Aurora Morgenrote.  © Zishy

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Olha a facada aí, outra vez!

O ano de 2022, o da pretensa reeleição, nem bem chegara e a facada milagrosa da eleição de 2018 voltou à cena. O desequilibrado do Planalto Central interrompeu o período de vadiagem no litoral catarinense para ser transportado em jatinho da FAB para o Hospital Vila Nova Star, na capital paulista, coroa da Rede D’Or, seis estrelas, com diárias a partir de R$ 6 mil – pagos pelo idiota que lhes escreve e pelos idiotas que o leem. Para atendê-lo foi requisitado do Exterior o Dr. Macedo (Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo), uma das estrelas do nosocômio. Podia ter sido atendido por uma das UPAs de Santa Catarina, Estado essencialmente bolsonarista e muito bem equipado sanitariamente. Mas aí não haveria a mesma repercussão.

O que levou JMB à internação? Excesso de camarão? Excesso de motomolecada? Excesso de derrapagens no Hot Eheels Epic Show do Beto Carrero? Oficialmente, foi um distúrbio intestinal. Disenteria ou falta dela.

Coube à primeira-data, Michele atribuir o fato àquele golpe mal dado de 2018, até hoje não explicado e que ofereceu de bandeja ao Messias a presidência da República, sem que ele precisasse fazer campanha, participar de debates e catar votos no Brasil, como os demais candidatos. Segundo Michele, foi uma “sequela que levaremos para o resto de nossas vidas. Mas Deus é bom e tem o controle de todas as coisas”.

Com todo o respeito, prestimosa dama, a sequela quem está levando somos nós, os brasileiros desgovernados pelo vosso marido. Quanto a Deus, estamos de acordo: é tão bom que não permitirá a reeleição de Jair em 2022. Amém e aleluia!

O historiador Marco Antonio Villa, do UOL, declara que qualquer tentativa de repetir 2018 “não vai colar”. A pretensão de fazer uso político da saúde do presidente, com base na facada de Juiz de Fora é filme velho e “sem a mesma eficácia”, diz Villa. A encenação deu certo em 2018, mas agora perdeu a graça.

Ou o amável leitor acredita na ação tresloucada do anônimo Adélio Bispo? Em caso afirmativo, por favor, explique-ma – como diria Jânio, outro lelé-da-cuca. Recapturo os fatos: Jair Messias Bolsonaro, mau militar, afastado da tropa por má conduta; péssimo parlamentar, sem nenhuma ação concreta ou proveitosa no parlamento, por mais de 30 anos; como candidato à presidência da República amargava míseros 20% nas pesquisas de intenção de voto. Pouquíssima era a chance de subir. E muito menos de vencer as eleições, então disputadas com Haddad, Alckmin, Ciro e Marina. Requeria um fato novo, milagroso. Aí entrou em cena o Adélio Bispo.

Como recorda Marco Antonio Villa: “Durante um mês, Bolsonaro virou um assunto de todas as rádios, das TVs, das redes sociais, nos portais, e isso acabou favorecendo-o: tanto pela propaganda, pela ideia do martírio, como por ele não ter participado dos debates”.

A primeira pesquisa pós-facada registrou já um crescimento de 5%. O resto todo mundo conhece (e lamenta).

Por isso, excelência, como diria o gaúcho David Coimbra, pode ir tirando o seu cavalinho da chuva. Se não tiver cavalinho, como o filhote de David, tire a sua motinho. Mas não nos venha com nova vitimização pré-eleitoreira. Tome um laxante e limpe os intestinos e, depois, participe com lisura e decência do jogo eleitoral. Acho pouco provável que ganhe, mas faz parte do script.

E que o bom Deus da primeira-dama tenha piedade do Brasil.

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Playboy|1970

1971|Cathy Rowland. Playboy Centerfold

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#ForaBozo!

