A combinação eleitoreira entre repasses de recursos por emendas parlamentares secretas ou não à base eleitoral dos municípios, fez desse ano uma farra na distribuição de uma dinheirama sem precedentes aos municípios.
O golpe que já se constatou outrora é o repasse com a casadinha da contratação, isto é, o repasse já vem carimbado com a empresa que irá ganhar a licitação, com o edital e tudo mais, a fim de passar a propina aos envolvidos.
Ganham a licitação por preço vil, mas na sequência aditivam o contrato em 25% ou mais.
A empresa não inicia ou sequer completa a obra, todos ganham o reforço para a campanha e o canteiro de obras é abandonado ou sequer iniciado.
O filme se repete.
Acontece que o repasse neste ano veio muito tardio para se fazer licitação pois, pela nova lei, as coisas se complicaram. Então, o dinheiro é destinado para contratação de shows milionários de cantores sertanejos e outros tipos de forma direta que dispensam a burocracia do certame.
Outra coisa é o repasse fracionado, uma parcela antes da eleição e outra depois do pleito eleitoral. Assim: “te repasso uma parte agora e se o seu município me render tantos votos, no ano que vem repassamos as outras parcelas, combinado?”
As emendas secretas entram em cheio nesse toma-lá-dá-cá?
E as obras?
No Brasil, duas mil, quinhentas e seis obras paralisadas totalizam R$89,5 bilhões, numa média de 35 milhões por obra parada.
Há a ausência de critérios uniformes, de metodologias de contratação e de fiscalização. Como resultado, há uma diversidade de interpretações jurisprudenciais e administrativas nesse tema.
Em resumo: tudo emaranhado.
Ninguém levanta essa espécie de fraude eleitoral de repasses em ano de campanhas que, muitas vezes, tem relação direta na paralisação de obras.
Os técnicos municipais diferem nos mais de cinco mil municípios brasileiros. Resultado: não há uniformidade nas obras, em estradas, nas pavimentações, nas escolas e em tudo mais.
Cada município é um pequeno país que se altera de quatro em quatro anos, sem planejamento de infraestrutura. Pingam recursos aqui e ali, mas normalmente falta de tudo e muita coisa é precária e está sempre por fazer.
PEDRO GUIMARÃES, o presidente taradão que foi saído da Caixa Econômica, declara que o diretor que nesta semana cometeu suicídio era “um exemplo na empresa”. O diretor tinha sob sua responsabilidade a investigação de abusos, inclusive os sexuais de que Guimarães foi denunciado por funcionárias. O diretor não abriu investigação contra Guimarães. Se o diretor era exemplo, Pedro Guimarães pode seguir o exemplo.
Paulo Roberto Ferreira Motta emocionou-me com o texto que publicou, na semana passada, aqui no Zé Beto e no Solda Cáustico. Conheço-o há algum tempo, tive a honra de trabalhar em sala ao lado da dele no escritório dos mestres Romeu Felipe Bacellar Filho e Renato Andrade. Comungávamos os mesmos ideais. Ou quase todos. Nossas divergências eram pontuais e insignificantes. Descobri as várias qualidades do Paulo. E alguns dos seus defeitos. Mas a chegada do pequeno Bruno e o falecimento da sua querida Raquel, tão cedo e tão doído, afloraram em Paulo um sentimento que eu desconhecia ser tão forte: a fé.
Admiro as pessoas que creem. Sobretudo, num tempo e num mundo tão carente de fé. Mais do que isso, admiro pessoas de fé e que tem a coragem de confessá-la, sem receio de ser incompreendido, ser ridicularizado ou ser desprezado.
Paulo Motta, num momento de desabafo e de saudade, fez tudo isso. Sem nenhum constrangimento, confessou que aprendeu que Jesus aparece (e atua) todos os dias, mesmo que nós não o reconheçamos. Aprendeu também a reconhecê-lo e a compreendê-lo. Ajudou-o as lições colhidas em Santo Antônio de Loyola, no padre basco Pedro Arrupe, da Companhia de Jesus, em Porto Alegre; em dom Helder Câmara, em Paulo Evaristo Arns, nos primos Lorscheider, em Luciano Mendes de Almeida, em Pedro Casaldáliga, em Tomás Balduíno, em Cláudio Hummes, em Júlio Lancelotti e no atual Papa Francisco. Sua fé fortaleceu quando conheceu Raquel, uma católica muito melhor do que ele.
