Fernanda Montenegro é incancelável

Não adianta chamar de fascista e tentar mudar o voto alheio no dia da eleição

Fernanda Montenegro é uma unanimidade. Um dia ovacionada, no outro cancelada. Conseguiu descontentar radicais de direita e de esquerda. Aparvalhados por suas últimas declarações, se uniram contra a atriz. O que ela disse de tão grave? “O mais simbólico desse governo foi o fim da cultura das artes” e que não votará nas eleições. Pronto.

Seu nome foi parar nos trending topics do Twitter, ora acusada de fascista, ao que parece não levantará a bandeira de Lulalá, ora premiada com o selo “socialista do Leblon”, pela turma que jura que artista vive de mamata.

Não é surpresa a baixeza com que a direita bolsonarista trata críticos do presidente. Fernanda recebeu uma avalanche de ofensas com referências a sua idade e aparência. Mas não deixa de ser engraçado ler que ela resolveu falar de política para “aparecer”. O campeão da boçalidade, sem dúvida, foi um comentarista da Jovem Pan, para quem a única atriz brasileira indicada ao Oscar é “irrelevante” e “decadente”.

Parte da esquerda segue firme e forte em sua missão de deixar a eleição mais difícil para Lula ao tratar com raiva quem não declara voto no petista ou em Bolsonaro. Bom lembrar que representam cerca de 25% do eleitorado (pesquisa Genial/Quaest), gente que decidirá a eleição. Os mais exaltados disseram que Fernanda não tem consciência de classe, é isentona de direita, elite do atraso, omissa na luta entre a civilização e a barbárie e, essa é a melhor, não representa a cultura, mas o banco Itaú.

É só uma reprise do que havia acontecido em novembro. Em entrevista à Folha, declarou: “Estamos vivendo um momento complicadíssimo, porque esse horror [Bolsonaro] quer continuar, e o outro [Lula], apesar de ter sido bastante interessante, quer voltar”.

Duas coisas. 1. Não adianta chamar de fascista, quem quer que seja, e tentar mudar o voto alheio no dia da eleição. 2. Fernanda Montenegro é incancelável.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Com a tag , , | Deixar um comentário
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Bolsonaro precisa do Lula

O capitão depende dos erros dos comissários

Há um novo Bolsonaro na praça. É muito parecido com os anteriores, mas tem a marca do candidato. Abandonou algumas causas perdidas, parou de falar das vacinas e esqueceu a cloroquina. Tenta se dissociar do aumento dos combustíveis: “Vilões são a roubalheira na Petrobras e o ICMS”.

falta de fôlego dos candidatos da 3ª via leva-nos para a desejada polarização Bolsonaro x Lula. Há quatro anos, o comissariado petista achava que Bolsonaro seria o candidato mais fácil de derrotar. Deu no que deu.

Apresentar Lula como uma ameaça às instituições democráticas é uma carta amarelada: ele governou o país por oito anos sem ofendê-las. Ameaças houve, aqui e ali, sem a ênfase e a insistência das investidas de Bolsonaro.

As campanhas eleitorais têm suas dinâmicas próprias. Se caixas, tempo de televisão e as costuras dos primeiros meses do ano decidissem a parada, o Brasil estaria sendo governado por Geraldo Alckmin. Cada candidato precisa dos erros do outro e nem sempre os erros são percebidos como tal.

Em janeiro, o deputado Rui Falcão, ex-presidente do Partido do Trabalhadores, quadro que passou pelo poder sem se lambuzar, disse ao repórter Ranier Bragon que a campanha, por “aguerrida”, precisaria da “construção de comitês de defesa da eleição do Lula que permaneçam depois como comitês de apoio do programa de transformação”.

Em fevereiro, durante uma reunião do Partido dos Trabalhadores, tratou-se da criação de cinco mil comitês, com a participação de partidos aliados. Divulgou-se que eles trabalhariam na campanha e também depois dela, para assegurar a posse.

A partir de janeiro de 2023, os comitês continuariam ativos. Nas palavras de Alberto Cantalice, diretor de comunicação da Fundação Perseu Abramo, “se ganharmos as eleições, a gente vai ter que mobilizar o povo para exigir o cumprimento do programa de governo.”

Imagine Jair Bolsonaro propondo a mesma coisa. Vem logo à memória a formação de milícias. Lula não é Bolsonaro, mas na sua banda do espectro político, onde estão simpatizantes da experiência cubana, do chavismo venezuelano e do orteguismo da Nicarágua com seus comitês de defesa do regime. De pouco adiantará o exemplo das Comisiones Obreras chilenas e espanholas para quem quer instrumentalizar o medo.

