The dream is over

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Alguns cenários pós-Bolsonaro

Se a vitória não foi possível com um líder carismático usando sem cerimônia todo o aparato do Estado, ela se torna mais difícil caso a direita não encontre o novo modelo.

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© Jan Saudek

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A vez do blocão no ministério

Lula garantiu a aliados que não fará nenhuma mudança em seu Ministério, além do Turismo, neste primeiro semestre. Um integrante do governo, porém, lembra que a partir de julho é segundo semestre e que o presidente terá de considerar o tamanho dos blocos na futura reforma ministerial.

No chamado blocão, que tem 174 deputados, há o PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e o PDT, ideologicamente mais alinhado ao governo, mas também o PSDB/Cidadania, Patriota, Avante, Solidariedade e o PP.

Lula tem sido aconselhado a incluir o PP, um dos principais partidos do bloco, na futura reforma. Gente da articulação acha que a legenda, embora não feche inteira com o governo, está aberta a votar alinhada no que não for fortemente ideológico.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, quer o Ministério da Saúde, mas Lula resiste. Apesar das sugestões de Lira, diz um aliado, ele e os seus se contentarão com cargos no segundo escalão da pasta.

O presidente prometeu se dedicar melhor ao tema no seu retorno ao Brasil. Segundo seus auxiliares, Lula está aberto à ideia de que precisa remodelar o governo a partir dos agrupamentos realizados no Congresso após sua posse.

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Marinho Gallera, em 3 tempos

Mário Amadeu Gallera, o Marinho, nasceu em Araraquara, no interior paulista, seis anos depois de seu irmão, Mário Sérgio Gallera. Ambos passaram seus anos verdes naquele tempo em que o telefone ainda não havia chegado à cidade e todo mundo se tratava pelo nome. 

Todos conheciam Seu Amadeu Gallera, o pai de Mário Amadeu e Mário Sérgio, casado com Dona Adelina Dorsa Gallera. Ele era o dono da Farmácia Minerva, que abria as portas para a rua 9 de Julho, a popular Rua 2. No mesmo terreno, nos fundos, ficava a primeira casa da família. Anos mais tarde, a família mudou-se para outro endereço na mesma rua. Muito perto da nova moradia, Seu Amadeu montou a Farmácia Técnica. Estudou Técnica de Farmácia no Instituto Pinheiros, em São Paulo, e trabalhou na Faculdade de Farmácia e Odontologia de Araraquara, onde desempenhou funções até se aposentar. 

Dona Adelina Dorsa Gallera, a mãe, além de cuidar da casa e da família, destacava-se como cantora no Coral Araraquarense, regido pelo maestro Lysanias de Oliveira Campos, e no Coro da Igreja Santa Cruz que costumava se apresentar nas missas e casamentos. Marinho lembra-se muito bem disso pois, ainda criança, em companhia da mãe, ia aos ensaios e apresentações do Coral e do Coro. 

O Coral cantava diversas músicas populares e árias de óperas. Nos ensaios, compenetrado, ele desempenhava um papel fundamental. Sentava-se ao lado da pianista acompanhadora e olhava o tempo todo para ela, aguardando o sinal para virar as páginas da partitura. O Coral Araraquarense era muito conceituado no interior de São Paulo. Volta e meia, recebia convite de alguma companhia para fazer o coro em óperas de Puccini, Mascagni, Verdi, Bizet e outros. E lá ia o Marinho, viajando pela região junto com o Coral, que contava com nada menos do que quatro representantes da família Dorsa – Adelina, Marise, Yolanda e Luiza – além do tio Nelson Gullo e do primo Marcos Garita. 

Marinho entrou em contato com a música popular brasileira ouvindo a Rádio Cultura Araraquara. Mas não só. O repertório do Coral também continha peças populares de autores famosos como Heckel Tavares, Waldemar Henrique, Joubert de Carvalho e muitos mais daquela época. Canções que, de tanto ouvir, Marinho ia tirando para cantar ao violão ou para acompanhar a bela voz de soprano de Dona Adelina e as tias em memoráveis apresentações solo. 

Quando tinha dúvidas, recorria a um amigo músico, Paulo Ferrante, o Paulão, exímio tocador de piano, flauta e violão, generoso em dividir o que sabia com quem quisesse saber. Outra fonte de informações preciosas era José Carlos Arone, baixista da Orquestra Nelson de Tupã, em que Marinho dava suas canjas, cantando o melhor da MPB de então, no final dos bailes que animavam o Clube 27 de Outubro, em Araraquara, e outros no interior do estado. 

Por falar em clubes, é importante lembrar que Marinho brilhou com a camisa do time de voleibol da Ferroviária de Araraquara e, por diversas vezes, defendeu as cores da seleção da cidade em torneios estaduais.   

A Pauliceia Desvairada

Depois de fazer o ginásio e cursar o primeiro ano do Científico no Instituto de Educação Bento de Abreu, de Araraquara, Marinho mudou-se para São Paulo e ali concluiu o ensino médio no Colégio Estadual Macedo Soares. 

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Mural da História – 2010

Sábados da Memória das Artes Gráficas

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Confraria do Rollmops

João Antonio Batista de Pilar – 1960|2023. Retícula sobre foto de Maringas Maciel.

