Flagrantes da vida real

A cama mais bonita da cidade. © Maringas Maciel

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Thiago Schutz é só um incel que veste ternos cor-de-rosa

Feminismo é tão perigoso que gerou cursos para homens não deixarem de ser homens

O feminismo é um movimento social tão perigoso que foram criados cursos para que os homens não deixem de ser homens. Já tem mais coaching para macho oprimido “entender o mundo real” do que blogueira de moda. A esta altura você já deve ter ouvido falar em Thiago Schutz, que se vende como especialista em relacionamento e ameaçou a humorista Livia La Gatto pela sátira sobre suas noções de masculinidade.

O cara treme com uma piada, por que aguentaria uma mulher que ganha mais do que ele? Sim, a apostila do misógino sensível traz dicas para evitar a hecatombe que é a igualdade de gênero, o que, segundo suas teorias, é um sistema que “favorece as mulheres”. Deixe a sua risada aqui.

Para ele, “uma mulher de valor se adapta ao estilo do homem”; “homem foda não namora uma mulher que vai para balada sozinha”; “um dos problemas da infelicidade feminina é que a mulher não quer servir”; “o propósito do homem é maior que o da mulher na vida”.

Schutz é um desses profetas do machismo indignado como muitos outros por aí. Já vimos coach defender que mulher não deveria votar porque é mais influenciável. Em comum, todos pregam um comportamento “bela, recatada e do lar” dessa mulher que não pode ser a bem-sucedida do casal, mas tem de agregar valor e não pode exigir nada. Bingo.

Ao mesmo tempo em que prega a submissão feminina, Schutz propaga a ideia de que são todas interesseiras, só querem os ricos e, portanto, eles têm que se proteger. É curioso que o coaching de homem donzelo ataca o comportamento do tipo de mulher que serve de alicerce às estruturas que as mantêm dependentes emocional e financeiramente.

Apesar do discurso cheio de verniz, Schutz é só um incel que veste ternos cor-de-rosa, engrossa o coro da misoginia e não se dá conta de que o que ele vende ao macho oprimido pelo feminismo é uma das maiores conquistas do movimento, a mulher que pagas as próprias contas.

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2006

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Santeria

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Ponto, parágrafo: travessia

Me dizem ao pé do ouvido que o símbolo da discórdia no alfabeto chinês são duas mulheres sob o mesmo teto. Agarro-me ironicamente nessa imagem para tornar mais leves os últimos vestígios da saga dos vikingues em suas intrépidas (sempre intrépidas) travessias dos mares. As chalupas eram compridas e estreitas, com uma quilha muito profunda, e construídas com traves finas de carvalho sobrepostas. Assim, mais leves e manobráveis, singravam as águas com apenas uma vela retangular e cerca de 16 pares de remos de pinho.

Eles eram retirados da água por engenhosas portinholas que podiam ser fechadas durante uma tempestade ou por causa de um mar agitado demais. Os vikingues não tinham mapas nem bússolas, mas guiavam-se muito bem pelo Sol e pelas estrelas. Pelas aves marinhas mediam a distância da terra firme. Documentos escandinavos rezam que Bjarni Herjulsson atingiu a América no ano de 985. Tantas viagens, tantas conquistas, mas para nós deixaram apenas um jeito estranho de se adornar com chifres e beber desbragadamente.

Aí volto a pensar na discórdia. Mas acho que ela já está longe. O sufixo córdia vem de coração. Corde em latim. Concórdia é com o coração. Discórdia é sem o coração. A cabeça fica fora disso. Concordar é colocar o coração na mão de outra pessoa. Toma, é minha vida! Enquanto isso, os vikingues eram expulsos da América pelos índios. Eles só queriam levar madeira para as colônias da Groenlândia. Se fossem espertos como os portugueses teriam trazido espelhinhos, colares, Coca-cola.

Os índios iriam cair como patinhos. Porém, segundo parece, o príncipe galês Madoc ap Owain Gwynedd deixou uma placa em Fort Morgan, no Alabama, dizendo que desembarcou na baía de Mobile em 1170 e deixou com os índios a língua galesa. O que os índios fizeram com ela não se pode relatar aqui. Importante é saber que a América já estava na cama e descoberta há muito tempo. Seu corpo escultural sofregamente estendido convidava para prazeres inenarráveis.