No Brasil, uma experiência parecida desmanchou-se no ar. Foram os Grupos dos Onze de 1964. Serviram apenas para assustar a classe média, porque na hora da onça beber água, sumiram. (Um posto de alistamento criado na manhã de 1º de abril de 1964 no Teatro Nacional de Brasília, cadastrava voluntários. Cadastro com nome, telefone e endereço serve para facilitar emprego. Os voluntários passaram horas queimando as fichas.)

Propostas desse tipo geralmente não passam de promessas de campanha, como a do bujão de gás a R$ 35, feita por Bolsonaro. A diferença do bujão do capitão, é que não podia ser instrumentalizado pelos adversários.

Faz tempo, Brian Jenkins, um dos fundadores da empresa de segurança Kroll e ex-responsável pela seção de estudos de terrorismo da Rand Corporation, ensinava:

“O Minimanual do Guerrilheiro Urbano” de Carlos Marighella é um pacote de platitudes inúteis. Serviu para dar à esquerda a ideia de que tinha um manual e para botar na direita o medo de que a esquerda o tivesse.”

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#ForaBozo!

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Minha relação com a vizinha é melhor do que com a família e amigos

Nos segundos em que estamos dentro elevador, ficamos em silêncio, e experimento o momento mais sereno do meu dia

Não sei se já tive um relacionamento tão saudável quanto o que tenho com a vizinha da porta ao lado. Uma relação construída ao longo de anos pela repetição de um ritual só nosso. Seguro a porta do elevador, ela agradece, ou vice-versa. Nossos diálogos consistem em um pingue-pongue de perguntas retóricas. Geralmente, digo “tudo bom?”, no que ela responde, sem responder, com outro “tudo bom?”.

Quando você encontra alguém com quem se sente à vontade para ficar em silêncio, sabe que aquela relação é pra valer. Logo entendi que nossa conexão era profunda demais para conversinhas de elevador. Não precisamos reclamar do tempo que não firma, do aspirante a baterista que mora no andar de baixo, dos erros ortográficos nos informes do síndico. Quando estamos só nós duas, dentro daquele cubículo, as palavras perdem o sentido.

São 54 segundos até o térreo. Nesse quase minuto experimento o momento mais sereno do meu dia. Esqueço o mundo lá fora e os meus problemas. Meu único propósito é evitar contato visual com minha vizinha, enquanto releio a placa com as normas de segurança como se fosse sempre a primeira vez.

A estratégia dela para não lidar com minha presença é revirar sua bolsa para ver se não está esquecendo nada. Vai tirando tudo de dentro, e geralmente são outras bolsinhas, que ela enfia dentro de outras bolsinhas. A bolsa-matrioska da minha vizinha é uma alegoria perfeita para nossa relação: um loop eterno que sempre volta para o mesmo lugar. Até ontem de manhã.

Entramos no elevador e eu disse: “Tudo bom?”. Foi quando ela rasgou nosso roteiro em mil pedaços e decidiu improvisar. “Não”, respondeu.

O ar ficou tão denso que achei que o elevador não fosse suportar o peso. Olhei nos olhos dela como quem implora, por favor, não faça isso, você está destruindo tudo que a gente construiu, o que a gente tem é tão raro, a gente respeita o espaço uma da outra, essa é a relação que eu gostaria de ter com meus amigos, meus amantes, meus colegas de trabalho, meus familiares, e você está jogando tudo fora.

Mas tudo que saiu da minha boca foi um “poxa, complicado”. A partir daí, o silêncio se tornou nosso carrasco. Mais agradável descer 19 andares de escada. Nossa relação chegou ao fim, mas foi eterna enquanto durou.

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Playboy|1970

1979-Sylvie-Garant1979|Sylvie Garant. Playboy Centerfold

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Padrelladas

Diário da gripezinha

O menino foi com paipai lá na Russolândia com o objetivo de aprender como usar as redes sociais para pescar em zona proibida, como paipai costuma fazer. Levou consigo uma bonita rede com a qual prendia os cabelos. Para garantir, levou também uma rede de armar embaixo de umbuzeiro. O líder máximo da Russolândia recebeu o garoto. É que o piá não parava quieto, queria pegar no svonorova do russo, comparar tamanho com o seu bimbiririm, e o líder máximo decidiu render-se ao garoto.

Deu-lhe um papel onde estavam escritos todos os planos de redes e rendados daquela voinarósca, e o piá voltou pra casa, lampeiro – seja lá o que isso signifique – e confiou aquele segredo à digníssima. A qual, seguindo as instruções postas no papel, conseguiu produzir uma torta alemã de virar os olhinhos.

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Nossa tribo

O cartunista que vos digita e Miriam Karam, em algum lugar do passado. © Iara Regina Teixeira

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Україна

Discurso do Presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira na concentração da Marcha pela Paz em solidariedade à Ucrania realizada dia 19 de março de 2022 em Curitiba.

Sra Marilena Winter DD Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Senhor Consul Honorário da Ucrânia em Curitiba Mariano Czaikowski Comunidade Ucraniana Brasileira Povo paranaense. Povo brasileiro. Como é a Ucrânia?

