Para sentar à beira do caminho

BR 452, Perdizes, Minas Gerais.  © Paulo Popp

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um dias eu sento o braço|neste teclado|e sai um poema que preste|nem que seja um versinho de pé quebrado

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Emmy Sinclair. © Zishy

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…Ou desocupa a moita

O momento em que algo na ordem geral das coisas sai do prumo

Só eu presenciei, porque na época ainda fumava e tinha ido até o jardim. Foi, primeiro, um barulho intenso, um flap-flap-flap de bicho grande correndo na mata, tipo cena de “Lost“; então uma moita de azaleia chacoalhou e de dentro dela surgiu rolando um cara, terra na camisa e folhas secas no cabelo. Levantou-se num salto e me encarou: metade dele era alívio, metade, agonia.

Eu não conhecia quase ninguém naquele almoço. O sujeito rodante logo me contaria que também não. A casa era da sogra dele. O almoço era pra ele conhecer a sogra e as amigas da nova namorada. Uma dessas amigas vinha a ser a minha namorada, à época.

Ao ver alguém rolar pra fora de uma moita, no meio de um almoço, a gente suspeita que em algum momento na vida do cidadão algo na ordem geral das coisas deva ter saído do prumo. Por isso, meu primeiro reflexo foi perguntar: “Tá tudo bem?”. “Agora tá”, disse ele —e talvez pela cumplicidade imediata que se cria entre duas pessoas que acabaram de passar por uma situação extraordinária (mesmo que eu apenas como testemunha) ele me contou toda sua epopeia.

Foi na véspera do almoço que algo na ordem geral das coisas havia saído do prumo: este algo era seu sistema digestivo e o culpado, um churrasco coreano. O sujeito tinha passado mal a noite inteira. Foi pro almoço apavorado e nem uma hora depois de conhecer a sogra e as amigas da namorada recebeu o chamado da natureza. Tentou chegar num banheiro mais reservado, mas se deu conta de estar no campo de visão da sogra e não quis ser visto invadindo as partes mais reservadas do lar.

Trancou-se, portanto, no lavabo e mal começara a obedecer as ordens urgentíssimas ditadas por bactérias exógenas ao seu microbioma intestinal quando alguém tenta abrir a porta. Ele ouve uma voz próxima dizer “tem gente” e outra responder “valeu” e o silêncio em seguida sugere a materialização de um dos seus maiores temores, naqueles minutos atribulados: o surgimento de uma fila. De amigas da namorada. Na casa da sogra. Num momento em que as condições atmosféricas dentro do lavabo —ele me explicou de forma um pouco mais direta do que eu lhes transmito— já estavam bem longe das ideais. Se abrisse a porta, a sala se transformaria imediatamente em Pripiat minutos após a explosão do reator nuclear de Tchernóbil—sendo ele o reator. Cul-de-sac. Sem duplo sentido. Não, não, melhor com.

É nos momentos de sufoco, felizmente, diante das grandes encruzilhadas da vida, que a mente humana obra. O figura avistou a janela que dava para o jardim. Calculou. Batia na sua cintura e era grande o suficiente para a passagem do seu corpo —na horizontal.

A envergadura do meu interlocutor —ele me contou quase com lágrimas nos olhos, como um garimpeiro contaria ter achado ouro— era precisamente a necessária para que com uma mão ele destravasse a porta e com a outra desse o apoio para saltar janela afora. E foi isso que ele fez. Ao mesmo tempo abriu o trinco e lançou-se num voo rasante em direção ao desconhecido. (O desconhecido, no caso, era eu).

O intervalo entre o cara rolando moita afora e a narrativa de toda essa epopeia não durou mais do que um minuto. Menos tempo do que levou sua respiração para voltar ao normal. Ele tirou as folhas do cabelo, espanou com a mão o barro da camisa, entramos e almoçamos como se nada tivesse acontecido.

Depois daquela tarde nunca mais o vi, mas guardo sua imagem no panteão dos meus ídolos, ao lado de Messi, de Usain Bolt, de Machado de Assis: seres humanos que superaram a mediocridade e nos mostraram que é possível ir além —mesmo que além da janela do lavabo.

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Memória

O cartunista que vos digita, com o presente de aniversário que ganhou de Benett e Rafaela, Café do Teatro, em algum lugar do passado. © Vera Solda 

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Grandes atletas da História

Juvenildo – Jogador de futebol, Brasil, 1926. “Cotovelo de Ouro” era o apelido de Juvenildo Constâncio, criador do gol de cotovelada. Sua habilidade não se restringia ao braço esperto: era hábil e poderoso também nas cabeçadas e na dança do ventre. Apareceu no futebol quando foi escalado pelo técnico Artacherches Fonseca como centro-avante do Frontêra Bagual, no Rio Grande do Sul, em 1943, numa memorável partida em que o time gaúcho goleou o CTFC (Centro de Tradição do Futebol Catarinense) por 6×0, fazendo três gols de cotovelada e um com a barriga milagrosa que espantava a torcida. Nunca chegou à Seleção Brasileira, pois era adepto do “copo de cerveja fatal” que o afastava dos coletivos por intoxicação alimentar. Também era mulherengo e viciado em naftalina. Na derrota do Brasil para o Uruguai, em 1950, chorou copiosamente e morreu afogado nas próprias lágrimas, ao descobrir que a empregada havia limpado as gavetas e jogado fora todas as suas bolinhas de naftalina. Era ainda nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga.

