Mural da História – 2010

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A mãozinha do Diabo no corpo

Somos levados a supor que todos os eventos levam ao homem e são destinados a subservir as nossas necessidades. Esquecemos que o antropocentrismo é um antro de perdição, um saco de gatos escaldados. A razão nos faz obliterar o conjunto da obra: a natureza. Só na nossa imaginação as coisas são belas ou horrorosas, ordenadas ou confusas. A natureza é impassível. Ela flui. Autorizamos deformidades numa rocha ou numa árvore só porque elas não se prestam aos fins que desejamos. Instituímos o belo como sendo saudável. O feio como enfermidade.

O vinho corre em minhas veias. Estou em paz totalmente preparado para a guerra. Música no ar. Pulo para o capítulo voltairiano. Sabe-se que a moral da época, século XVIII, permitia que uma dama acrescentasse um amante à sua ménage, se fosse feito adequadamente, respeitando a hipocrisia da Humanidade. A marquesa du Chatelet, com 28 anos, mulher de um insípido marquês, escolheu um gênio da época: Voltaire, de 40. Mas passavam o tempo, juntos, só em estudos e pesquisas. Óó, cupido, pra longe de mim! Bendito Castelo de Cirey!

Dulce est disipere in loco. Doce é perder o juízo de vez em quando. Minha profissão é dizer o que penso, disse Voltaire, com o diabo no corpo. Il avait le diable au corps! A minha é desdizer o que os outros pensam. Ou o que penso que os outros pensam. O significado da palavra entusiasmo, que vem do grego, é emoção das entranhas, agitação interior. Voltaire pergunta: quantos graus existem nas nossas afeições? Acordo, sensibilidade, emoção, perturbação, surpresa, paixão, arrebatamento, demência, furor, raiva. Mas meus amigos, diante de qualquer fato, diante de belo, do bom, do perturbador, não se perturbam e soltam um único e sonoro: ducaralho!

Enlouqueço um pouco. Doce é. Docemente o vinho desce. O Sol tenta ir dormir e pisca. Estrelas sentem agitação nas entranhas. E caem.

*Rui Werneck de Capistrano tem o diabo no copo

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Carta ao Céu – 2006

Sérgio Fernando da Veiga Mercer |Céu – Aos cuidados de S. Pedro

Pois é, Mercer! Resolvemos fazer uma reunião para falar sôbre você. Não que precisemos disto para lembrá-lo. Várias noites eu acordo pensando em telefonar para você . Para comentar algum livro ou para tirar a dúvida sobre quem foi o ator coadjuvante do filme “No tempo das diligências”. Dessas coisas que só você sabia. Logo me lembro que você não está, fisicamente, mais conosco.

Então, fico imaginando como será tua vida longe de nós. Conhecendo teu temperamento, sempre me ocorre a idéia de que você possa ter perdido a paciência as harpas tocadas pelos anjos durante a eternidade e arranje um jeito de incluir nesta orquestra um cavaquinho e um tamborim.

Nossos amigos vão bem. O Queixinho do Bar Botafogo também já nos deixou. Ele e o Divonei Campos. Você há de encontrá-lo qualquer dia desses.

São tantas coisas que eu queria te contar, mas a arte é longa e a vida, curta. Não posso deixar de dizer alguma coisa sobre política. Nem me pergunte. O PT, que era o médico, transformou-se no monstro. Nunca se roubou tanto. O País está sendo dirigido por uma lula sem cabeça.

Quando converso com alguém de nossa intimidade, sempre me pergunto como foi a tua vida. Ocorre-me então as palavras de um sábio francês : “Sempre achei que deveríamos escolher para nossos aliados e juízes perpétuos a ironia e a piedade. A ironia que eu invoco não é uma divindade cruel. Não zomba do amor nem da beleza. Mas é ela que nos ajuda a rir dos velhacos e dos parvos e a sermos tolerantes com o ódio e o desdém. A piedade com seu pranto justifica a vida”. Na minha opinião, você sempre viveu mais ou menos dentro desses parâmetros.

Com estas palavras, digo adeus.

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Tempo – Salão de Humor do Piauí

Desenho de Tabaka, artista gráfica polonesa.

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As 9 pessoas que você provavelmente vai namorar, de acordo com Simone De Beauvoir

Quando você tenta encaixar os seus “casos” recentes em seus respectivos arquétipos. “Claramente ela é como a fulana” ou “Ele é tão babaca” – é bem improvável que o nome de Simone de Beauvoir entre nessa conversa.

