O Turco

Um texano bêbado,
um papua das Novas Hébridas,
uma neozelandesa corcunda
e começamos a rodar,
a girar
como heliotrópios sonâmbulos
em torno do obelisco
num compasso hipnótico,

hipostático,
helicoidal,
a cirandar
e a cada volta rodamos
mais depressa
e o papua de porre americano
tem uma neozelandesa de

corcunda floreada que
confunde suas hébrídas
com um texas papuano
a gidar, a rorar,
hipotrópico,
sonambelístico,
hipnoidal.

 Jamil Snege, do livro O Jardim, A Tempestade.

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Fraga

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Lascas de Costela

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Sara Bernhardt, 1859. © Nadar

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Tempo

carteira-vera

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Bolsonaro falsifica documentos e está próximo de gabaritar o Código Penal

© Frank Hoppman

Falsificação de dados, uso de documento falso, infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa e corrupção de menores. Esses são só alguns dos crimes que Bolsonaro pode ter cometido caso se comprove que ele falsificou a carteira de vacinação para viajar aos EUA.

Rachadinha, prevaricação, charlatanismo, incitação ao crime, uso irregular de verba pública, desvio de joias da União, crimes de responsabilidade, discurso contra as urnas sem base em fatos… Na média, dá quase um crime por dia – se juntar a família inteira, dá muito mais. Um samba famoso teve seus versos atualizados: “Se gritar pega Bolsonaro, não fica um, meu irmão”.

“Se continuar assim, teremos que fazer uma nova edição do Código Penal para adicionar os crimes da família Bolsonaro”, disse um jurista. “Digamos que o direito no Brasil tem uma rachadinha: antes e depois dos Bolsonaro”.

A PF prendeu o auxiliar de Bolsonaro Mauro Cid, que ajudou a falsificar os cartões de vacinação, mas também para dar explicações da razão de seu corte de cabelo.

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Apparicio Torelly

A estrela de Belém foi o primeiro anúncio luminoso.

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Seis homens e um destino

Nilson Sampaio, o cartunista que vos digita, Ademir Paixão, Marco Jacobsen, Orlando Pedroso e Tiago Recchia, na maison Jacobsen, em algum lugar do passado. © Vera Solda

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Sou quebrada, mas ninguém vai me colar, porque gosto assim

Tenho um Nelson Rodrigues que vive berrando dentro da minha cabeça

Queria ser dessas mulheres que fazem biscoitos orgânicos assados naturais com sementes de girassol e açúcar demerara para a lancheira da criança. Que sete da manhã combinam um vestido floral com um moletom de algodão pima e um chinelo belíssimo feito de garrafas pet recicladas e conseguem convencer os filhos de que não vão ver televisão coisíssima nenhuma enquanto tomam o café da manhã com granola caseira.

Uma mãe que jamais chega atrasada, com um roupão furado por cima do pijama manchado de caneta Bic (porque ficou lendo até 3 da manhã na cama e dormiu em cima da caneta e ela estourou), com a cervical tão tensa e cagada que a enxaqueca já começou e com a menina já meio envergonhada segurando sua mochila de unicórnios: “mamãe, o portão está fechado de novo, você vai ter de sair do carro e vão ver sua roupa feia e suja”. Mas eu sou quebrada, minha filha, e aparentemente o despertador também.

Queria ser dessas ex-mulheres que o ex-marido diz “é minha melhor amiga” e pede opinião em cor de tênis, nome de dermatologista e aplicação bancária. Que recebe ligação do ex-marido no aniversário, porque não existe dor maior do que você dedicar dez anos da sua vida em amar, escutar, cuidar e engrandecer um parceiro e a amizade então precisar morrer junto com a vontade de dividir um vaso sanitário com pinguinhos de urina. Não tem coisa mais insuportável do que a saudade que eu sinto da gente competindo pra ver quem inventava o melhor apelido pra um conhecido, não tem coisa mais triste do que eu ter encontrado o seu timer temporizador de ovo cozido, que tem uma carinha de ovo profundamente feliz, e ter sentado no chão da cozinha pra chorar de dar murros no peito de tanta dor. Eu te amo como meu único irmão, meu único filho, meu único pai. Você é a única família que pude formar até hoje. O único lugar em que por muito tempo eu pude ficar. E eu vou morrer se você não for meu amigo. Mas você segue tentando me quebrar sem perceber o quanto eu já sou quebrada.

