O evangelho do messias brasileiro

SE CRISTO voltasse como homem, se estivesse entre nós, desconfio que pediria para voltar à cruz, mesmo com o pedágio da via dolorosa, da coroa de espinhos, da esponja com vinagre e do golpe com a lança do legionário romano. Entre nós, brasileiros em geral e curitibanos em particular – estes depois da Marcha para Jesus. Nunca se viu um pecador como Bolsonaro, que nega o amor ao próximo, não pratica a caridade, ignora todos os mandamentos e evangelhos usar o nome de Cristo, não só em vão, como sem autorização e em ostensiva deturpação. usar o nome de Cristo, não só em vão, como sem autorização e em ostensiva deturpação.

E do velho testamento, Bolsonaro só pratica a vingança e o ódio pregados no Levítico. Quanto a Moisés segue apenas um mandamento, o quarto, que reescreveu. Ali onde se diz “honrar pai e mãe” ele reza “honrar os filhos”. Mas os filhos homens. As mulheres e a filha não cabem na liturgia do messias do mal.

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Cínico, Queiroga transforma OMS em palanque, omite mortes e diz combater a corrupção

Num discurso transformado em propaganda eleitoral na manhã de hoje na Assembleia Mundial da Saúde, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, omitiu o número de mortos pela covid-19 no Brasil, festejou os resultados da política de combate à pandemia e declarou que uma das prioridades do governo de Jair Bolsonaro foi lutar contra a corrupção no seu setor.

Queiroga, como se não estivesse na sede da ONU, ignorou todos os principais temas da agenda internacional, como a negociação de um novo tratado global contra pandemias, não citou a reforma da OMS (Organização Mundial da Saúde), o debate sobre o regulamento sanitário internacional e não tocou no tema da guerra na Ucrânia.

A fala em Genebra do representante do governo de Jair Bolsonaro tampouco fez referências ao fato de que a principal mensagem atual da OMS é de que a pandemia não apenas não terminou, mas que os números voltaram a crescer em 70 países do mundo. “A crise está longe de terminar”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, minutos antes da fala do brasileiro e usando exatamente o mesmo pódio.

Jamil Chade

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Flagrantes da vida real

Em Curitiba, Bolsonaro discursa na Marcha para Jesus – Foto de Franklin de Freitas (Do blog do Zé Beto)

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Tiago Recchia

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Homeschooling em debate

Assunto precisa realmente ser tratado em regime de urgência?

A aprovação do homeschooling (ensino domiciliar) pela Câmara gerou uma enxurrada de “falácias da derrapagem” (tentar demonstrar que uma proposição é inaceitável porque ela geraria um desfecho trágico). Para a esquerda, o projeto de lei levará ao desmantelamento da escola pública e ao aumento de casos de pedofilia. Para a direita, impedir o homeschooling é submeter crianças à lobotomização ideológica por militantes comunistas.

Diversas pesquisas no exterior mostram que alunos da educação domiciliar passam nos testes de aprendizagem até com notas maiores que alunos que tiveram formação escolar. Também há estudos —como o de Richard Medlin, do Departamento de Psicologia da Stetson University— mostrando que jovens do homeschooling possuem níveis acima da média de socialização (habilidades sociais, redes de amizades, relações comunitárias etc.) em comparação com jovens do ensino formal.

No julgamento do STF sobre a questão, em 2018, o ministro Luiz Roberto Barroso citou esses estudos e foi o único a votar pela autorização do homeschooling. Para sete ministros, a prática não é inconstitucional, mas precisa de uma lei que a regularize. Apenas dois ministros a consideraram inconstitucional.

Ou seja, defender a legalização do ensino domiciliar não é um descalabro pedagógico ou ético. Da mesma forma, as críticas devem ser levadas em consideração sem serem tachadas de totalitarismo. Quanto de dinheiro público será direcionado para a fiscalização do homeschooling? Esse montante impacta negativamente o ensino público brasileiro?

Preocupante mesmo é o Executivo submeter esse projeto de lei em regime de urgência, sem apreciação da Comissão de Educação da Câmara, sem debate amplo com a sociedade e audiências públicas. Além disso, em um país no qual o número de crianças de 7 anos que não sabem ler e escrever saltou de 25% em 2019 para 40% em 2021, será que o homeschooling é realmente um problema que precisa ser tratado com urgência?

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Fo’ Deus!

EM CURITIBA, durante a comunhão com Ratinho Júnior, seu aliado-adversário-não inimigo-até-urna-em-contrário, Bolsonaro declarou que “só Deus me tira daquela cadeira”. Tem chorrilhos de razão. Quando de sua eleição, a gente até escreveu aqui: “fo’ Deus!“. O que esperar de um deus que cria dilúvio, peste, holocausto, ditadura, tortura … e Bolsonaro? Stalin dizia que Deus era neutro, que assistia sem pestanejar enquanto o ditador matava 20 milhões de russos. Bolsonaro diz que Deus é cúmplice, seu cúmplice.

