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Elas
Debaixo d’água
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O centrão no poder
Uma certeza que se tinha antes mesmo de os eleitores votarem em outubro passado é que, não importa quem saísse vencedor no pleito presidencial, o centrão continuaria a dar as cartas. Lula sabia disso. Bolsonaro sabia disso. A questão que se coloca para o chefe do Executivo é como mitigar a força desse grupo e abrir espaço para sua própria agenda.
Ninguém ignora que o incentivo ao qual os parlamentares mais respondem são cargos e verbas. Eles podem ser distribuídos por canais regulares. É a famosa divisão do poder. Mas, quando o presidente age assim, ele por definição abre mão de poder, que é algo que os chefes de Estado relutam em fazer. Uma alternativa mais, digamos, econômica é proceder à distribuição por vias não regulares. Lula tentou isso em seus primeiros mandatos, o que resultou no mensalão e no petrolão. Não dá para dizer que tenham sido casos de sucesso.
Bolsonaro, depois de ensaiar uma atitude de enfrentamento, se abriu inteiramente ao centrão. Foi assim que surgiu o chamado orçamento secreto. E o ex-presidente também teve de entregar a Casa Civil à administração direta do grupo. O problema é que os parlamentares gostaram dessa experiência de gerir diretamente as verbas e agora se recusam a largar o osso. O pedágio da Presidência ficou mais caro.
Mesmo na improvável hipótese de Arthur Lira terminar preso, não vejo como Lula possa escapar de ter de dividir o poder, talvez mais do que no arranjo inicial dos ministérios. Acho, porém, que ele conseguiria mais espaço para suas políticas se seguisse sua promessa de campanha de governar com uma frente ampla.
Em vez de apostar em pautas ideologicamente divisivas, deveria concentrar-se nas que estão mais próximas de um consenso. É mais fácil um deputado do centrão votar a favor do arcabouço fiscal de Haddad do que de medidas que reforcem o papel das estatais no saneamento.
Política pode ser definida como a arte de forjar consensos.
Tempo
Solda vê TV
A linha Retta
Morre Astrud Gilberto, voz que internacionalizou a bossa nova, aos 83 anos
“Venho trazer a triste notícia que minha avó virou estrela hoje. E está ao lado do meu avô João Gilberto“, diz o texto publicado no perfil.
Astrud Gilberto ficou conhecida mundialmente por ter cantado “The Girl from Ipanema”, a versão em inglês do clássico “Garota de Ipanema”. Por esse registro, se tornou a primeira brasileira e a primeira mulher a ganhar o Grammy de música do ano, nos Estados Unidos, ao lado do saxofonista Stan Getz, em 1965.
Naquele ano, o álbum “Getz/Gilberto”, parceria do músico americano com João Gilberto e vocais de Astrud Gilberto, ganhou o prêmio de disco do ano. A cantora ainda foi indicada na categoria de artista revelação —a mesma de Anitta em este ano—, em que foi derrotada pelos Beatles.
Nascida em Salvador, em 29 de março de 1940, Astrud Evangelina Weinert se mudou ainda para o Rio de Janeiro e foi casada com João Gilberto entre 1959 e 1964. Além de pegar o sobrenome do pai da bossa nova, ela começou a cantar em 1960, quando já estava com ele.
Assim como Tom Jobim, ela é uma das artistas presentes em “Getz/Gilberto”, álbum que marcou a aproximação da bossa nova com o jazz e também a entrada do gênero brasileiro no mercado americano.
Além de “The Girl from Ipanema”, Astrud deu voz a “Quiet Night of Quiet Stars”, versão em inglês para “Corcovado”, no disco clássico. Ela tinha 23 anos quando fez as gravações, muito conhecidas mundialmente até hoje.
Astrud conheceu João Gilberto através da cantora Nara Leão, de quem era amiga. Eles moraram em Ipanema e em Nova York, e tiveram um filho juntos, João Marcelo Gilberto, de 63 anos, que é pai de Sofia. Depois da separação, ela continuou morando nos Estados Unidos.
A baiana, que é filha de mãe brasileira com pai alemão, ficou conhecida ao longo da carreira principalmente pelas gravações de bossa nova em inglês. Seu álbum mais conhecido é “The Astrud Gilberto Album”, de 1965, que tem Tom Jobim no violão e João Donato no piano.
Astrud lançou diversos álbuns na década de 1960, incluindo “The Shadow of Your Smile”, de 1965, “Beach Samba” e “Look to the Rainbow” de 1966, e “A Certain Smile, A Certain Sadness”, de 1967. Neste último, contou com a parceria do pernambucano Walter Wanderley, outro que fez fama nos Estados Unidos, tocando órgão, e fez sucesso com “Summer Samba (So Nice)”, versão de “Samba de Verão”, de Marcos Valle.
Em 1972, gravou músicas de Luiz Gonzaga (“Baião”) e Jorge Ben Jor (“Take it Easy my Brother Charlies” no álbum “Now”. Em 1977, no disco “That Girl From Ipanema”, dividiu os microfones com o trompetista Chet Baker na faixa “Far Away”.
Além das interpretações de bossa nova com letra em inglês, Astrud costumava incluir gravações em português em seus discos. “Água de Beber”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e “Berimbau”, de Vinicius e Baden Powell, são algumas das músicas que ela popularizou na língua de seu país de origem.
Nas décadas seguintes, sua produção diminuiu, mas ela continuou ativa até 2002, quando lançou o álbum “Jungle”, coproduzido pelo guitarrista americano Mark Lamber. Astrud passou as últimas décadas da vida na Filadélfia, se dedicando às artes plásticas.
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Publicado em prof. thimpor
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