O general Walter Braga Netto, que será alçado a candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro, deve receber no período eleitoral um salário pago com doações de campanha, segundo O Globo.
“A interlocutores o general reclama que ganha pouco como general da reserva — um total de R$ 32,7 mil mensais. E que agora não tem mais salário nem de ministro e nem de assessor especial do presidente.”
Como assessor do presidente, Braga Netto somava mais R$ 16 mil aos rendimentos.
Por um lado, a veemência não faz parte do argumento. Por outro, a ignorância faz. De um lado, o tirocínio com ideias; de outro, o morticínio delas. Lado a lado, as figuras de linguagem e a linguagem das figuraças. E ladeando tudo, informações desenformadas. Ou desinformações enfurnadas, sei lá. Afira o que fere o ouvido, confira o que difere do entreouvido, afora o que interfere no duvido. São minhas figuras de estrilo.
– Hipérbole não é uma parábola descomunal. – Ilação não é exclusividade entre associados.
– Cacófatos não são estilhaços factuais. – Metonímia não é uma ignomínia invertida.
– Paronomásia não é a amante do Padre Quevedo. – Alegoria não é irritação cutânea simbólica.
– Catacrese não é procurar crise na crase. – Sinédoque não é um cinema num cais.
Onomatopeia não é a prosopopeia da centopeia. – Sinestesia não é a dormência do pensamento.
– Antítese não é o oposto da vida acadêmica. – Perífrase não é um atalho entre dois sentidos.
– Gradação não é pôr barras de ferro na ênfase. – Disfemismo não é o avesso do machismo.
– Apóstrofe não é um poeta na Santa Ceia. – Elipse não é tapar o sol com um clip.
– Assíndeto não assina, não assinala, não sinaliza. – Hipérbato não é estalar a língua no céu da boca.
– Anacoluto não é a incompreensão da morte. – Anáfora não é uma moringa grega.
– Anadiplose não é lipoaspiração no texto. – Decoe não é um infarto do diácono.
– Epístrofe não é uma missiva rimada. – Assonância não é afonia em vale de eco.
– Aliteração não é alteração entre literatos. – Silepse não é a sinopse de uma sinapse.
– Raciocinar não é racionar um pouco além – Tergiversar não é regurgitar um poema. Etc.
Ao indicar o deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (foto) para receber a medalha da Ordem do Mérito do Livro, concedida pela Biblioteca Nacional, a direita governista admite sua derrota, diz o escritor Jerônimo Teixeira, em artigo na Crusoé.
“A intelectualidade alinhada a Bolsonaro é tão nula em arte quanto os milicos com cargos no governo são ruins em gestão pública”
“Feitas todas as contas – inclusive a dos livros já lidos –, nem a distribuição de medalhinhas para heróis bolsonaristas conseguiu ultrapassar a impotência amarga que é própria dos ressentidos. Ao reconhecer que o melhor ‘elemento’ que tem a apresentar no campo cultural é Daniel Silveira, a direita governista admite sua derrota. Já parecem enterradas as esperanças de dois anos atrás, quando o então secretário da Cultura, Roberto Alvim, anunciava uma verdadeira renascença conservadora, postulando uma arte ‘heroica e nacional’ que estaria ‘vinculada às aspirações urgentes de nosso povo’. Alvim acabou demitido porque trechos dessa fala tinham incômodos pontos em comum com um discurso de Goebbels. Até hoje, a nova arte com que ele sonhava não deu as caras. A intelectualidade alinhada a Bolsonaro é tão nula em arte quanto os milicos com cargos no governo são ruins em gestão pública.”
O ex-jogador Walter Casagrande, que deixou de ser comentarista do Grupo Globo ontem após 25 anos na emissora, participou do UOL Entrevista e explicou que um dos motivos para sua saída foi a falta de apoio em seus posicionamento mais contundentes.
“Hoje, não só a Globo, quase todos os lugares ficam pautados em cima das redes sociais. A rede social é uma guerra lá dentro, as pessoas e emissoras estão preocupadas com seguidores e pessoas que falam de um determinado assunto popular demais, que não interessa de forma social ou política, e isso não faz parte do meu perfil. Gosto de me posicionar politicamente e falar sobre a sociedade. Gosto de me colocar nas polêmicas dentro do próprio esporte como homofobia, machismo, assédio sexual e estupro. Tem jogador que estuprou uma menina, o Robinho, e tá na praia, no Guarujá”, disse Casagrande.
“O mundo está desse jeito, não é a questão da Globo. O meu caminho da separação com a TV Globo começou quando percebi que as minhas posições não tinham mais eco lá dentro, eco de companheiros. Antes existia continuidade no meu posicionamento, na minha crítica, e não tinha mais esse eco. Vocês escreviam o que eu falava, as minhas críticas, externamente se falava isso, mas internamente não. Eu acho que no final pesou pro meu divórcio, não é uma crítica porque as pessoas não são obrigadas a serem iguais. Isso é coisa minha”, acrescentou.
O GRANDE MENTECAPTO disse mais uma: reza para que “o povo não sofra as dores do socialismo”. Perto da comichão do fascismo no governo dele, as dores do socialismo são refresco. Mentiroso e ignorante, o mentecapto não tem a mínima remota noção sobre socialismo. A não ser aquele que pratica com as rachadinhas, em benefício próprio.
O dia inteiro perseguindo uma ideia: vagalumes tontos contra a teia das especulações, e nenhuma floração, nem ao menos um botão incipiente no recorte da janela empresta foco ao hipotético jardim. Longe daqui, de mim (mais para dentro) desço no poço de silêncio que em gerúndio vara madrugadas ora branco (como lábios de espanto) ora negro (como cego, como medo atado à garganta) segura apenas por um fio, frágil e físsil, ínfimo ao infinito, mínimo onde o superlativo esbarra e é tudo de que disponho até dispensar o sonho de um chão provável até que meus pés se cravem no rosto desta última flor.
O MINISTRO da Defesa, aquele general com cara de mau que manda carta desaforada ao ministro Edson Fachin, continua a pressionar o TSE sobre a fiscalização das eleições. Na última reunião de ministros, lá veio ele com a mesma conversa. Por que o Exército tem que fiscalizar eleições em período de normalidade constitucional, no pressuposto de que haverá fraudes que sequer se revelaram como hipótese ou como ameaça? No Brasil o Exército interveio em eleições apenas nos períodos de anormalidade constitucional – entenda-se: nas ditaduras. Passa o tempo e o sotaque e os cacoetes da ditadura de 1964 voltam da hibernação de duas décadas.
Nas ditaduras ou não havia eleições ou elas eram figurativas, com candidatos pré-escolhidos, eleitos em colégio eleitoral reduzido, no quadro imposto de dois partidos, o que manda e o que compõe a pantomima da normalidade. Quando o ministro da Defesa exerce atribuição do Judiciário existe o exato contrário do que diz: ele quer evitar que a normalidade constitucional produza eleições limpas; para que, não eleito Jair Bolsonaro, engendre-se ruptura constitucional no suposto de que o Exército foi impedido de fiscalizar as urnas. Há extensa literatura do assunto, no geral sob o título ‘manual do golpe de Estado’.
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