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Sessão da meia-noite no Bacacheri
Quando uma arma ultrassecreta cai nas mãos de um grupo de mercenários que ameaçam o mundo, a agente da CIA Mace Brown terá que unir forças para uma missão letal com a agente alemã Marie; a ex-membro do MI6, especialista em computadores, Khadijah; a psicóloga Graciela, e com Lin Mi Sheng, uma mulher misteriosa que está rastreando todos os seus movimentos.
As Agentes 355|The 355|Direção Simon Kinberg|2022|China – EUA|122 minutos
Publicado em Sessão da meia-noite no Bacacheri
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O Sonho Acabou, Mas Ainda Temos O Solda
O Blog do Fábio Campana, depois de sua morte, passou a ser Travessa dos Editores. Não sei quem está editando. Este texto, escrito por ele em 2010 está no site, que me deixa muito feliz pela lembrança. Obrigado, Fábio, por tudo, sempre.
Solda, o Luiz Solda, é humorista em tempo integral. Em qualquer hora, qualquer circunstância, ele está a olhar o mundo de maneira enviesada, diferente, que desmonta qualquer lógica inspirada no senso comum.
Ele nos faz rir, e como, porque mostra, pelo avesso, o desconcerto do mundo, o desatino dos homens, a loucura das nações e, principalmente, a ridicularia de políticos em sua bufonaria cotidiana. Hoje Solda tem um blog que bate recordes de visitação. Tornou-se uma referência do humor e da cultura neste país que muito precisa do humor crítico para desvelar constantemente suas mazelas.
Em nossa cultura periférica e reflexa o humorista costuma ser tratado como intelectual menor, dedicado ao circunstancial e de maneira superficial. Pois, pois, é necessário rever esses conceitos correntes nesta área do planeta sempre que nos deparamos com a genialidade de humoristas como Millôr Fernandes, Jaguar e o nosso Solda.
Creio que foi Roland Barthes que escreveu que o que causa o riso é a repentina transformação de uma expectativa tensa em nada. Aquela incongruência subitamente introduzida na ordem habitual ou lógica dos fatos é a motivação do riso e do cômico. Solda é um mestre nesse ofício, que exige mais, muito mais, do que a simplória capacidade para a piada que alguns confundem indevidamente com humor.
A capacidade do Solda para se distanciar e enxergar de outro ponto de vista que nos leva ao estranhamento diante da obra dos homens. A essência do seu humor está no contraste entre o sentido e o desatino, no contraste das representações – surgidas dos deslocamentos de significados – e nos seus desdobramentos no desconcerto que leva à perplexidade.
Os humoristas do quilate do Solda, por olhar tudo com o senso crítico apurado, demonstram sua inadequação para estar no mundo. Um mundo que ainda produz misérias, guerras e poderosos que insistem em tornar a nossa vida mais difícil.
O próprio Solda viveu uma experiência radical durante quase uma década. Isolou-se do mundo, temeroso de suas armadilhas e receoso de repetir o final de amigos muito próximos que sucumbiram. Entre eles, o mais próximo foi o escritor Paulo Leminski, com quem Solda conviveu durante anos de bar e criatividade etílica.
Foi preciso que ele se internasse em uma clínica psiquiátrica antes de voltar a encarar o mundo com a coragem do humorista. Mesmo dentro do hospital, onde encontrou amigos artistas, Solda exercitou sua veia de humor. É desta época uma de suas histórias impagáveis. Solda gostava de ficar nas grades do portão da clínica para falar com as pessoas que por ali andavam. A pergunta que fazia ao passante era surpreendente: “tem muito louco aí dentro?”
Primeiro o susto, depois o espasmo e a seguir o riso. Ora, pois, o que nos faz rir também nos provoca inquietações e nos convoca a sair da modorra, da mediania, da medíocre vida comum.
Solda é paulista de Itararé e, segundo ele, teria participado da batalha que não houve. Mas foi em Curitiba que despontou como um dos maiores craques do cartum brasileiro. A sua história inclui passagens pelos principais jornais do Paraná, colaborações em veículos como Pasquim e Bundas e prêmios em vários salões pelo País.
