A menina de Caicó

© Julio Marcondes

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Se beber, não dirija

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A amante do meu pai

A violência física, psicológica e verbal mora dentro das nossas casas

No domingo passado, sonhei com o meu pai e com a amante do meu pai. Estávamos em um cinema e eu escolhi o filme que iríamos assistir: “Daddy”, uma comédia, com o ator Owen Wilson. Não consegui interpretar o sonho nem descobrir o significado de o ator Owen Wilson estar nele. Mas o que importa é que, assim que acordei, fiquei com vontade de encontrar a amante do meu pai. Entrei no Google para descobrir se ela ainda está viva, mas não achei nada sobre ela. Acho que ela, se estiver viva, deve ter 80 anos.

Minha mãe nasceu na Polônia, meu pai na Romênia. Eles só falavam em iídiche em casa para os filhos não entenderem os motivos das suas brigas constantes e explosivas.

Em casa, meu pai era um homem violento, espancador dos filhos e da esposa. Assisti a verdadeiras cenas de tortura. Até hoje parece que estou (re)vivendo uma cena dele dando cintadas nas costas do meu irmão do meio, com ataques de fúria que não conseguia controlar. Ele só parava quando o sangue escorria pelo chão da sala.

Meu pai estava sempre alcoolizado, até mesmo quando dirigia. Não é a toa que eu vomitava em todas as viagens quando íamos de Santos para Atibaia.

Ao mesmo tempo, era um homem que adorava ler. Ainda menina, devorei todos os livros da estante da sala. Eu gostava de ler e de reler os livros de psicanálise (Freud, Erich Fromm, Karen Horney, Melanie Klein) e os de histórias e testemunhos do Holocausto. Os livros do meu pai foram a minha salvação.

Eu era uma menininha magrinha, apelidada de Olívia Palito. Nas refeições, minha mãe ficava de pé, atrás da minha cadeira. Como eu não comia, ela puxava o meu cabelo. Cada puxão, eu dava uma garfada e engolia a comida. Quando ela ia resolver algum problema, eu corria para o banheiro e jogava toda a comida na privada.

Lembro-me de uma manhã em que, quando sai do único banheiro do nosso pequeno apartamento em Santos, onde morava com meus pais e três irmãos homens, meu irmão do meio me deu um soco tão forte no rosto que deslocou minha mandíbula. Duas vezes fui parar no hospital para levar pontos na cabeça: em uma delas ele jogou uma bicicleta em mim, na outra ele me bateu com um molho de chaves.

Também me lembro de um dia em que a secretária do meu pai me levou ao dentista. Eu tinha 12 anos, e o dentista ficou passando os cotovelos nos meus seios durante toda a consulta. Não contei isso para ninguém, com medo de apanhar.

Quando eu tinha 20 anos, meu pai me obrigou a ir com ele na formatura da secretária. Foi a primeira vez que eu tive a coragem de dizer não. Ele ameaçou me bater se eu não obedecesse. Eu reagi: “Bate em mim que eu bato em você, seu Mussolini sem bigode”. Depois disso, fiquei 16 anos sem ver ou falar com meu pai.

Meu pai morreu aos 68 anos, de câncer no pâncreas, cem dias depois de descobrir a doença. Cuidei dele desde o dia em que ele descobriu a doença até o último suspiro.

Meu irmão do meio, também alcoólatra, morreu, aos 50, de cirrose. Ele tinha a mesma profissão, a mesma violência e a mesma doença do meu pai. Fiz tudo o que pude para salvar a sua vida.

Minha mãe descobriu um câncer aos 60 anos e morreu dois anos e meio depois. Ela acreditava que o câncer havia nascido da dor de descobrir que meu pai tinha uma amante. Cuidei dela do primeiro até o último dia. Um mês depois da morte da minha mãe, em 1990, nasceu o meu livro “A Outra: um estudo antropológico sobre a identidade da amante do homem casado”.

Da minha família, não me lembro de nada além de brigas, gritos e surras. Eu tinha medo de falar, de respirar, de existir, pois poderia apanhar sem qualquer motivo. Para sobreviver, me tornei invisível e me escondi no armário. Testemunhei, impotente, a violência e o horror dentro de casa. O que mais me doía não eram as surras, mas a tristeza, o desespero, a dor e o sofrimento da minha mãe. Sinto muita culpa e choro até hoje por não ter conseguido salvar a minha mãe daquele inferno.

Depois do meu sonho, senti vontade de ouvir a amante do meu pai. Afinal, só sei a versão da minha mãe: meu pai e a secretária trabalharam juntos, foram amantes durante 20 anos, ele pagou a faculdade dela e lhe deu de presente de formatura um fusquinha.

Será que a amante do meu pai está viva para me contar a sua versão desse drama familiar?

Publicado em Mirian Goldenberg - Folha de São Paulo | Com a tag , | Deixar um comentário
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Sessão da meia-noite no Bacacheri

O filme teve sua premiére mundial na 68ª edição do Festival de Cinema de Veneza. No festival, Pacino foi homenageado com o Glory to the Filmmaker Award e o filme venceu o Queer Lion Award.

A estréia de Wilde Salomé nos Estados Unidos se deu em 21 de março de 2012 no Castro Theatre em Castro, São Francisco. Marcando o aniversário de 130 anos da visita de Oscar Wilde à São Francisco, a estréia teve como objetivo arrecadar fundos para o GLBT Historical Society, com 1.000 ingressos reservados para a venda ao público.

Embora Wilde Salome tenha demorado para aparecer nos cinemas, este foi o primeiro filme de Jessica Chastain.