Hoje, Paulo está convencido de que Jesus aparece todos dias, em todos os lugares e em todos os momentos. Pode ser no sorriso do filho Bruno ou quando ele lhe dá bom dia. E aí, repete o pensamento de Rubem Alves, que também é o meu: Deus está presente na luz do dia, nas flores dos jardins, nos mares e nas montanhas, nas florestas, nas praças, nos parques, nos pores-do-sol, nas estrelas e em tudo o mais que Ele nos deu para desfrutássemos pelo livre arbítrio.
Paulo confessa ter encontrado Jesus em várias ocasiões. A mais recente, foi no domingo, na entrada de seu condomínio. Estava triste e carregava uma pesada cruz. Pediu-lhe um prato de comida. Como não o tinha naquele instante, Paulo deu-lhe o tinha: uma broa de milho, tamanho grande, que acabara de comprar para comer no café da manhã e no horário da tarde, com uma fatia de queijo da Serra da Canastra. Entregou-lhe a broa inteira, para surpresa do pedinte. Já deveria ter recebido vários nãos naquela manhã. Ele recebeu-a com felicidade, atravessou a rua, sentou-se no meio-fio, abriu o pacote e começou a saciar a fome. Paulo notou que a cruz que ele carregava ficou um pouco mais leve.
Fiquei feliz ao ler o texto/depoimento de Paulo Motta. Ele me fez bem, pelo conteúdo, pela sinceridade, pela audácia do autor em expô-lo, num mundo tão sem amor, tão sem fé e de tão pouca esperança. São momentos como esse que fazem a diferença.
Ministério Público denuncia policial penal que matou petista
Marcelo Arruda foi morto a tiros na própria festa de aniversário, em Foz do Iguaçu; Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe.
Jorge Guaranho foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR)
Órgão cita que o acusado agiu por motivo fútil por “preferências político-partidárias antagônicas” e que colocou a vida de mais pessoas em risco ao efetuar os disparos no salão
Como o acusado está preso, o prazo legal para o oferecimento da denúncia, de cinco dias, encerra nesta quarta
Promotor diz que ainda aguardam laudos serem anexados ao processo, mas que o MP avaliou que material não é imprescindível ao oferecimento da denúncia
Ao detalhar denúncia, os promotores afirmaram não ter sido constatada prática de crimes de ódio, discriminação, ou contra o estado democrático de direito
O BRASILEIRO sempre teve complexo de vira-latas, ainda tem. O complexo só se manifestava no Exterior. Jair Bolsonaro trouxe o complexo para dentro do Brasil: o brasileiro passa a ter vergonha cívica, vergonha da nacionalidade, vergonha de si mesmo. Há exceções: os que elegem e defendem Bolsonaro. Outros presidentes nos deixaram heranças malditas. Bolsonaro enriqueceu o patrimônio.
Em Os demônios de Marília H., romance breve e contundente lançado pela Kotter Editorial, de Curitiba, o jornalista e escritor paranaense Luiz Manfredini conduz o leitor a um mergulho na existência febril e incomum de uma personagem que se desgarra da vida corriqueira e, na loucura da negação do real e da obsessiva busca da perfeição, avança rumo à tragédia onde o ápice é o trágico assassinato do filho. A figura de Marília H. é, ao mesmo tempo, sedução destrutiva e encanto. Com dupla face, a personagem prende o leitor com sua tragicidade.
Nenhum acontecimento na narrativa de tom noir é totalmente inverídico. Mas o autor acentua as tintas, amplia os detalhes, traz novos diálogos e emoções estéticas. Avança para desnudar a realidade pulsante com a qual trabalha e inventar outro real, outros cenários com atores que a realidade não continha, e que a completam, fixando assim memórias e acontecimentos de uma história viva, pulsante, de cuja matéria-prima – a morte – emerge categórica defesa da vida.
Luiz Manfredini é autor, entre outros, dos romances “As moças de Minas”, “Memória de Neblina” e “Retrato no entardecer de agosto”, além da biografia do escritor paranaense Wilson Bueno, morto em 2010.
* Como o livro saiu da gráfica agora, antes de chegar às livrarias ele poderá ser adquirido diretamente pelo WhatsApp do autor: http://(41) 99965-0704.
A farra foi grandíssima. De uma única pernada, atropelaram as leis eleitorais, mandaram às favas a responsabilidade fiscal, destelharam o telhado de gastos, falsificaram a regra de ouro e cobriram de insultos a Constituição. Deputados e Senadores viabilizaram a trapalhada, ao custo de mais de R$ 40 bilhões, através do reconhecimento (?) de um inusitado estado de emergência
“Em farra de rato, cedo acaba o queijo”
Dito popular
“A PEC Kamikaze começou a se transformar na PEC Virtuosa das Bondades”
PG ‒ “o Posto Ipiranga”
Os governos dos países atuam na Economia através de ações de política econômica no sentido de orientar o crescimento, com estabilidade de preços, evitando as flutuações, garantindo o emprego e promovendo o máximo possível de equidade de renda.