Há um livro que faz jus ao seu talento. Intitulado simplesmente Solda (formato 25 x 25 cm, 144 páginas em papel de luxo, capa dura e sobrecapa), com prefácio de Jaguar, traz um resumo de sua carreira, com cartuns de várias épocas.
A “marca registrada” de Solda é o uso de letras e números nos desenhos. Ao mesmo tempo em que esse efeito compõe o quadro, torna-se parte integrante do trabalho gráfico. No livro há seis desenhos curiosos, que fogem um pouco a esse estilo, nos quais o cartunista mostra suas versões (bem distorcidas) de Mafalda, Alfred E. Neuman, Pato Donald, Snoopy, Capitão América e Superman.
Fábio Campana|Revista Ideias|Dezembro|2010
Uma imagem adequada para o Rio
A trágica ironia (se é que se pode acrescentar aqui mais uma tragédia ao acontecido) é Tropicália ser o nome do quiosque que serviu de palco para a barbárie. Tristes trópicos. Triste Tropicália. Triste carga simbólica
Não sei você, mas eu fiquei impressionada com a foto que mostra o Rio amanhecendo vermelho no sábado passado (alguns dizem rosa). Inacreditável! Efeito da erupção do vulcão Tonga, cujas partículas viajaram incríveis 13 mil quilômetros para tingir os céus da alvorada carioca.
O fenômeno atmosférico em si é espantoso (e a foto é bela, não se pode negar). Mas mais assombroso ainda foi o fato ter acontecido justo naquele sábado, quando fomos surpreendidas com a brutal notícia de que o jovem congolês Moïse Kabamgabe, de 24 anos, havia sido barbaramente assassinado a pauladas num quiosque na Barra da Tijuca, na segunda-feira anterior, dia 24.
A imagem do cartão postal carioca naturalmente pintado de vermelho assumiu para mim a representação de uma cidade afeita a chacinas e outros banhos de sangue que, de tão constantes, passaram a anestesiar corações e mentes. Quer melhor simbologia de que a explosão de um vulcão pintar de vermelho – a cor do sangue – a cidade dita maravilhosa num dia de vergonhoso luto coletivo por mais um crime abominável?
A trágica ironia (se é que se pode acrescentar aqui mais uma tragédia ao acontecido) é Tropicália ser o nome do quiosque que serviu de palco para a barbárie. Tristes trópicos. Triste Tropicália. Triste carga simbólica.
Algumas circunstâncias chamam a atenção nesse caso de escabrosa selvageria. A saber:
– Pelo menos quatro pessoas participaram do massacre (QUATRO!);
– Moïse foi morto a pauladas;
– Mesmo depois de morto, continuou a ser agredido (torturado);
– O crime levou cinco dias (CINCO) para ser noticiado pela imprensa;
– Moïse foi a terceira pessoa morta por espancamento na Barra da Tijuca em menos de um mês.
No quesito violência, ainda no mesmo sábado, era possível ler na capa de O Globo a seguinte chamada: “Polícia do Rio testa spray antiarrastão”. O texto explicava que “o secretário da PM do estado, coronel Luiz Henrique Pires, afirmou que é feita ‘quase uma operação de guerra’ para que os banhistas possam ir à praia com segurança”.
Alôôô! Leram – lemos – bem? Operação de guerra para assegurar a ida à praia?!! Alguma coisa está muito errada na cidade maravilhosa, e não são os efeitos do vulcão Tonga.
A reportagem na parte interna do jornal acrescenta que a PM do Rio “tem empregado na segurança das praias quase 800 homens por dia nos fins de semana, além de tropas especiais com cães, cavalos e aeronaves”. Isso não é “quase uma operação de guerra”. É uma guerra propriamente dita. Só não vê quem não quer.
Ou melhor: “Você olha e não vê”, como diz a letra de A Tonga da Mironga do Kabuletê, de Vinicius de Moraes e Toquinho, que fez muito sucesso nos anos 1970 e é lembrada aqui não só por conter o mesmo nome do vulcão, mas pelo verso citado que faz todo sentido no momento.
A música, composta em plena ditadura, não tem nada a ver com o vulcão Tonga, e reza a lenda que o trecho “eu vou é mandar você pra tonga da mironga do cabuletê” é um xingamento em nagô que quer dizer… bem, você sabe o quê.