Desde que leu a peça “Salomé”, escrita por Oscar Wilde, Al Pacino diz ter se encontrado. Daí veio a ideia de fazer um filme que é um misto de registro de uma leitura da peça e um documentário sobre o filme, sobre Oscar Wilde – com entrevistas de Bono, Gore Vidal e Tom Stoppard – e sobre o próprio Al Pacino.

Ainda registra a grande performance da atriz Jessica Chastain, de “A Árvore da Vida”, que faz o papel de Salomé. Na peça, rejeitada por João Batista, a princesa da Judéia, Salomé, pede sua cabeça ao padrasto, o rei Herodes.
 
O filme deixa óbvia o amor de Pacino pela obra, mas também os bastidores de uma peça de teatro, de um filme e uma espiada na personalidade do ator – um líder apaixonado, às vezes difícil e até megalomaníaco, que, no fim, precisa lidar com o tamanho desafio que se impôs.

Documentário|Direção de Al Pacino|95 minutos|2011|EUA
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0795459

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Tempo

No Bar e Petiscaria Edmundo, do Zé: Viviane Beltrão, Mário Schomberger, Beto Guiz, Enéas Lour, Beto Bruel, Milzi Digiovanni Guiz e o cartunista que vos digita.  © Vera Solda

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© Jan Saudek

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Desaforismos – Manoel Carlos Karam

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O Bundão

O bundão, essa água cristalina, disfarçada em amarga decepção, é uma doença insidiosa literalmente tomada por frases e locuções que dispensam apresentação, mas faz o que pode para discorrer sobre o tema sem parecer que está chovendo no molhado e que não resiste às duras críticas da carreira meteórica, ficando em polvorosa quando a desabalada carreira sai atrás da dama virtuosa, provocando escoriações generalizadas na grata satisfação, graças aos seus sólidos conhecimentos.

O valoroso bundão, para se defender, põe a mão na massa com requintes de crueldade, volta sempre à estaca zero para colocar um ponto final e debelar as chamas que vão dar com os burros n’água, não hesitando em ser apenas uma mera coincidência dentro da obra faraônica, quando modifica suas próprias raízes para manter o semblante carregado e o silêncio sepulcral, apesar dos laços indissolúveis que sustentam a doce esperança e a viúva inconsolável.

Filho exemplar, é um jogador voluntarioso, oriundo dos mais recônditos rincões, encarando a hercúlea tarefa como mais uma trágica ocorrência, perda irreparável para quem busca a fortuna incalculável. Em rápidas pinceladas ele se curva diante da palavra para mostrar os relevantes serviços, realizar os sonhos dourados, acertar os ponteiros e aparar as arestas sem baixar a guarda, dando a impressão de estar batendo em retirada para fazer as pazes com a vitória sem perder o bonde da história.

Conjugando esforços, segue em compasso de espera como uma nau sem rumo em ponto de bala, consternando profundamente a mão beijada que, depois de um longo e tenebroso inverno, ensaia os primeiros passos para chegar a um denominador comum e tirar o cavalo da chuva.

Apesar das vaias estrepitosas, enfrenta a subida íngreme, seguindo as sólidas tradições que resultam, invariavelmente, em calorosa recepção, se a pista não estiver escorregadia e se for retirado com vida dos ferros retorcidos depois do pavoroso acidente.

À procura de um lugar ao sol, agarra-se à certeza de agradar a gregos e troianos e proclama em alto e bom som que pretende levar a faca de dois gumes às barras dos tribunais antes de atear fogo às vestes, atingindo em cheio o propriamente dito para fechar com chave de ouro o esgoto a céu aberto e, numa  cartada decisiva, ser submetido ao rigoroso inquérito para localizar a pertinaz doença das tradicionais estirpes, causando tumulto generalizado no vetusto casarão, onde o ilustre se esconde das chuvas torrenciais ao lado da esposa dedicada(corpo escultural) e dos entes queridos.

Vai de vento em popa dirimindo as dúvidas e fazendo das tripas coração, sempre inserido no contexto e em petição de miséria, apertando o cinto às escâncaras quando se imagina sentado no banco dos réus, o que lhe cai como uma luva de causar espécie.

Para dar a volta por cima, criva de balas a cortina de fumaça e corre por fora cantando vitória para não passar em brancas nuvens e termina por repetir à exaustão as cobras e lagartos que foram o divisor de águas entre a saraivada de golpes e as prendas domésticas. Com agradável surpresa, o bundão põe as barbas de molho, as cartas na mesa, a casa em ordem e preenche uma lacuna procurando chifres em cabeça de cavalo, quando deveria reencontrar o seu futebol sem tecer comentários ou considerações e trazer à tona o tiro de misericórdia.

Desbaratada a quadrilha, é traído pela emoção ao abrir com mão de ferro o leque de opções que já é uma página virada e finca o pé, fugindo da raia na hora da verdade com a rapidez de um raio.

Num gesto tresloucado, se atira à singela homenagem, minutos antes da suculenta feijoada, entregando de bandeja o infausto acontecimento, ao inteiro dispor da intriga soez e da trágica ocorrência, onde o último adeus traz de volta o fantasma da recessão e o bundão, em decúbito dorsal, se transforma finalmente no esporte das multidões.

Morto prematuramente, em sã consciência, respira aliviado e é sagrado campeão, tirando o cavalo de batalha do bolso do colete e coroando de êxito o pomo da discórdia. Trila o apito ao apagar das luzes, jogando uma pá de cal sobre a tábua da salvação.

Parece que foi ontem.

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Brasil!

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Spencer Bisson. © Zishy

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Vidão!

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O irritante guru do Méier

Qualquer idiota consegue ser jovem. (…) É preciso muito talento pra envelhecer.

Publicado em Millôr Fernandes|1923|2012 | Com a tag , , | Deixar um comentário
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Mural da História

la-garantia-soy-yo


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