Queria ser dessas filhas que visita a mãe sem avisar. Que leva um bolo feito naquela manhã, com a ajuda da pequenininha que untou a forma e aprendeu naquele dia a falar a palavra untar. E as três gerações comem o bolo conversando sobre qualquer coisa muito bonita e muito simples. E as esperanças de todos os envolvidos com mais de 40 anos de vida se renovam. E daqui 40 anos, quando a neta precisar de esperança, ela vai poder tirar alguma fé dessa cena de sua infância. Mas minha mãe diz que, muitas vezes, prefere o amor dos cachorros. E deve ser porque eu sou quebrada. E tudo a minha volta, desde sempre, parece estar se quebrando, ainda que eu tente, com tanta força, com tanta dor no corpo, juntar pedaços, colar pedaços, rasgar meu corpo pra segurar as pontas daqui e as pontas dali. E dormir exausta e culpada todos os dias desde que nasci.

Queria ser dessas mulheres que choram em cerimônias de casamento, que acreditam em festas de Ano Novo, que se emocionam com chás de bebê. Mas eu tenho um Nelson Rodrigues que vive berrando dentro da minha cabeça. Vai lá, minha filha, procura o erro, o furo, o cinismo, a hipocrisia, a traição, a mentira, o engodo, o deboche, a piada, o flerte, a pulada. E essa procura faz de mim tão quebrada. E todos desfilam tão esburacados e ridículos na minha frente. E eu os convido: vamos rir de você? Eu estou rindo de mim há mais de quatro décadas e é terrível e maravilhoso. Podemos rir de você e então não seremos nem tão doentes nem tão infelizes? Mas quase ninguém topa.

E eu me sinto tão sozinha. E eu queria controlar, não dizer as coisas que quebram as pessoas e as levam pra longe. E eu as perco e fico morta aqui no chão da sala, como estou agora. Eu volto a ser 236 mil bolinhas de gude correndo pelos ralos da cidade a cada pessoa que eu espatifo. Eu te amo tanto, meu amor, tanto. Mas ninguém vai me colar, porque eu sou quebrada e eu gosto de ser assim.

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Que país foi este?

A menina Rachel Coelho Menezes de Souza, que virou ícone do desgaste da ditadura militar. © Guinaldo Nicolaevsky

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Faça propaganda e não reclame

Para as viúvas dos fundadores da Microsoft.

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Os sonhos insuspeitavelmente sonhados

Os sonhos são mistérios revelados em forma de criptogramas. Porém, tão logo nos acometem, tão mais depressa nos deixam. Os que nos lembramos e contamos pouco nos revelam, pois muitas vezes nos falta a chave do significado deles. Aqueles que sumiram novamente é que poderiam ser os pontos mais altos do ‘mistério desvendado’ e que, infelizmente, ou felizmente, não o foram. Infelizmente, porque somos curiosos natos.

Será que o mistério da vida estaria embutido num sonho e saber dele nos tornaria poderosos? Felizmente, porque, se descobríssemos, talvez nem quiséssemos mais dormir. Uma das virtudes do sono: sonhar. A outra seria descansar o corpo. Dormimos todas as noites para pescar novamente aquele sonho maior que nos escapou, igual ao peixe maior. E ele sempre escapa.

