2010

moldura-rettaVandré é o caralho! Meu nome agora é Geraldo Pedrosa de Araújo Dias!  © O Globo

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De sonho e reza-braba

Pesquisas recentes indicaram os sonhos como eficazes antídotos contra o estresse nosso de cada dia. Não sei em que medida isto ocorra. Estresse não me parece coisa que se cure com sonhos. Temos visto, no áspero cotidiano, que, não sendo da aérea matéria deles, o estresse é bem mais um pesadelo da vigília e de sua fatigada astúcia.

Não me canso de lembrar aqui minhas origens e, com elas, o resgate da infância primordial onde a vida mesma era sonho e punha todas as coisas encantadas. Minha avó cabocla, por exemplo, Maria Rosa Custódia de Senes, esta tinha a ciência dos sonhos na ponta da língua. Feito um talismã.

Sonhar com alguém chorando, não hesitava vaticinar: vinha ali dinheiro ou alguma mulher da família estava prestes a parir. Já sonhar com viagens tinha uma nota aziaga — morte certa de compadres ou amigos. Sonhar com um passarinho, era casamento; sonhar com muitos passarinhos (ouviu, Rogério Dias?), anunciava grandes colheitas.

O rol de significados e significâncias, a partir do sonho, era, para a avó, quase inesgotável. Sonhar com chuva, o prolongamento do estio na roça seca; sonhar com alguém voando ou caindo do cavalo, não dava outra — chegariam parentes há muito ausentes.

Também o saber, digamos, erudito, nos reserva coisas prodigiosas sobre os sonhos. Veja o leitor, esta, dos aedos gregos, bem mais interessante que as recentes descobertas da ciência moderna: a prova, entre outras, de que o Inferno existe — incontestável nos demoníacos pesadelos vividos pela alma quando em sono profundo.

Por falar em alma, impossível esquecer o famoso soporífero da planta mandrágora, que, entre os caldeus, causava sono idêntico ao da morte…

Tão ou mais sábia, repito, era a velha Maria Custódia, rezadeira, benzedeira, “costurava” carne rasgada, além de capaz das mais incríveis simpatias para evitar “mau-olhado” que, aquele tempo, tinha outro nome — “quebranto”. Sobretudo criança que não fosse protegida, adoecia gravemente.

Mas pior que mau-olhado, só picada de cobra e, contra ela, a avó tinha um antídoto feroz: “reza-braba”. Verdadeiros mantras caboclos que, incompreensíveis ao comum dos mortais, apenas ela sabia rezar, secretos na mente, secretamente aprendidos de cor.

Dona Maria Rosa Custódia de Senes faleceu em 1967, varada em anos, e descansa, ao lado de minha mãe, no Cemitério de Santa Cândida. Convivi em sua (doce) companhia a primeira década e meia de minha pobre existência e nunca a ouvi falar em estresse ou que sonho curasse estresse. E olha que de sonho e “reza-braba” ela entendia; e não entendia pouco.

O Estado do Paraná|2008

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Fugidos e bem pagos

O advogado que defende Thiago Brennand, para escapar das prisões preventivas e ordens de extradição por estupro e agressões a mulheres, atenderá Jair Bolsonaro no estupro e agressões à Constituição. Os clientes estão foragidos no Exterior, um nos Emirados Árabes, outro nos EUA.

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Edward Weston – Charis, nude, 1934.

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© Jan Saudek

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2018

Beto Bruel, o cartunista que vos digita e Chico Nogueira falam sobre Manoel Carlos Karam e o Teatro Margem, no auditório Glauco Flores de Sá Brito, Teatro Guaíra. © Maringas Maciel, testemunha ocular e auricular da História.

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Flagrantes da vida real

Osbi Rugas: o cartunista que vos digita e Kátia Horn, no Espaço Excêntrico Mauro Zanatta.  © Maringas Maciel

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O Brasil precisa de uma mulher no Supremo Tribunal Federal

Podendo indicar uma mulher, Lula pensa em escolher o de sempre: um homem branco

Não há nada que justifique uma eventual indicação de Cristiano Zanin ou de qualquer outro homem branco ao Supremo Tribunal Federal. Nada além do uso de uma das instituições que é pilar da democracia para que o presidente Lula faça um afago em seu advogado ou em alguém que não traz a representatividade que se faz urgente na casa.

Tivesse o tribunal lotado de mulheres já seria um acinte em relação ao princípio de impessoalidade na escolha da figura que vai ocupar um cargo por décadas. Zanin representa Lula desde 2013. Apenas. Nem o currículo adequado preencheria as exigências, mas estão aí Nunes Marques e André Mendonça deixados como parte da herança maldita de Jair Bolsonaro.

Recentemente, Lula contradisse suas próprias falas ao afirmar que “todo mundo compreenderia” se escolhesse Zanin, diferentemente do que afirmou na época da eleição: “não é prudente, não é democrático querer ter ministros da Suprema Corte como amigos”. Com exceção da turma do “passo pano mesmo para o meu político”, é incompreensível para qualquer pessoa que tenha dois neurônios livres de cooptação ideológica que a discussão não seja em torno de possíveis nomes de mulheres, de negros ou de uma mulher negra.