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Farofa é uma glória nacional e pobres são as nações que a desconhecem

Tenho pena da culinária francesa, que prepara até caramujo mas ignora essa iguaria tão bem cultivada no Brasil

Cá estou eu, almoçando um delicioso peru envelhecido por 20 dias na geladeira envolto em farofa de Natal —esse delicioso conglomerado de farinha, manteiga, bacon, suco de peru e tâmara. E nesse momento tenho pena dos estrangeiros, que desconhecem a farofa e comemoram esse arremedo, que é o Natal sem farofa.

A farofa é coisa nossa. E acolhe tudo. Não conhece restrição. Abraça a manteiga, recebe o alho, adora banana, vai bem com ovos, e também bacon, miúdos e, por que não, abacaxi. Aqui em casa, ralamos
cenoura e beterraba, porque não há legume que uma criança negue —desde que esteja envolto em farofa.

Todos os nutrientes que a minha filha consome eu devo à farofa.

A farofa não quer ser prato principal. Aceita sua coadjuvância. Ninguém, em sã consciência, almoça uma farofa. Poucas pessoas, no entanto, almoçam sem farofa. Sempre cai bem. Experimente na salada, ou na sopa, e nunca mais recorrerás ao crouton.

Há quem louve a culinária francesa. Tenho pena do glutão francófono. O que dizer de uma população que come até caramujo mas desconhece a farofa? É preciso falar a verdade: o tal do boeuf bourguignon não passa de um picadinho sem farofa. Pior: sem farofa nem banana.

Ou seja: sem tudo aquilo que faz um picadinho valer a pena.

Os americanos também consomem nosso tradicional frango de padaria, aquele que gira em televisões de cachorro e exala o melhor cheiro do mundo —chamam de rotisserie chicken. Mas nem tente pedir o saquinho amarelo. Não saberão nem do que se trata. Sim, eles comem frango de padaria órfão de farofa.

soul food americana também cozinha feijões pretos com porco. Ou seja: eles têm feijoada, só que sem farofa. Arrisco dizer que toda a culinária do mundo não passa de uma versão piorada da nossa, porque sem farofa.

A farofa não morre nunca. Na geladeira, não somente sobrevive por semanas como também conserva os alimentos que envolve. Atenção: essa afirmação não tem o menor embasamento científico. Não me responsabilizo por eventuais mortes por intoxicação, mas tenho a impressão de que, enquanto uma carne na geladeira dura alguns dias, a mesma carne picadinha no meio da farofa dura pra sempre.

“Glória à farofa, à cachaça, às baleias”, escreveu Aldir.

“Glória a todas as lutas inglórias, que através da nossa história, não esquecemos jamais.” É preciso saudar a farofa.

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Nosostros y los hermanos

Leio nos jornais e blogues (cada vez mais blogues e cada vez menos jornais) que aquele, cujo nome não merece ser escrito, recusou a ajuda humanitária da Argentina para os mais de 650 mil baianos que estão debaixo d´água.

Até nisso o Bozo (Bozo pode) não é original e demonstra uma ignorância cavalar, com as devidas desculpas aos equinos. Pensa, aquele cujo nome não merece ser escrito, que o peronista Alberto Fernández é de esquerda. Sabe nada o energúmeno. Jorge Luis Borges, politicamente um conservador nos costumes e na política, sempre disse, enquanto vivo, que o “peronismo nunca teve uma ideologia, quando precisou de uma, escolheu o fascismo”.

Na verdade, aquele que nos empesta, ignora solenemente que “nosostros y los hermanos” sempre nos amamos e nos odiamos com igual fervor desde os tempos em que espanhóis e portugueses chegaram nestas bandas. Herdamos o amor-ódio dos nossos colonizadores e quando Dom Pedro I proclamou a Independência e os caudilhos das Províncias Unidas do Rio de la Plata fundaram a Argentina, a rivalidade só aumentou. Os jornais de lá nos chamavam de “macaquitos” e nós respondíamos que todos eles eram “milongueiros”. Faz muito sucesso, até hoje, na Pátria Amada, a assertiva, de autoria ignorada, de que os argentinos são um bando de italianos que falam castelhano e pensam que são ingleses”. Outra: “Compre um argentino pelo dobro do que ele vale e venda pela metade do que ele pensa que vale e você ficará milionário”.