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A anatomia de um fracasso

Quem não coleciona insucessos é porque não viveu ou passou por aqui ignorando tudo que aparece de novo

A última coisa da qual me lembro foi ouvir meu nome sendo chamado. O que tenho na memória é um borrão de lembranças que misturam pânico, risos, a voz da minha interlocutora, constrangimento, aplausos. Durou meia hora para quem estava na plateia. Para mim vai durar para sempre.

O fracasso faz parte da vida. Quem não coleciona insucessos é porque não viveu ou passou por aqui escondido, encolhido, driblando mudanças e desafios, ignorando tudo que aparece de novo. Sou assim com o tal do TikTok. Abri uma conta há meses, me convenceram de que não precisava dançar, mas que eu deveria ficar de olho nas trends. Acho que o nome é esse. As tendências. Pega uma trend e faz igual. Fracassar no TikTok talvez até seja uma trend, você acaba viralizando e vira um sucesso. O sentido de fracasso nas redes sociais não é aquele com o qual estamos acostumados, quando não somos capazes de fazer o que é esperado por nós.

Preferia eu ter experimentado a derrota ao ter viralizado com uma dessas dancinhas ridículas que só deveriam ser permitidas para crianças que ainda não sabem escrever direito. Protagonizar um fiasco fazendo o que eu mais gosto não estava nos meus piores pesadelos. E quando duvidaram que eu poderia não dar conta, não dei. Falhei miseravelmente.

Era um evento pensado por mulheres, feito por mulheres e com umas 300 mulheres na plateia. Na audiência algumas das profissionais mais importante do país na área de comunicação. Pensando agora, talvez tenha sido isso. Eu não me intimido fácil. Do presidente ao Cidão do Zap, difícil me tirar do prumo. Mas diante de um batalhão de mulheres muito poderosas eu minguei.

Pense. Pensou? Talvez eu não tenha pensado. Minha tarefa nem de longe foi dos piores desafios que eu já tive. Eu deveria assumir meu lugar, fazer uma introdução e conduzir um papo informal com uma atriz de sucesso. Simples? Parecia. Era alguém com quem eu já havia trabalhado, tinha certa intimidade. Era servir de escada para ela brilhar. Quando subi ao palco veio a escuridão.

Eu me lembro de olhar o relógio que marcava o tempo. Quatorze minutos. Se hoje contarem que contei uma piada, coisa que não sei fazer, acredito. Mas não deve ter sido engraçado. A expressão da minha entrevistada também ficou grudada na memória. Ela me encarava com cara de quem não entedia o que se passava comigo. Não faço ideia. Não era o pânico com quem tenho intimidade há anos, que chega e descontrola as emoções. Quem convive com o pavor de ser invadido por uma crise sabe como ela chega. Conheço tão bem os sintomas que sei até o tempo que tenho para me alcançar o remédio, encontrar um canto em silêncio, acertar o ritmo da respiração e ficar numa posição fetal até que passe.

Não teve isso. Foi um apagão. Meu coração não saiu do ritmo. Minhas mãos não estavam suando. Tampouco percebi aquela sensação de morte chegando. Talvez fosse a própria morte. Quando o cronômetro marcou 22 minutos, era como se eu olhasse

Toda aquela cena de cima, descolada daquele cenário. Eu continuava a ouvir as risadas provocadas pela atriz, os aplausos. Tinha terminado. Do lado de fora, conhecidas diziam “foi maravilhoso”. A sororidade quando surge é uma coisa linda demais.

Passaram-se uns dez dias para que eu nomeasse o que tinha vivido: um retumbante fracasso. Contei para uma amiga. Ela desdenhou. Falei para outras pessoas. Todos acham que apenas estou sendo eu mesma: exagerada, dramática. Quando insisti no assunto, finalmente ouvi algo que não soasse como um tapinha nas costas: burnout. Cansaço excessivo, físico e mental, insônia, alteração no apetite, dificuldade de concentração, sentimento de derrota. Fracasso. Não sei se é burnout. Talvez eu só precise de uma semana de sono, uma agenda de trabalho menos caótica e de um país novo para viver. Talvez eu devesse gravar uma dancinha no TikTok mostrando como a vida da mulher é difícil.