A Ucrânia é suave como os versos da poetisa Helena Kolody, A Ucrânia é colorida como as tintas dos pincéis de Miguel Bakun. A Ucrânia é espiritual como o apostolo André. A Ucrânia é musical como a voz de Vitório Scarpi e som do violino da Oksana Meister. A Ucrânia é dedicada ao trabalho como os 500 000 descendentes que ajudaram a tornar o Estado do Paraná pujante e forte.

No solo em que a Ucrânia existe nós temos uma história cultural de 7 mil anos. A Ucrânia é um dos berços da Civilização Europeia. Ali naquele solo nasceu a língua comum indo-europeia. Ali se domesticaram os cavalos.

Mas tanques, aviões, misseis e soldados profanaram o nosso solo sagrado a mando de Vladimir Putin. Cidades são cercadas e levadas à ruína. Residências, teatros, hospitais e pessoas na fila do pão são bombardeados e mortos. Mais de 3 milhões sãos os refugiados após 24 dias de guerra de agressão. A Ucrânia que aspira a paz foi agredida criminosamente.

A Ucrânia perdeu milhões filhos no século passado, durante a primeira guerra mundial, a guerra civil de 1917 a 1921, o Holodomor de 1932/33 e na segunda grande guerra mundial. Foram soldados ucranianos que libertaram o campo de concentração de Auschwitz. Foram os ucranianos que desenvolveram o Tanque-34 decisivo na vitória contra o nazismo. Soldado ucraniano estava entre três que levantaram a bandeira sobre o Reichstag. E a Ucrânia como fênix renasceu das cinzas. Nós somos fortes e resilientes. Nós aspiramos a paz porque vamos reconstruir a Ucrânia palmo a palmo, tijolo por tijolo. Nosso compromisso é com a paz e a reconstrução da Ucrânia livre e soberana.

Nós brasileiros descendente de ucranianos vendo a bravura de nossos soldados e de nosso povo na resistência à agressão do segundo maior exército do mundo queremos dizer a todos que cada vez mais nos sentimos mais orgulhosos de sermos ucranianos.

Nós brasileiros descendentes de ucranianos vendo a torrente de solidariedade do povo brasileiro para com a Ucrânia queremos dizer a todos que cada vez mais nos sentimos orgulhosos de sermos brasileiros.

Como filhos desta mãe gentil exigimos que o Brasil aja já para parar a guerra de agressão. O Brasil é muito maior que um balcão de negócios para vender carne e soja e comprar uréia e potássio. O Brasil deve de agir em conformidade com a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, que ordenou no dia 16 que a Rússia interrompa imediatamente as operações militares na Ucrânia. Pois se o Brasil ainda não aderiu a jurisdição obrigatória da corte de Haia, o Art. 4.º da Constituição Federal sinaliza para a obrigatoriedade da condenação da agressão russa. O Brasil não vai dançar ao som dos Estados Unidos, o Brasil também não pode dançar ao som da balalaika russa, o Brasil deve dançar em conformidade com os acordes do Artigo 4.º da Constituição Federal Brasileira obedecendo os princípios do reconhecimento da autodeterminação dos povos, da não intervenção, da defesa da paz e da solução pacífica dos conflitos.

Neutralidade não. Parar a guerra de agressão russa já. Viva a Ucrânia.

Vitório Sorotiuk
Presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira

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Tempo

O Iluminado –  Luiz Felipe Leprevost e Marilia Giller, em algum lugar do passado. © Vera Solda

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#ForaBozo!

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Reggae got soul

 

Toots & The Maytalls – Careless Ethiopians [with Keith Richards]

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Grupos bolsonaristas do Telegram passam a trocar mensagens impressas

O ministro Alexandre de Moraes mandou bloquear o aplicativo de mensagens Telegram na tarde de hoje. A rede social era usada por grupos bolsonaristas para espalhar mentiras e negacionismo.

Agora, os marginais que agem como gangue fascista apoiados pelo presidente da República terão que trocar mensagens impressas — e nessas mensagens eles negam que o Telegram tenha saído do ar. “É tudo invenção da mídia comunista, estamos trocando mensagens de papel mas isso aqui é só o recibo para conferência”, disse um deles.

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O novo dilema de Bolsonaro

Ou o presidente aceita seus limites de ação e sofre o desgaste inevitável ou aprova subsídios para a gasolina, o que pode lhe custar a reeleição. Bolsonaro vive o segundo grande dilema de seu mandato. O primeiro foi a pandemia. Saiu-se mal. Sabia, desde o início, que o vírus enfraqueceria a economia e tinha medo de sofrer um desgaste que ameaçasse sua reeleição. Bolsonaro optou por negar a pandemia, recusar o isolamento social e combater a vacina, a única saída racional.

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