Na década de 40, do século passado, por exemplo, a coisa ficou feia, começando, e terminando, pelo futebol. A seleção brasileira alinhava no ataque Tesourinha, Zizinho, Heleno de Freitas, Jair Rosa Pinto e Ademir (que era deslocado da centroavância para a ponta esquerda). De cada dez partidas os argentinos ganhavam sete. Segundo Zizinho, o “óbvio ululante” era que o “time deles era melhor”. Na frente jogavam com Boyé, Moreno, Pedernera, Labruña e Lostau (só Boyé não era do River Plate, “La Máquina”). Todos os analistas esportivos da época afirmavam que a Argentina era a grande favorita para conquistar as Copas do Mundo de 1942 e 1946, não realizadas em virtude da 2ª Guerra.

O Di Stéfano (para os argentinos mais antigos era melhor que Maradona) ficava na suplência, dizem os “hermanos”, com incontido orgulho. Até hoje, tendo em vista a diferença havida nos anos 40, a seleção argentina tem mais vitórias que a brasileira nos confrontos entre elas. Favor não confundir o Alfredo Di Stéfano (o jogador) com o Rogério Distéfano (o blogueiro). Tudo não passou de implicância com os argentinos/italianos por parte do Oficial do Registro Civil de São João do Triunfo. O Tabelião achou que o Di separado do Stéfano era coisa de “viado” e tascou Rogério Distéfano.

No final dos anos 40 do século passado, os colombianos fundaram uma Liga Pirata e levaram, sem pagar um mísero peso para os clubes argentinos e uruguaios, todos os titulares, reservas e reservas dos reservas das seleções argentina e uruguaia, e os espalharam por todos os clubes da tal Liga. Até o Heleno de Freitas parou lá e conhecendo a cocaína e com uma sífilis nunca curada morreu, anos depois, num hospício em Barbacena.

Perón, o ditador argentino, com a fuga em massa dos craques argentinos para a Colômbia, proibiu a Associação Argentina de Futebol de sequer disputar as eliminatórias para a Copa de 1950. Não queria fazer fiasco, logo no Brasil. Aliás quem fez fiasco foi a seleção brasileira perdendo a final para o Uruguai, cujos jogadores tinham voltado da Colômbia para jogar a Copa pela Pátria e pela Celeste Olímpica. Importa frisar, ainda, que na década de 40, a seleção uruguaia venceu muito mais jogos do que perdeu para a seleção brasileira. Anos mais tarde o fiasco foi ainda maior, os 7 x 1 contra a Alemanha. Dos grandes do futebol, o único que não ganhou uma Copa do Mundo em casa foi o Brasil, e olha que teve duas chances. Até o medíocre “English Team” não deixou escapar o caneco em 1966.

Na política então é de se anotar que Getúlio Vargas e Juan Domingo Perón nunca se encontraram pessoalmente. Isso que os dois eram os “pais dos pobres e dos descamisados”. Com uma fronteira de 1.236 quilômetros por rios e apenas 25 km por terra, Brasil e Argentina construíram pontes a conta gotas. Até recentemente só existiam duas: Uruguaiana-Paso de Los Libres, Foz do Iguaçu-Puerto Iguazú. Apesar de nascido em São Borja, Getúlio Vargas nunca permitiu uma ponte entre a cidade natal e San Tomé na Argentina. Com João Goulart também não foi possível a ponte tão almejada pelos conterrâneos de ambos. Só há pouco tempo fizeram a tal ponte ligando as duas cidades. No Paraná, quem vai a Barracão tem que pegar um barco para chegar em Bernardo de Yrigóen. Ponte ligando as duas cidades, nem pensar.

Aliás, falando em Foz, quando o Brasil acertou com o Paraguai a construção de Itaipu, os argentinos tremeram nas bases. Diziam, que em caso de guerra, o Brasil abriria as comportas e grande parte da Argentina seria inundada. Tem argentino que até hoje pensa assim (por favor, não contem para o Bozo; vai que ele acha uma ótima ideia).

