gal-oppido© Gal Oppido

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Anonymous

O que é o Anonymous, ou, talvez, quem são os Anonymous? Eles não têm nome: têm “nicks”, “usernames” ou “logins”; não têm rosto, têm máscaras de Guy Fawkes. Nos últimos anos, têm sido o pesadelo e a nêmesis de governos, polícias, corporações. Invadem saites, roubam informações secretas e as divulgam para o mundo inteiro, bloqueiam ou desfalcam contas bancárias, convocam manifestações de rua e de praça. As autoridades os chamam de neo-terroristas, mas eles nunca (ao que eu saiba) tiraram vidas humanas. Atacam a informação e a propriedade privada. São uma bomba-de-nêutrons ao contrário: fazem ruir as infra-estruturas e deixam as pessoas intactas. Estiveram presentes na Primavera Árabe, apoiaram o saite Wikileaks em suas campanhas de vazamento de informações econômicas e militares, combateram departamentos de polícia e a Igreja da Cientologia.

Os Anonymous são o novo Anarquismo – sem bombas, mas sempre infernizando a vida dos arquiduques. Uma multidão espontânea, não-coordenada, sem líderes; na verdade são um conjunto de subgrupos de hackers e agitadores, que agem cada qual por conta própria e mandam a conta ser cobrada à griffe. Num artigo na revista “Wired” de julho Quinn Norton analisa esse aspecto sem-forma do movimento. Em junho de 2011 o FBI prendeu e cooptou “Sabu”, um ativista de intensa participação; até que isto foi revelado em março de 2012, “Sabu” entregou uma infinidade de companheiros. Isto quebrou a espinha do movimento? De jeito nenhum. Nos Anonymous, nenhum indivíduo é insubstituível. Conan Doyle dizia que nenhuma corrente é mais forte do que o mais fraco dos seus elos. Os Anonymous parecem ser uma corrente que só pode ser quebrada se todos os seus elos o forem, simultaneamente.

Quinn Norton comenta que o grupo é uma “do-ocracy”, uma “fazer-cracia”, onde tudo converge para ações específicas: “indivíduos propõem ações, outros se juntam a eles ou não, e depois a bandeira dos Anonymous é hasteada sobre o resultado. Não há ninguém para dar a permissão, nenhuma promessa de louvor ou de crédito, portanto cada ação deve ser sua própria recompensa”. É um anarquismo eletrônico, sem líderes, não hierárquico, não vertical. Ordens são dadas e obedecidas dependendo do contexto – quem obedece hoje pode estar mandando amanhã e obedecendo de novo no mês que vem. Uma combinação de brodagem com ativismo. Até hoje, quem entrava na política o fazia via política estudantil ou política sindical, até chegar na política partidária. Agora há uma geração inteira na faixa dos 15-20 anos que entra na política pela via do anarquismo eletrônico. Sei que nada será como antes, amanhã.

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Faça propaganda e não reclame!

Mozart Machado. © Maringas Maciel

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Poemas de outono

Violões

Invejo quem toca violão
Violão é o céu plangente
Na ponta dos dedos, na palma da mão
Como um corpo de mulher estridente
Em que você pratica a levitação
E gera música, harmonia, gente
Orquestrando a alma-nau da afinação.

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1949

Portrait nu de l’actrice Tilda Thamar, 1949 (accusations de ‘l’exposition obscène’ à l’epoque).  © AnneMarie Heinrich

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amigos, arranjei um emprego provisório
não é bem o que eu queria
cheguei enfim, ao purgatório
tornei-me um provador de supositório

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2008

 

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Ditados populares

© Getty Images

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Ulisses em busca do tempo perdido

É causo histórico da literatura. Virou lenda. Foi descrito de várias maneiras — algumas aumentadas pela imaginação dos circunparticipantes. A verdadeira? Talvez tenha se perdido no tempo. O fato é que aconteceu o encontro de dois monstros sagrados — James Joyce e Marcel Proust. Teve data, motivo e lugar — 18 de maio de 1922, jantar no Ritz, Paris, depois da estreia de Le Menard, de Stravinsky.  Os anfitriões convidaram Joyce e Proust para o que se imaginava ser pura pororoca — o encontro das águas caudalosas e coleantes de Proust com as margens nunca plácidas de Joyce.