Freud já disse que o sonho nos prepara para o dia. Sempre acordamos com um sonho. Quanto mais nossa vida é monótona e sem cor, mais os sonhos são agitados e coloridos. Há uma tentativa do nosso inconsciente de manter o equilíbrio das funções do corpo com a vida lá fora. Os sonhos fariam parte da nossa vital homeostase. Falo isso por mim. Podem existir outras interpretações mais científicas. Mas, se minha vida está bem movimentada, o sono é mais profundo e os sonhos desaparecem tão logo acordo. Não me lembro deles. Se estou em fase de retiro, de pouca atividade, os sonhos me acompanham durante o dia, por um bom tempo. Fico me lembrando deles. Esse é o equilíbrio vital que imagino ser de grande importância. Quando quero só dormir e dormir é porque quero sonhar. Quero viver nos sonhos o que não vivo acordado. Mesmo que o corpo reclame depois de tanto descanso. Que acorde doído de tanto dormir. Não creio ser importante saber o que um sonho quis dizer.

Importante, pelo menos para mim, é que o equilíbrio seja mantido. Aí vou eu, dormindo e sonhando. Shakespeare perguntou se durante o sono da morte sonharíamos. Acho que não é preciso sonhar. Não haverá dia seguinte.

*Rui Werneck de Capistrano é sonhador, mas não dorminhoco.

Publicado em rui werneck de capistrano | Deixar um comentário
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O Google aumentou a confusão nas redes sociais

Ficou evidente a disparidade entre a engenharia técnica e a engenharia política

A publicação de uma frase na página do Google gerou confusão na internet. “O PL das Fake News pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”.

Não se sabe o que a gigante de tecnologia entende como “PL”. Caso a sigla se refira ao Partido Liberal, a frase tem seu sentido esclarecido e não precisa de maiores explicações. Mas existe a remota possibilidade de se referir ao projeto de lei 2630. Ou ainda a uma pessoa chamada Pedro Luiz, cuja abreviação também poderia ser PL.

Tampouco se sabe o que o Google classifica como “aumentar a confusão”. Ficou confuso. Quer dizer então que a empresa reconhece que existe uma “confusão”? Bom, se existe uma confusão (e essa confusão pode ser aumentada), o Google é responsável sim por viabilizar soluções. Ou fica parecendo que a empresa quer apenas aumentar a confusão com um posicionamento como esse.

Não se sabe sequer se é verdade ou mentira que “O PL das Fake News pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”.

O que se sabe é que o algoritmo do Google contribui pra “aumentar a confusão”. Quem coloca “Garota de Ipanema” no YouTube em busca de uma playlist de Bossa Nova vai acabar caindo num vídeo escandaloso que acusa Tom Jobim de manipular porquinhos-da-índia geneticamente para financiar a Ursal e torturar crianças quatemaltecas. Isso é “verdade” no Brasil e no mundo.

A treta move as redes sociais, desde que as redes sociais não sejam o alvo da treta.

Em abril, Eduardo Bolsonaro partiu pra cima do deputado Marcon (PT-RS) quando o petista insinuou que a facada de Jair Bolsonaro foi fake. Depois de apartada a briga, Eduardo gritou “Tu acha que tu tá na internet?”.

Na internet sem lei, tudo pode. Eduardo sabe disso.

Na internet com lei, é justo que se remunere quem produz os programas de TV, filmes, músicas e reportagens que as redes sociais exibem (e lucram). E que alguém se responsabilize pelas fake news.

O Google jogou uma cartada política contra a aprovação de uma lei que aumenta seus custos e responsabilidades. É legítimo, claro, ampliar o debate.

O que ficou evidente foi a disparidade entre a engenharia técnica e a engenharia política do Google. Faltou tato humano.

É preciso melhorar o debate para que os avanços apareçam. E rapidamente.

Publicado em Renato Terra - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Padrelladas

O Solda dizia que o messinhas é uma fralda do começo ao fim. Ou disse uma coisa parecida. Não lembro mais. Está todo mundo esquecendo desde rapaz. Do Solda, não. Do fraldado. Diga-me com quem fraudas. De frão em frão, se puxar uma fraude vem o fraldatório todo. Pra mim chega. Vou trocar a farda.

(Do blog do Zé Beto)

Publicado em Nelson Padrella - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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1990|Peggy McIntaggart. Playboy Centerfold

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