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Mural
Outubro|2009
A brigada à paisana
O BRASIL tem 6 mil militares da ativa em cargos civis. Isso equivale a uma brigada, o antepenúltimo nível superior da força de terra. Legal e normal, pois funcionários civis saem e voltam para os cargos – alguns nem voltam, como os que se elegem e ficam 30 anos em mandatos parlamentares. Sociólogos (Raymundo Faoro, por todos, n’Os Donos do Poder) estudaram o patrimonialismo da função pública: o sujeito entra no cargo e só sai pelo tempo, pela idade ou pela improbidade. Não é dono do cargo no sentido estrito, mas não o deixa a não ser na forma da lei. Até lá vai ficando, entra e sai como porta giratória de cozinha.
Enquanto está fora, em cargo de outra área, pode optar pelo salário melhor. Normal? Dentro da lei, sim. Acontece que os órgãos públicos têm lotações, tantas pessoas para cada cargo, no pressuposto que aquele número corresponde à necessidade do serviço (uma falácia, que encobre a difícil mensuração da eficiência no serviço público). Quando o funcionário deixa seu cargo para outra função, em outro órgão, seu cargo terá que ser exercido por outro, seria a lógica. Mas dificilmente acontece, o que leva à percepção de que a lotação está mal dimensionada, que não necessita de tantos funcionários.
No entanto, no Brasil funciona assim. Sempre o patrimonialismo, resquício da realidade que vem do Império; também patrimonialismo pela pressão que fazem os funcionários sobre o Estado para se proteger da instabilidade, da dispensa por desnecessidade. A alternativa, dizem, seria pior, o spoil system dos americanos, pelo qual as mudanças periódicas de partidos no poder renovam intensa e extensamente com entradas e saídas os quadros de funcionários, jamais estáveis em cargos. A cultura americana admite sem danos a situação porque obedece ao pressuposto da eficiência e da probidade.
O Brasil não tolera a instabilidade, pois a administração pública seria alvo de empreguismo acentuado pelas mudanças no poder. Ou seja, corrupção atenuada pelo patrimonialismo nos cargos. É uma deformação do sistema, que, mesmo abonada pelas reservas contra o mal maior, leva à pergunta, que se faz quanto aos 6 mil militares da ativa se sobrevier uma guerra ou a ditadura que exijam sua atuação? Como o problema será atendido? Convocando reservistas ou ou os militares fora de suas funções? Avança-se: 6 mil militares ativos fora de suas funções, ainda são necessários às suas corporações?
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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No julgamento de Johnny Depp, Amber Heard forçou lágrima de US$ 50 milhões
Com uma frase, ela detonou a autocomiseração, o choro brotou tímido, depois repetiu o mote, até espremer algumas gotas
“E tudo isso por nada! Por Hécuba! O que é Hécuba para ele, ou ele para Hécuba, para que chore assim por ela?”, “Hamlet”, ato dois, cena três. Shakespeare sabia. A lágrima do ator tem altíssimo valor de mercado.
Para o intérprete, não basta, é claro, vertê-la sem dar conta do personagem. Existem casos, fenômenos fisiológicos que se debulham com impressionante facilidade, mas não convencem na pele de outro. E existem, também, aqueles que convencem, mas não choram.
Pode-se simular um esgar, um desdém, uma alegria profunda ou raiva acumulada sem grandes malabarismos técnicos. A ciência atesta que o sorriso fingido não aciona todos os músculos faciais tensionados pelo franco, mas a diferença é imperceptível para o espectador comum.
A lágrima, no entanto, é o milagre concreto do sentimento, secreção de milhões de circuitos sinápticos, memórias cavadas no tempo, que terminam por produzir uma mistura de água e sais minerais, excretada pelo canal lacrimal. A lágrima é a prova física da emoção. Ou você dá conta dela, ou não dá.
Em “Corra”, filme de Jordan Peele, a sogra racista hipnotiza o candidato a genro girando uma colherzinha de café na xícara. Um carrinho, plano-sequência sem truques ou cortes, avança lento, na direção de Daniel Kaluuya. Conforme a lente se aproxima, os olhos dele marejam, até explodirem num choro descontrolado.
Por certo, o racismo de que trata o filme foi um dos gatilhos que levou o ator a atingir aquele estado abismal de medo e fragilidade, mas suspeito que não só. A tomada é um raio-x assombroso da alma de Kaluuya e fez história.
O close final de “Noites de Cabíria”, de Federico Fellini, é outro lacrimoso instante sublime da sétima arte. Depois de sofrer o diabo, Giulietta Masina caminha pelo parque escuro e, sem aviso prévio, rompe a quarta parede, nos encara com os olhos umidíssimos e… sorri com a inocência intacta.
