Soy loco por Teresina!

humor é rock

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Piauiês

A “Enciclopédia do Piauiês”, de Paulo José Cunha, é o registro de uma fala em extinção, de um Piauí que mal existe, deglutido que foi pela massificação modernizadora, travestido de tempos modernos e, hoje, falante de uma língua “global” que pouco expressa a estagnação efetiva de que padece na essência de sua triste realidade.

É obra que tem a grandeza de congelar para o futuro, o verbo de uma cultura que desvanece, de guardar para a posteridade o testemunho de um tempo em que o sertanejo não se expressava da mesma maneira que o surfista carioca. José Ferreira. Edições Corisco|2012

Se você não arrochar o buriti, pode dar o maior bololô!

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Nós, índios

Por conta de alguns de meus livros, é notória a paixão que nutro por índios, particularmente os guaranis. Some-se a isso a infância no sertão profundo, aquele tempo em que o Paraná não havia se tornado ainda o mar de soja em que se converteu há algumas décadas. Sou tetraneto de índia caçada a laço às margens do rumoroso Cinza nas então florestas do norte do Estado.Minha mãe mesmo era bugra – alguma vez avessa à metrópole com que a aldeia (moral) curitibana aqui e ali botava banca pra cima dela. No coice que a velha e saudosa D. Cida revidava. Sem a menor hesitação. Há, no fabulário da família, episódios quase grotescos nesse sentido – que vão do horror a elevadores a bolsadas em seguranças de supermercados.

Ah, D. Cida e suas também generosas pajelanças na então Vila Tingui da Curitiba que o vento levou… Todo dia é dia de índio, sabemos, ainda que as comemorações oficiais tenham se dado domingo último. Para variar -de modo tragicamente melancólico. Dos milhões de índios da Terra Brasilis restaram aí uns 300 mil, se tanto. Vê-los de brinquinho de brilhante e torcendo para o Coríntians, como aconteceu, esses dias, no Programa do Jô, é um chute na canela, para não dizer em outros lugares… Comemorar o quê? Foi proposital – e voluntarioso, sim! – não falar de índio, domingo passado, aqui neste canto de jornal.A última vez que vi um índio autêntico, foi na Festa Literária Internacional de Paraty/ 2006, a Flip, para a qual fui como convidado oficial. Acho que já falei da cena dantesca: jovem e esquálido, o olho roxo, maltrapilho e bêbado de um tonel, o parati-mirim tentava, inutilmente, se levantar da calçada. Tentei ajudá-lo e desde o chão ele cuspiu com força, tentando certamente me atingir a cara, e acabando por babar-se ainda mais. Foi, para dizer o mínimo, humilhante.

A seguir, assisti, estarrecido, à polícia arrastá-lo pelas pedras centenárias como se arrasta um porco ou um cachorro morto. Esperneava e imprecava lá em sua língua engrolada. Exaustos, os policiais o jogaram numa dobra de esquina menos movimentada. E ali ele, parece, desmaiou.Também pelas estradas mato-grossenses, de outra vez, vi o que restou dos guaranis: choças molambas de onde acenam, velhos e crianças. Alguns param os carros e são logo rodeados pela indiarada, a pedir comida, cachaça, dinheiro. Alcoólatras e esfarrapados os índios da fronteira não têm mais sequer identidade.

Saber que um dia foram guerreiros e artesãos, caçadores e diabólicos mateiros é só uma lembrança que a nossa culpa recolhe e cala. Impotentes, outra vez impotentes baixo o hipócrita cristianismo de nossos “bentos” dias. D. Cida tinha razão: só a chutes e pontapés, sombrinhadas e beliscões.

26|4|2009

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Flagrantes da vida real

flagrantesVem pra caixa você também! © Maringas Maciel

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Marilyn Monroe.  © Earl Moram

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Existe vida sexual na maturidade ou o tesão acaba com a idade?

Existe vida sexual na maturidade? O tesão ainda rola depois dos 60, 70 e 80? Ou o tesão acaba com a idade?