Aclamada por sua teoria feminista e filosofia existencialista, Beauvoir foi uma das primeiras mulheres a receber um diploma da prestigiada Universidade Sorbonne de Paris e a pessoa mais jovem a passar no infame exame da agrégation em filosofia. A maioria a conhece por suas contribuições para a vibrante cena intelectual parisiense e pelo seu relacionamento com Jean-Paul Sartre*. O que poucas pessoas sabem é que Beauvoir fez uma vez uma análise sucinta, sarcástica e brilhante dos nove tipos de pessoas que você certamente vai namorar um dia.

Na parte II de Por uma Moral da Ambiguidade, Beauvoir detalha uma série de reações comuns que as pessoas têm para a perda da infância. Você entende que a percepção do mundo não é dada por Deus ou pelos pais. Naquele momento parece que estamos livres para agir, mas estamos paradoxalmente ligados ao destino. A verdade é que a maioria das pessoas que você encontra está lutando com uma assustadora mistura de liberdade e falta de liberdade que vem com a idade adulta. Mas todos estão sofrendo de formas diferentes. Beauvoir ataca sutilmente os maiores pensadores da época – ela não era fã de Friedrich Nietzsche – e suas classificações são estranhamente aplicáveis aos encontros do Tinder.**

1. O Sub-Homem: “Nada jamais acontece; nada é mérito do desejo ou do esforço”.

O pior de todos, o Sub-Homem tem um vislumbre da liberdade pós-infantil e, horrorizado, fecha-se para o resto do mundo. Seus pais permitiram o medo de brócolis e agora ele se nega a comer comida asiática. Esta pessoa decidiu há muito tempo que tudo no mundo é insignificante e sem brilho tornando a profecia autorrealizável e em vez de enfrentar o desafio do livre-arbítrio ela esconde-se disso. Este é o tipo desanimado e apático — homem ou mulher — que ficaria em pé na frente da Ponte Golden Gate e permaneceria indiferente. Fator de risco: Baixo. Você será capaz de reconhecê-los a mil léguas.

2. O Homem Sério: “O Homem Sério se livra da sua liberdade com a pretensão de subordiná-la aos valores que seriam incondicionais”.

Provavelmente o tipo mais comum, o Homem Sério resolve a crise existencial da puberdade escolhendo algum objeto arbitrário ou sistema para definir os seus valores. Não existe nenhuma razão para ela ter escolhido aquela coisa – será que a sua aula de spin é realmente sagrada?? – mas quando que ela se decide por algo, ela não muda de ideia. Este tipo aparece em todos os lugares, de fanáticos religiosos a CEOs gananciosos que definem a sua autoestima com dinheiro. Em algum momento ela provavelmente questionou a adesão a esse culto, mas agora ela acredita “por acreditar” só para ter um significado absoluto no mundo. Dica: essa pessoa tende a saber que ela é uma fraude e desta forma você a reconhece por sua predisposição à ironia. Fator de risco: Médio. Se você escolheu valores arbitrários parecidos, você vai se dar bem.

3. O Homem Apaixonado: “Tendo se envolvido durante toda a sua vida com um objeto externo que pode escapar continuamente, ele sente tragicamente a sua dependência.”

É fácil confundi-lo com o Homem Sério pois o Homem Apaixonado vai obsessivamente investir toda a sua energia e crença em algo. No entanto, o Homem Apaixonado não acredita que o significado resida de fato nesse objeto – mas em sua relação com o objeto. Ela falará sem parar sobre sua conexão especial com o novo álbum da FKA Twigs ou com a poesia italiana do século 17, o que pode inspirar você, mas também transforma “qualquer conversa, qualquer relacionamento em algo […] impossível.” Se você tiver sorte suficiente para ser o objeto da sua paixão, você estará em um mágico e esmagador romance – mas fique de olho pois as coisas podem sair do controle. Infelizmente, o Homem Apaixonado deve enfrentar o fato que ele nunca vai estar totalmente unido a você ou com a Srta. Twigs. Fator de risco: Médio. Ideal para um intenso romance de verão – contanto que você consiga lidar com o desgaste emocional e a pior briga de separação da sua vida.

4. O Niilista: “Consciente da sua incapacidade de ser qualquer coisa, ele decide então ser nada”.

Normalmente encontrado em adolescentes que acabaram de perder o estado idílico da infância, ele também pode aparecer nas crises de meia-idade das pessoas que tentaram ser sérias — e falharam. Às vezes eles parecem Sub-Homens, mas os niilistas se arriscaram no mundo. Eles tentaram exercer a sua liberdade, mas foram derrotados. Então, eles tendem a ser mais exuberantes, agressivos e propensos a forçar em você suas leituras lascivas de Nietzsche. Fator de risco: Alto. Ao contrário dos Sub-Homens, eles não se contentam em ficarem apenas sentados e serem mal-humorados. Eles têm que provar para todo mundo que o mundo é sem sentido – mesmo que isso signifique destruir coisas que outras pessoas criaram. “Se ele quer ser nada, toda a humanidade também deve ser aniquilada”, adverte Beauvoir. Credo.

