Flagrantes da vida real

Trupe de elite em ação. © Maringas Maciel

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Monumentos

Vicente Ráo, ex-ministro da Justiça da república de 1946, professor de Direito e advogado famoso, dizia que os advogados teriam que erigir o monumento ao general desconhecido, para homenagear os ditadores e torturadores que, prendendo civis, faziam famosos os advogados que os defendiam. Alguns chegaram a ministros do STF.

Durante seu governo Bolsonaro espetou na Advocacia Geral da União dezenas de processos movidos contra ele. Sem o patrocínio da AGU, terá que passar sua defesa a advogados particulares. Agora os advogados devem pensar no monumento ao genocida conhecido, cliente que os fará famosos, e ministros do STF em outra eleição..

Na ditadura os advogados atendiam de graça as vítimas do general desconhecido, um serviço pela causa da liberdade. Agora os advogados serão pagos pelo fundo saído dos cofres do PL, dinheiro que vem do povo, para defender o genocida conhecido. Sempre a liberdade, uma causa tão generosa que também protege o facínora.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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Bloco dos escangalhados & desvalidos

De vez em quando é bom vestir a fantasia

Abram alas para o Carnaval mais necessário da última década. Eu sei o que estou dizendo: sou de outros carnavais. E nunca antes vi passarelas, ruas e avenidas tão carentes de serpentina.

Comecei com um osso de galinha na cabeça, fantasiada de Pedrita num baile de clube. Adulta, me joguei no Carnaval da Bahia. Desfilei na Marquês de Sapucaí e no sambódromo de São Paulo. Gastei a sola nos blocos de rua do Rio de Janeiro. E, ainda que tenha visto dos mais belos tamborins, nada se compara à folia zarolha que vivi em São Paulo em 2015 e que está se repetindo agora por todo Brasil.

Em 2015, o túmulo do samba ainda se aquecia para a sua grandiosa ressurreição. Com um enfeite enjambrado na cabeça, cheguei na Ipiranga com a avenida São João sem esperar muito. O centro da cidade vivia um dos seus momentos mais miseráveis e decadentes, em que um assalto era mais garantido do que um tapa de lança-perfume ou um beijo na boca.

Agarrada à minha pochete dourada como a própria vida, vi despontar, entre os prédios pichados, um trio elétrico mirrado, seguido de um cortejo de igual improviso. Nada das fantasias majestosas que eu até então conhecia. Estavam todos vestidos de Como Dava: uma cueca de oncinha alçada ao posto de protagonista, um tridente comprado na esquina, um sutiã sobre o peito peludo, um babado qualquer para se fazer de rumbeira, uma corneta arranjada às pressas na rua 25 de Março. Sem corda, sem recuo, sem apoteose, sem boneco de Olinda, sem brisa, sem árvore, sem patrocínio, sem incentivo da prefeitura, sem policiamento, sem muitos decibéis, só com um estandarte capenga, tínhamos que arrancar daquele asfalto inóspito alguma alegria.

E ainda que isso não estivesse escrito em nenhum samba enredo, sabíamos. Sabíamos que tudo dependia da nossa energia. E foi com ela que avançamos cidade adentro e assisti àqueles quarteirões entregues à própria sorte se abrirem. Os rostos ressabiados aparecendo nas janelas dos prédios. Os fumadores de crack dando passagem e sacudindo seus magros quadris. Os moradores de rua despertando ao som do chocalho amarrado na canela. Nós com as mãos levantadas, cantando a todos pulmões para levantar a turba combalida. “Tudo isso é pra nós?”, os rostos incrédulos diziam, na folia mais singular da minha vida.

É esse Carnaval da ressurreição que estamos vendo de novo pelas ruas. Não só em São Paulo, mas do Oiapoque ao Chuí, no nosso grande Bloco dos Escangalhados e dos Desvalidos. Desde a ala dos Lesados pela Pandemia a ala dos Lesados pelo Ex-Governo, não há quem não tenha, em algum momento nos últimos anos, perdido o rebolado ou chorado como um Pierrot.

Que as sandálias de prata avancem por essa terra garimpada, dilapidada, contaminada, roubada, vandalizada, vilipendiada, depredada. Que pelo menos por alguns dias a gente volte a ser o que foi, acredite ser o que nunca foi ou sonhe ser o que talvez, quem sabe, com sorte, um dia seremos. De vez em quando é bom vestir a fantasia.

Publicado em Giovana Madalosso - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Orelhas de livros

Um palhaço é um ser humano como outro qualquer, só que com muito mais frouxos de riso em volta. A vida do palhaço Risadescarninha não poderia ser diferente. Abandonado pelos pais aos 23 anos de idade, em plena Praça da República, ele descobriu que a vida estava ali, na sua frente, com um trinta-e-oito encostado na sua cabeça, fazia um frio danado e passava da meia-noite.

Depois de ter sido massagista de futebol, caixa de banco, provador de suspensórios em Osasco e técnico da seleção, o humilde rapaz do interior acaba no picadeiro, quase pisoteado pelos elefantes mancos e cegos do circo.

“Qual é a graça?” conta a trajetória do cidadão Roque Esturjão, o palhaço Risadescarninha, desde o seu romance com a mulher barbada do circo Panis et Circenses até a última aparição pública, em 1950, no Maracanã, como centro- avante do time uruguaio na célebre decisão da Copa de 50. O palhaço é o estilo.