Faço essa longa introdução sobre o pranto nas artes, talvez para esconder a vergonha do real motivo da crônica. Admito, sem orgulho, ter me viciado no julgamento de Johnny Depp e Amber Heard, transmitido ao vivo pela internet.
Amber não possui o carisma do ex-cônjuge e parece ter forjado evidências para chantageá-lo na separação. Conta, no entanto, a favor da moça, a difícil convivência com um homem mais velho e poderoso do que ela, dependente confesso de álcool e drogas.
Por se tratar de dois atores, o caráter teatral do tribunal se impõe.
O cavalo de Jack Sparrow foi Jack Sparrow nas acareações. Misterioso, irônico e sedutor, Depp brindou o júri com uma compilação de seus melhores momentos na tela. Investido da dignidade dos loucos, o astro confirmou o uso e abuso de substâncias lícitas e ilícitas, jurando, em plena era do MeToo, ser vítima das calúnias e agressões de uma maníaca depressiva oportunista.
Chegou, então, a vez de Amber narrar a sua versão do conturbado, e curto, casamento, vivido entre ilhas paradisíacas nas Bahamas, mansões na Austrália, rehabs no Caribe e coberturas cinematográficas em Los Angeles. Uma vida comparável à dos deuses do Olimpo, irresistível ao voyeurismo de mortais como eu.
Publicado em Fernanda Torres - Folha de São Paulo
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Primavera
Os orientais, sobretudo os japoneses, este povo de delicadezas e de suicídios, têm um haicai para cada estação do ano. Sucintos, brevíssimos, o lampejo do riscar de um fósforo. Impossível, entre eles, passar de uma estação a outra, sem dar a elas as boas-vindas, ou os adeuses. Com pincel e poesia sobre uma folha de papel-de-arroz. Primavera, verão, outono, inverno…
Não sem propósito, cá neste domingo de setembro, em que a primavera reestréia, outra vez me vem a certeza de que a Natureza não se repete. Nem mesmo em se tratando de nova primavera, ainda que velha de tanto reacontecer pela vida afora. Que o diga o vetusto ipê que daqui da janela de casa chega a acender – frondoso e amarelo a exibir a inédita floração de 2007.
Foram outras as flores na primavera passada, outros os ventos e certamente outras as abelhas que voaram por ele num zumbido quase audível na tarde quieta, não o atrapalhasse o escarcéu dos cães e a música dos passarinhos. Daqui todo sacode, pródigo em exibir-se, o velho ipê, com uma arrogância vegetal que é só dele, e insubstituível.Nos jogos florais de há muitos séculos, o poeta Bashô reunia-se com os numerosos discípulos justo quando a primavera abria os olhos nos olhos da flor-do-camaleão, minúscula florinha, da família de nossa popular olhos-de-gato. Não, não a pensem de olhinhos puxados e ademanes nipônicos. A flor-do-camaleão brota em Kyoto no exato dia em que a primavera abre as asas numa profusão de inseto e céu. Primavera/até a flor do algodão/quer ser amarela.
O haicai aí, antigo como a própria primavera, e sempre novo a cada vez, saúda a estação, a lápis-de-cor. E tange a verdade profunda da “impermanência” que nos faz só entes provisórios desta vida que de tão besta chega a ser lírica. Igual que a derradeira folha de uma árvore, que, sem alarde, no outono cai. Não grita nem se desespera – cai. Simplesmente cai na leveza do vento e ao abrigo do chão.Fôssemos assim os humanos, a vida seria só um livro em branco onde grafaríamos o registro humilde de nossa passagem, não menos humilde, cá por este desolado mundo. Entretanto, grandiloqüentes e angustiados, aflitos e sem esperança, mesmo face ao mais banal dos eventos, o Ego, este obscuro pesadume do ser, a tudo vigia e controla, a tudo deseja ao seu modo e mesquinho traçado. Um risco além e tudo está por um fio.
Aprendamos, senhores, com a primavera que nasce, e, por nascer, já passa, senhora de hibiscos e gerânios, de alamandas e azaléias. Insistir em deter (com que profana engenharia?) o andado das horas é cair num poço sem fundo. Na mitologia maia, o último homem que tentou deter o Tempo ainda hoje gira e gira em sua agônica espiral de medo e pêlo e agrura.Prefiro a novidade que, em toda nascente primavera, feito um recado da vida, o velho ipê me oferece desde a janela de onde o contemplo com olhos que, ai, também um dia foram meus.