Em um vídeo do canal das Avós da Razão no YouTube, de 26 de janeiro de 2023, as irreverentes, inteligentes e divertidas Gilda e Sonia estão de biquíni na praia de São Vicente, tomando um drinque no “boteco das Avós no Verão”.

Sonia lê a pergunta de uma seguidora: “Oi Avós, eu queria saber: como é a vida sexual da mulher de mais de 80 anos?”.

Gilda, de 81 anos, responde:

“Olha, é mais comedido porque não é como quando você tem 20 anos que você vai com muita sede ao pote. Quando você é jovem você vai, tem luz ou não tem luz, transa na praia. Mais velha você tem uns subterfúgios, bota uma musiquinha, uma meia-luz ali, uma luz que não foque tanto. Às vezes dá certo, às vezes dá errado. Mas tudo o que você sentia, ou seja, atração, tesão, continua existindo”.

Gilda é usuária dos aplicativos de relacionamento.

“Hoje em dia, com os aplicativos, está fácil porque você entra, gosta do cara, tem outro cara… Falam mentiras pra cacete. É cada coisa que a gente ouve que até Deus duvida. E você encontra cada louco, mas é divertido. Até que vai chegar numa pessoa bacana. Ou como aconteceu comigo: reencontrei um velho amigo, a gente trabalhou junto, tererê e tarará, e rolou. De vez em quando a gente se encontra e é super divertido. E rola igual, porque o tesão tá lá. O tesão pode estar escondido, estar amortecido, quietinho num canto, mas é só incentivar que o tesão vem com tudo. Porque o tesão está na cabeça, não está embaixo, está na cabeça. E é tão agradável quanto, claro, com mais tranquilidade, com mais calma, mas é muito bom”.

Para ela, o tesão não morre nunca.

“Não tem essa história: ‘Ah, eu estou velha, não quero mais’, não tem. Velha a gente está mesmo, graças a Deus, calcula se a gente não estivesse velha, onde a gente iria estar? Nem tesão nem o resto. Então eu acho que é uma coisa da cabeça e você tem que deixar aflorar porque é como qualquer outra função no corpo. E sempre vai ter alguém que vai gostar, sempre: gosta do teu olho, gosta do teu pé, da tua mão, enfim… Você vai achar. Depende de cada uma, de como você se sente, o que você quer, mas não é uma coisa que fala: ‘nunca mais’.”

O mais importante é a química, o resto não importa, diz Gilda.

“Faça como quiser. Não tem regra: tem que ser da mesma idade, tem que ser mais velho, tem que ser mais novo, não. Apareceu, gostou, deu certo, deu química, bacana. É pra vida toda? Não! É para aquele momento que você relaxa, que é gostoso, que é bom demais. Se rolar outra vez parabéns, se não rolar a fila anda, meu bem. É isso, pra mim, é isso. Agora a Sonia pode ter outra visão.”

Sonia, de 85 anos, diz que ficou muito mais exigente e seletiva depois de velha:

“Não é que eu discorde de você, mas eu sou muito cética. A vida sexual depois dos 80 é uma merda. Mas cada um administra do jeito que quer e está tudo certo, quem quer quer, quem não quer não quer. Tesão é tesão, não acaba nunca, concordo. Mas executar é bem difícil. O problema não sou eu, é encontrar o par.”

As Avós da Razão enfatizam que o mais importante é respeitar a diversidade e singularidade das escolhas e desejos femininos, em qualquer idade, sem patrulhas, sem preconceitos e estigmas.

Existem mulheres que adoram transar e os aplicativos facilitaram os encontros (apesar das mentiras e dos golpistas);

As que preferem os brinquedinhos sexuais;

As que nunca gostaram de transar, que se aposentaram do sexo e acham a velhice uma libertação, pois não se sentem mais obrigadas a transar;

As que querem encontrar um par, mas acham bastante difícil achar um que combine;

As casadas há muito tempo que perderam o tesão, mas valorizam o companheirismo;

As que encontraram amantes virtuais;

As que pagam por sexo;

As que gostam de namorados mais jovens;

As que têm mais tesão em outras atividades e propósitos, não no sexo;

As que têm preguiça, as que preferem dormir, fazer compras ou se divertir com as amigas;

As que nunca tiveram orgasmos;

E muito mais…

Será que ainda rola sexo na maturidade? Ou será que o tesão acaba com a idade?