(Comentário: as investigações de muitos entendidos tornaram os fatos suficientemente obscuros e inviáveis.)

#Sou viajante sem bússola nem bandeira.

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Playboy|1980

1989|Erika Eleniak. Playboy Centerfold

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2010

orlando-e-marcia_dsc10101Orlando Pedroso e Márcia Széliga, Oficina Liberdade e Arte de Desenhar, promovida pela Gibiteca de Curitiba. © Lina Faria

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Octavio Malta: jornalismo de combate – parte final

No artigo O Profeta, assim Getúlio chamava Samuel Wainer, Malta conta como encontrou pela primeira vez aquele de quem seria o braço esquerdo, em artigo escrito dias após a morte do grande amigo:

“Conheci Samuel Wainer em agosto de 1938, na redação de A Tarde, um tabloide vespertino, de Oto Paulino e Xavier d´Araújo. Apresentou-nos Carlos Lacerda, na época meu amigo íntimo e de Samuel. N´A Tarde, Carlos e eu trabalhávamos, desde maio, no ágil quotidiano, mas fora de folha. ´Free Lancer. Éramos jornalistas malditos… Samuel, não”.

“Havia lançado Diretrizes em abril daquele ano, pouco antes do frustrado golpe integralista contra Getúlio no Palácio Guanabara. Era, tipicamente, uma revista antifascista, sem ser anti-Estado Novo. Característico: A Cruz de Bayer (cruz gamada) e O Coro dos Punhais, dois artigos de seu primeiro número. Diretrizes era uma publicação mensal, de economia, cultura e política”.

“Carlos Lacerda e eu havíamos chegado ao Rio, depois de alguns meses de ausência, no outono de 1938. E nos reencontramos na Praça Olavo Bilac (Mercado das Flores), juntos, nos encaminhamos para A Tarde, que funcionava num prédio da Rua Buenos Aires, onde fora em 1935 a redação de A Manhã, de Pedro Motta Lima. Oto Paulino e Xavier d´Araújo nos acolheram de braços abertos. Deram-nos trabalho integral, mas sem vinculação, atendendo aos preconceitos oficiais…”.

“Mas somente em agosto ocorreu a oportunidade de minha ligação com Samuel Wainer, numa visita que ele fez à redação do tabloide, à procura do Carlos. Foi, entretanto, uma ligação longa, do tamanho de uma vida. Uma vida, a dele, rica de conteúdo, de lances, de emoções, de fatos criativos e que, agora, terminou, numa surpresa, com a mais profunda repercussão”.

O livro de Malta vai além, fazendo críticas e violentar críticas ao regime militar. As contradições da UDN; As lágrimas de Cordeiro de Farias; Marechal (Castello Branco) quer ensinar padre a rezar; Todo poder aos estudantes; e, o MDB é uma necessidade.
No 20º aniversário de Última Hora, escreveu o texto Última Hora, a vocação do povo. Antecipando o ChatGPT, no artigo A liberdade e o cérebro eletrônico, antevê que os jornais seriam escritos por cérebros eletrônicos, o que pouparia os jornalistas das prisões. Um ensaio profundo é A marca da violência na história do mundo. Os três últimos artigos tratam de assuntos variados: A liberdade e os nós em que estamos enrolados; Candangos e a reforma agrária; e Os 400 anos de Goiana.

O livro é farto em fotografias, se destacando uma, tirada no Presídio Frei Caneca, onde dezenas de presos aparecem por causa do episódio denominado de “Intentona Comunista”, a maioria sem camisas. Dácio Malta identifica seu pai, o médico Campos da Paz e Apolônio de Carvalho. Eu identifiquei o Barão de Itararé, já com barba cerrada e um cigarro na boca. Todos os presos que posaram para a foto estão com os braços levantados, punhos cerrados. O único que está com o braço esquerdo levantado é Octavio Malta, todos os outros levantaram o braço direito.