Cada macaco no seu galho
A mando daquele cujo nome não deve ser dito, sob pena de maldição, os milicos fazem um papelão ao tentar se meter onde não são chamados. O objetivo é um só: melar o processo, levantar suspeitas infundadas nas eleições que se aproximam e bajular o chefete que está se borrando de medo de perder a disputa.
Fachin foi claro ao afirmar que a tropa do Ministério da Defesa confunde “conceitos” e erra ao “apontar risco de inconformidade em testes de integralidade das urnas”. Só podia acontecer. Não é do ramo. E o fim almejado, além de espúrio, é trapaceiro e indecente.
O ex-presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, errara no início do ano ao responder questionamentos das Forças Armadas e oferecer acento para os milicos, com função política, na CTE (Comissão de Transparência Eleitoral). Isso nunca acontecera anteriormente e não tinha razão alguma de ser agora.
Quais os fatos que levaram os militares a apontar baixo nível de confiança no teste de integralidade das urnas? Nenhum. Apenas a possibilidade real (e esperada pelos cidadãos de bem) de o coisa ruim golpista que se assenhorou do poder em Brasília e a camarilha que o cerca sejam varridos do Palácio do Planalto. Mas é aí que se afirma a democracia – ainda que o termo não seja nada simpático à parte dos homens de quepe.
Por força do o artigo 142 da Constituição Federal de 1988, as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, “destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Não consta que a defesa da pátria ou a garantia dos poderes estejam sendo ameaçadas. A não ser pela intromissão indevida e inaceitável das próprias Forças Armadas. Aliás, caberá a elas garantir a realização das eleições e a posse dos eleitos pelo voto popular, sejam eles quem forem. E fim.
P.S. – Imaginem o que diria o eminente Ministro da Defesa se um reservista de terceira categoria, como o que vos escreve, adentrasse um dos nossos quartéis e desse ordem unida para os recrutas.
Publicado em Célio Heitor Guimarães
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Amil deve continuar com carteiras de planos individuais
A AMIL, operadora de planos de saúde havia transferido os planos para a Saúde APS em dezembro de 2021.
Após intensa movimentação realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e pela sociedade civil, a Diretoria Colegiada da ANS (Agência Nacional de Saúde) determinou que os planos de saúde que a Amil tentou transferir para a APS fiquem com a própria Amil.
A venda da AMIL para a APS foi anulada pela ANS e envolveu 340 mil planos individuais e familiares.
A decisão foi tomada após a agência requerer informações e constatar que a APS não tem capacidade financeira para administrar, de maneira autônoma, os consumidores vinculados à AMIL, sem colocar em risco a continuidade e qualidade da assistência à saúde.
Com a decisão, a Amil deve manter o atendimento aos consumidores que têm planos individuais e familiares com a operadora, sem qualquer prejuízo ao direito à informação e à qualidade de atendimento.
Além disso, as condições dos contratos devem ser mantidas e nada pode mudar quanto aos critérios de reembolso, rede credenciada, procedimentos para cancelamento, condições de franquia e coparticipação.
Caso ocorra alguma alteração os usuários devem entrar em contato com a operadora e com a ANS para registrar uma reclamação.
O atendimento da ANS é realizado pelo telefone 0800 701 9656.
A tentativa de transferência da AMIL para a APS encontrou esse obstáculo, que determina que o plano de saúde continue intacto para o consumidor.
Essa importante decisão da ANS, pressionado pelo IDEC e outros órgãos, significa um precedente contra a tentativa de transações que envolvam planos de saúde, com a redução da qualidade do atendimento aos usuários.
O grande caçador branco
Bolsonaro deixa seus carregadores pelo caminho, como o general que chega ao destino sem tropa. Ah, se em 1o. de janeiro o Brasil acendesse o grande caldeirão. Nem que seja com lenha da Amazônia, que nosso grande caçador derruba e queima.
Até que o sexo quatro vezes por semana nos separe
Será que um contrato pré-nupcial impede a traição conjugal?
Uma suposta cláusula do contrato pré-nupcial de Jennifer Lopez e Ben Affleck se tornou manchete na mídia internacional e nacional na semana passada: “Acordo pré-nupcial de JLo e Ben Affleck cobra sexo quatro vezes por semana”
O contrato seria uma forma da atriz e cantora proteger sua fortuna de 400 milhões de dólares. Ela teria estabelecido uma regra de que o casal precisa ter sexo ao menos quatro vezes na semana.
Sem entrar no mérito se a cláusula existe ou não, é interessante observar o rebuliço que ela causou.