Hoje, só queria poder subir naquele mesmo palco, olhar para as mesmas pessoas, abraçar a minha interlocutora, a pessoa que confiou aquele momento a mim e dizer me desculpe, não consigo, tô mal, tô cansada. Não me julguem. Me abracem.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis

Era uma noite de 1810
A boca que se abria
Na Marechal Deodoro 1810
Para beber do bolso da gente
1810 doses de martini
Em troca de outras tantas
Doses que a noite traz

Era uma noite
Das nossas primaveras
Cheias das noites cheias de Vinicius
E das flores cheias de João

Era uma noite
De aproximadamente maio
Depois do Bar Paraná
(os órfãos da sopa húngara andavam sem rumo
como os que se perdem no Saara)

No 1810 Lápis e seu permanente bambolê
De curiosos amigos mulheres
Boêmios músicos
Rostos apaixonados que se trocavam
Através das noites de Curitiba
Em torno da sua voz e do seu talento

É o último Rei da Noite
Murmurou meu copo
Cheio de razão
O último Pois que ser Rei da Noite
Já não será possível
Nesta cidade em que as noites são tantas
Vivi o tempo
Em que todas as noites
De Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba
Pertenciam a este rei
Detentor de bela figura
Pulseiras ternos coloridos
Colares cravos na lapela
Suave reverência
Violão na caixa
Tudo direitinho?

As noites eram suas possessões
E ele as visitava regularmente
Com a singularidade e a pluralidade
Que já trazia em seu nome
Como convém aos reis

Escreveu-se entre as mesas do Tic Bar
Jane 2 Cascata da Sereia
Centro Comercial Curitibano
Stuart
Palácio
Carreteiro
Sem Nome
Leleco
Luiz
Hermes
Pasquale
E uma pá de espaços
Como um brilho pulsando
Ruas que se estenderão para sempre entre as mesas Iluminadas ilhas
Na memória das nossas noites

Vivi as noites que se curvaram
Em respeitosa homenagem
Ao soberano das rodas

Altivo
Transfigurava até os mais pobres conhaques
Servindo-os ao seu violão
Que por sinal também fumava
Num show de ventriloquia
De mágica humor e música
Que era o seu preferido

Nesta noite de 1810
E nas 1810 noites seguintes
Abracei sua majestade
Com a honra de ser por ele
Eleito parceiro seu

Violão taco e cavaco de respeito
Gente fina companheiro amigo
E deixemos de lero-lero
Que o rei não é rei de leques
E nem de salamaleques

Ao último Rei da Noite curitibana, Lápis, dedico a próxima dose. A penúltima, tudo direitinho?  

Texto  para o Caderno da Fundação Cultural de Curitiba, editado por Aramis Millarch logo após o falecimento do violonista, compositor e cantor Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis.    

Palavraria

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Vale a pena ver de novo

capa-completa-bandido-fundo-CINZA-FINALCapa para a biografia de Paulo Leminski, O Bandido Que Sabia Latim, de Toninho Vaz, para a editora Nossa Cultura (Curitiba) não autorizada, craro, cróvis.

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Mural da História

31 de maio, 2011 – Blog  Zé Beto

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Flagrantes da vida real

maringas-garibaldisMuito antes da pandemia: guarda-chuvas, beijos, Garibaldis & Sacis. © Maringas Maciel

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La legend de la Palme d’or

La Légende de la Palme d’or – Um dos maiores prêmios do cinema internacional, o Festival de Cannes oferece uma recompensa mítica a seus vencedores: a Palma de Ouro. Grandes lendas do cinema como Martin Scorsese, Jane Campion, Emir Kusturica e Steven Soderbergh foram privilegiados com essa obra de arte; o longo caminho da fabricação dessa estatueta, desde as minas de ouro na Colômbia até a glamorosa noite do tapete vermelho.

Documentário para celebrar o aniversário dos 60 anos de criação da Palma de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Cannes.

Alexis Veller|70 minutos|2015|Suíça
http://www.imdb.com/title/tt4691552/

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ForaBozo!

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Patrícia Abravanel e o dilúvio universal

Mulher do ministro Fábio Faria disse ao próprio Elon Musk ver semelhanças entre Noé e sua barca e o bilionário e sua nave Starship

Patrícia Abravanel (à esquerda na foto), filha de Silvio Santos e mulher do ministro da Propaganda Fábio Faria, disse ao próprio Elon Musk ver semelhanças entre Noé e sua barca e o bilionário e sua nave Starship, segundo O Globo.

Ontem, Patrícia Abravanel bombou nas redes sociais depois que ela publicou no Instagram uma foto ao lado do bilionário, que é CEO da Tesla e da SpaceX. No post, ela citou versículos de Gênesis e comparou a história de Noé à de Musk.

[“Noé foi tido por louco. Estudiosos dizem que nunca havia chovido na Terra antes. Mas lá estava Noé, falando de um dilúvio e construindo um barco gigante. Seria Noé um louco ou um visionário habilidoso escolhido por Deus?”, escreveu.

“Gênio por todos seus feitos já realizados. Seu maior sonho é tornar a humanidade interplanetária. Sua nova nave, chamada Starship, projetada para viagem à Lua e ao planeta vermelho já está sendo construída. Louco, gênio, sonhador, visionário. Será ele o Noé do nosso tempo?”

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