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Mural da História – 2016

esta-mosquita-da-denga

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Trully. © IShotMyself.

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Lesmas (a Jamil Snege)

Volto ao ancoradouro de Vila da Pedra, meu caro Franz, para fumar apenas um cigarro. É que eu trabalhei a madrugada inteira nas minhas Confissõesorgíacas e agora bateu um certo cansaço. O ar muito seco, muito azul, talvez me serene. Ontem fui à Tabacaria do Esteves, onde também se vende absinto, e avistei a divina Pilar, do outro lado da rua, com plumas brancas no chapéu. Eu só podia ver que ela entrava numa pensão sórdida. E olha que há vinte dias encontrei na minha caixa de Correio a notícia curta de que ela iria se casar. Com quem, meu amigo? Com o conhecido proprietário da Tabacaria, o Esteves, que ainda sorri. Então casou com o Esteves? Quis dizer a ele que sua esposa o estava traindo, mas decidi ficar quieto.

Pilar acaba de sair da pensão sórdida, atravessa a rua em direção à Tabacaria, e, agora sei: ela é, nas horas vagas, prostituta. Unicamente por não poder, com minha costumeira honestidade, contar ao Esteves o que vi, preferi fingir que fumava um Continental e perguntei a ele como era estar casado. O Esteves me respondeu que Pilar é uma espanhola que conhecera em Málaga, numa Semana Santa. O ex-marido dela, pacato consumidor de queijo, sofria de um terrível mal: nasciam-lhe lesmas na língua; lesmas não confiáveis. Ora uma das lesmas caiu no chá de Pilar e isso foi o suficiente para que as núpcias fossem desfeitas. Ela amara o ex-marido na cama de linho, atrás da igreja dos Lavados, o amara à beira do rio, no banheiro da estação de trem, e só por causa das lesmas decidiu vir para cá, à Vila da Pedra, e nos conhecemos ali no ancoradouro onde agora, em estado de óbvia distração, eu contemplo as nuvens.

Compreendo o romance e o motivo, só não entendo porque Pilar trái o Esteves nessa pensão barata. Depois de jogar o cigarro no cinzeiro, aquela imagem dela entrando naquele lugar imundo ainda apertava a minha cabeça. Vociferei:

– Mas por quê? Por quê?

– Talvez por tédio –, arrisco um palpite.

Recordemos: durante anos Pilar amou enlevadamente aquele homem com lesmas na língua e, há vinte dias, casou com o Esteves. Amou aquele homem porque seus grossos bigodes eram negros, e ama hoje o proprietário da Tabacaria porque ele é ocioso, amável e não possui lesmas na língua.

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Mural da História

© Nasa

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Flagrantes da vida real

Etel Frota e Katia Horn, na saída do Cine Passeio. © Maringas Maciel

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Declamar poemas

Não fui feito para declamar poemas
Ter timbre, empostar a voz, tempo cênico
E ainda dar tom gutural em tristices letrais.

Não fui feito para decorar poemas
Malemal os crio e os pincho fora
Pro poema saber mesmo quem é que manda.

Não fui feito para teatralizar poemas
Mal os entalho e deixo que singrem
Horizontes nunca dantes naves/gados.

Não fui feito para perolizar poemas
Borboletas são pastos de pássaros
Assim os poemas que se caibam crusoés.

Não fui feito para ser dono de poemas
Eles que se toquem e se materializem
Peles de pedras permitem leituras lacrimais.

Não fui feito nem para fazer poemas
Por isso nem cheira e nem freud a olaria
Apenas uso estoque de presenças jugulares.

Não fui feito eu mesmo. Sou poema
Bípele, cervejólo, bebemoro noiteadeiros
Quando ovulo sou fio-terra em alma nau.

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Retrato do Brasil

© Scarlett Rocha

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Poesia no SESC Paço da Liberdade

paço da liberdadeOsmarosman Aedo e o cartunista que vos digita soltam a voz na estradas no sarau de sábado, em algum lugar do passado.

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