Se Affleck não conseguir transar quatro vezes por semana, JLo recebe uma indenização milionária? Se ele gozar e ela não, como fica? Se ele estiver com problemas sérios no trabalho ou doente, tem direito a transar só três vezes na semana?
Descobri no Google que o mesmo burburinho aconteceu quando os dois estavam prestes a se casar, em 2004. Só que daquela vez a cláusula teria sido exigida por Affleck. Na época, ele afirmou que tudo não passava de um boato. Poucos dias antes da cerimônia, os dois se separaram.
Boato ou não, a cláusula do sexo quatro vezes por semana me fez pensar sobre o que podemos exigir de nossos cônjuges como obrigações a serem rigorosamente cumpridas e, caso não forem, seria motivo não apenas de separação, mas também de indenizações milionárias.
Aqui no Brasil parece que a moda ainda não pegou, mas nos Estados Unidos é comum fazer acordos pré-nupciais. Encontrei outros exemplos que podem ser apenas boatos.
Catherine Zeta-Jones teria exigido uma indenização de US$ 5 milhões caso houvesse traição por parte de Michael Douglas. Já Justin Timberlake teria que pagar (apenas?) US$ 500 mil a Jessica Biel em caso de infidelidade.
Priscilla Chan, esposa de Mark Zuckerberg, teria determinado por escrito que o marido era obrigado a ter pelo menos um encontro romântico com ela por semana, além de dedicar 100 minutos a ela quando estiver fora de suas empresas.
Alguns contratos exigem que o marido ajude nas tarefas domésticas e no cuidado com os filhos. Em outros, o marido exige que a mulher não pode pesar mais de 61 kg.
Fiquei imaginando o que eu colocaria como cláusula a ser cumprida no meu casamento. Em vez de obrigar meu marido a transar quatro vezes por semana, exigiria que ele me fizesse dar risadas todos os dias. E que também me escrevesse cartinhas de amor antes de dormir.
Perguntei ao meu marido que cláusula ele colocaria. Sem titubear, ele respondeu: “Cafuné e massagem dos pés à cabeça, todos os dias de, no mínimo, uma hora. Não vale aperitivo de 15 minutos. Não preciso de mais nada, isso me basta”.
No entanto, e aqui está um segredo que aprendi com minha própria vida e com minhas pesquisas, existe uma distância enorme em fazer algo porque “eu preciso fazer” (por obrigação, coerção e medo de punição) e fazer algo porque “eu quero fazer” (por minha própria vontade e por me sentir feliz de fazer o meu amor feliz).
#elenão
Se Michelle já pode fazer campanha, começo a minha
Difícil imaginar que por trás de um homem desprezível haja uma mulher muito diferente. Se ela permanece firme ao seu lado, diante de horrores ditos e praticados talvez seja conivente ou, no mínimo, uma sonsa insensível.
Então, por que Michelle Bolsonaro seria diferente de Jair, com quem é casada há 14 anos?
O presidente quer usar a mulher como cabo eleitoral para tentar reverter a rejeição que sofre entre o eleitorado feminino.
Teve quatro anos para se preocupar com a imagem que já era péssima em 2018, quando 49% das mulheres disseram quer não votariam em Jair de “jeito nenhum”, segundo o Datafolha. Entre os homens, o índice era de 38%.
O desprezo só piorou. Na pesquisa divulgada em março, 60% das entrevistadas não querem saber de sua reeleição. Bolsonaro acha que vai amansar as eleitoras, escalando a senhora Jair para dar feliz Dia das Mães em rede nacional?
Fora o crime eleitoral, que o TSE segue fingindo que não vê, o presidente mostra o que já sabemos: é um sujeito desinteressado e refratário às demandas femininas, que ele abomina porque considera assuntos de esquerda.
Igualdade salarial, direitos reprodutivos, fim da violência doméstica são bandeiras que guiarão a agenda política e já têm impacto nos processos eleitorais por causa da participação cada vez maior de mulheres jovens e solteiras. O político que não percebeu que precisa dar respostas a esse público vai ficar pelo caminho.
Não adianta a Michelle “que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta” surgir na TV falando de flores, quando o marido chafurda na misoginia.
Para ele, a filha foi uma fraquejada, diz que não estupra porque a mulher não merece, diz que igualdade salarial prejudica a contratação feminina, acena para o turismo sexual ao deixar à vontade quem quiser sexo com brasileiras. E faz piada sobre política de distribuição de absorventes: “mulher começou a menstruar no meu governo”.
Se Michelle já pode fazer campanha, começo a minha: #elenão.
Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo
Com a tag #ForaBozo, Bozonaristas!
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