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“Chora, negrada vitimista”, diz Sérgio Camargo após deixar Palmares
‘Essa é a história’
- “Você sabia que durante a ditadura eleições foram canceladas, o Congresso foi fechado, parlamentares e professores foram cassados e estudantes proibidos de se organizarem? Você sabia que muitos brasileiros foram para o exílio para escapar da violência política? Essa é a história.”
(Acréscimo do acima assinado: E muitos brasileiros foram presos, torturados e assassinados. Essa também é a história.)
- “Você sabia que durante a ditadura TODAS as músicas, TODOS os filmes e TODAS as novelas tinham que ser previamente submetidos ao Departamento de Censura? Você sabia que os jornais tinham censores nas redações decidindo o que podia ser publicado? Essa é a história.”
- “Você sabia que desde 1988 temos o mais longo período de estabilidade institucional da vida brasileira? Que durante o período democrático o país conseguiu, finalmente, um mínimo de estabilidade monetária? E que todos os indicadores sociais do país melhoraram? Essa é a história.”
É necessário que o eleitor brasileiro, quando comparecer às urnas nas próximas eleições, tenha em mente essas verdades, que são absolutas e inquestionáveis. O Brasil agradecerá.
Publicado em Célio Heitor Guimarães - Blog do Zé Beto
Com a tag ditadura militar
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De surpresa nos grotões
J. Ozon, o editor que se atreveu a publicar Nelson Rodrigues
De agosto de 1959 a fevereiro de 1960, os leitores da Última Hora viveram atracados a uma história que saía em capítulos diários. Ao fim de 112 dias, alguns fizeram a contabilidade: um assassinato, um estupro, dois suicídios, três defloramentos, inúmeros adultérios, aborto, masturbação, lesbianismo, incesto, uma automutilação genital (com navalha) e uma cena belíssima de sexo numa estrada à noite no meio de chuva e lama. Era o folhetim “Asfalto Selvagem”, a saga de Engraçadinha, de Nelson Rodrigues.
Como isso podia sair num jornal lido por senhoras e crianças? Podia —se este jornal fosse a Última Hora de Samuel Wainer. Nenhum outro o publicaria. Na época, ninguém mais maldito do que Nelson. Suas peças criavam alvoroço: censores entravam em ação, espectadores saíam esbravejando, outros queriam agredir o elenco. Nelson no cinema ou na TV? Nem pensar. E, por todos os anos 50, ele foi um vira-lata da literatura —ninguém se atrevia a publicá-lo.
Mas, em 1960, um editor, J. Ozon, se atreveu. Sem avisar, ele inundou as livrarias com “Asfalto Selvagem” em dois volumes; “Cem Contos Escolhidos” (tirados da coluna diária “A Vida Como Ela É…”), também em dois volumes; e a nova peça de Nelson, “Beijo no Asfalto”, todos com capas sugestivas ou escandalosas. Ozon era seu velho amigo. E, como tinha distribuição nacional, os livros pegaram de surpresa os padres e a polícia dos grotões. Quando eles acordaram, era tarde.
Um livro recém-lançado, “J. Ozon: O Editor e o Caricaturista”, de Luciano Magno, traz de volta a carreira desse editor, que teve também Jorge Amado, David Nasser e Orestes Barbosa como seus autores, e foi um caricaturista original, bissexto e quase secreto.
Hoje sei que devo a Ozon parte da minha formação. Aos 13 anos, em 1961, pedi a meu pai que me comprasse aqueles livros de Nelson Rodrigues. Ele comprou. E me orgulho de tê-los até hoje.
Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo
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Requiescat in pace
Quanto tempo o Brasil aguenta ser salvo pelo bolsonarismo?
Governo e aliados dizem que salvaram país do caos, mas instabilidade é uma rotina na atual gestão
Em clima eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro e representantes de seu governo passaram os últimos dias reforçando o discurso de que o Brasil foi salvo do caos quando a atual gestão assumiu.
Se a proposta bolsonarista é garantir estabilidade ao país, algo na estratégia está dando muito errado. A última semana é ilustrativa.
Caiu o terceiro ministro da Educação. Milton Ribeiro foi acusado de dar guarida a pastores que pediam a prefeitos pixulecos, até em ouro e bíblias, para liberar dinheiro público da educação. Gravação conseguida pela Folha mostrou o ministro falando com clareza que o privilégio concedido aos emissários de Deus em sua pasta atendia a pedido do próprio Bolsonaro.
Caiu o segundo presidente da Petrobras. Para o seu lugar foi indicado um consultor que ficou conhecido por defender o indefensável, o compromisso de o governo (leia-se todos os consumidores de luz do país) pagar pelo uso de térmicas a gás onde não há gás ou linha de transmissão para tirar a energia. A criação da infraestrutura vai custar bilhões à população para favorecer grupos da iniciativa privada.
Tivemos, não um, mas dois cala boca.
No sábado, o PL pediu, e um juiz Tribunal Superior Eleitoral aceitou, impedir manifestações contra Bolsonaro e pró-Lula na versão brasileira do Lollapalooza, um festival conhecido por receber as bandas mais pops do planeta.