Voltando ao futebol, chegou, finalmente, o dia em que a FIFA, que tinha fechado os olhos para a pirataria colombiana, mandou acabar com a putaria. No outro dia, Santiago Bernabéu, eterno presidente do Real Madrid, aterrissou em Bogotá e contratou Di Stéfano a peso de ouro. Di Stéfano foi o maior e melhor jogador da história do Real Madrid, tanto que, muitas décadas depois de parar de jogar, foi nomeado Presidente de Honra do citado clube. Na sua mansão em Madri, mandou edificar uma gigantesca escultura duma bola no jardim e na base em bronze ordenou que escrevessem: “A la vieja, por todo lo que me diste”. Apesar de ter jogado pelas seleções da Argentina, da Colômbia e da Espanha (na época a FIFA permitia), Di Stéfano nunca atuou numa Copa do Mundo. Quando na Argentina, a Copa foi interrompida, conforme dito acima.

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Playboy|1970

197312-Christine-Maddox1973|Christine Maddox. Playboy Centerfold

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#ForaBozo!

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Fraga

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Bolsonaro faz exames no cérebro para descobrir causa da obstrução fecal

Num quadro que desafia a medicina, Jair Bolsonaro foi internado na noite de ontem após sentir um desconforto intestinal. Fontes dizem que ele sentiu enjoo depois de se lembrar que é o Jair Bolsonaro. “Olhou no espelho e começou a vomitar”, disse um assessor.

Há quem diga que Bolsonaro meteu um atestado no primeiro dia útil de 2022 como treino para os debates da eleição. Os médicos decidiram ir à fonte do problema fecal de Bolsonaro e estão fazendo exames no cérebro, órgão de seu corpo que mais produz m****.

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Tudo o que você sempre quis saber sobre o amor

Filósofos e artistas pop embasam “A Rosa Mais Vermelha Desabrocha” quadrinho sagaz e didático

Lançado em abril do ano passado, “A Rosa Mais Vermelha Desabrocha” ficou um tempo na cabeceira da minha cama até que a escritora Milly Lacombe, que vem a ser também minha amiga e confidente, me disse o seguinte: “Leia agora! Já! Nele você encontrará todas as respostas”.

Ela não exagerou. Esteja você sofrendo por amor, esteja fazendo os outros sofrerem, seja você uma maria-mole, seja um pedregulho maciço, a quadrinista Liv Strömquist tem uma teoria genial sobre o seu caso, embasada em filósofos, poetas, sociólogos, escritores, cantores, artistas pop e revistas de fofocas.

Para justificar a crítica ao capitalismo feita no subtítulo da obra, Liv cita o escritor coreano Byung-Chul Han (sim, o autor do livro “Sociedade do Cansaço”).

Byung-Chul acredita que nossa forma de amar e se relacionar foi transformada completamente pelo narcisismo extremo do capitalismo tardio. Ele diz que “a libido (a energia sexual) é investida primordialmente na própria subjetividade”. Em outras palavras: como enxergar o outro (e se apaixonar por ele) se estamos o tempo inteiro absortos em nós mesmos?

Tão sagaz quanto didática, Strömquist satiriza em seus quadrinhos nossa busca desenfreada por conhecimento e nossa compulsão a encontrar especialistas para tudo. No campo amoroso, especificamente, analisamos um pretendente de forma tão lógica —listando seus defeitos, os prós e contras, comparando-o com outros, revisando infinitamente nossos traumas— que perdemos a capacidade intuitiva e emocional de simplesmente escolher alguém porque é quem queremos.

Segundo a autora: “A expansão da sociedade de consumo nos faz agir como consumidores racionais e maximizadores de utilidade até em nossos relacionamentos com outras pessoas”.

Se apaixonar, como descobriu Alcibíades no diálogo platônico “O Banquete”, de 358 a.C, é dormir com Sócrates e chegar à conclusão que não existe nenhuma outra pessoa no mundo como Sócrates. É, portanto, se deixar arrebatar pela alteridade e sentir raiva quando uma amiga diz: “Desencana! Você vai arrumar outro rapidinho”.