Foi uma estranha coincidência. Mas o Rio tinha mesmo razão de amanhecer vermelho depois de tamanha barbárie que revoltou a todos. É triste, escandaloso, inacreditável e inaceitável o que aconteceu.
A foto que era para ser o simples registro de um fenômeno atmosférico pode ter virado um dos símbolos de uma cidade violenta. A natureza soube se manifestar com grande magnitude. Fez sua parte. Esperemos que os humanos também o façam.
Coronadica
Programão: começa no próximo domingo, 6, às 21h30, a série Bossa Nova, de 12 episódios de 30 minutos cada, sobre esse gênero musical. Haverá muita música, imagens de arquivo e entrevistas. Os episódios serão reprisados às terças-feiras, às 20h30. No Films&Arts (148 ou 648 na Net). No total, seis horas de Bossa Nova. Promete.
Saudações! E até a próxima.
Juízo e prejuízo estético
O Contardo Calligaris tem um texto no UOL falando do tal “juízo estético”. Ele viu a grande instalação do Christo e da Jeanne-Claude no Central Park de New York e “teceu considerações” muito oportunas sobre juízo estético e os tempos modernos. Mantive acalorada discussão escrita com meu amigo Tom Capri (SP) por uns cinco anos sobre, basicamente, estética. Meu amigo, entre outros tantos argumentos, sustentava que ainda é possível estabelecer “obras-primas universais”.
Tipo “juízo estético universal”: Van Gogh é um gênio pra toda a humanidade. Eu achava que, hoje, é impossível estabelecer nada mais que “gosto pessoal” em qualquer coisa. Talvez nunca tenha sido possível o “gênio universal”. Um conceito como ‘beleza’ é totalmente impossível de ser universal. Dizemos que um quadro de Picasso é genial pro mundo inteiro por uma questão de facilidade. Os esquimós pouco ligam pra ele. E nós pouco ligamos pra opinião deles. Temos que ir por partes, como queria Descartes.
O mundo sempre foi vasto. Hoje é pessoal e intransferível. Consenso é difícil. Unanimidade é burra. Nenhuma obra se impõe por suas qualidades próprias, intrínsecas. Ela depende única e fundamentalmente de quem a vê. Vê e traz pra frente dela toda sua vida e vivência no campo estético. Uma coisa que acho fantástica pode ser apenas água nas penas do pato pra outra pessoa. Estamos cada vez mais sós diante do que ainda se chama de Arte. Cada um com seus recursos de vida enfrenta ou não a obra. Desiste de entender ou tenta achar sentido. Acha bonito e vai embora ou faz questão de ver mais adiante. A resposta emocional de cada um é de cada um. Pra se encontrar outra pessoa com a mesma resposta seria preciso confrontar. Porém, hoje, os confrontos estão cada vez mais escassos. Prefere-se dar de ombros e seguir. Pessoalmente, acho que a arte se transformou em arghte! Cada um engole como pode, digere, rumina ou vomita.
Pra terminar, digo que hoje o que se chama de arte serve mais pro próprio artista. É uma maneira de ele não enlouquecer, de se manter ativo, de se sentir vivo. Mesmo que ele tente a empatia com os apreciadores, fazer arte parece mais coçar o formigamento no pé que foi amputado.
(Piada): Diga pra alguém que acabou de gravar um CD pela Sony. A pessoa dirá: Ah, minha netinha de cinco anos já gravou dois. Precisa ver como canta o Bundalelê no apê!
*Rui Werneck de Capistrano é editor de arghte!
Publicado em rui werneck de capistrano
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Tempo
O cartunista que vos digita chegando no Tamanduá, com a trupe do Bruel, no capão da Tia Matide, hoje, Pousada Cristal do Horizonte, década de 1980. O rádio portátil era do Rui Werneck de Capistrano, a cerveja, de todos. Catapora, nosso pequinês e melhor amigo do homem, observa tudo atentamente. Foto de Beto Bruel
Flagrantes da vida real
Bruno Covello. © Maringas Maciel
Publicado em Flagrantes da vida real
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Rio, 40 graus de barbárie
Moïse é a terceira pessoa morta por espancamento em um mês na orla da Barra
O bárbaro assassinato de Moïse Kabagambe faz a ponte entre dois fracassos civilizacionais. Aperta o nó entre Brasil e Congo, enredados há séculos na violência escravista que moldou os dois países. Atualiza a encruzilhada em que a selvageria se impõe e a humanidade se esvai no precipício.