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Ostras Parábolas

esperançaBárbara Kirchner. © Maringas Maciel

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A arte da guerra

Maguila-braço-quebrado© Getty Images

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O Vampiro de Curitiba

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Gabbie Carter. © Zishy

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Egashira-san

João Egashira, do Clube do Shoyu de Curitiba. © Lina Faria

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Ella e Marilyn

Marilyn Monroe e Ella Fitzgerald. © Getty Images

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Bolsonaro saiu das páginas da história política do Brasil para a policial

Independentemente de como for escrito o epílogo da história da inelegibilidade do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), o conjunto de malfeitos cometidos durante o seu governo o expulsou da história política do Brasil para a policial. Nos segundos seguintes ao assumir o seu mandato, em 2019, ao contrário do que fazem todos os eleitos, que é começar a trabalhar pela sua reeleição, ele começou a articular um golpe de estado. É essa a história que conta o voto a favor da inelegibilidade do ex-presidente dado pelo ministro relator do processo, Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente do partido do ex-presidente, Valdemar Costa Neto, acredita que seja qual for a situação de Bolsonaro ele tem bala na agulha para influenciar nas eleições municipais de 2024. Será?

Só o tempo responderá a essa pergunta. Não vou especular sobre esse assunto. Se fosse bom em adivinhação já tinha ganhado a Mega-Sena. A minha preocupação como repórter é outra. É saber como as coisas aconteciam entre as quatro paredes do governo Bolsonaro. Vou começar pelo episódio que gerou o processo de inelegibilidade no TSE. No dia 18 de julho de 2022, embaixadores de 72 países foram convocados para uma reunião com o então presidente Bolsonaro. Na reunião, ele denunciou, sem provas, a existência de fraude nas urnas eletrônicas e na Justiça Eleitoral. De quem foi a ideia dessa reunião? Saiu da cabeça do presidente? Olha, o presidente da República é cercado por uma série de assessores, incluindo advogados.

Nenhum o avisou que estava cometendo um crime? O general da reserva Braga Netto era ministro da Casa Civil e fazia parte do círculo íntimo de líderes que rodeavam o presidente. Nas entrelinhas das matérias que temos publicado está lá com todas as letras a suspeita de que a ideia desse encontro tenha sido do general, que foi vice na chapa de reeleição de Bolsonaro. Tenho dito e escrito que todos esses crimes que são atribuídos ao ex-presidente não são só dele. Os seus ministros também são responsáveis. Até agora o único ex-ministro que se enrolou com a Justiça Federal foi o delegado da Polícia Federal (PF) Anderson Torres, que era titular da Justiça e Segurança Pública. Torres está em liberdade vigiada. Lembro aos colegas que o governo Bolsonaro montou um esquema para dar a impressão de que as Forças Armadas estavam governando o país. Colocou 6 mil militares da ativa, reserva e inativos na máquina administrativa federal. Baixou um decreto permitindo que o teto dos funcionários públicos federais, em torno de R$ 40 mil, pudesse ser furado ao somar o soldo dos militares nas Forças Armadas com o salário que recebiam no exercício do seu trabalho no governo. Essa gambiarra abriu caminho para que fossem erguidos acampamentos por bolsonaristas radicalizados na frente dos quartéis das Forças Armadas – há matérias na internet. Foi de um desses acampamentos, na frente do quartel-general do Exército em Brasília (DF), que partiram os radicais que em 8 de janeiro quebraram tudo que encontraram pela frente nos prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF).

As Forças Armadas nunca estiveram no governo. A construção perante a opinião pública da ideia de que os militares estavam no governo aconteceu ao acaso ou foi planejada para ter o apoio da população em um golpe de estado? Repetindo o que aconteceu em 1964, quando os militares deram um golpe e ficaram no governo até 1985. Pelo que tenho lido, salvo se algum colega publicou e não vi, pouco sabemos sobre a construção dessa farsa de que os militares haviam voltado ao poder. A construção dessa imagem foi importante porque serviu para manter mobilizados os bolsonaristas raiz depois da derrota do ex-presidente para Luiz Inácio Lula da Silva.

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Eu não acredito em céticos, mas, que eles existem, existem. 

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Senhorita, eu quero amá-la…

© Marab

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