No ato de censura explícita, tentaram encaixar a mega produção na categoria de showmício, como se Pabllo Vittar, os roqueiros do Fresno, o rapper Emicida, a britânica Marina e americana Miley Cyrus, só para citar alguns que protestaram, estivessem no palco a serviço de partidos políticos.
Na quinta, 31 de março, foi a vez de Bolsonaro. Defendeu a ditadura, que completava 58 anos, e mandou uma nova indireta aos ministros do Supremo Tribunal Federal. “Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cala a boca. Bota a tua toga e fica aí. Não vem encher o saco dos outros.”
Quanto tempo o Brasil suportará ser salvo pelo bolsonarismo?
Publicado em Sem categoria
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Se houver eleição
Passaram por aí o 31 de março e o 1º de abril, com seu jeito ressabiado de quem sabe, e tenta uma cara limpa, ter praticado indignidade inapagável. Os golpes passeiam assim pelo calendário, 3 de outubro, 9 e 11 de novembro, 24 de agosto, outro agosto no dia 25, 13 de dezembro, 15 de novembro —e muitos dias a mais de traição a juramentos oficiais, de deslealdades pessoais, uso criminoso de armamentos do Estado, destruição de várias constituições e, com cada uma, das instituições menos distantes da democracia.
Deve ser difícil viver com a pecha de golpista. Ainda mais se, por falta de saberes e compreensão, confundem-se a esperável dedicação profissional e “amor” à instituição deformada pela ideia de uma condição suprema. É provável que não sejam raros os casos de mal-estar com a defesa do indefensável. Com ou sem ele, as negações do óbvio se repetem, patéticas, nas datas simbólicas do golpismo e das ditaduras.
Possível vice de Bolsonaro, para uma chapa mais coerente que a feita com o vice Mourão, o ministro da Defesa e seus antecessores não saíram da alegação de “anseios da sociedade” como origem do golpe de 1964 e de 21 anos de ditadura. Braga Netto e os outros não precisariam de mais do que quatro letras para escapar à inverdade: anseios da alta sociedade. Perfeito. A essa sociedade eles serviram sempre, em tudo, excetuado o momento heroico que os derrotou em defesa da Constituição, pela posse do vice em 1961.
E nem de letras, uma só que fosse, o ministro e nós outros precisamos para comprovar a falácia do anseio geral: desde 31 de março de 1964, há 58 anos, mais de meio século, ninguém viu um militar fardado nas calçadas, nos transportes, no mundo da sociedade verdadeira, esta multidão que vive em comum, com costumes conviventes, em um mesmo território. O capitão e o major com quem dividíamos o banco do ônibus e do bonde, incompreensivo da nossa leitura de um livro e espichando um olhar ao nosso jornal, esses sumiram com seu verde mortiço. Longo companheiro nessas viagens, reconheço um traço de nostalgia daquela convivência, gélida sim, mas ainda humana.
Os que brigam com a história e com a própria imagem, formados, ou nem tanto, depois de 1964, não experimentaram o prazer orgulhoso de mostrar-se em seus símbolos e cores na intimidade da vida urbana, da sociedade. É claro que, aos seus simbolismo contrapõe-se também um sentido simbólico, e negativo: a invocada anuência, na realidade, pode ser o seu inverso inapagável, e motivo de temor, em mais de meio século. Haja ressentimento, para fingir ignorância da história e, de outra parte, para lembrar e falar de justiça.
O calendário tem dias limpos. Sem os citar, é a eles que o ministro Edson Fachin se refere, na condição dupla de presidente do Tribunal Superior Eleitoral e integrante legítimo do Supremo Tribunal Federal: “A democracia está ameaçada” / “A Justiça está sob ataque”. Não precisou mencionar Bolsonaro, nem demais facinorosos da antidemocracia, das máfias e milícias da corrupção, e da desumanidade. Os golpistas aqui são identificados. E confessos, pela preparação ostensiva de outro “anseio da sociedade”.
Golpe seguindo-se a derrota eleitoral é sempre problemático, mesmo quando se impõe. Os sócios Aécio Neves e Eduardo Cunha imaginaram a um passo do poder, e o que o primeiro viu foram exposições da sua corrupção descarada, que nenhuma sabujice jurídica apagará; o outro viu vários anos nas trevas da cadeia.
O golpe pós-eleitoral excita reações que, antes de vitórias e derrotas, não costumam expandir-se. Os indícios atuais, que movem Edson Fachin e outros ministros-magistrados, ameaçam já o episódio eleitoral.
Publicado em Sem categoria
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Curiosos
Quebrangulo, Alagoas
Publicado em ricardo silva
Com a tag alagoas, fotografia, palmeira dos índios, zé do fole
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Hollywood na nuvem
A lei é volúvel, não? Em 1948, a Suprema Corte dos EUA proibiu os estúdios de Hollywood de possuírem cadeias nacionais de salas de cinema. Os juízes consideraram que o controle da produção e da exibição caracterizava restrição ao livre comércio, leia-se monopólio. De fato, era uma concentração de poder que garantia que todos os filmes que eles produzissem fossem exibidos, já que os arrendatários das salas não podiam escolher o que passar. Os ligados à Paramount, por exemplo, teriam de comprar todo o lote do estúdio em 1949, do blockbuster “Sansão e Dalila”, de Cecil B. DeMille, ao mais humilde faroestinho de matinê.