Lula se comprometeu com causas feministas, tem afinado o discurso para acompanhar as demandas, que são muitas. Nem de longe se parece o brucutu do ex-presidente que cantava música que comparava mulheres a cadelas, mas não pode ser da boca para fora.

Um problema maior do que a questão salarial é o do número de mulheres em posições de liderança. Nos cursos de direito somos maioria, mas a participação no Poder Judiciário é de 38,8% de magistradas, segundo o Conselho Nacional de Justiça.

Não adianta apresentar projeto que garante igualdade salarial —até porque já existe lei para isso— quando na oportunidade de indicar uma mulher para o cargo mais alto da Justiça o presidente pode vir a escolher o de sempre: um homem; branco.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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2009

nova-investigação-20-6-2009

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Até quando?

Essa discussão política está parecendo briga por pontos de prostituição.

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Vynessa Lucero. © Zishy

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Durante um terrível período de guerra e de intensos conflitos bélicos, as vidas de três pessoas acabam se cruzando: Olga (Yuliya Vysotskaya), uma aristocrata russa e membro da resistência francesa; Jules (Philippe Duquesne), um francês; e Helmut (Christian Clauss), um oficial de alta patente dentro das tropas nazistas.

Ray – Paraíso – 26 de janeiro de 2017 (2h 10min). Direção de Andrey Konchalovsky. Com Yuliya Vysotskaya, Christian Clauß  e Philippe Duquesne. Rússia, Alemanha.

Ray (distribuído mundialmente com o título Paradise) deu ao diretor Andrey Konchalovskiy o prestigiado prêmio de melhor realizador em Veneza. Dentre os vários dramas recentes sobre o Holocausto (como Saul Fia), poucos conseguiram utilizar a fotografia de forma tão efetiva para repassar o drama do período adaptado.

Os eventos de Paradise começam em 1942, na França. A aristocrata Olga (Julia Vysotskaya) é presa por participar da resistência, abrigando judeus em sua residência. Ela é levada para Jules (Philippe Duqesne), chefe de polícia reconhecido por ser um dos maiores colaboracionistas da região. Encantado pela beleza da mulher, Jules acaba firmando um acordo com ela, que não chega a ser efetivado. Olga acaba sendo enviada para o campo de concentração comandado pelo oficial da SS Helmut (Kristian Clauss), um devoto nazista que acredita na superioridade da raça ariana. Seu sangue nobre lhe dá a certeza de que ele é um Übermensch. Após uma inspeção no campo, ele reconhece Olga, e se recorda de um caso inesquecível ocorrido em 1933.

Paradise mantém uma linearidade que é intercalada com um tipo de candid interview que envolve os três principais personagens. Eles se posicionam de frente para o público, narrando parte das passagens que assistimos previamente. O diretor utiliza técnicas que dão um tom refinado as ‘entrevistas’: os jump cuts em filmes de celulóide com efeitos de grão e sobreexposição deixam claro que elas tem relação direta com o título do filme. Neste sentido, o p/b ganha destaque nas mãos de Konchalovskiy, que aproveita o formato 1.37 : 1 para explorar os horrores do Holocausto em uma perspectiva fiel à época.

O drama do Holocausto é transmitido através de chocantes cenas que evidenciam disputas internas entre os próprios confinados dos campos de concentração (desesperados por comida, roupas e cigarros). A visão alemã sonbre o estado da sociedade é alvo de uma ótima conversa entre Helmut e seu chefe, Henrich Himmler, que abrem muito campo para análises secundárias – que passam desde o andamento da guerra até a própria engrenagem por trás da Solução Final.

Paradise peca por dar muita abertura para a História do período conforme Konchalovskiy – que comete um par de anacronismos grosseiros, mas que não chegam a interferir na qualidade final do filme. Candidato da Rússia ao Oscar, Ray deixou para trás o franco favorito The Student (de Kirill Serebrennikov) na seleção nacional pela aposta no histórico da categoria, que privilegia dramas com forte apelo emocional. * Filme visto no Festival do Rio 2016.

Crítica de Filmes

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Aos falsos Paideumas

OCCAM-20

William of Ockham

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© Katarzina Widmanska

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A Maja nua

Na época do Renascimento, ninguém se importava muito se as pinturas mostrassem gente pelada, desde que em contextos bíblicos ou etéreos – tipo anjos, figuras mitológicas, etc. Aí acabou a festa e a Igreja baniu essa safadeza toda na arte. Nu era, então, proibido.

Veio o Goya e pintou uma mulher bem real, deitada na cama com carinha de quem está gostando demais, e com pelos pubianos – o que era completamente profano e herege e etc. É claro que o clero não aprovaria, então a pintura ficou meio secreta ao longo de toda a vida do artista espanhol. Tem até uma versão da pintura que mostra exatamente a mesma mulher, só que vestida.

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