O grande jornalista, nas palavras de seu filho: “… morreu num dia de muita notícia: 25 de abril de 1984, data em que o Congresso enterrou as diretas. Na noite anterior, ele foi para a janela de seu apartamento, no Flamengo, bater panela como a maioria dos brasileiros que queriam votar para Presidente. Pela manhã, esteve na ABI, onde foi pagar a mensalidade e ficar apto a votar na renovação de um terço do Conselho. Rubem Braga foi com Otto Lara Resende ao enterro de Malta. Depois lamentou, em artigo, que ambos ficaram à sombra de uma árvore do Cemitério São João Batista, ao invés de fazer como os mais velhos que, enfrentando o calor forte e uma enorme escadaria, foram até à beira da sepultura, como foi o caso de Barbosa Lima Sobrinho e Luís Carlos Prestes. E ainda saíram dali, por volta das 5 da tarde, para subir em um palanque armado na Cinelândia, onde se realizava o último comício pró-diretas. No caixão, Malta certamente se deliciou com o gesto. Ele sabia muito bem que a luta deveria continuar”.

Pela última vez, passo a palavra a Dácio Malta: “Paulo Francis lembra que todos respeitavam Malta e o amavam como símbolo de um radicalismo que hoje me parece atenuado ou reduzido à demagogia no Brasil. Ele não queria nada para ele. Cuidava da família e vivia do salário de redator. A última vez que o vi, acho que em um café da Rio Branco, em 1969, perguntei a ele o que me dizia da nossa situação. Não me vendi. É a resposta”.

“Não me vendi!” Quantos homens podem dar essa resposta quando perguntados? (Referência: “Octavio Malta: jornalismo de combate”, organização de Dacio Malta, 1ª ed. Rio de Janeiro: Dacio Gomes Malta, 2022. Composto e Impresso pela CEPE: Companhia Editora de Pernambuco.)

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Little girl in hat studying hand.  © Jan Saudek

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Sagrado Coração

Joel Peter -Witkin sacred heart

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Cronometragens

Cronos, o deus do tempo, adora as olimpíadas e outros eventos esportivos. O negócio dele é torcer pela natação e pelo atletismo. Quando não havia ainda os jogos na antiga Grécia, Cronos matava o tempo matando pessoas: fazia todo mundo envelhecer até morrerem, lazer que mantém até hoje.

Por medo de ser destronado, Cronos virou um deus canibal: adora comer seus filhos, e prefere almoçar ou jantar recém-nascidos, mais tenros e parecidos com filé mignon. Certo vez, ao se aborrecer com um dia que não passava nunca, criou o cronômetro, só pra se divertir com os décimos, os centésimos e os milésimos de segundo, as fatias mais finas do tempo. Cronos é obcecado por velocidade, é ele quem aperta os prazos no expediente, como um gerente exigente no escritório.

Inspirador da humanidade, deve-se a Cronos a ideia do acelerador nos carros, que só funcionavam parados antes dessa invenção. Por Cronos os atletas são capazes de tudo: braçadas e corridas cada vez mais velozes até a linha de chegada, numa infindável bateção de recordes. Cronos também se diverte muito com os amantes platônicos da aceleração: aqueles seres que admiram recordistas enquanto permanecem imóveis diante das telas.

Com inveja da sensação térmica, Cronos inventou a sensação temporal: às vezes parece que o tempo não anda, noutras parece que voa. Colecionador de calendários, Cronos guarda todos em gavetas da eternidade, e nos dá somente um por ano, como uma ração contemporânea.

Fora das pistas e das piscinas, Cronos fomenta a pressa entre os mortais, com overdoses diárias de cortisol, a substância que dá conta das distâncias entre um lugar e outro, uma tarefa e outra, um infarto e outro. Somos todos filhos de Cronos e esse nosso pai irá nos engolir a todos, mastigando existências e palitando os seus dentes com os ponteiros de relógios analógicos.

Durante as olimpíadas, nos distraímos com a rapidez esportiva, esquecidos da gula de Cronos. Depois do evento, no descanso dos cronômetros, voltaremos àquela prova desmedida: a correria cotidiana. É o nosso cronovírus.

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Mural da História

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Vi-Melina-Mulazani

Melina Mulazani. © Divulgação

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Unfold_113. © IShotMyself

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