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A charge escrita
Se eu fosse desenhista faria um cartum… uma charge, mas com certeza não faria caricatura, pois a caricatura é uma realidade distorcida, expressionista e emocionada de alguém. Não! Gostaria de desenhar uma charge (Fred, me ajude!) que refletisse todo o conteúdo emocional de um singular evento político (educativo, artístico, popular, providencial, nada elucidativo, mas muito, muito claro… repleto de luzes), de modo a dar-lhe um imenso caráter fidedigno.
Como posso fazer isso sem os “insights” do Albert, a precisão da Guacyra, e o um contexto “natural” de calor, muito calor humano? Não sou desenhista de Humor, tampouco escultora, embora seja uma admiradora boba da arte do Zaia. Sou professora (de arte), e como eu mesma descobri nestes últimos tempos na minha ainda pouca experiência profissional: sou formadora de opinião pública!
E como formadora de opinião pública, com certeza a minha opinião é tão importante que me arrisco a entregar este texto ao Pimentel e ao Vinícius – eles que façam o que quiserem, contanto que só joguem no lixo quando terminarem de ler, pois a minha atitude foi muito arriscada e cheia de coragem (sentindo um frio na espinha!).
Bem, essa realidade a ser ilustrada é o Salão do Humor deste ano da graça de 2003…Foi eu mesma que escrevi isso? “Ano da graça?” Será que estou começando a escrever com Humor, Pimentel? Gostaria mesmo era de ver Drummond rir, gargalhar alto, de uma piada minha, tanto que chorei e senti dó do mundo e de mim com seus poemas. Doce e impossível vingança.
Bem, vamos ao texto, já que desenho ou escultura não sai mesmo…
‘Para mim o Salão está sendo experiência de vida… Parece que, de repente acende um monte de “lampadinhas” na cabeça e o Gusman que concorde comigo: É INCONTROLÁVEL ESSE ROMPANTE DE CRIATIVIDADE, estimulado por uma galeria de trabalhos criativos. Menção Especial ao Solda.
Posso afinal produzir um texto colocando infinitos pontos: de preferência de interrogação e exclamação, sem me lembrar da gramática. A gente começa a escrever de verdade quando esquece a gramática e tudo flui livre, leve, solto, macio (sem ser propaganda de xampú). É como dirigir sem pressa e sem engarrafamento, curtindo o momento.
Dirijo-me em primeiro lugar aos arte-monitores: – “Esse Salão não seria o mesmo sem a fidelidade e carinho da Rejane, o medo de errar que virou competência do Ricardo, a sinceridade explícita do Avelar, a espontaneidade e humildade da Camila, que não se chateava quando repreendida pela coordenação, o jeitinho doce sempre disponível da Edilva, a compreensão e o riso largo da Lia, e a persistência dedicada da Lela que me disse que iria monitorar o Salão mesmo correndo o risco de não receber nada, nem certificado, já que não dispunha de tempo integral para estar lá, mas estava lá. Mesmo, às vezes não conseguindo nos fazer entender, nos entendemos, e devemos isso à nossa incrível e incansável Coordenadora Guacyra que também me confidenciou num dia desses… “Eu acredito tanto no espírito da Fundação Nacional do Humor, que poderia morrer pelo projeto Humor na Escola..”Claro que não é morrer de verdade, é dar a vida para que o projeto funcione e vire programa de vida para muitos jovens, na perpetuidade de Arte do Humor através da Educação. Isso é grande!!!! E, insisto: sem ela não nos uniríamos tanto.
Estamos ainda na metade, no meio desse Salão que se encerrará no Domingo… continuando na semana seguinte com o planejamento do próximo Salão…E assim por diante, a viabilização do Humor na Escola, para que não vire Mau Humor na Escola de tanto se “brigar” por ele. E como me falou um estudante do Liceu em visita informal ao Salão: “precisamos muito de humor na escola, nossos professores são muito zangados, ninguém pode nem sorrir na sala de aula etc. etc. etc., vi quanto este projeto é essencial para a Educação nestes tempos. O menino desconhecia o Humor como Desenho, mas denunciava sem o saber, uma triste faceta da nossa Educação Pública. Infelizmente, não apenas pública. Não há aprendizagem num ambiente desprazeroso, ausente de ludicidade… E todo pedagogo sabe disso(!), mas isso fica para outro texto mais científico, de preferência ao nível de mestrado ou doutorado para que os entendidos acreditem.
