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2011
Publicado em mural da história
Com a tag blog do fábio campana, mural da história
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Fragmentos de crenças
Em “Um cântico para Leibowitz” de Walter M. Miller Jr. (1960), uma guerra atômica no século 20 deixa o planeta em ruínas. Dessas ruínas, penosamente, ergue-se uma nova civilização, não sem que antes o mundo passe por uma idade das trevas em que a ciência, o conhecimento e os livros eram considerados culpados pela desgraça que acontecera. A ordem religiosa de São Leibowitz tenta preservar documentos importantes para que nem tudo da cultura humana seja destruído; mais ou menos como em “Fahrenheit 451” as pessoas decoram livros inteiros para evitar que seu texto se perca. Muitos desses documentos são papéis que pertenceram ao fundador da Ordem, um engenheiro elétrico chamado Leibowitz, e vários trechos do livro mostram a discussão dessas relíquias conservadas através dos séculos. Quando o texto das relíquias é reproduzido, vemos que são diagramas de instalações elétricas, listas de supermercado e outras coisas que nós, do século 21, facilmente identificamos, mas que não podem ser compreendidas nessa cultura do século 26, que é meio medieval e mística.
Os papéis de Leibowitz, que afinal não são mais importantes do que qualquer papel das gavetas de nossas escrivaninhas, são tratados com o cuidado que o mundo de hoje dá aos Manuscritos do Mar Morto ou ao Livro Sagrado dos Maias. Quem os estuda acredita existir ali uma sabedoria oculta, mesmo que ninguém consiga chegar a um acordo sobre o seu significado. Uns tentam interpretá-los cientificamente (mas à luz de uma ciência que já não é a mesma nossa) e outros os tratam como objetos sagrados, inspiradores.
Miller parece sugerir que o nosso mal-entendido com relação aos nossos textos sagrados (Miller pertencia ao pequeno mas importante grupo de escritores católicos da FC norte-americana) talvez nos conduza ao erro pelo viés da Razão, mas pelo viés da Fé pode servir de inspiração para nos conseguir o acesso a verdades mais profundas. O que importa não são as banalidades escritas nos papéis de Leibowitz, mas as coisas grandiosas que os religiosos do futuro imaginam decifrar neles.
Grandes Atletas da História
Abbdul Jabar – Atirador de quibes, Brasil, 1947. Abbdul foi o maior atirador de quibes de todos os tempos, superando inclusive o campeão Mão Veloz, atirador de charutinhos de repolho, assassinado cruelmente por um palestino mal alimentado. Abbdul conseguia arremessar quibes a uma distância de mais de 20 metros, sem errar o alvo, geralmente o prato dos fregueses do restaurante, que aplaudiam freneticamente e dobravam a gorjeta.
Derek Mostello – Provador de supositórios, Itália, 1952. Mostello nasceu, literalmente, de cu pra Lua. Foi por isso que conseguiu quebrar a marca mundial de prova de supositório estabelecida por Mallavich Grevnik, búlgara que provou mais de 15 supositórios de menta e hortelã em dez minutos. Derek morreu pobre, no anonimato, como provador de Buscopan na veia, depois de uma carreira meteórica. Bundinha de Prata, como é conhecido até hoje, tem uma estátua de bronze na praça de sua cidade natal, Palermo, naturalmente, de bunda pra Lua.
Arnésio Darlene – Palitador de dentes, Brasil, 1968. Arnésio é considerado, por unanimidade, o maior palitador de dentes de todos os tempos. Não perdoava fiapos de manga, fibras de costela, pedacinhos de azeitona, barba de camarão-abraçadinho e não permitia que resíduos de espécie alguma fossem hóspedes de sua famosa arcada dentária, que ostentava seis poderosos e reluzentes dentes de ouro, acumulados durante sua curta e risonha carreira. Recebeu várias honras, diversos títulos mundiais nas mais variadas categorias, que incluíam mordida a curta distância, espirro sem abrir a boca e bochechos com folhas de malva. Suas 18 vitórias, em 20 competições – três vezes a Maratona de Santa Felicidade, duas vezes a Palitada da Mateus Leme e ainda 12 títulos na categoria Espeto Corrido – mostraram que Arnésio palitava os dentes sem pôr a mão na frente pra disfarçar. Continue lendo
Pra Mim Chega
Desenhos de Tiago Recchia, Solda, Retta, Miran, Douglas Mayer e Dante. Capa, coordenação editorial e gráfica de Rettamozo. Editora Beija-Flor, 1979.
Quem procurar, acha!
Essencialmente nazista
Livro mostra que adesão de Heidegger a Hitler foi bem mais profunda do que se pensava
Um autor pode ser moralmente problemático —”do mal”, se é lícito tomar emprestada a terminologia infantil— e produzir uma obra relevante? Vivemos em uma época que parece julgar antes de pensar, mas não é porque nossa época faz isso que somos obrigados a seguir-lhe os passos. E nenhum autor se presta melhor a provocar esse tipo de reflexão do que Martin Heidegger (1889-1976), o filósofo nazista.
“Heidegger in Ruins” (Heidegger em ruínas), de Richard Wolin, é uma obra devastadora. Wolin se debruça sobre os chamados “Cadernos Negros”, publicados a partir de 2014, uma espécie de diário em que Heidegger anotou seus pensamentos, e outros materiais só recentemente divulgados, como a correspondência com o irmão Fritz, e mostra que o nazismo e o antissemitismo são indissociáveis da obra do pensador alemão.
Se, até a década anterior, admiradores de Heidegger ainda podiam descrever seu envolvimento com o nazismo como oportunismo ou desvio de caráter, que não afetava os fundamentos de sua metafísica, fazê-lo agora tornou-se bem mais difícil. É o próprio Heidegger, afinal, quem anota que o desenraizamento (“Bodenlosigkeit”) do povo judeu o aproximava do não-ser, não havendo alternativa que não o seu aniquilamento (“Vernichtung”). Ele também sugere que o problema do nazismo foi não ter sido radical o bastante.
O livro de Wolin vai aos detalhes, a ponto de tornar-se repetitivo. O tom tem algo de inquisitorial. O resultado não é bom para Heidegger. Mas Wolin faz questão de dizer que seu objetivo não é cancelar o alemão, que pode e deve ser lido. Se ele ainda hoje influencia figuras detestáveis como Steve Bannon e Aleksandr Dugin, também foi importante para um séquito de autores como Sartre, Beauvoir, Foucault, Derrida, cujo pensamento tem alguma relevância. Wolin pode ser duro com o alemão, mas está fazendo o que na faculdade de filosofia chamávamos de história das ideias.
Frases dos Melhores Humoristas Judeus
Milton Berle (Mendel Berlinger|1908|2002)
– “Temos que agradecer a Thomas Edison; se não fosse ele, estaríamos assistindo TV à luz de velas”.
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Em casa
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Que país foi este?
Publicado em Charge Solda Mural
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