Numa sociedade em que só enxergamos a nós próprios, em que os contatos são seriais e superficiais (e o parceiro sexual é uma carinha descartável que arrastamos para o lado em aplicativos de paquera), a capacidade de se encantar e amar vem sendo aniquilada diariamente.

Ninguém que compete o tempo todo topa “cair” (“falling in love”) perante um concorrente.

Para os homens, segundo a socióloga Eva Illouz, já é aviltante ver algumas mulheres trabalhando mais, ganhando mais, mandando mais, logo o único jeito de ainda acreditarem que têm algum poder sobre elas é tomando distância: “o controle que os homens antigamente exerciam em casa foi transferido para o sexo e a sexualidade, e a sexualidade tornou-se o domínio onde podem expressar e exibir sua autoridade e autonomia”.

Não leia esse livro em busca de uma explicação lógica sobre o fim de um relacionamento ou para encontrar formas de controlar os sentimentos. Leia, justa e unicamente, para lembrar como era bom se entregar à força misteriosa que é o amor.

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Catch a Fire

catch-a-firePara lançar o álbum Catch a Fire na Europa, mais especificamente na Inglaterra, Chris Blackwell levou a gravação crua jamaicana para os estúdios da Island Records e remixou praticamente todas as faixas, acrescentando teclados, riffs, pequenas e grandes interferências que tornou o disco (ainda em vinil) mais “comercial”, para os ingleses, ainda não habituados ao som dos Wailers. Este DVD mostra em detalhes como, quando e porque Blackwell pôs seus técnicos em ação para que Catch a Fire fosse às lojas com o som que vocês conhecem. 

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Gloria. © IShotMyself

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Homúnculo irrelevante

Nada representa, a não ser a corja de amigos de Jair Messias Bolsonaro, o Bozo.

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Vide bula

Como tratar um ilustrador com carinho

Primeiro: O ilustrador ilustra, isso é óbvio. Mas outra função do ilustrador é resolver problemas. Além de ilustrar, ele também é pago para pensar. Assim, quando um anúncio é criado e um ilustrador é chamado para fazer o trabalho, seria mais do que normal haver uma conversa entre ambas as partes, explicar a situação e deixar na mão do ilustrador resolver o pepino da melhor maneira possível.

Então se o ilustrador disser que existe uma maneira melhor de fazer o que o diretor de arte pede, escute o homem! Ele trabalha com isso todos os dias e pode dizer o que funciona ou não. Sem medo de machucar o ego alheio, pode questionar isso. Faz parte do serviço de um bom ilustrador. Senão o diretor de arte pode achar uma bosta e botar a culpa na ilustração.

Segundo: Ilustrador não é máquina pra produzir material em série. Apesar de todos os esforços da Apple e da Adobe, a ilustração ainda é um produto artesanal. Então se o cliente pede 10 ilustrações, deve-se pagar 10 ilustrações, e não 9, como os produtos da Polishop.

Terceiro: Ilustrador não é diretor de arte. Ele pode até ser, mas quando você contrata o ilustrador é para ele ilustrar. A agência tem um diretor de arte para fazer – pasmem – direção de arte. Então nem venham com referências de Image Bank e xerox de páginas de livros de ilustração sem entregar um layout ou pelo menos um rafe ante de fazer um trabalho. Referência não é layout. Ilustradores ainda não sabem ler a mente. Passem informações claras purr favor.

Quarto: Evitem a péssima prática de mostrarem um tipo de ilustração para fazer o orçamento e quando aprovado ele mudar radicalmente porque “esqueceram” alguns detalhes que não eram pertinentes antes. O que era um desenho de um porquinho sozinho não pode se transformar depois num porquinho dentro do chiqueiro dentro de uma fazenda cheia de bichinhos.

Desconfiem sempre quando alguém pedir uma ilustração “facinha” pra você fazer.

Luiz Alberto Borges da Cruz, Foca|Curitiba, 1963|2018

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