Estamos um tanto cansados, mas felizes, felizes pela oportunidade única, como todo segundo da nossa vida é único, de participar ativamente e fazer literalmente o Salão acontecer saindo dos “muros” da nossa rotina universitária. Esses dias valerão mais que muitas aulas de relações humanas. Falando nisso, o ser humano é a única espécie do planeta que precisa de cursos de relacionamento humano. Já se viu animal tendo curso de relação animal para sobreviver enquanto espécie? Ou seríamos bélicos por natureza e nosso comportamento social é imposição cultural? Sei não. Precisamos nos domesticar, ficar manso para sobreviver em paz, pois não vem de modo espontâneo. (pensamento meu).
Aos artistas gráficos do Salão de Humor 2003: – “Os cartuns nos denunciam, nos desnudam. Muitos sequer olham, incomoda. Para alguns é terapia de riso, os mais desarmados. Para outros, mais sortudos, como os nossos convidados, é meio de ganhar a vida (“sonho de artista: fazer o que gosta sem precisar necessariamente fazer o que sabe, e ainda ganhar muito dinheiro com isso” – foi afirmação unânime no Debate). Cartuns valem ouro, dizem muito mais que palavras… Continue lendo
Portfólio
Ilustração para a coluna Carta de Vinhos, de Luiz Carlos Zanoni, em algum lugar do passado.
Publicado em Portfólio
Com a tag Luiz Carlos Zanoni, o ex-tado do paraná, portfolio
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O irmão do Maracanã
Nascido no Recife, Pernambuco, mudou-se em 1916 para a cidade do Rio de Janeiro. Quando maior, trabalhou no jornal A Manhã, de propriedade de seu pai. Foi repórter policial durante longos anos, de onde acumulou uma vasta experiência para escrever suas peças a respeito da sociedade. Sua primeira peça foi A Mulher sem Pecado, que lhe deu os primeiros sinais de prestígio dentro do cenário teatral. O sucesso mesmo veio com Vestido de Noiva, que trazia, em matéria de teatro, uma renovação nunca vista nos palcos brasileiros.
A consagração se seguiria com vários outros sucessos, transformando-o no grande representante da literatura teatral do seu tempo, apesar de suas peças serem tachadas muitas vezes como obscenas e imorais. Em 1962, começou a escrever crônicas esportivas, deixando transparecer toda a sua paixão por futebol. Morreu em 1980, no Rio de Janeiro.
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Guto Lacaz
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Remarisa
Publicado em O Insulto Diário - Rogério Distéfano
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Publicado em Sem categoria
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Piauí
A paga da praga
Jair Bolsonaro pode se queixar de qualquer coisa, só não pode dizer que a cigana o enganou. O destino de infortúnios foi traçado por ele quando optou por dar asas ao seu “jeito de ser”.
Mobilizou demanda reprimida na sociedade, soube enxergar bom mercado de votos e assim conseguiu o que nos idos iniciais de 2018 parecia impossível. Não sendo bom estrategista, desconsiderou a cena adiante de um mandato presidencial. Cometeu, e/ou deixou cometer, uma gama enorme de ilícitos, afrontou a institucionalidade sem pensar nas consequências.
E elas agora vêm a galope. A mais recente, sobre a muito provável conivência (para dizer o mínimo) na fraude de cartões de vacinação da Covid-19, é só mais uma complicação da já complicadíssima vida do ex-presidente com questões legais e o rebatimento delas na esfera política.
A urdidura operada pelo então ordenança tenente-coronel Mauro Cid é especialmente ruim porque toca num dos pontos vistos como responsáveis pela derrota da reeleição: o comportamento insensível (de novo, para dizer o mínimo) durante a pandemia.
Não adianta Bolsonaro agora praguejar contra perseguição dos adversários. Estes estão isentos de autoria dos enroscos. Não foram os antagonistas que alimentaram instintos autoritários, bem como não partiu deles os ataques ultrajantes à corte guardiã da Constituição.
Tampouco partiu de seus oponentes a tentativa de se apossar das joias sauditas nem foram eles os patronos de abusos do poder na campanha eleitoral. Bolsonaro teve relativa boa vida por parte do PT, que o queria como competidor na disputa de 2022.
As pragas foram todas lançadas por aquele que agora, como estava escrito nas estrelas, paga por elas. O melhor que pode lhe acontecer, tudo indica, é ficar inelegível.
Fora a hipótese de prisão, o pior é se tornar um cabo eleitoral tóxico, do qual a direita pode preferir manter prudente distância.
Publicado em Dora Kramer - Folha de São Paulo
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