Na época, 70 milhões de pessoas iam ao cinema por semana nos EUA, e Hollywood era das maiores indústrias do país, em faturamento e lucro. Só a MGM tinha mais de mil salas e os outros não ficavam atrás. Os juízes lhes deram dois anos para vendê-las e, quando o processo se completou, o antigo sistema de produção —que permitia aos estúdios rodar da noite para o dia musicais, épicos, filmes de guerra e o que fosse— ficou inviável. Eles tiveram de demitir, e lá se foram diretores, cenógrafos, roteiristas, maestros, coreógrafos, atores, maquinistas, operários. A partir daí, para cada filme contratavam-se apenas os elementos essenciais. Os custos subiram e, para piorar, surgiu a televisão. Hollywood nunca mais foi a mesma dos anos 20, 30 e dos próprios 40.
Desde então, os estúdios andaram de mão em mão, comprados por tubarões hoteleiros, imobiliários e até da gasolina, todos alheios ao cinema —daí talvez os filmes terem mudado tanto.
Leio agora que a Amazon comprou a MGM por US$ 8,45 bilhões. De posse do estúdio e do catálogo, poderá produzir, exibir e vender filmes pelos serviços que domina: comércio digital, mídias online e plataformas de streaming —a nuvem. É o monopólio do passado, do presente e do futuro.
A lei deve ter mudado.
Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo
Comentários desativados em Hollywood na nuvem
Moro e o zagueiro da Suécia
Moro, que conseguiu descer de candidato assegurado a candidato a candidato, fugiu do Podemos, o partido que lhe dava candidatura, casa, comida e roupa lavada. Tipo filho ingrato, vendeu a alma e os 7% de votos ao União Brasil. Porém o cacoete de juiz falou mais forte, um cachimbo que entortou a boca de Moro. Faltou alguém, quem sabe a Conje ou o compadre coordenador da campanha, para perguntar se Sérgio Moro tinha combinado a esperteza com o zagueiro do União Brasil.
Moro nem esquentou o banquinho da janela e quando o zagueiro derrubou na área o recém contratado atacante da Lava Jato. O zagueiro chama-se ACM Neto, grande acionista do União Brasil, que rejeita a filiação do atacante Sérgio Moro. Quem não é craque tem que confiar no treinador. Moro não combinou com ACM Neto, que já tinha fechado aliança branca com Lula para disputar o governo da Bahia, para qual o PT queimou seus candidatos fortes para viabilizar a eleição de ACM Neto.
Assédio comercial e fraudes na oferta de crédito consignado
A plataforma “não me perturbe” recebeu, entre 2 de janeiro de 2020 a 2 de março de 2022, 2.698.403 solicitações de bloqueios de telefone para o recebimento de ligações de oferta indesejadas sobre crédito consignado.
Desse volume, 2.107.475 representam solicitações de bloqueio feitas pelo consumidor para todas as instituições financeiras presentes na plataforma.
A maioria dos pedidos de bloqueio de telefone partiu de consumidores de cidades da região Sudeste (53,68%), com 1.448.392 queixas. A região Sul responde por 18,07% do total de pedidos (487.701), seguida pelo Nordeste (14,34%), com 386.992 queixas. Centro-Oeste e Norte respondem por 10,52% e 3,39% dos pedidos, respectivamente (283.934 e 91.384).
O estado de São Paulo lidera os pedidos de bloqueio no país, com 795.612 solicitações, seguido por Minas Gerais (308.294) e Rio de Janeiro (290.563).
Os bancos possuem um sistema de auto-regulamentação com os correspondentes* que podem ser multados por conduta omissiva, cujos valores variam de 45 mil até 1 milhão de reais. As multas arrecadadas serão destinadas a projetos de educação financeira.
Da autorregulação participam 32 instituições financeiras que representam cerca de 99% do volume total da carteira de crédito consignado no país.
O setor bancário segue fiscalizando e punindo os correspondentes bancários que cometem práticas de assédio e de fraudes na oferta e contratação irregular do crédito consignado.
Em dois anos de atuação, 855 sanções foram aplicadas a empresas, 388 correspondentes foram advertidos e 36 banidos de prestar serviços aos bancos.
Em janeiro de 2022, 23 novas sanções administrativas foram aplicadas a empresas, nove correspondentes foram advertidos e um foi impedido de atuar definitivamente.
Portanto, o consumidor deve se cadastrar no portal não me perturbe e, caso não funcione, ele deve informar na mesma plataforma que continua sendo assediado comercialmente.
*Correspondentes bancários são empresas parceiras de bancos e financeiras que têm autorização para comercializar produtos e serviços financeiros, além de prestar atendimento aos clientes dessas instituições.