Dentre os diversos instrumentos à sua disposição, um dos mais importantes é a política fiscal; através desta, arrecada os tributos (“sua renda”), os quais destinam-se a financiar seus gastos, necessários para manter a “máquina” em funcionamento e prover os serviços públicos indispensáveis à população.
A manipulação dos tributos e dos gastos públicos, para cima ou para baixo, faz parte do arsenal de que os dirigentes se utilizam para atuar, seja no estímulo à atividade econômica quando deprimida, seja no inibir despesas de consumo e investimento em momentos de recrudescimento inflacionário.
Quando necessário o estímulo, a política expansionista objetiva incrementar a demanda, aumentando as despesas governamentais ou reduzindo a tributação ou mesmo através de transferências diretas à população. Os economistas denominam a esta ação o preenchimento do hiato recessivo.
Em situação inversa, para controlar o processo inflacionário, a ação tem de ser contracionista com o intuito de redução da demanda, invertendo as três ações descritas no parágrafo anterior, de forma a inibir o hiato inflacionário.
As transferências efetivadas pela PEC “kamikaze”, “vento divino”, “eleitoral”, “das bondades” ou qualquer outro nome ridículo que a queiram batizar, não guardam nenhuma relação com a racionalidade macroeconômica, com as estratégias acima descritas. Seguem uma única lógica – a eleitoreira –, visando garantir a presença de Bolsonaro no segundo turno.
A farra foi grandíssima. De uma única pernada, atropelaram as leis eleitorais, mandaram às favas a responsabilidade fiscal, destelharam o telhado de gastos, falsificaram a regra de ouro e cobriram de insultos a Constituição. Deputados e Senadores viabilizaram a trapalhada, ao custo de mais de R$ 40 bilhões, através do reconhecimento (?) de um inusitado estado de emergência. A desfaçatez é espantosa, não há limite para o descaramento, não há restrição para o exercício pleno e altaneiro do cinismo.
As manobras de Lira e Pacheco, nas duas casas legislativas, surpreenderam mesmo aqueles mais habituados às negaças e dribles outrora encetados por outro presidente da Câmara, este defenestrado. Ultrapassada a CCJ, esquecidos os tempos regimentais entre votações, caradura em transformar a quarta-feira dia 13 em segunda-feira ou sexta-feira de forma a viabilizar o voto virtual. Afinal, suas excelências tinham de estar em suas bases para a campanha eleitoral, que por sinal legalmente (isto ainda existe?) não começou.
As oposições, todas elas, submissas à astúcia do Centrão, enroladas e manietadas pela velhacaria engendrada pelos espertalhões, não foram capazes de um gesto austero, estoico e digno – votar contra, escancarando com firmeza o estelionato praticado com impostura. Como se o eleitor brasileiro fosse um estafermo atoleimado incapaz de entender a sujeira da operação caça-voto. Não é! Embolsaria a “ajuda” e votaria corretamente.
O pacotão é ruim do princípio ao fim. Mal focado, ou alguém em sã consciência crê que caminhoneiros e taxistas (nada contra as dignas categorias) devem ser priorizados neste momento de ascensão da miséria? *E mais, o preço a pagar lá na frente, em 2023, pelo povão será desastroso, seja quem for o presidente a tomar posse em janeiro. Contrata-se hoje com a irresponsabilidade eleitoreira a certeza da incerteza fiscal e, com ela, aceleração inflacionária – alta de juros –, inibição do investimento – crescimento pífio ou nenhum –, desemprego e, finalmente, mais pobreza. O presidente do Banco Central, Campos Neto, não deve dormir, pois, a cada “ideia brilhante” do governo nonsense, há que pensar como consertar o estrago.
A orgia fiscal foi implementada com o aval do “liberal” (ainda?) Paulo Guedes, um “chicaguiano” que sempre se declarou autêntico, que afirmou ter lido três vezes Keynes no original (haja paciência), parece que agora desdenha a lição do guru Milton Friedman: “Não há almoço grátis”. Realmente, não há. Pagarão, como sempre, os que menos têm condição de se protegerem da carestia e do desemprego, fácil adivinhar quem são eles, não?
O índice de GINI saltou de 0,5328 em 2020 para 0.5525 em 2021. (Quanto mais perto de 1, mais a renda é concentrada e por tal maior a desigualdade)
Em tempo: noticiou-se que o Ministério da Mulher e da Família solicitou a investigação dos médicos que, seguindo a lei, propiciaram o aborto da menina de 11 anos estuprada. As mulheres que têm defensores como esse não precisam de inimigos.
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