Abbdul Jabar – Atirador de quibes, Brasil, 1947. Abbdul foi o maior atirador de quibes de todos os tempos, superando inclusive o campeão Mão Veloz, atirador de charutinhos de repolho, assassinado cruelmente por um palestino mal alimentado. Abbdul conseguia arremessar quibes a uma distância de mais de 20 metros, sem errar o alvo, geralmente o prato dos fregueses do restaurante, que aplaudiam freneticamente e dobravam a gorjeta.

Derek Mostello – Provador de supositórios, Itália, 1952. Mostello nasceu, literalmente, de cu pra Lua. Foi por isso que conseguiu quebrar a marca mundial de prova de supositório estabelecida por Mallavich Grevnik, búlgara que provou mais de 15 supositórios de menta e hortelã em dez minutos. Derek morreu pobre, no anonimato, como provador de Buscopan na veia, depois de uma carreira meteórica. Bundinha de Prata, como é conhecido até hoje, tem uma estátua de bronze na praça de sua cidade natal, Palermo, naturalmente, de bunda pra Lua.

Arnésio Darlene – Palitador de dentes, Brasil, 1968. Arnésio é considerado, por unanimidade, o maior palitador de dentes de todos os tempos. Não perdoava fiapos de manga, fibras de costela, pedacinhos de azeitona, barba de camarão-abraçadinho e não permitia que resíduos de espécie alguma fossem hóspedes de sua famosa arcada dentária, que ostentava seis poderosos e reluzentes dentes de ouro, acumulados durante sua curta e risonha carreira. Recebeu várias honras, diversos títulos mundiais nas mais variadas categorias, que incluíam mordida a curta distância, espirro sem abrir a boca e bochechos com folhas de malva. Suas 18 vitórias, em 20 competições – três vezes a Maratona de Santa Felicidade, duas vezes a Palitada da Mateus Leme e ainda 12 títulos na categoria Espeto Corrido – mostraram que Arnésio palitava os dentes sem pôr a mão na frente pra disfarçar.

Salamaleke Abebe – Atleta, Costa do Marfim, 1979. Salamaleke, um dos homens mais rápidos do mundo, é o pai da corrida de trás pra frente nos 100 e 200m. Venceu várias provas internacionais, entre elas a famosa Fuga n 18º, de Johann Sebastian Bach. Na prova de Dublin, em 1992, 450m, corrida de soslaio, foi atropelado por um americano parecido com Carl Lewis e quase perdeu as pernas num acidente lamentável. Salamaleke é recordista mundial do salto em distância com colher de xarope e está até hoje correndo atrás do prejuízo.

Deusdete Rocha – Engolidora de sapos, Brasil, 1980. Eleita pela imprensa esportiva como “Engolidora do Ano” em 1997, Deusdete é dona de um público fiel, que coacha e aplaude todas as suas qualidades em campo. Filha do sapólogo Lejambre Taurino, ela desde pequena mostrou talento, engolindo as pererecas que infestavam a casa de campo da família na pequena localidade de Caixa Prego. Dona de invejável pescoço e de uma insaciável disposição para engolir anfíbios anuros, em sua maioria peçonhentos, é capaz de suportar coisas desagradáveis sem revidar, por imposição ou por conveniência. Conquistou a medalha de prata para o Brasil em 1998, em Bruxelas, engolindo sapo-concho, sapo-cururu e sapo-da-areia, um após o outro, sem intervalos. Seu maior desejo é engolir um bufo marinus (da família dos bufonídeos) na próxima Olimpíada, se a vaca não for pro brejo.

Solda, ex-goleiro de futebol de salão em Itararé (SP) tirou o time de campo após ter quebrado a clavícula ao tentar defender um pênalti batido pelo Ricardo Merege, no Colégio Epaminondas Ferreira Lobo, há séculos.

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Dillion Harper. © Zishy

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A camisa mais bonita da cidade

Teresina. Albert Piauhy. © Joyce Vieira

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Desaforismos

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Etiquetas

silas-correa-leiteHoje eu demorei muito a acordar. Talvez um sinal de que eu estava colocando etiquetas no cadáver insepulto de minha alma.

Silas Correa Leite – Da Série “Silas e suas “siladas”.

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Tempo

Bob Dylan e Scarlet Rivera no documentário Rolling Thunder Revue. © Rolling Stone

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Sem salário e sem carteira

Janja ganha cargo não remunerado no governo Lula. Erradíssimo. Tinha mais que ganhar salário de senador, com auxílio moradia e adicional mandrake de mudança – mesmo morando de graça em palácio do governo. Por que não fazer como os ministros de Lula, que nomearam as mulheres para os tribunais de contas de seus Estados?

Ministros ganham pouco e precisam de sossego, de ficar livres da aporrinhação da mulher pedindo dinheiro, com inveja da roupa da mulher do outro ministro. Pior que isso, precisam poupar as mulheres da humilhação de pedir desconto na loja ou de fajutar o cartão corporativo lançando como despesa do rancho o gasto da butique.

Primeira dama com salário não furta as moedinhas do laguinho do Alvorada nem vende as carpas para a peixaria de Brazilândia que abastecia a família dos pais no tempo das emas magras. E mais: trabalhadora petista, mesmo na função de companheira primeira dama, tem direito a carteira assinada. Ou não, como diria Gilberto Gil.

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Cláudio Henrique de Castro

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Flagrantes da vida real

Ouvindo a barba crescer. © Maringas Maciel

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