. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, eu volto para o Maranhão. Escolho esse estado para estar longe de vosco. Meu fiasco vos manterá desunidos e meu fracasso será vossa bandeira de fuga. Ao riso respondo com o pendão. E aos que pensam que me gozaram respondo com outra gozação. Serenamente dou o último passo pra Academia e saio da história para cair na vida.”

*(1988, Quando Sarney lutava para permanecer mais um ano no governo). Millôr Fernandes – Millôr Definitivo, A Bíblia do Caos, 5ª Edição, página 415.

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Arceidat?

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© PhotoSight Russian Girls

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MON promove mesa-redonda sobre o artista Bispo do Rosário

Divulgação

O Museu Oscar Niemeyer (MON) realizará uma mesa-redonda sobre a exposição “Sonoridades Bispo do Rosário”, com a presença do curador Luiz Gustavo Carvalho; da diretora do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Raquel Fernandes, e da artista paranaense Fernanda Magalhães. Aberta ao público e gratuita, a atividade acontecerá no miniauditório, no dia 20/7, às 19h.

A exposição, em cartaz na Sala 6 do Museu Oscar Niemeyer, reúne mais de 100 obras. A mostra coloca o legado de Arthur Bispo do Rosário em diálogo com outros artistas cujos processos criativos foram influenciados por ele e pela convivência com a Colônia Juliano Moreira, onde passou a maior parte da vida como interno. São eles: Antônio Bragança, Stella do Patrocínio, Leonardo Lobão, Paulo Nazareth, Marlon de Paula, Rick Rodrigues, Eduardo Hargreaves, Fernanda Magalhães e Guilherme Gontijo Flores.

Além de discutir aspectos importantes de seu universo criativo, a mesa-redonda abordará também as relações existentes entre a obra e o território onde a mesma foi criada – a Colônia Juliano Moreira, um dos maiores hospitais psiquiátricos do Brasil, hoje transformado no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea. A conversa evoca ainda o papel fundamental que têm os museus na ressignificação de territórios através da arte.

Celebrado e reconhecido postumamente no Brasil e no exterior, num processo incomum, ausente de formação acadêmica, Bispo do Rosário produziu a partir de materiais inusitados, transformando sua genialidade em instalações surpreendentes, comparáveis à obra de Marcel Duchamp ao mostrar que a arte é possível também a partir da simplicidade de objetos do cotidiano.

Evocando os aspectos sonoros e poéticos presentes na obra do artista, os diversos objetos, instalações, colagens, assemblages e estandartes presentes na exposição dialogam com obras visuais, performáticas e poéticas de outros artistas que integram a exposição, deixando evidente o impacto de seu legado no cenário da arte contemporânea.

Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) foi interno da Colônia Juliano Moreira (RJ), um dos maiores hospitais psiquiátricos do país no século passado, durante boa parte de sua vida. Carregou vários estigmas de marginalização social ainda vigentes em nossa sociedade – negro, pobre, louco, asilado em um manicômio – e conseguiu, na sua genialidade, subverter a lógica excludente proposta, a partir da sua obra.

Serviço: Sonoridades Bispo do Rosário – mesa-redonda|Dia 20/7, às 19h|Miniauditório do MON (subsolo) – Aberta ao público e gratuita

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Mural da História – 2020

esta-comida

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Imperdível!

trespassing-capítulos-2Nos anos 1960, Ingmar Bergman mudou-se para a pequena ilha de Fårö no Mar Báltico cercando seu novo lar de muito mistério e onde, entre outras coisas, seu filme PERSONA foi ambientado em 1966. Poucas pessoas conheciam a localização exata do lugar, mas após a morte de Bergman a ilha ficou conhecida do público.

Em Trespassing Bergman nos juntamos a Michael Haneke, Claire Denis, Martin Scorsese e outros grandes diretores para visitar a ilha, a Meca da história do cinema, segundo o diretor mexicano Iñárritu. A cinemateca deixada por Bergman é analisada tanto crítica quanto carinhosamente. Seriam os filmes, vistos pelos olhos atuais, um mero produto do seu tempo ou eles ainda têm o mesmo valor humano e artístico?

Não é qualquer um que divide suas opiniões conosco: Ang Lee, Isabella Rossellini, Harriet Andersson, Zhang Yimou, Francis Ford Coppola, Takeshi Kitano, Wes Anderson, Robert de Niro, Martin Scorsese e Ridley Scott são apenas alguns que conhecemos. Esta aventura até Fårö valeria a pena para ouvir Woody Allen revelar que Bergman, em seus últimos anos, precisava acalmar-se assistindo filmes ordinários antes de poder dormir. Ou Lars von Trier explicar seu relacionamento complicado e frustrante com o homem que ele amava, mas do qual nunca obteve reconhecimento.

Trespassing Bergman|Cinemateca de Ingmar Bergman|Documenário|Jane Magnusson, Hynek Pallas|Suécia|2013|12 capítulos|45m cada|Legendado

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O uso das palavras obscenas

Desmedido eu vivo com medida
Amigos, deixai-me que vos explique
Com grosseiras palavras vos fustigue
Como se aos milhares fossem nesta vida!

Há palavras que a foder dão euforia:
Para o fodidor, foda é palavra louca
E se a palavra traz sempre na boca
Qualquer colchão furado alivia.

O puro fodilhão é de enforcar!
Se ela o der até se esvaziar: bem.
Maré não lava o que a árvore retém!

Só não façam lavagem ao juízo!
Do homem a arte é: foder e pensar.
(Mas o luxo do homem é: o riso).

Bertolt Brecht
(Tradução de Aires Graça)

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Charmaine. © IShotMyself

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