Joyce foi de roupa de briga, Proust fez uma entrada triunfal vestindo um elegantérrimo casaco de pele. Depois de apresentados, eles conversaram.
Joyce: — E aí, tudo bem?
Proust: — Meu estômago está me matando. Não devia ter saído de casa. Bem que mamãe falou. Ela me cuida como se eu tivesse quatro anos. Nem sabe que ainda não passei dos três.
Joyce: — Já tomou Lacto Purga?
Proust: — Já, não adiantou. E esse ar está irrespirável.
Joyce: — É, deviam limpar o ar com um detergente forte.
Proust: — Ó, céus! Eu morreria! E com você, tudo bem?
Joyce: — Meus olhos é que me torturam. Ontem chamei minha mulher assobiando. Pensei que era o Doguinho.
Proust: — Quem sabe não seria? As mulheres se disfarçam muito bem.
Joyce: — Ah, ouvi falar que no Brasil vai acontecer um evento artístico…
Proust: — Brasil? Brésil? Brazil? Onde fica? Artístico quer dizer circense?
Joyce: — Eles vão chamar de Semana de Arte Moderna.
Proust: — Acho que estão certos. Arte que dura mais que uma semana — fede.
Joyce: — (rindo) Verdade. Pra mim durou um dia — 16 de junho.
Proust: — Que frio! Se ligarem o ar-condicionado, eu morro!
Joyce: — Acho que nem inventaram ainda. Assim como não inventaram cirurgia de miopia. Como sofro!
Proust: — Essa comida é intragável. Amanhã estarei imprestável. Mamãe vai me dar óleo de rícino.
Joyce: — Eu não posso me queixar — pobre come de tudo. Nem vejo o que como! É uma piada!
Proust: — Olhe que ridículo aquele vestido! Ela parece um escovão virado de ponta-cabeça. O chapéu combina muito bem com o abajur lá do canto. Ó, céus!
Joyce: — Em compensação, aquela garçonete ali — dava um bom caldo.
Proust: — Será que vai chover amanhã?
Joyce: — Acho que não.
Proust: — Tenho que ir. Mamãe fica perturbada se chego depois das onze.
Joyce: — Vou tomar mais umas. Meu sangue ainda não está bem temperado. (Admirando-se) Marcel Proust, você deu mais que 200% acima da gorjeta oficial?! Com esse dinheiro poderia comprar todos os meus drinques por dez anos!
Proust: — Bondade sua, Joyce! Muito prazer em conhecê-lo. Um dia, se eu melhorar, vamos nos rever. Quero te mostrar minha coleção de gibis. Au revoir!
Joyce: — Se tiver um bom vinho francês na jogada… Santé ! Au revoir!
Saindo dali, Proust pensou: Podemos conversar a vida inteira, sem fazermos mais do que repetir a vacuidade de um minuto.

Joyce, de olho na garçonete, divagou lá pelo futuro: the veripatetic image of the impossible Gracehoper on this odderkop in the myre, after his thrice ephemeral journeeys, sans mantis ne shooshooe, featherweighed animule, actually and presumptuably sinctifying cohronic’s despair…

Os dois nunca mais se encontraram. Proust morreu em dezembro daquele fatídico 1922, de gripe/bronquite/pneumonia. Joyce aguentou até 1941. Tinha uma soma cruel de males físicos, mas o fígado permaneceu normal até o fim, segundo o anatomopatologista.

Publicado em rui werneck de capistrano | Deixar um comentário
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Por que feministas brigam entre si como se estivessem em um ringue?

Duas lutadoras já estavam trocando contatos de WhatsApp

A coluna acompanhou a cerimônia de pesagem oficial do UFC, Ultimate FEMINIST Championship, com os embates mais populares entre as feministas.

É importante ressaltar que a balança era apenas cenográfica e não funcionava, já que o peso das lutadoras é irrelevante. Afinal, nenhuma mulher deve ser avaliada por seu peso, o que incentivaria a busca por um padrão estético idealizado, que nada mais é do que um mecanismo de controle patriarcal e iria de encontro aos valores da organização do evento.

Na categoria peso leve, a promessa de um grande clássico no octógono. De um lado, Roberta “Mãe de Pet” Figueiredo, adepta do movimento childfree, que defende que as mães de pet também devem ser homenageadas no Dia das Mães. Do outro, a multicampeã Tamires “Só Quem É Mãe Sabe” Ferreira, com o recurso imbatível da maternidade compulsória para refutar as investidas da Mãe de Pet.

A cerimônia já começou em clima de alvoroço, dado que a ousada Mãe de Pet quebrou, logo de cara, o regulamento que proíbe as lutadoras de se encostarem. Ela fez um carinho na barriga de Tamires, grávida de oito meses, culminando no momento mais truculento da noite, quando o bebê chutou, fazendo as lutadoras e toda a plateia vibrarem.

Na categoria peso médio, um duelo interessantíssimo entre a invicta Larissinha “Happy End”, ativista pela regulamentação da prostituição, contra Amanda “Não Sou Mercadoria” Martins, conhecida por seus enérgicos ataques ao trabalho sexual, que considera estupro remunerado. A organização precisou intervir e separar as lutadoras, tentando apaziguar a tensão sexual entre as duas, que já estavam trocando contatos de WhatsApp.

Por fim, na categoria peso galo, a expectativa é de uma verdadeira guerra entre a dona do cinturão, Laís “Passa Pano”, que faz um excelente trabalho de chão, relativizando atitudes machistas e defendendo que os homens também são vítimas do patriarcado. Ela enfrenta a temida Joyce “Macho Morto Não Estupra”, que luta pela tolerância zero com assediadores. Em uma declaração polêmica, Joyce garantiu que o cinturão de Passa Pano logo estará com ela, já que as duas são amigas e vivem emprestando suas roupas uma para a outra. E ainda prometeu devolvê-lo lavadinho, com todo o cuidado.

Publicado em Manuela Cantuária - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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A menina de Caicó

Publicado em Assionara Souza | Com a tag | Deixar um comentário
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2015

soldaonanismo

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Playboy|1980

1989|Petra Verkaik. Playboy Centerfold

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