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Indo e vindo

A felicidade a gente encontra em horinhas de descuido. (Guimarães Rosa)

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Vênus, Juno e Minerva: a Guerra de Tróia da Beleza

Não sei se você é sábio o suficiente pra saber que Minerva era a deusa da sabedoria. Sabe? Não? Não se preocupe, pois essa deusa também apelou pra inguinorança lá nos tempos em que as lendas eram vivas.

Minerva se achava e achou de desafiar Juno e Vênus num concurso de beleza. E foi justamente depois de um pilequinho na festa de casamento de Peleu com Tétis. Um festerê de dar água na boca de qualquer tubarão moderno. Só que, fácil ver por que, não convidaram Éris, a Discórdia. O rebolation comia solto, quando Éris jogou uma maçã de ouro pela janela. Nela estava escrito: Para a mais bela.

As três beldades — Juno, Vênus e Minerva — quase se atracaram no tapa. Júpiter, o deus-chefe, criou ali mesmo um novo ditado e lascou: Em briga de mulher com mulher, não se mete a colher. Lavou as mãos e mandou que as três fossem ao Monte Ida. Lá o belo pastor de ovelhas Páris seria o juiz. Claro que cada uma delas jogou todo charme pra cima do Páris. Juno prometeu poder e glória. Minerva, glória e fama nas guerras. Vênus foi a mais esperta: disse que casaria ele com a mais bela mulher do pedaço.

Páris, que era só um pastor, declinou das ofertas de fama, poder e glória. Escolheu o casório, já que ali no mato só tinha a companhia das ovelhas (nem pense nisso!) e da flauta (Idem!). Claro que as duas mulheres perdedoras se tornaram inimigas de Vênus hora.

Protegido por Vênus, pra encontrar a mulher prometida, Páris viajou pra Grécia. Lá é que morava o perigo! Ele foi bem recebido por Menelau, rei de Esparta. Só que você nem imagina que ele era casado com a mulher mais linda do mundo — Helena — né? Acho que esse o primeiro presente de grego, bem antes do cavalo de Tróia: oferecer a mulher do rei prum pastor!

Páris, na maciota, bem hospedado, começou a dar em cima da Helena. No papo manso e cheio de amor pra dar, ele convenceu Helena a se mandar dali pra Tróia. Menelau arregimentou soldados pra tirar Helena de Páris e aconteceu a Guerra de Tróia.

Os gregos convocaram Tzorvas, Seitaridis, Vyntra, Papadopoulos, Torosidis, Tziolis, Kastouranis, Karagounis, Samaras, Gekas e Charisteas. E mais alguns reservas: Ulisses, Aquiles, Sócrates, Aristóteles e Platão. Um time razoável, porém, retranqueiro.

O primeiro tempo virou sem abertura do placar. O time de Tróia se defendia com dez e atacava com vinte. Os comentaristas se esbaldavam dando palpites tanto pra um lado quanto pro outro. Se dependesse deles, o jogo terminaria empatado. Igualzinho fazem os comentaristas de hoje, na Copa da África.

Aí, pra desespero da torcida troiana, os gregos colocaram em campo um legítimo cavalão. Daqueles que só entram de sola com as quarenta travas das chuteiras bem afiadas. O cavalão ficou lá no meio do campo troiano e eles até acharam graça, pois ele nem se mexia. Parecia o meio-de-campo do Brasil. Só que, de noitão, o cavalo se abriu e saíram de dentro milhares de comentaristas de rádio, televisão e jornal que se puseram a discutir a partida com tantos e tão entusiásticos argumentos que os troianos ficaram bestas. Uns diziam que eles deviam atacar pelas pontas, outros pediam mais movimentação do meio-de-campo, outros reclamaram da arbitragem de Júpiter. Com aquele vuvuzelaço nos ouvidos, os troianos se renderam.

De tudo isso, o final é o mais chato. Menelau recuperou Helena e viveram felizes, Vênus virou planeta gelado, Éris foi pra Bagdá com a delegação dos Estados Unidos, a seleção grega derrotou a nigeriana, Juno e Minerva fizeram lipoaspiração, botóx, pelling, escova de ostras, maquilagem permanente e se mandaram pra Venezuela aprender a ganhar concurso de misses.

*Rui Werneck de Capistrano
é comentarista de mitologia brega e sinuquista de araque.

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Self portrait with Selva Evening. © Arno Minkkinen

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Playboy|1970

1973|Julie Woodson. Playboy Centerfold

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O carnaval curitibano

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Tempo – 2018

© Julio Covello

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A pose da modelo como uma simples mortal

Lizzie Miller. Na foto publicada pela revista Glamour, sem qualquer trabalho de Photoshop, a modelo se iguala à beleza das mortais. Lizzie é feliz ao dizer que com o tempo percebeu que cada corpo é diferente. Aprendeu a amar o seu como ele é, com cada uma de suas curvas.

Ela defende a tese de que, se você anda pela praia de biquini, confiante e sentindo-se sexy, as pessoas também te verão assim. © Sebastien Micke

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Lilo Mai. © Zishy

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A menina de Caicó

Assionara Souza -1969|2018

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“Bloco de Anotações”, carnaval pra karamba!

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