Moïse e sua família fugiram da guerra e da fome, mas depositaram suas esperanças na cidade errada. No Rio de Janeiro, a bestialidade se alastra como metástase, por fora e por dentro do aparelho de Estado. Indícios apontam o envolvimento de milicianos e seus bate-paus no suplício do refugiado congolês.
Na sua gênese, essas máfias impunham a lei do mais forte em lugares esquecidos, inclusive (ou principalmente) pelas autoridades. O tumor foi cevado, as células cancerígenas se desprenderam do foco original e chegaram às areias do cartão postal. Já se nota um padrão: Moïse é a terceira pessoa morta por espancamento em menos de um mês na orla da Barra da Tijuca.
Um policial militar “opera” irregularmente o quiosque onde Moïse trabalhava em troca de migalhas; a família do rapaz diz ter sido intimidada por dois PMs; uma testemunha da execução conta ter pedido ajuda a dois guardas municipais, que a ignoraram. A polícia levou mais de uma semana para prender os criminosos, mesmo tempo que demorou para o quiosque do crime ser interditado.
Prefeito e governador só se manifestaram quando já pegava mal ficar calado. Autoridades federais continuam em silêncio, ainda que a tragédia tenha ocorrido na rua onde o presidente da República tem uma casa. Talvez por isso mesmo.
No livro “Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, sobre a brutalidade colonial no Congo sob domínio belga, tornou-se célebre a frase de um personagem para definir as atrocidades que presenciou contra os congoleses: “O horror, o horror…”. A expressão se encaixa de maneira trágica no martírio de Moïse e no que o Rio de Janeiro e o Brasil se transformaram: “O horror, o horror…”.
Publicado em Cristina Serra - Folha de São Paulo
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Monica, mais que deusa
Com seus papéis, Monica Vitti inspirou as mulheres a serem adultas, conscientes e independentes
A morte de Monica Vitti na quarta-feira (2) gerou na imprensa mundial a esperada manchete: “Morre uma deusa do cinema italiano”. Que ela era uma deusa, não se discute. Mas deusas vivem no Olimpo, e o importante em Monica foi o que ela fez na Terra, ao representar mulheres adultas, conscientes, independentes. Não parecia haver muitas na vida real. E se, nos anos 60, elas começaram a surgir em grande número, foi porque viram Monica em “A Aventura” (1960), “A Noite” (1961) e “O Eclipse” (1962), seus filmes com o diretor e então marido Michelangelo Antonioni.
Pelo menos as manchetes não a chamaram de “a última deusa do cinema italiano” —não na presença de Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Claudia Cardinale, Sandra Milo, Antonella Lualdi, Marisa Allasio, Stefania Sandrelli, Catherine Spaak, Luciana Paluzzi, Dominique Sanda e Ornella Muti, que estão vivas, imagino que aposentadas e não quero saber com que idade. Para nós, que nos apaixonamos por elas quando tinham 20 ou 30 anos, rever hoje seus filmes —e eles existem em vários formatos— é uma maneira de também voltarmos a alguma idade da qual nunca deveríamos ter saído.
A categoria deusa inclui as que já se foram, mas que a câmera preservou para nós e para os que só sabem delas de ouvir falar: Alida Valli, Carla Del Poggio, Silvana Mangano, Silvana Pampanini, Lucia Bosè, Rossana Podestà, Rosana Schiaffino, Elsa Martinelli, Sylva Koscina, Virna Lisi, Laura Antonelli. Qual cinema produziu mais deusas que o italiano? Mas não acredite em mim —puxe para sua tela uma imagem dessas mulheres.
Elas eram diferentes das americanas. Embora tão deslumbrantes quanto, seus papéis e suas personalidades nos davam a ilusão de que poderíamos de repente encontrá-las. E, na nossa imaginação, encontrávamos mesmo.
Não sei se Antonioni teria sido grande sem Monica Vitti. Mas garanto que, sem ele ou sem o cinema, ela seria a mesma grande mulher.
Publicado em Ruy Castro - Folha de São Paulo
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