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TSE adia sessão porque nem ministros querem votar em Bolsonaro

TSE adia sessão porque nem ministros querem votar em Bolsonaro. O TSE adiou hoje a votação que pode deixar Bolsonaro inelegível por oito anos. O objetivo do ex-capitão era se candidatar a síndico do Vivendas da Barra.

Bolsonaro convocou os embaixadores para denunciar a votação. “Reclamaram que eu queria adiar a eleição para 2026 e agora fazem isso”, disse, colocando sobre a mesa um óleo para o rosto. “É muita cara de pau. Para isso, a Michelle vende esse óleo aqui tá ok?”

Alexandre de Moraes disse que pediu o adiamento para ter tempo de imprimir seu voto porque faz questão de ler o voto impresso.

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Bife Sujo

Alberto Melo Viana, o Baiano, Ivo Rodrigues, Gigante e Toninho Stinghen, em algum lugar do passado. Foto de Misquici, enviada por Neri da Rosa.

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Mural da História – 2010

papel-higiênico

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Itararé

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Anotações gerais, incluindo nunca escrever sobre aquela mulher da escola

Repetir a ressonância e produzir a série com belas modelos gordas, a ‘XL Bündchen’

Me vestir de glúten (trigo) para uma festa de Halloween. Criar um videocast chamado “Discovery Xanal”, com entrevistas sobre expedições na mata vaginal.

Ganhar na Mega-Sena acumulada, dar R$ 5 milhões para o padre Júlio Lancellotti, investir o resto em roteiros que serão aclamadíssimos e provar para todas as jovens recém-chegadas de cursos de cinema em NY (que ganham cargos altos em empresas de streaming) que tudo bem ignorar o plot da página 18, a virada de subplot na página 28 e a semivirada de meio de plot da meia página da página exata do meio do plot. Cada vez que uma semiexecutiva de plot se forma em NY, um artista desfalece de tédio no chão frio de um banheiro.

Nunca mais tentar abrir espacate só para fazer piada para a minha filha.

Repetir a ressonância do quadrado lombar.

Produzir uma série empoderadíssima com belas modelos gordas e influencers body positive chamada XL Bündchen.

Não fingir costume da próxima vez que encontrar o Caetano Veloso –tudo bem pedir uma foto e chorar.

Beijar mesmo que eu esteja com metade de um bauru na boca, porque depois dá muito trabalho explicar que era um bauru e não um ensimesmamento ególatra que me torna incapaz de amar.

Me vestir de lactose (garrafa de leite) para uma festa de Halloween.

Criar um podcast chamado “Se Ela Não Sabe, Quem Sabe?” e entrevistar apenas mulheres com mais de 50 anos.

Nunca mais sair catando brinquedos pelo chão com a perna reta. Lembrar de sempre agachar (com os joelhos virados para a frente) usando as coxas.

Repetir a ressonância pélvica.

Usar “deslizamento metonímico” e “evitamento da pulsão escópica” na minha próxima sessão de análise, para impressionar.

Fazer a análise pra valer em vez de querer impressionar.

Descobrir se anandamida é mesmo um tipo de THC produzido naturalmente pelo ser humano ou se aquele médico estava chapado de um THC produzido naturalmente pela estufa dele.

Não esquecer que o laranja do salmão vendido no Brasil é somente a coloração de um peixe (que não é salmão) que está em sofrimento. Pesquisar onde vende salmão silvestre. Lembrar que o nome correto é salmão selvagem. Me organizar para ir ser selvagem por entre árvores e esquecimentos. Fernando Pessoa. Maria Bethânia. Better, better, Beta, Beta, Bethânia. Please send me a letter. Comprar ingresso para o show do dia 13 de agosto. Rio de Janeiro. Disco “Transa”. Três médicos falaram que eu não tenho TDAH. Tati desencana ainda hoje. Tati deusa agora hiberna. Tati durma agora histérica.

Registrar todas as ideias antes de contá-las. Jamais escrever crônicas com nomes e ideias sem antes registrá-las. Nem se faltar assunto.

Trabalhar menos ganhando mais porque já tenho quase 45 anos e estou exausta e preciso de tempo para ler e estudar. Não aceitar tudo o que me passam de trabalho. Melhor ser feliz do que ser rica. Ainda tenho 44 anos, então tudo bem, daqui a um ano penso nisso.

Rezar toda noite na esperança de que um dia eu consiga me livrar da lista mental de pessoas das quais me vingar que faço todos os dias no banho desde os 11 anos. Como a lista cresce exponencialmente, gasto água demais. E energia. E gás. E a minha pele.

Ter um programa de TV chamado “Quebra de Decoro” só com políticos e políticas e polítix que estão muito irritados e irritadas e irritadix. Não complicar e dizer apenas “toda semana uma pessoa bravíssima envolvida com política” na hora do pitching.

Perceber que se você continuar se irritando com todo mundo que é lerdo ou devagar ou quase parando só vão sobrar amigos ansiosos, irritados e neoliberais e você vai se manter exatamente como é, sem evoluir nada.

Reconsiderar o parágrafo anterior: pensando bem, isso é bom.

Jamais, jamais, jamais, escrever uma crônica sobre aquela mulher da escola.

Comprar o travesseiro de corpo inteiro.

Aceitar que não vai resolver.

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É sempre bom lembrar

Patrícia Poeta Pfingstag (São Jerônimo, 19 de outubro de 1976) é jornalista.

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Flagrantes da vida real

Edição limitada. © Maringas Maciel

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